Lula e Biden alinham discurso em defesa da democracia e da Amazônia em encontro na Casa Branca


Presidente brasileiro ainda defendeu trabalho conjunto no combate às desigualdades e ao racismo

Por Beatriz Bulla e Aline Bronzati
Atualização:

WASHINGTON E SÃO PAULO - Ao lado do presidente americano, Joe Biden, no salão oval da Casa Branca, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o antecessor, Jair Bolsonaro, e disse que os ataques antidemocráticos vivenciados nos Estados Unidos em janeiro de 2021 e no Brasil em 8 de janeiro deste ano não podem se repetir. Biden disse ao brasileiro que as democracias dos dois países “foram testadas” recentemente e que a “democracia prevaleceu” nos dois casos.

Lula acusou Bolsonaro de incentivar o garimpo em terras indígenas e incentivar o desmatamento da Amazônia. O brasileiro também falou que os dois países podem trabalhar juntos na preservação da floresta e disse que os países precisam pensar em uma nova governança global para a questão climática “É preciso que a gente estabeleça uma nova conversa para construir uma governança mundial mais forte, porque a questão climática”, disse Lula. Segundo ele, a discussão climática não irá avançar se não houver uma governança forte.

“Vamos fazer o que for possível pela agenda climática. Os Estados Unidos e o resto do mundo podem contar com o Brasil na luta pela democracia e pela Amazônia. Não é programa de governo, mas compromisso”, afirmou. “Os EUA representam muito na relação com o Brasil”, disse Lula a Biden.

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“Não sei qual é o fórum, se é na ONU, no G20, no G8, mas alguma coisa temos de fazer para que a gente obrigue países, os nossos Congressos, os nossos empresários a acatar decisões que nós tomamos a nível globais”, pediu Lula. “Se isso não acontecer, a nossa discussão sobre a questão climática ficará muito prejudicada”, alertou, acrescentando que “não há muito tempo” e que tomar atitudes é “urgente”.

Lula e Biden caminham na Casa Branca, em Washington Foto: Jonathan Ernst/AP

Sobre a Amazônia, Lula reforçou o compromisso de alcançar desmatamento zero até 2030 e prometeu fazer dela um centro de pesquisa compartilhado com o mundo. “A Amazônia foi invadida nos últimos anos por irracionalidade política e humana. Tivemos presidente que mandava desmatar a Amazônia”, afirmou.

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Lula afirmou que Bolsonaro isolou o Brasil do mundo, não gostava de manter relações com outros países e repetia fake news “de manhã, de tarde e de noite”. Biden riu e brincou “soa familiar”, em referência ao americano Donald Trump.

“O Brasil é um país onde o povo gosta de paz, democracia, trabalhar, carnaval, samba e muita alegria. É esse o Brasil que estamos tentando recolocar no mundo”, completou Lula. O presidente brasileiro falou também que os dois países devem trabalhar juntos para combater as desigualdades e o racismo.

Biden acenava com a cabeça, em concordância, ao ouvir Lula, em postura diferente da adotada diante do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ao encontrar com o ex-presidente brasileiro no ano passado, em Los Angeles, Biden olhava para as próprias mãos, com semblante sério, durante o momento em que os dois posaram para as câmeras. Biden nunca convidou Bolsonaro para uma visita à Casa Branca e evitou o contato com o brasileiro o quanto possível.

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Desde o dia 30 de janeiro, Bolsonaro vive na Flórida, nos Estados Unidos. Recentemente, ele pediu ao governo americano para alterar seu visto de permanência nos EUA, para estender a estadia no país. A autorização é uma prerrogativa do governo americano. Biden é pressionado por parlamentares democratas a não autorizar que Bolsonaro permaneça nos Estados Unidos.

Lula agradeceu Biden por ter reconhecido o resultado eleitoral no ano passado. A Casa Branca disparou um e-mail com reconhecimento do resultado das eleições brasileiras assim que viu o anúncio por parte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em outubro do ano passado, como forma de arrefecer narrativas golpistas, que estavam no radar de Washington desde 2021.

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Biden disse ao brasileiro que as agendas dos dois governos parecem “muito semelhantes” e afirmou que as duas nações rejeitam a violência política. “Estamos juntos na defesa das instituições democráticas”, afirmou Biden. “Temos que continuar a defender juntos os valores democráticos que constituem o núcleo da nossa força, não só no hemisfério, como no mundo”, afirmou Biden.

“As nossas duas nações são democracias fortes e foram testadas, duramente testadas. Em ambos os casos a democracia prevaleceu”, disse Biden. O presidente americano também defendeu a união dos EUA e Brasil para enfrentar problemas globais. “Nossos valores em comum e os fortes laços entre os nossos povos tornam Brasil e EUA parceiros naturais para enfrentar os desafios globais atuais e especialmente as mudanças climáticas”, disse.

Os dois líderes aceleraram o encontro para marcar posição contra a extrema direita. Eles cogitaram se encontrar ainda antes da posse do brasileiro. Esta é a segunda viagem internacional de Lula depois de empossado. A primeira foi para a Argentina e para o Uruguai. Lula já esteve na Casa Branca outras seis vezes, nos governos de George W. Bush e de Barack Obama.

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Depois do encontro com Lula no salão oval, Biden recebeu a delegação expandida do Brasil para uma reunião bilateral entre os dois governos. Pelo lado brasileiro, participaram Lula, os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente), Anielle Franco (Igualdade Racial), o senador Jaques Wagner, o assessor especial da presidência Celso Amorim, o secretário executivo do MDIC, Márcio Elias Rosa.

Do lado americano, participaram Biden, os secretários de Estado, Antony Blinken, do Tesouro, Janet Yellen, do interior, Deb Haaland, do Comércio, Gina Raimondo, além do conselheiro de segurança nacional, Jake Sullivan, da embaixadora dos EUA em Brasília, Elizabeth Bagley, do enviado especial para o clima, John Kerry. Também estão presentes os assessores especiais do presidente Chris Dodd e Juan Gonzalez, o assistente do secretário de Estado Brian Nichols e o diretor para Brasil no Conselho de Segurança Nacional, Lorenzo Harris.

Lula e Janja chegam na Casa Branca  Foto: EFE/MICHAEL REYNOLDS
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Janja

A primeira-dama dos Estados Unidos, Jill Biden, teve um mal estar nesta sexta-feira e cancelou o encontro que teria com a primeira-dama brasileira, Janja Silva, segundo assessores do Palácio do Planalto.

A norte-americana testou negativo para COVID-19. Apesar disso, ela não recepcionou a chegada de Janja e de Lula à Casa Branca. Com o cancelamento do chá que teria com Jill Biden, Janja fez um tour pela Casa Branca.

WASHINGTON E SÃO PAULO - Ao lado do presidente americano, Joe Biden, no salão oval da Casa Branca, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o antecessor, Jair Bolsonaro, e disse que os ataques antidemocráticos vivenciados nos Estados Unidos em janeiro de 2021 e no Brasil em 8 de janeiro deste ano não podem se repetir. Biden disse ao brasileiro que as democracias dos dois países “foram testadas” recentemente e que a “democracia prevaleceu” nos dois casos.

Lula acusou Bolsonaro de incentivar o garimpo em terras indígenas e incentivar o desmatamento da Amazônia. O brasileiro também falou que os dois países podem trabalhar juntos na preservação da floresta e disse que os países precisam pensar em uma nova governança global para a questão climática “É preciso que a gente estabeleça uma nova conversa para construir uma governança mundial mais forte, porque a questão climática”, disse Lula. Segundo ele, a discussão climática não irá avançar se não houver uma governança forte.

“Vamos fazer o que for possível pela agenda climática. Os Estados Unidos e o resto do mundo podem contar com o Brasil na luta pela democracia e pela Amazônia. Não é programa de governo, mas compromisso”, afirmou. “Os EUA representam muito na relação com o Brasil”, disse Lula a Biden.

“Não sei qual é o fórum, se é na ONU, no G20, no G8, mas alguma coisa temos de fazer para que a gente obrigue países, os nossos Congressos, os nossos empresários a acatar decisões que nós tomamos a nível globais”, pediu Lula. “Se isso não acontecer, a nossa discussão sobre a questão climática ficará muito prejudicada”, alertou, acrescentando que “não há muito tempo” e que tomar atitudes é “urgente”.

Lula e Biden caminham na Casa Branca, em Washington Foto: Jonathan Ernst/AP

Sobre a Amazônia, Lula reforçou o compromisso de alcançar desmatamento zero até 2030 e prometeu fazer dela um centro de pesquisa compartilhado com o mundo. “A Amazônia foi invadida nos últimos anos por irracionalidade política e humana. Tivemos presidente que mandava desmatar a Amazônia”, afirmou.

Lula afirmou que Bolsonaro isolou o Brasil do mundo, não gostava de manter relações com outros países e repetia fake news “de manhã, de tarde e de noite”. Biden riu e brincou “soa familiar”, em referência ao americano Donald Trump.

“O Brasil é um país onde o povo gosta de paz, democracia, trabalhar, carnaval, samba e muita alegria. É esse o Brasil que estamos tentando recolocar no mundo”, completou Lula. O presidente brasileiro falou também que os dois países devem trabalhar juntos para combater as desigualdades e o racismo.

Biden acenava com a cabeça, em concordância, ao ouvir Lula, em postura diferente da adotada diante do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ao encontrar com o ex-presidente brasileiro no ano passado, em Los Angeles, Biden olhava para as próprias mãos, com semblante sério, durante o momento em que os dois posaram para as câmeras. Biden nunca convidou Bolsonaro para uma visita à Casa Branca e evitou o contato com o brasileiro o quanto possível.

Desde o dia 30 de janeiro, Bolsonaro vive na Flórida, nos Estados Unidos. Recentemente, ele pediu ao governo americano para alterar seu visto de permanência nos EUA, para estender a estadia no país. A autorização é uma prerrogativa do governo americano. Biden é pressionado por parlamentares democratas a não autorizar que Bolsonaro permaneça nos Estados Unidos.

Lula agradeceu Biden por ter reconhecido o resultado eleitoral no ano passado. A Casa Branca disparou um e-mail com reconhecimento do resultado das eleições brasileiras assim que viu o anúncio por parte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em outubro do ano passado, como forma de arrefecer narrativas golpistas, que estavam no radar de Washington desde 2021.

Biden disse ao brasileiro que as agendas dos dois governos parecem “muito semelhantes” e afirmou que as duas nações rejeitam a violência política. “Estamos juntos na defesa das instituições democráticas”, afirmou Biden. “Temos que continuar a defender juntos os valores democráticos que constituem o núcleo da nossa força, não só no hemisfério, como no mundo”, afirmou Biden.

“As nossas duas nações são democracias fortes e foram testadas, duramente testadas. Em ambos os casos a democracia prevaleceu”, disse Biden. O presidente americano também defendeu a união dos EUA e Brasil para enfrentar problemas globais. “Nossos valores em comum e os fortes laços entre os nossos povos tornam Brasil e EUA parceiros naturais para enfrentar os desafios globais atuais e especialmente as mudanças climáticas”, disse.

Os dois líderes aceleraram o encontro para marcar posição contra a extrema direita. Eles cogitaram se encontrar ainda antes da posse do brasileiro. Esta é a segunda viagem internacional de Lula depois de empossado. A primeira foi para a Argentina e para o Uruguai. Lula já esteve na Casa Branca outras seis vezes, nos governos de George W. Bush e de Barack Obama.

Depois do encontro com Lula no salão oval, Biden recebeu a delegação expandida do Brasil para uma reunião bilateral entre os dois governos. Pelo lado brasileiro, participaram Lula, os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente), Anielle Franco (Igualdade Racial), o senador Jaques Wagner, o assessor especial da presidência Celso Amorim, o secretário executivo do MDIC, Márcio Elias Rosa.

Do lado americano, participaram Biden, os secretários de Estado, Antony Blinken, do Tesouro, Janet Yellen, do interior, Deb Haaland, do Comércio, Gina Raimondo, além do conselheiro de segurança nacional, Jake Sullivan, da embaixadora dos EUA em Brasília, Elizabeth Bagley, do enviado especial para o clima, John Kerry. Também estão presentes os assessores especiais do presidente Chris Dodd e Juan Gonzalez, o assistente do secretário de Estado Brian Nichols e o diretor para Brasil no Conselho de Segurança Nacional, Lorenzo Harris.

Lula e Janja chegam na Casa Branca  Foto: EFE/MICHAEL REYNOLDS

Janja

A primeira-dama dos Estados Unidos, Jill Biden, teve um mal estar nesta sexta-feira e cancelou o encontro que teria com a primeira-dama brasileira, Janja Silva, segundo assessores do Palácio do Planalto.

A norte-americana testou negativo para COVID-19. Apesar disso, ela não recepcionou a chegada de Janja e de Lula à Casa Branca. Com o cancelamento do chá que teria com Jill Biden, Janja fez um tour pela Casa Branca.

WASHINGTON E SÃO PAULO - Ao lado do presidente americano, Joe Biden, no salão oval da Casa Branca, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o antecessor, Jair Bolsonaro, e disse que os ataques antidemocráticos vivenciados nos Estados Unidos em janeiro de 2021 e no Brasil em 8 de janeiro deste ano não podem se repetir. Biden disse ao brasileiro que as democracias dos dois países “foram testadas” recentemente e que a “democracia prevaleceu” nos dois casos.

Lula acusou Bolsonaro de incentivar o garimpo em terras indígenas e incentivar o desmatamento da Amazônia. O brasileiro também falou que os dois países podem trabalhar juntos na preservação da floresta e disse que os países precisam pensar em uma nova governança global para a questão climática “É preciso que a gente estabeleça uma nova conversa para construir uma governança mundial mais forte, porque a questão climática”, disse Lula. Segundo ele, a discussão climática não irá avançar se não houver uma governança forte.

“Vamos fazer o que for possível pela agenda climática. Os Estados Unidos e o resto do mundo podem contar com o Brasil na luta pela democracia e pela Amazônia. Não é programa de governo, mas compromisso”, afirmou. “Os EUA representam muito na relação com o Brasil”, disse Lula a Biden.

“Não sei qual é o fórum, se é na ONU, no G20, no G8, mas alguma coisa temos de fazer para que a gente obrigue países, os nossos Congressos, os nossos empresários a acatar decisões que nós tomamos a nível globais”, pediu Lula. “Se isso não acontecer, a nossa discussão sobre a questão climática ficará muito prejudicada”, alertou, acrescentando que “não há muito tempo” e que tomar atitudes é “urgente”.

Lula e Biden caminham na Casa Branca, em Washington Foto: Jonathan Ernst/AP

Sobre a Amazônia, Lula reforçou o compromisso de alcançar desmatamento zero até 2030 e prometeu fazer dela um centro de pesquisa compartilhado com o mundo. “A Amazônia foi invadida nos últimos anos por irracionalidade política e humana. Tivemos presidente que mandava desmatar a Amazônia”, afirmou.

Lula afirmou que Bolsonaro isolou o Brasil do mundo, não gostava de manter relações com outros países e repetia fake news “de manhã, de tarde e de noite”. Biden riu e brincou “soa familiar”, em referência ao americano Donald Trump.

“O Brasil é um país onde o povo gosta de paz, democracia, trabalhar, carnaval, samba e muita alegria. É esse o Brasil que estamos tentando recolocar no mundo”, completou Lula. O presidente brasileiro falou também que os dois países devem trabalhar juntos para combater as desigualdades e o racismo.

Biden acenava com a cabeça, em concordância, ao ouvir Lula, em postura diferente da adotada diante do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ao encontrar com o ex-presidente brasileiro no ano passado, em Los Angeles, Biden olhava para as próprias mãos, com semblante sério, durante o momento em que os dois posaram para as câmeras. Biden nunca convidou Bolsonaro para uma visita à Casa Branca e evitou o contato com o brasileiro o quanto possível.

Desde o dia 30 de janeiro, Bolsonaro vive na Flórida, nos Estados Unidos. Recentemente, ele pediu ao governo americano para alterar seu visto de permanência nos EUA, para estender a estadia no país. A autorização é uma prerrogativa do governo americano. Biden é pressionado por parlamentares democratas a não autorizar que Bolsonaro permaneça nos Estados Unidos.

Lula agradeceu Biden por ter reconhecido o resultado eleitoral no ano passado. A Casa Branca disparou um e-mail com reconhecimento do resultado das eleições brasileiras assim que viu o anúncio por parte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em outubro do ano passado, como forma de arrefecer narrativas golpistas, que estavam no radar de Washington desde 2021.

Biden disse ao brasileiro que as agendas dos dois governos parecem “muito semelhantes” e afirmou que as duas nações rejeitam a violência política. “Estamos juntos na defesa das instituições democráticas”, afirmou Biden. “Temos que continuar a defender juntos os valores democráticos que constituem o núcleo da nossa força, não só no hemisfério, como no mundo”, afirmou Biden.

“As nossas duas nações são democracias fortes e foram testadas, duramente testadas. Em ambos os casos a democracia prevaleceu”, disse Biden. O presidente americano também defendeu a união dos EUA e Brasil para enfrentar problemas globais. “Nossos valores em comum e os fortes laços entre os nossos povos tornam Brasil e EUA parceiros naturais para enfrentar os desafios globais atuais e especialmente as mudanças climáticas”, disse.

Os dois líderes aceleraram o encontro para marcar posição contra a extrema direita. Eles cogitaram se encontrar ainda antes da posse do brasileiro. Esta é a segunda viagem internacional de Lula depois de empossado. A primeira foi para a Argentina e para o Uruguai. Lula já esteve na Casa Branca outras seis vezes, nos governos de George W. Bush e de Barack Obama.

Depois do encontro com Lula no salão oval, Biden recebeu a delegação expandida do Brasil para uma reunião bilateral entre os dois governos. Pelo lado brasileiro, participaram Lula, os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente), Anielle Franco (Igualdade Racial), o senador Jaques Wagner, o assessor especial da presidência Celso Amorim, o secretário executivo do MDIC, Márcio Elias Rosa.

Do lado americano, participaram Biden, os secretários de Estado, Antony Blinken, do Tesouro, Janet Yellen, do interior, Deb Haaland, do Comércio, Gina Raimondo, além do conselheiro de segurança nacional, Jake Sullivan, da embaixadora dos EUA em Brasília, Elizabeth Bagley, do enviado especial para o clima, John Kerry. Também estão presentes os assessores especiais do presidente Chris Dodd e Juan Gonzalez, o assistente do secretário de Estado Brian Nichols e o diretor para Brasil no Conselho de Segurança Nacional, Lorenzo Harris.

Lula e Janja chegam na Casa Branca  Foto: EFE/MICHAEL REYNOLDS

Janja

A primeira-dama dos Estados Unidos, Jill Biden, teve um mal estar nesta sexta-feira e cancelou o encontro que teria com a primeira-dama brasileira, Janja Silva, segundo assessores do Palácio do Planalto.

A norte-americana testou negativo para COVID-19. Apesar disso, ela não recepcionou a chegada de Janja e de Lula à Casa Branca. Com o cancelamento do chá que teria com Jill Biden, Janja fez um tour pela Casa Branca.

WASHINGTON E SÃO PAULO - Ao lado do presidente americano, Joe Biden, no salão oval da Casa Branca, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o antecessor, Jair Bolsonaro, e disse que os ataques antidemocráticos vivenciados nos Estados Unidos em janeiro de 2021 e no Brasil em 8 de janeiro deste ano não podem se repetir. Biden disse ao brasileiro que as democracias dos dois países “foram testadas” recentemente e que a “democracia prevaleceu” nos dois casos.

Lula acusou Bolsonaro de incentivar o garimpo em terras indígenas e incentivar o desmatamento da Amazônia. O brasileiro também falou que os dois países podem trabalhar juntos na preservação da floresta e disse que os países precisam pensar em uma nova governança global para a questão climática “É preciso que a gente estabeleça uma nova conversa para construir uma governança mundial mais forte, porque a questão climática”, disse Lula. Segundo ele, a discussão climática não irá avançar se não houver uma governança forte.

“Vamos fazer o que for possível pela agenda climática. Os Estados Unidos e o resto do mundo podem contar com o Brasil na luta pela democracia e pela Amazônia. Não é programa de governo, mas compromisso”, afirmou. “Os EUA representam muito na relação com o Brasil”, disse Lula a Biden.

“Não sei qual é o fórum, se é na ONU, no G20, no G8, mas alguma coisa temos de fazer para que a gente obrigue países, os nossos Congressos, os nossos empresários a acatar decisões que nós tomamos a nível globais”, pediu Lula. “Se isso não acontecer, a nossa discussão sobre a questão climática ficará muito prejudicada”, alertou, acrescentando que “não há muito tempo” e que tomar atitudes é “urgente”.

Lula e Biden caminham na Casa Branca, em Washington Foto: Jonathan Ernst/AP

Sobre a Amazônia, Lula reforçou o compromisso de alcançar desmatamento zero até 2030 e prometeu fazer dela um centro de pesquisa compartilhado com o mundo. “A Amazônia foi invadida nos últimos anos por irracionalidade política e humana. Tivemos presidente que mandava desmatar a Amazônia”, afirmou.

Lula afirmou que Bolsonaro isolou o Brasil do mundo, não gostava de manter relações com outros países e repetia fake news “de manhã, de tarde e de noite”. Biden riu e brincou “soa familiar”, em referência ao americano Donald Trump.

“O Brasil é um país onde o povo gosta de paz, democracia, trabalhar, carnaval, samba e muita alegria. É esse o Brasil que estamos tentando recolocar no mundo”, completou Lula. O presidente brasileiro falou também que os dois países devem trabalhar juntos para combater as desigualdades e o racismo.

Biden acenava com a cabeça, em concordância, ao ouvir Lula, em postura diferente da adotada diante do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ao encontrar com o ex-presidente brasileiro no ano passado, em Los Angeles, Biden olhava para as próprias mãos, com semblante sério, durante o momento em que os dois posaram para as câmeras. Biden nunca convidou Bolsonaro para uma visita à Casa Branca e evitou o contato com o brasileiro o quanto possível.

Desde o dia 30 de janeiro, Bolsonaro vive na Flórida, nos Estados Unidos. Recentemente, ele pediu ao governo americano para alterar seu visto de permanência nos EUA, para estender a estadia no país. A autorização é uma prerrogativa do governo americano. Biden é pressionado por parlamentares democratas a não autorizar que Bolsonaro permaneça nos Estados Unidos.

Lula agradeceu Biden por ter reconhecido o resultado eleitoral no ano passado. A Casa Branca disparou um e-mail com reconhecimento do resultado das eleições brasileiras assim que viu o anúncio por parte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em outubro do ano passado, como forma de arrefecer narrativas golpistas, que estavam no radar de Washington desde 2021.

Biden disse ao brasileiro que as agendas dos dois governos parecem “muito semelhantes” e afirmou que as duas nações rejeitam a violência política. “Estamos juntos na defesa das instituições democráticas”, afirmou Biden. “Temos que continuar a defender juntos os valores democráticos que constituem o núcleo da nossa força, não só no hemisfério, como no mundo”, afirmou Biden.

“As nossas duas nações são democracias fortes e foram testadas, duramente testadas. Em ambos os casos a democracia prevaleceu”, disse Biden. O presidente americano também defendeu a união dos EUA e Brasil para enfrentar problemas globais. “Nossos valores em comum e os fortes laços entre os nossos povos tornam Brasil e EUA parceiros naturais para enfrentar os desafios globais atuais e especialmente as mudanças climáticas”, disse.

Os dois líderes aceleraram o encontro para marcar posição contra a extrema direita. Eles cogitaram se encontrar ainda antes da posse do brasileiro. Esta é a segunda viagem internacional de Lula depois de empossado. A primeira foi para a Argentina e para o Uruguai. Lula já esteve na Casa Branca outras seis vezes, nos governos de George W. Bush e de Barack Obama.

Depois do encontro com Lula no salão oval, Biden recebeu a delegação expandida do Brasil para uma reunião bilateral entre os dois governos. Pelo lado brasileiro, participaram Lula, os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente), Anielle Franco (Igualdade Racial), o senador Jaques Wagner, o assessor especial da presidência Celso Amorim, o secretário executivo do MDIC, Márcio Elias Rosa.

Do lado americano, participaram Biden, os secretários de Estado, Antony Blinken, do Tesouro, Janet Yellen, do interior, Deb Haaland, do Comércio, Gina Raimondo, além do conselheiro de segurança nacional, Jake Sullivan, da embaixadora dos EUA em Brasília, Elizabeth Bagley, do enviado especial para o clima, John Kerry. Também estão presentes os assessores especiais do presidente Chris Dodd e Juan Gonzalez, o assistente do secretário de Estado Brian Nichols e o diretor para Brasil no Conselho de Segurança Nacional, Lorenzo Harris.

Lula e Janja chegam na Casa Branca  Foto: EFE/MICHAEL REYNOLDS

Janja

A primeira-dama dos Estados Unidos, Jill Biden, teve um mal estar nesta sexta-feira e cancelou o encontro que teria com a primeira-dama brasileira, Janja Silva, segundo assessores do Palácio do Planalto.

A norte-americana testou negativo para COVID-19. Apesar disso, ela não recepcionou a chegada de Janja e de Lula à Casa Branca. Com o cancelamento do chá que teria com Jill Biden, Janja fez um tour pela Casa Branca.

WASHINGTON E SÃO PAULO - Ao lado do presidente americano, Joe Biden, no salão oval da Casa Branca, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o antecessor, Jair Bolsonaro, e disse que os ataques antidemocráticos vivenciados nos Estados Unidos em janeiro de 2021 e no Brasil em 8 de janeiro deste ano não podem se repetir. Biden disse ao brasileiro que as democracias dos dois países “foram testadas” recentemente e que a “democracia prevaleceu” nos dois casos.

Lula acusou Bolsonaro de incentivar o garimpo em terras indígenas e incentivar o desmatamento da Amazônia. O brasileiro também falou que os dois países podem trabalhar juntos na preservação da floresta e disse que os países precisam pensar em uma nova governança global para a questão climática “É preciso que a gente estabeleça uma nova conversa para construir uma governança mundial mais forte, porque a questão climática”, disse Lula. Segundo ele, a discussão climática não irá avançar se não houver uma governança forte.

“Vamos fazer o que for possível pela agenda climática. Os Estados Unidos e o resto do mundo podem contar com o Brasil na luta pela democracia e pela Amazônia. Não é programa de governo, mas compromisso”, afirmou. “Os EUA representam muito na relação com o Brasil”, disse Lula a Biden.

“Não sei qual é o fórum, se é na ONU, no G20, no G8, mas alguma coisa temos de fazer para que a gente obrigue países, os nossos Congressos, os nossos empresários a acatar decisões que nós tomamos a nível globais”, pediu Lula. “Se isso não acontecer, a nossa discussão sobre a questão climática ficará muito prejudicada”, alertou, acrescentando que “não há muito tempo” e que tomar atitudes é “urgente”.

Lula e Biden caminham na Casa Branca, em Washington Foto: Jonathan Ernst/AP

Sobre a Amazônia, Lula reforçou o compromisso de alcançar desmatamento zero até 2030 e prometeu fazer dela um centro de pesquisa compartilhado com o mundo. “A Amazônia foi invadida nos últimos anos por irracionalidade política e humana. Tivemos presidente que mandava desmatar a Amazônia”, afirmou.

Lula afirmou que Bolsonaro isolou o Brasil do mundo, não gostava de manter relações com outros países e repetia fake news “de manhã, de tarde e de noite”. Biden riu e brincou “soa familiar”, em referência ao americano Donald Trump.

“O Brasil é um país onde o povo gosta de paz, democracia, trabalhar, carnaval, samba e muita alegria. É esse o Brasil que estamos tentando recolocar no mundo”, completou Lula. O presidente brasileiro falou também que os dois países devem trabalhar juntos para combater as desigualdades e o racismo.

Biden acenava com a cabeça, em concordância, ao ouvir Lula, em postura diferente da adotada diante do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ao encontrar com o ex-presidente brasileiro no ano passado, em Los Angeles, Biden olhava para as próprias mãos, com semblante sério, durante o momento em que os dois posaram para as câmeras. Biden nunca convidou Bolsonaro para uma visita à Casa Branca e evitou o contato com o brasileiro o quanto possível.

Desde o dia 30 de janeiro, Bolsonaro vive na Flórida, nos Estados Unidos. Recentemente, ele pediu ao governo americano para alterar seu visto de permanência nos EUA, para estender a estadia no país. A autorização é uma prerrogativa do governo americano. Biden é pressionado por parlamentares democratas a não autorizar que Bolsonaro permaneça nos Estados Unidos.

Lula agradeceu Biden por ter reconhecido o resultado eleitoral no ano passado. A Casa Branca disparou um e-mail com reconhecimento do resultado das eleições brasileiras assim que viu o anúncio por parte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em outubro do ano passado, como forma de arrefecer narrativas golpistas, que estavam no radar de Washington desde 2021.

Biden disse ao brasileiro que as agendas dos dois governos parecem “muito semelhantes” e afirmou que as duas nações rejeitam a violência política. “Estamos juntos na defesa das instituições democráticas”, afirmou Biden. “Temos que continuar a defender juntos os valores democráticos que constituem o núcleo da nossa força, não só no hemisfério, como no mundo”, afirmou Biden.

“As nossas duas nações são democracias fortes e foram testadas, duramente testadas. Em ambos os casos a democracia prevaleceu”, disse Biden. O presidente americano também defendeu a união dos EUA e Brasil para enfrentar problemas globais. “Nossos valores em comum e os fortes laços entre os nossos povos tornam Brasil e EUA parceiros naturais para enfrentar os desafios globais atuais e especialmente as mudanças climáticas”, disse.

Os dois líderes aceleraram o encontro para marcar posição contra a extrema direita. Eles cogitaram se encontrar ainda antes da posse do brasileiro. Esta é a segunda viagem internacional de Lula depois de empossado. A primeira foi para a Argentina e para o Uruguai. Lula já esteve na Casa Branca outras seis vezes, nos governos de George W. Bush e de Barack Obama.

Depois do encontro com Lula no salão oval, Biden recebeu a delegação expandida do Brasil para uma reunião bilateral entre os dois governos. Pelo lado brasileiro, participaram Lula, os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente), Anielle Franco (Igualdade Racial), o senador Jaques Wagner, o assessor especial da presidência Celso Amorim, o secretário executivo do MDIC, Márcio Elias Rosa.

Do lado americano, participaram Biden, os secretários de Estado, Antony Blinken, do Tesouro, Janet Yellen, do interior, Deb Haaland, do Comércio, Gina Raimondo, além do conselheiro de segurança nacional, Jake Sullivan, da embaixadora dos EUA em Brasília, Elizabeth Bagley, do enviado especial para o clima, John Kerry. Também estão presentes os assessores especiais do presidente Chris Dodd e Juan Gonzalez, o assistente do secretário de Estado Brian Nichols e o diretor para Brasil no Conselho de Segurança Nacional, Lorenzo Harris.

Lula e Janja chegam na Casa Branca  Foto: EFE/MICHAEL REYNOLDS

Janja

A primeira-dama dos Estados Unidos, Jill Biden, teve um mal estar nesta sexta-feira e cancelou o encontro que teria com a primeira-dama brasileira, Janja Silva, segundo assessores do Palácio do Planalto.

A norte-americana testou negativo para COVID-19. Apesar disso, ela não recepcionou a chegada de Janja e de Lula à Casa Branca. Com o cancelamento do chá que teria com Jill Biden, Janja fez um tour pela Casa Branca.

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