Visita de Lula à China abre disputa entre empresários por vaga em megacomitiva


Cerca de 200 representantes de 140 setores do PIB estarão na delegação, que reunirá também a cúpula do Congresso; governo quer mudar perfil comercial com país asiático

Por Felipe Frazão e Vera Rosa
Atualização:

BRASÍLIA – Empresários brasileiros disputam vaga na comitiva que acompanhará a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, no fim deste mês. A visita de Estado pretende intensificar os negócios com o país asiático, após um período de ruídos diplomáticos no governo de Jair Bolsonaro, e se tornou o roteiro mais cobiçado por agentes econômicos nos últimos anos. A lista da megacomitiva tem cerca de 200 empresários, de 140 setores, toda a cúpula do Congresso, governadores e ao menos seis ministros.

Ao Estadão, o vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que Lula lhe perguntou quais eram os setores mais relevantes para a viagem à China. “Eu disse: ‘Olha, é difícil saber qual área não é importante’”, respondeu Alckmin, que também comanda o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Do agronegócio à mineração, passando por aeronáutica, indústria, tecnologia e construção civil, são muitos os setores que querem acompanhar a comitiva ao país asiático, de 26 a 30 deste mês. “É um overbooking de empresários”, comparou Alckmin.

Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil, com superávit a favor do País de US$ 61,8 bilhões, no ano passado. Mas há interesse do governo Lula em mudar esse perfil, baseado em exportação de commodities e importação de manufaturados, com o objetivo de gerar mais empregos para brasileiros. Diplomatas dizem que uma lista de acordos em diferentes áreas de cooperação está em discussão para ser firmada, incluindo uma iniciativa ambiental.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva organiza mega comitiva para viagem à China Foto: Wilton Junior / Estadão

Os chineses têm acenado com investimentos na indústria automobilística nacional, com a expectativa de aquisição da antiga fábrica da Ford em Camaçari (BA) pela BYD. Há também interesse em ampliar as exportações de carne ao país, o que explica a presença de grandes frigoríficos na comitiva. A Embraer, por sua vez, reforçou a ofensiva para vender seu mais moderno avião comercial, um jato de médio porte 190 E2.

A dimensão da comitiva expõe o interesse comercial e político. Lula será o primeiro líder latino-americano recebido por Xi Jinping, recém-reeleito pelo Parlamento chinês para um terceiro mandato inédito. O petista também será recepcionado pelo primeiro-ministro Li Qiang. Do ponto de vista geopolítico, Lula quer discutir com Xi Jinping o fim da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

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Setores econômicos

O Estadão apurou que a comitiva empresarial terá representantes dos setores de infraestrutura, bancos, agronegócio, proteína animal, alimentos, roupas e calçados, telecomunicações, além de inovação digital. Entre as empresas que irão à China estão a JBS, Marfrig, Vale, Embraer, Suzano e os bancos Bradesco e Marka.

“Vai se retomar com muita força essa relação Brasil-China, coisa que no governo Bolsonaro foi tratada com negligência. O embaixador chinês passou mais tempo aqui tendo problemas com piadas de mau gosto e aquilo foi danoso à economia”, disse o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), Jorge Viana. “Como a China pode ter US$ 2,6 trilhões de investimento externo no mundo e só R$ 30 bilhões no Brasil? Agora vai ficar quanto? Vão ser R$ 100 bilhões? Vamos criar o ambiente para ter conversas de negócios, um encontro empresarial”, afirmou ele.

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Os pesos-pesados do PIB têm buscado três interlocutores no governo para participar da missão. Alckmin, Viana e o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. São eles que recebem os pedidos e “filtram” a lista.

Encontros

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A Apex Brasil chegou a abrir um formulário online para interessados em participar de um encontro de Lula com empresários chineses e brasileiros, em Pequim. A ideia é que eles levantem demandas e entraves ao avanço do comércio e de investimentos e possam dialogar entre si e diretamente com Lula. Parcerias podem ser concluídas e anunciadas, embora o evento não tenha formato de rodada de negócios.

Na prática, os empresários pagarão as próprias despesas, mas podem ser escalados pelo governo para falar em apresentações e ter assento em reuniões e seminário preparados pela Apex com chineses. O foco são os chefes das estatais com potencial para fazer investimentos no Brasil. Além dos órgãos governamentais, a preparação passa por interlocutores de entidades privadas, como o Lide China, o Conselho Empresarial Brasil-China e o Ibrachina.

Congresso

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A comitiva já tem 32 parlamentares brasileiros, além dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Estarão presentes, ainda, o presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, Renan Calheiros (MDB-AL), e Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado.

A base das atividades e até da comitiva será o hotel St. Regis, vizinho à embaixada, onde o próprio Lula já se hospedou, assim como os ex-presidentes Jair Bolsonaro e Dilma Rousseff. O governo chinês chegou a oferecer a Lula estadia em residência oficial, mas ele optou por um hotel para concentrar as atividades empresariais.

Indicada para assumir o comando do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como “banco dos Brics”, em Xangai, Dilma acompanhará Lula na viagem. A comitiva também deve contar com os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Marina Silva (Meio Ambiente), Carlos Fávaro (Agricultura), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) e com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante.

BRASÍLIA – Empresários brasileiros disputam vaga na comitiva que acompanhará a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, no fim deste mês. A visita de Estado pretende intensificar os negócios com o país asiático, após um período de ruídos diplomáticos no governo de Jair Bolsonaro, e se tornou o roteiro mais cobiçado por agentes econômicos nos últimos anos. A lista da megacomitiva tem cerca de 200 empresários, de 140 setores, toda a cúpula do Congresso, governadores e ao menos seis ministros.

Ao Estadão, o vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que Lula lhe perguntou quais eram os setores mais relevantes para a viagem à China. “Eu disse: ‘Olha, é difícil saber qual área não é importante’”, respondeu Alckmin, que também comanda o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Do agronegócio à mineração, passando por aeronáutica, indústria, tecnologia e construção civil, são muitos os setores que querem acompanhar a comitiva ao país asiático, de 26 a 30 deste mês. “É um overbooking de empresários”, comparou Alckmin.

Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil, com superávit a favor do País de US$ 61,8 bilhões, no ano passado. Mas há interesse do governo Lula em mudar esse perfil, baseado em exportação de commodities e importação de manufaturados, com o objetivo de gerar mais empregos para brasileiros. Diplomatas dizem que uma lista de acordos em diferentes áreas de cooperação está em discussão para ser firmada, incluindo uma iniciativa ambiental.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva organiza mega comitiva para viagem à China Foto: Wilton Junior / Estadão

Os chineses têm acenado com investimentos na indústria automobilística nacional, com a expectativa de aquisição da antiga fábrica da Ford em Camaçari (BA) pela BYD. Há também interesse em ampliar as exportações de carne ao país, o que explica a presença de grandes frigoríficos na comitiva. A Embraer, por sua vez, reforçou a ofensiva para vender seu mais moderno avião comercial, um jato de médio porte 190 E2.

A dimensão da comitiva expõe o interesse comercial e político. Lula será o primeiro líder latino-americano recebido por Xi Jinping, recém-reeleito pelo Parlamento chinês para um terceiro mandato inédito. O petista também será recepcionado pelo primeiro-ministro Li Qiang. Do ponto de vista geopolítico, Lula quer discutir com Xi Jinping o fim da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

Setores econômicos

O Estadão apurou que a comitiva empresarial terá representantes dos setores de infraestrutura, bancos, agronegócio, proteína animal, alimentos, roupas e calçados, telecomunicações, além de inovação digital. Entre as empresas que irão à China estão a JBS, Marfrig, Vale, Embraer, Suzano e os bancos Bradesco e Marka.

“Vai se retomar com muita força essa relação Brasil-China, coisa que no governo Bolsonaro foi tratada com negligência. O embaixador chinês passou mais tempo aqui tendo problemas com piadas de mau gosto e aquilo foi danoso à economia”, disse o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), Jorge Viana. “Como a China pode ter US$ 2,6 trilhões de investimento externo no mundo e só R$ 30 bilhões no Brasil? Agora vai ficar quanto? Vão ser R$ 100 bilhões? Vamos criar o ambiente para ter conversas de negócios, um encontro empresarial”, afirmou ele.

Os pesos-pesados do PIB têm buscado três interlocutores no governo para participar da missão. Alckmin, Viana e o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. São eles que recebem os pedidos e “filtram” a lista.

Encontros

A Apex Brasil chegou a abrir um formulário online para interessados em participar de um encontro de Lula com empresários chineses e brasileiros, em Pequim. A ideia é que eles levantem demandas e entraves ao avanço do comércio e de investimentos e possam dialogar entre si e diretamente com Lula. Parcerias podem ser concluídas e anunciadas, embora o evento não tenha formato de rodada de negócios.

Na prática, os empresários pagarão as próprias despesas, mas podem ser escalados pelo governo para falar em apresentações e ter assento em reuniões e seminário preparados pela Apex com chineses. O foco são os chefes das estatais com potencial para fazer investimentos no Brasil. Além dos órgãos governamentais, a preparação passa por interlocutores de entidades privadas, como o Lide China, o Conselho Empresarial Brasil-China e o Ibrachina.

Congresso

A comitiva já tem 32 parlamentares brasileiros, além dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Estarão presentes, ainda, o presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, Renan Calheiros (MDB-AL), e Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado.

A base das atividades e até da comitiva será o hotel St. Regis, vizinho à embaixada, onde o próprio Lula já se hospedou, assim como os ex-presidentes Jair Bolsonaro e Dilma Rousseff. O governo chinês chegou a oferecer a Lula estadia em residência oficial, mas ele optou por um hotel para concentrar as atividades empresariais.

Indicada para assumir o comando do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como “banco dos Brics”, em Xangai, Dilma acompanhará Lula na viagem. A comitiva também deve contar com os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Marina Silva (Meio Ambiente), Carlos Fávaro (Agricultura), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) e com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante.

BRASÍLIA – Empresários brasileiros disputam vaga na comitiva que acompanhará a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, no fim deste mês. A visita de Estado pretende intensificar os negócios com o país asiático, após um período de ruídos diplomáticos no governo de Jair Bolsonaro, e se tornou o roteiro mais cobiçado por agentes econômicos nos últimos anos. A lista da megacomitiva tem cerca de 200 empresários, de 140 setores, toda a cúpula do Congresso, governadores e ao menos seis ministros.

Ao Estadão, o vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que Lula lhe perguntou quais eram os setores mais relevantes para a viagem à China. “Eu disse: ‘Olha, é difícil saber qual área não é importante’”, respondeu Alckmin, que também comanda o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Do agronegócio à mineração, passando por aeronáutica, indústria, tecnologia e construção civil, são muitos os setores que querem acompanhar a comitiva ao país asiático, de 26 a 30 deste mês. “É um overbooking de empresários”, comparou Alckmin.

Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil, com superávit a favor do País de US$ 61,8 bilhões, no ano passado. Mas há interesse do governo Lula em mudar esse perfil, baseado em exportação de commodities e importação de manufaturados, com o objetivo de gerar mais empregos para brasileiros. Diplomatas dizem que uma lista de acordos em diferentes áreas de cooperação está em discussão para ser firmada, incluindo uma iniciativa ambiental.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva organiza mega comitiva para viagem à China Foto: Wilton Junior / Estadão

Os chineses têm acenado com investimentos na indústria automobilística nacional, com a expectativa de aquisição da antiga fábrica da Ford em Camaçari (BA) pela BYD. Há também interesse em ampliar as exportações de carne ao país, o que explica a presença de grandes frigoríficos na comitiva. A Embraer, por sua vez, reforçou a ofensiva para vender seu mais moderno avião comercial, um jato de médio porte 190 E2.

A dimensão da comitiva expõe o interesse comercial e político. Lula será o primeiro líder latino-americano recebido por Xi Jinping, recém-reeleito pelo Parlamento chinês para um terceiro mandato inédito. O petista também será recepcionado pelo primeiro-ministro Li Qiang. Do ponto de vista geopolítico, Lula quer discutir com Xi Jinping o fim da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

Setores econômicos

O Estadão apurou que a comitiva empresarial terá representantes dos setores de infraestrutura, bancos, agronegócio, proteína animal, alimentos, roupas e calçados, telecomunicações, além de inovação digital. Entre as empresas que irão à China estão a JBS, Marfrig, Vale, Embraer, Suzano e os bancos Bradesco e Marka.

“Vai se retomar com muita força essa relação Brasil-China, coisa que no governo Bolsonaro foi tratada com negligência. O embaixador chinês passou mais tempo aqui tendo problemas com piadas de mau gosto e aquilo foi danoso à economia”, disse o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), Jorge Viana. “Como a China pode ter US$ 2,6 trilhões de investimento externo no mundo e só R$ 30 bilhões no Brasil? Agora vai ficar quanto? Vão ser R$ 100 bilhões? Vamos criar o ambiente para ter conversas de negócios, um encontro empresarial”, afirmou ele.

Os pesos-pesados do PIB têm buscado três interlocutores no governo para participar da missão. Alckmin, Viana e o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. São eles que recebem os pedidos e “filtram” a lista.

Encontros

A Apex Brasil chegou a abrir um formulário online para interessados em participar de um encontro de Lula com empresários chineses e brasileiros, em Pequim. A ideia é que eles levantem demandas e entraves ao avanço do comércio e de investimentos e possam dialogar entre si e diretamente com Lula. Parcerias podem ser concluídas e anunciadas, embora o evento não tenha formato de rodada de negócios.

Na prática, os empresários pagarão as próprias despesas, mas podem ser escalados pelo governo para falar em apresentações e ter assento em reuniões e seminário preparados pela Apex com chineses. O foco são os chefes das estatais com potencial para fazer investimentos no Brasil. Além dos órgãos governamentais, a preparação passa por interlocutores de entidades privadas, como o Lide China, o Conselho Empresarial Brasil-China e o Ibrachina.

Congresso

A comitiva já tem 32 parlamentares brasileiros, além dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Estarão presentes, ainda, o presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, Renan Calheiros (MDB-AL), e Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado.

A base das atividades e até da comitiva será o hotel St. Regis, vizinho à embaixada, onde o próprio Lula já se hospedou, assim como os ex-presidentes Jair Bolsonaro e Dilma Rousseff. O governo chinês chegou a oferecer a Lula estadia em residência oficial, mas ele optou por um hotel para concentrar as atividades empresariais.

Indicada para assumir o comando do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como “banco dos Brics”, em Xangai, Dilma acompanhará Lula na viagem. A comitiva também deve contar com os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Marina Silva (Meio Ambiente), Carlos Fávaro (Agricultura), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) e com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante.

BRASÍLIA – Empresários brasileiros disputam vaga na comitiva que acompanhará a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, no fim deste mês. A visita de Estado pretende intensificar os negócios com o país asiático, após um período de ruídos diplomáticos no governo de Jair Bolsonaro, e se tornou o roteiro mais cobiçado por agentes econômicos nos últimos anos. A lista da megacomitiva tem cerca de 200 empresários, de 140 setores, toda a cúpula do Congresso, governadores e ao menos seis ministros.

Ao Estadão, o vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que Lula lhe perguntou quais eram os setores mais relevantes para a viagem à China. “Eu disse: ‘Olha, é difícil saber qual área não é importante’”, respondeu Alckmin, que também comanda o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Do agronegócio à mineração, passando por aeronáutica, indústria, tecnologia e construção civil, são muitos os setores que querem acompanhar a comitiva ao país asiático, de 26 a 30 deste mês. “É um overbooking de empresários”, comparou Alckmin.

Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil, com superávit a favor do País de US$ 61,8 bilhões, no ano passado. Mas há interesse do governo Lula em mudar esse perfil, baseado em exportação de commodities e importação de manufaturados, com o objetivo de gerar mais empregos para brasileiros. Diplomatas dizem que uma lista de acordos em diferentes áreas de cooperação está em discussão para ser firmada, incluindo uma iniciativa ambiental.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva organiza mega comitiva para viagem à China Foto: Wilton Junior / Estadão

Os chineses têm acenado com investimentos na indústria automobilística nacional, com a expectativa de aquisição da antiga fábrica da Ford em Camaçari (BA) pela BYD. Há também interesse em ampliar as exportações de carne ao país, o que explica a presença de grandes frigoríficos na comitiva. A Embraer, por sua vez, reforçou a ofensiva para vender seu mais moderno avião comercial, um jato de médio porte 190 E2.

A dimensão da comitiva expõe o interesse comercial e político. Lula será o primeiro líder latino-americano recebido por Xi Jinping, recém-reeleito pelo Parlamento chinês para um terceiro mandato inédito. O petista também será recepcionado pelo primeiro-ministro Li Qiang. Do ponto de vista geopolítico, Lula quer discutir com Xi Jinping o fim da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

Setores econômicos

O Estadão apurou que a comitiva empresarial terá representantes dos setores de infraestrutura, bancos, agronegócio, proteína animal, alimentos, roupas e calçados, telecomunicações, além de inovação digital. Entre as empresas que irão à China estão a JBS, Marfrig, Vale, Embraer, Suzano e os bancos Bradesco e Marka.

“Vai se retomar com muita força essa relação Brasil-China, coisa que no governo Bolsonaro foi tratada com negligência. O embaixador chinês passou mais tempo aqui tendo problemas com piadas de mau gosto e aquilo foi danoso à economia”, disse o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), Jorge Viana. “Como a China pode ter US$ 2,6 trilhões de investimento externo no mundo e só R$ 30 bilhões no Brasil? Agora vai ficar quanto? Vão ser R$ 100 bilhões? Vamos criar o ambiente para ter conversas de negócios, um encontro empresarial”, afirmou ele.

Os pesos-pesados do PIB têm buscado três interlocutores no governo para participar da missão. Alckmin, Viana e o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. São eles que recebem os pedidos e “filtram” a lista.

Encontros

A Apex Brasil chegou a abrir um formulário online para interessados em participar de um encontro de Lula com empresários chineses e brasileiros, em Pequim. A ideia é que eles levantem demandas e entraves ao avanço do comércio e de investimentos e possam dialogar entre si e diretamente com Lula. Parcerias podem ser concluídas e anunciadas, embora o evento não tenha formato de rodada de negócios.

Na prática, os empresários pagarão as próprias despesas, mas podem ser escalados pelo governo para falar em apresentações e ter assento em reuniões e seminário preparados pela Apex com chineses. O foco são os chefes das estatais com potencial para fazer investimentos no Brasil. Além dos órgãos governamentais, a preparação passa por interlocutores de entidades privadas, como o Lide China, o Conselho Empresarial Brasil-China e o Ibrachina.

Congresso

A comitiva já tem 32 parlamentares brasileiros, além dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Estarão presentes, ainda, o presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, Renan Calheiros (MDB-AL), e Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado.

A base das atividades e até da comitiva será o hotel St. Regis, vizinho à embaixada, onde o próprio Lula já se hospedou, assim como os ex-presidentes Jair Bolsonaro e Dilma Rousseff. O governo chinês chegou a oferecer a Lula estadia em residência oficial, mas ele optou por um hotel para concentrar as atividades empresariais.

Indicada para assumir o comando do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como “banco dos Brics”, em Xangai, Dilma acompanhará Lula na viagem. A comitiva também deve contar com os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Marina Silva (Meio Ambiente), Carlos Fávaro (Agricultura), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) e com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante.

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