BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira, 10, que nenhuma mulher deve aceitar ser vítima violência doméstica pelo companheiro. A declaração ocorreu durante a inauguração do Hospital Estadual Costa das Baleias, no município baiano de Teixeira de Freitas.
“As mulheres não podem aceitar sofrimento de pessoas que batem nelas. As mulheres não têm que viver com um homem a troco de um prato de comida. A mulher tem que viver porque ele respeita ela, porque trata ela com decência. Tem que morar com ele porque gosta dele e ele gosta dela. Porque se não, a vida não tem sentido”, afirmou.
“A educação é como se fosse um passaporte da liberdade. Com a educação, a gente arruma um emprego melhor, a gente ganha um salário melhor. A mulher não fica dependendo do prato de comida. Se o marido não tratar ela bem, ela fala: ‘pode sair, pode sair que eu não preciso de você’”, disse o presidente no discurso.
Lula não se pronunciou até o momento sobre a acusação feita por Natália Schincariol contra o filho mais novo dele, Luís Cláudio Lula da Silva. No dia 2 de abril, a médica registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil narrando que, ao longo da relação entre os dois, sofreu violência doméstica, inclusive com agressões físicas. “Me deu uma cotovelada na barriga em uma das brigas no final de janeiro”, disse.
Em nota enviada ao Estadão na época, a defesa de Luís Cláudio afirmou que as declarações da ex-namorada dele são “fantasiosas” e as supostas agressões “inverídicas”. Os representantes do filho de Lula também alegaram que as declarações da médica podem ser enquadradas como calúnia e que serão tomadas “as medidas legais pertinentes”.
No boletim de ocorrência, a mulher também registrou que Luís Cláudio manteve “relações sexuais com outras mulheres de forma desprotegida, contraído infecção e exposto a ex a risco conscientemente”. A ex-namorada do filho de Lula disse ter sido “manipulada e ameaçada para não denunciar as agressões, sob a alegação de que o agressor é filho do presidente e que possui influência para se safar das acusações”.
A médica precisou ficar longe do trabalho por 14 dias após realizar as denúncias. O Estadão teve acesso ao laudo feito por um psiquiatra, que mencionou “sintomas depressivos” e associou “conflitos conjugais” ao motivo do afastamento.
Em uma publicação no Instagram no último dia 13 de abril, a médica disse que “o machismo é violento” e “mata”. Ela denunciou que foi vítima de ofensas misóginas nas redes sociais e que não se calaria diante da violência de gênero.
Leia Também:
No discurso durante inauguração do hospital, Lula também reclamou da ausência do prefeito da cidade, Marcelo Belitardo (União), na solenidade. Segundo o presidente, o chefe do Executivo local deveria estar no palanque para agradecer a ele e ao governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), pela obra.