Lula ou Bolsonaro: quem ganhou o debate da Globo? Veja o que dizem analistas


Candidatos à Presidência participaram do último confronto antes do segundo turno da eleição

Por Redação
Atualização:

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) participaram, nesta sexta-feira, 28, do último debate televisivo do segundo turno na disputa pela Presidência da República. O encontro da TV Globo, mediado pelo jornalista William Bonner, reforçou a temática agressiva da campanha, marcada pela prevalência das acusações mútuas e a carência de propostas.

O primeiro debate presidencial do segundo turno ocorreu no dia 16, na Band TV, em parceria com TV Cultura, UOL e Folha de S.Paulo. O confronto, o único entre eles no segundo turno até então, analistas avaliaram ter sido marcado por poucas propostas de governo.

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Lula decidiu não participar do debate promovido pelo Estadão, Rádio Eldorado e um pool de empresas (SBT, CNN, Veja, Terra e Rádio Nova Brasil) no dia 21. Bolsonaro foi então entrevistado por jornalistas do pool.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) antes do início do debate na TV Globo  Foto: Antonio Lacerda/EFE

No primeiro turno, Lula obteve 57,2 milhões de votos (48,43%) do contabilizado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Bolsonaro recebeu 51 milhões, ou 43,20% do total.

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Mariana Carneiro: Em debate marcado por troca de acusações, quem perdeu foi o eleitor

Quem esperava para ver planos e promessas para o futuro se frustrou. O último debate da temporada eleitoral ficou concentrado em troca de acusações e ofensas. Para se ter uma ideia, nenhum dos dois falou em educação. Mas Lula se preparou melhor para este debate. Se defendeu de acusações sobre corrupção e atacou Bolsonaro em pontos que desconcertaram o presidente, como o momento em que questionou a compra de Viagra por militares e o corte no orçamento da saúde.

Bolsonaro conseguiu tocar em assuntos que deixaram o petista sem resposta, no primeiro bloco, como os programas de TV em que o PT afirma que, se eleito, o presidente acabará com o 13º e o FGTS. Bolsonaro nega o intento. Ele não se dedicou a explicar, porém, de onde vai tirar dinheiro para bancar sua novíssima promessa eleitoreira, de elevar o salário mínimo para R$ 1.400. (Editora da Coluna do Estadão)

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Daniel Fernandes: Debate truncado e tenso é o retrato da polarização em tempo real e ao vivo do Brasil

O debate desta quinta-feira, o último antes do segundo turno das eleições, entre Lula e Bolsonaro, foi a materialização ao vivo, para todo o País, da polarização que tomou conta do País. Era uma final de campeonato, e em final de campeonato, não se brinca com a bola. O jogo foi truncado, nervoso, cada centímetro do gramado disputado palmo a palmo.

Até aí, tudo bem.

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Mas depois de promessas vazias e troca de acusações exaustivas, restou um empate constrangedor entre ambos. No domingo, um dos candidatos será declarado democraticamente vencedor, de fato e de direito. Que esse vencedor possa jogar sempre pela vitória de todos os brasileiros. (Editor do Estadão)

Leia íntegra da análise

Marcelo de Moraes: Debate cheio de ataques escancara como propostas não foram prioridade na campanha

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Numa disputa marcada por uma polarização inédita, era previsível que os dois candidatos finalistas do segundo turno fizessem o último debate da eleição num clima de forte tensão. Mas o presidente Bolsonaro e o ex-presidente Lula reduziram o encontro a um confronto repleto de trocas de ofensas e ataques.

Na prática, a situação deixa clara uma das principais características da eleição presidencial: colocar em segundo plano as propostas de governo. Num momento em que o País enfrenta o desafio de retomar seu crescimento econômico e reduzir a desigualdade social, Bolsonaro e Lula preferiram atravessar o debate se acusando de mentiroso e corrupto, por exemplo.

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Pressionado pelas pesquisas que apontam Lula em primeiro lugar, Bolsonaro foi o responsável por levar esse tom beligerante para o debate. Enfrentando uma sequência de problemas nos últimos dias - incluindo o ataque de seu aliado Roberto Jefferson contra agentes da Polícia Federal, com tiros e granadas - o presidente adotou o estilo mais agressivo buscando desgastar Lula. Mesmo reclamando do comportamento do adversário, o petista acabou aceitando o tom proposto.

A opção de Bolsonaro pela agressividade não provocou nenhuma derrapada de Lula. O petista também não conseguiu fazer o presidente cometer algum erro fatal. Nenhum dos dois pode ser apontado como vencedor da discussão. Mas o debate de propostas para o País, esse sim, foi o grande perdedor da noite. (Colunista do Broadcast Político do Estadão)

Rafael Cortez: Debate retrata campanha do passado e não deve ter peso eleitoral

O debate retratou bastante o contexto atual da campanha, ou seja, o presidente Bolsonaro basicamente buscando escapar da armadilha do “salário mínimo” e da incerteza relativa ao valor do Auxílio Brasil, em boa medida o principal dilema da campanha à reeleição foi justamente do seu “posto Ipiranga”, status tão aclamado pelo presidente nos últimos anos.

A sensação de mais do mesmo logo apareceu por meio de acusações de quem seria mais mentiroso em meio às comparações com os governos anteriores, movimento que trouxe dificuldades adicionais ao ex-presidente que possui avaliação positiva muito mais alta do que a atual administração.

Campanha com dois nomes que comandaram governos é basicamente campanha do passado, seja no tocante às características pessoais ou nos programas de governo. Tal comparação produziu foi suficiente para a grande maioria do eleitorado definir seu voto. A minoria que ainda não fez não encontrou no debate o tal do “fato novo”.

Leia íntegra da análise

Para Brasílio Sallum, professor titular sênior de Sociologia na USP, o debate foi marcado por acusações mútuas sobre o passado. Segundo ele, Lula foi quem “pareceu mais consistente e controlado” e se saiu “melhor do que debate anterior”. “Mas o mais notável foi não haver referências concretas ao futuro, ao que pretendem realizar pelo menos em alguns setores”, afirmou.

Na visão de Eduardo Grin, cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas, o ex-presidente Lula adotou uma posição mais propositiva. “Bolsonaro seguiu insistindo na sua lógica de descaracterizar Lula como mentiroso, contra a família, comunista. Lula esteve nesse debate muito mais bem preparado, não caiu nas provocações de Bolsonaro sobre os seus pontos fracos”, analisa.

Grin afirma que o petista soube administrar melhor o tempo, além de se sair melhor nos três primeiros blocos do evento. Já o presidente, de acordo com ele, saiu derrotado porque precisava reverter muitos votos, o que não teria acontecido. “Usando linguagem futebolística, se Lula empatasse já ganharia. Mas ele ainda conseguiu fazer gols, porque foi para cima em questões importantes, como o aborto. Bolsonaro estava preparado, mas começou mal o debate se defendendo e com uma estratégia manjada que não colou”, descreve.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) participaram, nesta sexta-feira, 28, do último debate televisivo do segundo turno na disputa pela Presidência da República. O encontro da TV Globo, mediado pelo jornalista William Bonner, reforçou a temática agressiva da campanha, marcada pela prevalência das acusações mútuas e a carência de propostas.

O primeiro debate presidencial do segundo turno ocorreu no dia 16, na Band TV, em parceria com TV Cultura, UOL e Folha de S.Paulo. O confronto, o único entre eles no segundo turno até então, analistas avaliaram ter sido marcado por poucas propostas de governo.

Lula decidiu não participar do debate promovido pelo Estadão, Rádio Eldorado e um pool de empresas (SBT, CNN, Veja, Terra e Rádio Nova Brasil) no dia 21. Bolsonaro foi então entrevistado por jornalistas do pool.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) antes do início do debate na TV Globo  Foto: Antonio Lacerda/EFE

No primeiro turno, Lula obteve 57,2 milhões de votos (48,43%) do contabilizado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Bolsonaro recebeu 51 milhões, ou 43,20% do total.

Mariana Carneiro: Em debate marcado por troca de acusações, quem perdeu foi o eleitor

Quem esperava para ver planos e promessas para o futuro se frustrou. O último debate da temporada eleitoral ficou concentrado em troca de acusações e ofensas. Para se ter uma ideia, nenhum dos dois falou em educação. Mas Lula se preparou melhor para este debate. Se defendeu de acusações sobre corrupção e atacou Bolsonaro em pontos que desconcertaram o presidente, como o momento em que questionou a compra de Viagra por militares e o corte no orçamento da saúde.

Bolsonaro conseguiu tocar em assuntos que deixaram o petista sem resposta, no primeiro bloco, como os programas de TV em que o PT afirma que, se eleito, o presidente acabará com o 13º e o FGTS. Bolsonaro nega o intento. Ele não se dedicou a explicar, porém, de onde vai tirar dinheiro para bancar sua novíssima promessa eleitoreira, de elevar o salário mínimo para R$ 1.400. (Editora da Coluna do Estadão)

Daniel Fernandes: Debate truncado e tenso é o retrato da polarização em tempo real e ao vivo do Brasil

O debate desta quinta-feira, o último antes do segundo turno das eleições, entre Lula e Bolsonaro, foi a materialização ao vivo, para todo o País, da polarização que tomou conta do País. Era uma final de campeonato, e em final de campeonato, não se brinca com a bola. O jogo foi truncado, nervoso, cada centímetro do gramado disputado palmo a palmo.

Até aí, tudo bem.

Mas depois de promessas vazias e troca de acusações exaustivas, restou um empate constrangedor entre ambos. No domingo, um dos candidatos será declarado democraticamente vencedor, de fato e de direito. Que esse vencedor possa jogar sempre pela vitória de todos os brasileiros. (Editor do Estadão)

Leia íntegra da análise

Marcelo de Moraes: Debate cheio de ataques escancara como propostas não foram prioridade na campanha

Numa disputa marcada por uma polarização inédita, era previsível que os dois candidatos finalistas do segundo turno fizessem o último debate da eleição num clima de forte tensão. Mas o presidente Bolsonaro e o ex-presidente Lula reduziram o encontro a um confronto repleto de trocas de ofensas e ataques.

Na prática, a situação deixa clara uma das principais características da eleição presidencial: colocar em segundo plano as propostas de governo. Num momento em que o País enfrenta o desafio de retomar seu crescimento econômico e reduzir a desigualdade social, Bolsonaro e Lula preferiram atravessar o debate se acusando de mentiroso e corrupto, por exemplo.

Pressionado pelas pesquisas que apontam Lula em primeiro lugar, Bolsonaro foi o responsável por levar esse tom beligerante para o debate. Enfrentando uma sequência de problemas nos últimos dias - incluindo o ataque de seu aliado Roberto Jefferson contra agentes da Polícia Federal, com tiros e granadas - o presidente adotou o estilo mais agressivo buscando desgastar Lula. Mesmo reclamando do comportamento do adversário, o petista acabou aceitando o tom proposto.

A opção de Bolsonaro pela agressividade não provocou nenhuma derrapada de Lula. O petista também não conseguiu fazer o presidente cometer algum erro fatal. Nenhum dos dois pode ser apontado como vencedor da discussão. Mas o debate de propostas para o País, esse sim, foi o grande perdedor da noite. (Colunista do Broadcast Político do Estadão)

Rafael Cortez: Debate retrata campanha do passado e não deve ter peso eleitoral

O debate retratou bastante o contexto atual da campanha, ou seja, o presidente Bolsonaro basicamente buscando escapar da armadilha do “salário mínimo” e da incerteza relativa ao valor do Auxílio Brasil, em boa medida o principal dilema da campanha à reeleição foi justamente do seu “posto Ipiranga”, status tão aclamado pelo presidente nos últimos anos.

A sensação de mais do mesmo logo apareceu por meio de acusações de quem seria mais mentiroso em meio às comparações com os governos anteriores, movimento que trouxe dificuldades adicionais ao ex-presidente que possui avaliação positiva muito mais alta do que a atual administração.

Campanha com dois nomes que comandaram governos é basicamente campanha do passado, seja no tocante às características pessoais ou nos programas de governo. Tal comparação produziu foi suficiente para a grande maioria do eleitorado definir seu voto. A minoria que ainda não fez não encontrou no debate o tal do “fato novo”.

Leia íntegra da análise

Para Brasílio Sallum, professor titular sênior de Sociologia na USP, o debate foi marcado por acusações mútuas sobre o passado. Segundo ele, Lula foi quem “pareceu mais consistente e controlado” e se saiu “melhor do que debate anterior”. “Mas o mais notável foi não haver referências concretas ao futuro, ao que pretendem realizar pelo menos em alguns setores”, afirmou.

Na visão de Eduardo Grin, cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas, o ex-presidente Lula adotou uma posição mais propositiva. “Bolsonaro seguiu insistindo na sua lógica de descaracterizar Lula como mentiroso, contra a família, comunista. Lula esteve nesse debate muito mais bem preparado, não caiu nas provocações de Bolsonaro sobre os seus pontos fracos”, analisa.

Grin afirma que o petista soube administrar melhor o tempo, além de se sair melhor nos três primeiros blocos do evento. Já o presidente, de acordo com ele, saiu derrotado porque precisava reverter muitos votos, o que não teria acontecido. “Usando linguagem futebolística, se Lula empatasse já ganharia. Mas ele ainda conseguiu fazer gols, porque foi para cima em questões importantes, como o aborto. Bolsonaro estava preparado, mas começou mal o debate se defendendo e com uma estratégia manjada que não colou”, descreve.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) participaram, nesta sexta-feira, 28, do último debate televisivo do segundo turno na disputa pela Presidência da República. O encontro da TV Globo, mediado pelo jornalista William Bonner, reforçou a temática agressiva da campanha, marcada pela prevalência das acusações mútuas e a carência de propostas.

O primeiro debate presidencial do segundo turno ocorreu no dia 16, na Band TV, em parceria com TV Cultura, UOL e Folha de S.Paulo. O confronto, o único entre eles no segundo turno até então, analistas avaliaram ter sido marcado por poucas propostas de governo.

Lula decidiu não participar do debate promovido pelo Estadão, Rádio Eldorado e um pool de empresas (SBT, CNN, Veja, Terra e Rádio Nova Brasil) no dia 21. Bolsonaro foi então entrevistado por jornalistas do pool.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) antes do início do debate na TV Globo  Foto: Antonio Lacerda/EFE

No primeiro turno, Lula obteve 57,2 milhões de votos (48,43%) do contabilizado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Bolsonaro recebeu 51 milhões, ou 43,20% do total.

Mariana Carneiro: Em debate marcado por troca de acusações, quem perdeu foi o eleitor

Quem esperava para ver planos e promessas para o futuro se frustrou. O último debate da temporada eleitoral ficou concentrado em troca de acusações e ofensas. Para se ter uma ideia, nenhum dos dois falou em educação. Mas Lula se preparou melhor para este debate. Se defendeu de acusações sobre corrupção e atacou Bolsonaro em pontos que desconcertaram o presidente, como o momento em que questionou a compra de Viagra por militares e o corte no orçamento da saúde.

Bolsonaro conseguiu tocar em assuntos que deixaram o petista sem resposta, no primeiro bloco, como os programas de TV em que o PT afirma que, se eleito, o presidente acabará com o 13º e o FGTS. Bolsonaro nega o intento. Ele não se dedicou a explicar, porém, de onde vai tirar dinheiro para bancar sua novíssima promessa eleitoreira, de elevar o salário mínimo para R$ 1.400. (Editora da Coluna do Estadão)

Daniel Fernandes: Debate truncado e tenso é o retrato da polarização em tempo real e ao vivo do Brasil

O debate desta quinta-feira, o último antes do segundo turno das eleições, entre Lula e Bolsonaro, foi a materialização ao vivo, para todo o País, da polarização que tomou conta do País. Era uma final de campeonato, e em final de campeonato, não se brinca com a bola. O jogo foi truncado, nervoso, cada centímetro do gramado disputado palmo a palmo.

Até aí, tudo bem.

Mas depois de promessas vazias e troca de acusações exaustivas, restou um empate constrangedor entre ambos. No domingo, um dos candidatos será declarado democraticamente vencedor, de fato e de direito. Que esse vencedor possa jogar sempre pela vitória de todos os brasileiros. (Editor do Estadão)

Leia íntegra da análise

Marcelo de Moraes: Debate cheio de ataques escancara como propostas não foram prioridade na campanha

Numa disputa marcada por uma polarização inédita, era previsível que os dois candidatos finalistas do segundo turno fizessem o último debate da eleição num clima de forte tensão. Mas o presidente Bolsonaro e o ex-presidente Lula reduziram o encontro a um confronto repleto de trocas de ofensas e ataques.

Na prática, a situação deixa clara uma das principais características da eleição presidencial: colocar em segundo plano as propostas de governo. Num momento em que o País enfrenta o desafio de retomar seu crescimento econômico e reduzir a desigualdade social, Bolsonaro e Lula preferiram atravessar o debate se acusando de mentiroso e corrupto, por exemplo.

Pressionado pelas pesquisas que apontam Lula em primeiro lugar, Bolsonaro foi o responsável por levar esse tom beligerante para o debate. Enfrentando uma sequência de problemas nos últimos dias - incluindo o ataque de seu aliado Roberto Jefferson contra agentes da Polícia Federal, com tiros e granadas - o presidente adotou o estilo mais agressivo buscando desgastar Lula. Mesmo reclamando do comportamento do adversário, o petista acabou aceitando o tom proposto.

A opção de Bolsonaro pela agressividade não provocou nenhuma derrapada de Lula. O petista também não conseguiu fazer o presidente cometer algum erro fatal. Nenhum dos dois pode ser apontado como vencedor da discussão. Mas o debate de propostas para o País, esse sim, foi o grande perdedor da noite. (Colunista do Broadcast Político do Estadão)

Rafael Cortez: Debate retrata campanha do passado e não deve ter peso eleitoral

O debate retratou bastante o contexto atual da campanha, ou seja, o presidente Bolsonaro basicamente buscando escapar da armadilha do “salário mínimo” e da incerteza relativa ao valor do Auxílio Brasil, em boa medida o principal dilema da campanha à reeleição foi justamente do seu “posto Ipiranga”, status tão aclamado pelo presidente nos últimos anos.

A sensação de mais do mesmo logo apareceu por meio de acusações de quem seria mais mentiroso em meio às comparações com os governos anteriores, movimento que trouxe dificuldades adicionais ao ex-presidente que possui avaliação positiva muito mais alta do que a atual administração.

Campanha com dois nomes que comandaram governos é basicamente campanha do passado, seja no tocante às características pessoais ou nos programas de governo. Tal comparação produziu foi suficiente para a grande maioria do eleitorado definir seu voto. A minoria que ainda não fez não encontrou no debate o tal do “fato novo”.

Leia íntegra da análise

Para Brasílio Sallum, professor titular sênior de Sociologia na USP, o debate foi marcado por acusações mútuas sobre o passado. Segundo ele, Lula foi quem “pareceu mais consistente e controlado” e se saiu “melhor do que debate anterior”. “Mas o mais notável foi não haver referências concretas ao futuro, ao que pretendem realizar pelo menos em alguns setores”, afirmou.

Na visão de Eduardo Grin, cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas, o ex-presidente Lula adotou uma posição mais propositiva. “Bolsonaro seguiu insistindo na sua lógica de descaracterizar Lula como mentiroso, contra a família, comunista. Lula esteve nesse debate muito mais bem preparado, não caiu nas provocações de Bolsonaro sobre os seus pontos fracos”, analisa.

Grin afirma que o petista soube administrar melhor o tempo, além de se sair melhor nos três primeiros blocos do evento. Já o presidente, de acordo com ele, saiu derrotado porque precisava reverter muitos votos, o que não teria acontecido. “Usando linguagem futebolística, se Lula empatasse já ganharia. Mas ele ainda conseguiu fazer gols, porque foi para cima em questões importantes, como o aborto. Bolsonaro estava preparado, mas começou mal o debate se defendendo e com uma estratégia manjada que não colou”, descreve.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) participaram, nesta sexta-feira, 28, do último debate televisivo do segundo turno na disputa pela Presidência da República. O encontro da TV Globo, mediado pelo jornalista William Bonner, reforçou a temática agressiva da campanha, marcada pela prevalência das acusações mútuas e a carência de propostas.

O primeiro debate presidencial do segundo turno ocorreu no dia 16, na Band TV, em parceria com TV Cultura, UOL e Folha de S.Paulo. O confronto, o único entre eles no segundo turno até então, analistas avaliaram ter sido marcado por poucas propostas de governo.

Lula decidiu não participar do debate promovido pelo Estadão, Rádio Eldorado e um pool de empresas (SBT, CNN, Veja, Terra e Rádio Nova Brasil) no dia 21. Bolsonaro foi então entrevistado por jornalistas do pool.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) antes do início do debate na TV Globo  Foto: Antonio Lacerda/EFE

No primeiro turno, Lula obteve 57,2 milhões de votos (48,43%) do contabilizado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Bolsonaro recebeu 51 milhões, ou 43,20% do total.

Mariana Carneiro: Em debate marcado por troca de acusações, quem perdeu foi o eleitor

Quem esperava para ver planos e promessas para o futuro se frustrou. O último debate da temporada eleitoral ficou concentrado em troca de acusações e ofensas. Para se ter uma ideia, nenhum dos dois falou em educação. Mas Lula se preparou melhor para este debate. Se defendeu de acusações sobre corrupção e atacou Bolsonaro em pontos que desconcertaram o presidente, como o momento em que questionou a compra de Viagra por militares e o corte no orçamento da saúde.

Bolsonaro conseguiu tocar em assuntos que deixaram o petista sem resposta, no primeiro bloco, como os programas de TV em que o PT afirma que, se eleito, o presidente acabará com o 13º e o FGTS. Bolsonaro nega o intento. Ele não se dedicou a explicar, porém, de onde vai tirar dinheiro para bancar sua novíssima promessa eleitoreira, de elevar o salário mínimo para R$ 1.400. (Editora da Coluna do Estadão)

Daniel Fernandes: Debate truncado e tenso é o retrato da polarização em tempo real e ao vivo do Brasil

O debate desta quinta-feira, o último antes do segundo turno das eleições, entre Lula e Bolsonaro, foi a materialização ao vivo, para todo o País, da polarização que tomou conta do País. Era uma final de campeonato, e em final de campeonato, não se brinca com a bola. O jogo foi truncado, nervoso, cada centímetro do gramado disputado palmo a palmo.

Até aí, tudo bem.

Mas depois de promessas vazias e troca de acusações exaustivas, restou um empate constrangedor entre ambos. No domingo, um dos candidatos será declarado democraticamente vencedor, de fato e de direito. Que esse vencedor possa jogar sempre pela vitória de todos os brasileiros. (Editor do Estadão)

Leia íntegra da análise

Marcelo de Moraes: Debate cheio de ataques escancara como propostas não foram prioridade na campanha

Numa disputa marcada por uma polarização inédita, era previsível que os dois candidatos finalistas do segundo turno fizessem o último debate da eleição num clima de forte tensão. Mas o presidente Bolsonaro e o ex-presidente Lula reduziram o encontro a um confronto repleto de trocas de ofensas e ataques.

Na prática, a situação deixa clara uma das principais características da eleição presidencial: colocar em segundo plano as propostas de governo. Num momento em que o País enfrenta o desafio de retomar seu crescimento econômico e reduzir a desigualdade social, Bolsonaro e Lula preferiram atravessar o debate se acusando de mentiroso e corrupto, por exemplo.

Pressionado pelas pesquisas que apontam Lula em primeiro lugar, Bolsonaro foi o responsável por levar esse tom beligerante para o debate. Enfrentando uma sequência de problemas nos últimos dias - incluindo o ataque de seu aliado Roberto Jefferson contra agentes da Polícia Federal, com tiros e granadas - o presidente adotou o estilo mais agressivo buscando desgastar Lula. Mesmo reclamando do comportamento do adversário, o petista acabou aceitando o tom proposto.

A opção de Bolsonaro pela agressividade não provocou nenhuma derrapada de Lula. O petista também não conseguiu fazer o presidente cometer algum erro fatal. Nenhum dos dois pode ser apontado como vencedor da discussão. Mas o debate de propostas para o País, esse sim, foi o grande perdedor da noite. (Colunista do Broadcast Político do Estadão)

Rafael Cortez: Debate retrata campanha do passado e não deve ter peso eleitoral

O debate retratou bastante o contexto atual da campanha, ou seja, o presidente Bolsonaro basicamente buscando escapar da armadilha do “salário mínimo” e da incerteza relativa ao valor do Auxílio Brasil, em boa medida o principal dilema da campanha à reeleição foi justamente do seu “posto Ipiranga”, status tão aclamado pelo presidente nos últimos anos.

A sensação de mais do mesmo logo apareceu por meio de acusações de quem seria mais mentiroso em meio às comparações com os governos anteriores, movimento que trouxe dificuldades adicionais ao ex-presidente que possui avaliação positiva muito mais alta do que a atual administração.

Campanha com dois nomes que comandaram governos é basicamente campanha do passado, seja no tocante às características pessoais ou nos programas de governo. Tal comparação produziu foi suficiente para a grande maioria do eleitorado definir seu voto. A minoria que ainda não fez não encontrou no debate o tal do “fato novo”.

Leia íntegra da análise

Para Brasílio Sallum, professor titular sênior de Sociologia na USP, o debate foi marcado por acusações mútuas sobre o passado. Segundo ele, Lula foi quem “pareceu mais consistente e controlado” e se saiu “melhor do que debate anterior”. “Mas o mais notável foi não haver referências concretas ao futuro, ao que pretendem realizar pelo menos em alguns setores”, afirmou.

Na visão de Eduardo Grin, cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas, o ex-presidente Lula adotou uma posição mais propositiva. “Bolsonaro seguiu insistindo na sua lógica de descaracterizar Lula como mentiroso, contra a família, comunista. Lula esteve nesse debate muito mais bem preparado, não caiu nas provocações de Bolsonaro sobre os seus pontos fracos”, analisa.

Grin afirma que o petista soube administrar melhor o tempo, além de se sair melhor nos três primeiros blocos do evento. Já o presidente, de acordo com ele, saiu derrotado porque precisava reverter muitos votos, o que não teria acontecido. “Usando linguagem futebolística, se Lula empatasse já ganharia. Mas ele ainda conseguiu fazer gols, porque foi para cima em questões importantes, como o aborto. Bolsonaro estava preparado, mas começou mal o debate se defendendo e com uma estratégia manjada que não colou”, descreve.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) participaram, nesta sexta-feira, 28, do último debate televisivo do segundo turno na disputa pela Presidência da República. O encontro da TV Globo, mediado pelo jornalista William Bonner, reforçou a temática agressiva da campanha, marcada pela prevalência das acusações mútuas e a carência de propostas.

O primeiro debate presidencial do segundo turno ocorreu no dia 16, na Band TV, em parceria com TV Cultura, UOL e Folha de S.Paulo. O confronto, o único entre eles no segundo turno até então, analistas avaliaram ter sido marcado por poucas propostas de governo.

Lula decidiu não participar do debate promovido pelo Estadão, Rádio Eldorado e um pool de empresas (SBT, CNN, Veja, Terra e Rádio Nova Brasil) no dia 21. Bolsonaro foi então entrevistado por jornalistas do pool.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) antes do início do debate na TV Globo  Foto: Antonio Lacerda/EFE

No primeiro turno, Lula obteve 57,2 milhões de votos (48,43%) do contabilizado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Bolsonaro recebeu 51 milhões, ou 43,20% do total.

Mariana Carneiro: Em debate marcado por troca de acusações, quem perdeu foi o eleitor

Quem esperava para ver planos e promessas para o futuro se frustrou. O último debate da temporada eleitoral ficou concentrado em troca de acusações e ofensas. Para se ter uma ideia, nenhum dos dois falou em educação. Mas Lula se preparou melhor para este debate. Se defendeu de acusações sobre corrupção e atacou Bolsonaro em pontos que desconcertaram o presidente, como o momento em que questionou a compra de Viagra por militares e o corte no orçamento da saúde.

Bolsonaro conseguiu tocar em assuntos que deixaram o petista sem resposta, no primeiro bloco, como os programas de TV em que o PT afirma que, se eleito, o presidente acabará com o 13º e o FGTS. Bolsonaro nega o intento. Ele não se dedicou a explicar, porém, de onde vai tirar dinheiro para bancar sua novíssima promessa eleitoreira, de elevar o salário mínimo para R$ 1.400. (Editora da Coluna do Estadão)

Daniel Fernandes: Debate truncado e tenso é o retrato da polarização em tempo real e ao vivo do Brasil

O debate desta quinta-feira, o último antes do segundo turno das eleições, entre Lula e Bolsonaro, foi a materialização ao vivo, para todo o País, da polarização que tomou conta do País. Era uma final de campeonato, e em final de campeonato, não se brinca com a bola. O jogo foi truncado, nervoso, cada centímetro do gramado disputado palmo a palmo.

Até aí, tudo bem.

Mas depois de promessas vazias e troca de acusações exaustivas, restou um empate constrangedor entre ambos. No domingo, um dos candidatos será declarado democraticamente vencedor, de fato e de direito. Que esse vencedor possa jogar sempre pela vitória de todos os brasileiros. (Editor do Estadão)

Leia íntegra da análise

Marcelo de Moraes: Debate cheio de ataques escancara como propostas não foram prioridade na campanha

Numa disputa marcada por uma polarização inédita, era previsível que os dois candidatos finalistas do segundo turno fizessem o último debate da eleição num clima de forte tensão. Mas o presidente Bolsonaro e o ex-presidente Lula reduziram o encontro a um confronto repleto de trocas de ofensas e ataques.

Na prática, a situação deixa clara uma das principais características da eleição presidencial: colocar em segundo plano as propostas de governo. Num momento em que o País enfrenta o desafio de retomar seu crescimento econômico e reduzir a desigualdade social, Bolsonaro e Lula preferiram atravessar o debate se acusando de mentiroso e corrupto, por exemplo.

Pressionado pelas pesquisas que apontam Lula em primeiro lugar, Bolsonaro foi o responsável por levar esse tom beligerante para o debate. Enfrentando uma sequência de problemas nos últimos dias - incluindo o ataque de seu aliado Roberto Jefferson contra agentes da Polícia Federal, com tiros e granadas - o presidente adotou o estilo mais agressivo buscando desgastar Lula. Mesmo reclamando do comportamento do adversário, o petista acabou aceitando o tom proposto.

A opção de Bolsonaro pela agressividade não provocou nenhuma derrapada de Lula. O petista também não conseguiu fazer o presidente cometer algum erro fatal. Nenhum dos dois pode ser apontado como vencedor da discussão. Mas o debate de propostas para o País, esse sim, foi o grande perdedor da noite. (Colunista do Broadcast Político do Estadão)

Rafael Cortez: Debate retrata campanha do passado e não deve ter peso eleitoral

O debate retratou bastante o contexto atual da campanha, ou seja, o presidente Bolsonaro basicamente buscando escapar da armadilha do “salário mínimo” e da incerteza relativa ao valor do Auxílio Brasil, em boa medida o principal dilema da campanha à reeleição foi justamente do seu “posto Ipiranga”, status tão aclamado pelo presidente nos últimos anos.

A sensação de mais do mesmo logo apareceu por meio de acusações de quem seria mais mentiroso em meio às comparações com os governos anteriores, movimento que trouxe dificuldades adicionais ao ex-presidente que possui avaliação positiva muito mais alta do que a atual administração.

Campanha com dois nomes que comandaram governos é basicamente campanha do passado, seja no tocante às características pessoais ou nos programas de governo. Tal comparação produziu foi suficiente para a grande maioria do eleitorado definir seu voto. A minoria que ainda não fez não encontrou no debate o tal do “fato novo”.

Leia íntegra da análise

Para Brasílio Sallum, professor titular sênior de Sociologia na USP, o debate foi marcado por acusações mútuas sobre o passado. Segundo ele, Lula foi quem “pareceu mais consistente e controlado” e se saiu “melhor do que debate anterior”. “Mas o mais notável foi não haver referências concretas ao futuro, ao que pretendem realizar pelo menos em alguns setores”, afirmou.

Na visão de Eduardo Grin, cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas, o ex-presidente Lula adotou uma posição mais propositiva. “Bolsonaro seguiu insistindo na sua lógica de descaracterizar Lula como mentiroso, contra a família, comunista. Lula esteve nesse debate muito mais bem preparado, não caiu nas provocações de Bolsonaro sobre os seus pontos fracos”, analisa.

Grin afirma que o petista soube administrar melhor o tempo, além de se sair melhor nos três primeiros blocos do evento. Já o presidente, de acordo com ele, saiu derrotado porque precisava reverter muitos votos, o que não teria acontecido. “Usando linguagem futebolística, se Lula empatasse já ganharia. Mas ele ainda conseguiu fazer gols, porque foi para cima em questões importantes, como o aborto. Bolsonaro estava preparado, mas começou mal o debate se defendendo e com uma estratégia manjada que não colou”, descreve.

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