SÃO PAULO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira, 12, que a “mentalidade de quem fez as reformas trabalhista e sindical é a mentalidade escravocrata”. Ele estava em um encontro com especialistas em relações sindicais e trabalhistas.
“Mentalidade de quem acha que sindicato não tem que ter força, que sindicato não tem representatividade. No mundo desenvolvido em que você tem economia forte, você tem sindicato forte”, afirmou o pré-candidato à Presidência pelo PT.
Para Lula, o Estado tem de atuar como um árbitro conciliador dos interesses do trabalhador e do empresário. “O Brasil não será um país civilizado se não tivermos a compreensão que as duas partes têm que ser tratadas em igualdade de condições. E o Estado não tem que tomar parte de um lado ou de outro”, afirmou.
Em outras ocasiões, Lula defendeu que o pré-candidato a vice em sua chapa, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), seja o coordenador de uma mesa de negociação entre trabalhadores e empresários no governo federal.
No encontro, o ex-presidente também voltou a defender mudanças na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) que sejam adaptadas à realidade do mercado atual. “Importante que a gente tivesse o mínimo necessário garantido para que os sindicatos livremente pudessem, de acordo com cada categoria, negociar o máximo, tirar o máximo que pudessem tirar. É assim que se faz negociação”, afirmou. “A nossa organização sindical é igualzinha à dos empresários. E quem não quer mudar são os empresários.”
Lula afirmou ainda que, para vencer crises econômicas, é preciso “colocar o pobre na economia” e que, quando foi presidente, pela primeira vez, “os pobres consumiram mais do que a classe média no Brasil”.
Em abril, o PT aprovou a sugestão de revogação da reforma trabalhista na proposta de programa a ser apresentado aos partidos PCdoB e PV para a formação de uma federação entre as legendas.
O uso do termo “revogação” está alinhado com o discurso de aliados mais à esquerda, como o PSOL, que tem cobrado do PT o compromisso de propor a revogação das reformas trabalhista e previdenciária, além do teto de gastos. Especialistas, porém, têm criticado a proposta do PT de revogar a reforma, aprovada no governo Temer.