BRASÍLIA – A ex-presidente Dilma Rousseff vai dirigir o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), instituição financeira dos Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Com sede em Xangai, o NDB – também conhecido como Banco dos Brics – tem como objetivo financiar projetos de infraestrutura e sustentabilidade nos países que compõem o colegiado de economias emergentes.
Lula irá para Pequim na segunda quinzena de março e a expectativa é de que leve Dilma com ele na viagem. O Estadão apurou que a indicação da ex-presidente para comandar o NDB já conta com a aprovação de todos os integrantes dos Brics.
O governo pediu que o diplomata Marcos Troyjo, atual presidente do NDB, renuncie ao comando da instituição. Indicado para o cargo pelo então presidente Jair Bolsonaro, Troyjo teria mandato até 2025 e já está no Brasil. O diplomata foi convidado para fazer parte da equipe do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
Impeachment
Dilma sofreu impeachment em 2016 e, desde então, não voltou a ocupar cargos públicos. Em 2018, ela tentou se eleger senadora por Minas Gerais e foi derrotada.
Durante a campanha eleitoral do ano passado, circularam rumores de que Lula esconderia a ex-presidente para que a rejeição dela não colasse nele, mas isso não ocorreu.
Desde a vitória de Lula, Dilma tem participado de cerimônias em Brasília e chegou a discursar na posse do ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias.
Em 2016, quando era subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Messias ganhou notoriedade após o então juiz Sérgio Moro, hoje senador, tirar o sigilo de uma interceptação telefônica que o citava. Na conversa grampeada, Dilma dizia a Lula que “Bessias” estava levando a ele o termo de posse na Casa Civil, para assinar em caso de necessidade. O áudio levou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes a suspender a nomeação de Lula. Pouco tempo depois, Dilma caiu.
Neste ano, toda vez que teve o nome anunciado em solenidades no Palácio do Planalto, Dilma foi saudada pela plateia como “guerreira do povo brasileiro”.
Antes de indicar a aliada para o Banco dos Brics – criado em 2014, quando a petista era presidente –, Lula cogitou a possibilidade de nomeá-la para a embaixada do Brasil em Portugal, mas ela não quis.