O empresário Maurílio Biagi Filho foi indicado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ser candidato a vice na chapa do ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), ao governo de São Paulo, em 2014. Do ramo usineiro e amigo do ex-ministro Antonio Palocci, Biagi Filho se filiou nesta sexta-feira, 4, ao PR para compor a chapa de Padilha e enfrentar o PSDB do governador Geraldo Alckmin. Lula sempre defendeu o nome de um empresário para fazer dobradinha com o PT em São Paulo e conquistar votos fora do tradicional leque de alianças do petismo. A estratégia foi usada por ele próprio nas campanhas de 2002 e de 2006, quando houve a parceria com José Alencar, então presidente da Coteminas. Alencar era do PL (hoje PR) quando foi escolhido para ser vice de Lula pela primeira vez. As negociações entre o PT e o PR para a composição da chapa de Padilha ocorreram no início desta semana, em Brasília, com dirigentes dos dois partidos e a bênção de Lula. Derrotar o PSDB em São Paulo, principal reduto dos tucanos, é considerado estratégico por Lula para a reeleição da presidente Dilma Rousseff. Palocci ajudou nas negociações, mas não apareceu como um dos padrinhos de Biagi Filho porque, desde que foi defenestrado da Casa Civil, em 2011 - acusado de multiplicar seu patrimônio em 20 vezes -, atua nos bastidores do PT e do governo. Conselheiro. Em conversas reservadas, dirigentes do PT e do PR dizem que Biagi Filho só não será vice de Padilha se acontecer algum imprevisto no meio do caminho. Embora a ala mais à esquerda do PT torça o nariz para a entrada de um "usineiro" na campanha, o empresário é defendido pelo ministro da Saúde. Biagi Filho é de Ribeirão Preto e se aproximou do PT quando Palocci era prefeito da cidade (1993-1996 e 2001-2002). Em 2002, ele apoiou Lula para a Presidência. Desde 2003 o empresário integra o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Presidente da Agrishow e da Maubisa Agricultura, Biagi Filho comandou a Usina Santa Elisa, pertencente à sua família, e ainda hoje é conselheiro da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). "Eu adoro o Padilha, mas ainda não sei se vou entrar na política", afirmou Biagi Filho, na noite de ontem. "Agora, o pessoal está fazendo uma pressão danada." O empresário tentou negar até mesmo sua filiação ao PR, confirmada pelo senador Antônio Carlos Rodrigues (PR-SP). "Ele pode ser candidato a vice do Padilha, mas ainda temos várias etapas a cumprir", disse Rodrigues. "A filiação do Maurílio é uma grande conquista para o PR. Melhor é impossível." Para o deputado Edinho Silva, presidente do PT paulista, Biagi Filho tem o perfil "ideal" para a chapa de Padilha. "É um vice que acrescenta muito à nossa campanha", argumentou Edinho. "Ele tem afinidade com o Padilha e é um empresário muito respeitado por lideranças do PT, por Lula e pelo governo Dilma. Nós estamos conversando." A cúpula do PT quer que Padilha deixe o ministério logo depois que o programa Mais Médicos for votado no Senado, em novembro, para começar a fazer campanha. Dilma, porém, só deve anunciar mudanças na equipe em janeiro de 2014. Doze ministros devem sair. Apoios. Até agora, Padilha ainda corre atrás de apoio para sua candidatura porque os partidos que compõem a base aliada de Dilma não vão reproduzir a parceria em São Paulo. O PMDB, por exemplo, vai lançar Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), para a sucessão de Alckmin. "Skaf é imexível como candidato e isso já entrou no acordo com o PT", disse o vice-presidente Michel Temer. "Se ele não for para o segundo turno vai apoiar Padilha e vice-versa."