Lula quis combinar competência, diversidade e equilíbrio político. Vai funcionar?


O que mais chamou a atenção no anúncio do último pacote de ministros foi o atraso, a insistência em valorizar as escolhas femininas e a forma de Lula de se referir à sua equipe a três dias de assumir seu terceiro mandato, depois de tudo

Por Eliane Cantanhêde

Luiz Inácio Lula da Silva anunciou cada ministro como “o companheiro” ou “a companheira”, fosse ele ou ela do PT, “que não é fácil”, do PDT do seu feroz adversário Ciro Gomes, do União Brasil do seu algoz Sérgio Moro ou de qualquer um dos nove partidos que vão se alojar – e eventualmente, ou certamente, se digladiar – na Esplanada dos Ministérios. É a “frente ampla”.

O que mais chamou a atenção no anúncio do último pacote de ministros não foi o excesso de 37 pastas, que já se sabia, nem os escolhidos, já esperados, mas, sim, o atraso, a insistência em valorizar as escolhas femininas e a forma de Lula de se referir à sua equipe a três dias de assumir seu terceiro mandato, depois de tudo.

Presidente do PDT, Carlos Lupi, é o novo ministro da Previdência do terceiro governo de Lula. Foto: Ricardo Stuckert
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Talvez a única surpresa de última hora tenha sido o “companheiro” Waldez Góes para o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, pasta política, promissora e disputada. Governador do pequeno Amapá, Góes é do PDT que fez oposição a Lula, está a caminho do União Brasil, um saco de gatos, e é adversário do senador Randolfe Rodrigues, que será o líder do governo no Congresso. E Lula, provavelmente, não conhecia nem sabia quem era.

Então, por que logo ele? Porque Lula precisava “dar” três ministérios para o União Brasil e estava difícil pinçar alguém da sigla que já não tivesse metido o malho no PT, na esquerda, no próprio Lula. Afinal, o União Brasil une (artificialmente, aliás) o ex-DEM, que sempre foi oposição a eles, e o ex-PSL, nada mais, nada menos, partido de Jair Bolsonaro em 2018.

Entrou em ação o senador Davi Alcolumbre, ex-presidente e líder inconteste do Senado e craque do orçamento secreto. Somou-se o pragmatismo de Lula e o de Alcolumbre, que se sentou ao lado da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, durante o anúncio. Assim, Góes sai do PDT para o União Brasil, tentando disfarçar as velhas guerras e a presença de Moro no partido. E também levam três pastas, cada um, o MDB e o PSD de Gilberto Kassab – que, aliás, garante vagas no governo Lula e a articulação política de Tarcísio de Freitas em São Paulo. Água e azeite!

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No mais, são 11 mulheres no total de 37 ministros: Marina Silva, Simone Tebet, Nísia Trindade, Ana Moser, Margareth Menezes, Sonia Guajajara, Esther Dweck, Luciana Santos, Anielle Franco, Daniela do Waguinho e Cida Gonçalves. E as presidências do BB e da CEF também irão para mulheres.

Entre velhos sobrenomes, como Calheiros e Barbalho, e desconhecidos, como Juscelino Filho e André de Paula, Lula tentou combinar competência, diversidade e equilíbrio de forças políticas anti-Centrão. Acertou? O tempo dirá.

Luiz Inácio Lula da Silva anunciou cada ministro como “o companheiro” ou “a companheira”, fosse ele ou ela do PT, “que não é fácil”, do PDT do seu feroz adversário Ciro Gomes, do União Brasil do seu algoz Sérgio Moro ou de qualquer um dos nove partidos que vão se alojar – e eventualmente, ou certamente, se digladiar – na Esplanada dos Ministérios. É a “frente ampla”.

O que mais chamou a atenção no anúncio do último pacote de ministros não foi o excesso de 37 pastas, que já se sabia, nem os escolhidos, já esperados, mas, sim, o atraso, a insistência em valorizar as escolhas femininas e a forma de Lula de se referir à sua equipe a três dias de assumir seu terceiro mandato, depois de tudo.

Presidente do PDT, Carlos Lupi, é o novo ministro da Previdência do terceiro governo de Lula. Foto: Ricardo Stuckert

Talvez a única surpresa de última hora tenha sido o “companheiro” Waldez Góes para o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, pasta política, promissora e disputada. Governador do pequeno Amapá, Góes é do PDT que fez oposição a Lula, está a caminho do União Brasil, um saco de gatos, e é adversário do senador Randolfe Rodrigues, que será o líder do governo no Congresso. E Lula, provavelmente, não conhecia nem sabia quem era.

Então, por que logo ele? Porque Lula precisava “dar” três ministérios para o União Brasil e estava difícil pinçar alguém da sigla que já não tivesse metido o malho no PT, na esquerda, no próprio Lula. Afinal, o União Brasil une (artificialmente, aliás) o ex-DEM, que sempre foi oposição a eles, e o ex-PSL, nada mais, nada menos, partido de Jair Bolsonaro em 2018.

Entrou em ação o senador Davi Alcolumbre, ex-presidente e líder inconteste do Senado e craque do orçamento secreto. Somou-se o pragmatismo de Lula e o de Alcolumbre, que se sentou ao lado da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, durante o anúncio. Assim, Góes sai do PDT para o União Brasil, tentando disfarçar as velhas guerras e a presença de Moro no partido. E também levam três pastas, cada um, o MDB e o PSD de Gilberto Kassab – que, aliás, garante vagas no governo Lula e a articulação política de Tarcísio de Freitas em São Paulo. Água e azeite!

No mais, são 11 mulheres no total de 37 ministros: Marina Silva, Simone Tebet, Nísia Trindade, Ana Moser, Margareth Menezes, Sonia Guajajara, Esther Dweck, Luciana Santos, Anielle Franco, Daniela do Waguinho e Cida Gonçalves. E as presidências do BB e da CEF também irão para mulheres.

Entre velhos sobrenomes, como Calheiros e Barbalho, e desconhecidos, como Juscelino Filho e André de Paula, Lula tentou combinar competência, diversidade e equilíbrio de forças políticas anti-Centrão. Acertou? O tempo dirá.

Luiz Inácio Lula da Silva anunciou cada ministro como “o companheiro” ou “a companheira”, fosse ele ou ela do PT, “que não é fácil”, do PDT do seu feroz adversário Ciro Gomes, do União Brasil do seu algoz Sérgio Moro ou de qualquer um dos nove partidos que vão se alojar – e eventualmente, ou certamente, se digladiar – na Esplanada dos Ministérios. É a “frente ampla”.

O que mais chamou a atenção no anúncio do último pacote de ministros não foi o excesso de 37 pastas, que já se sabia, nem os escolhidos, já esperados, mas, sim, o atraso, a insistência em valorizar as escolhas femininas e a forma de Lula de se referir à sua equipe a três dias de assumir seu terceiro mandato, depois de tudo.

Presidente do PDT, Carlos Lupi, é o novo ministro da Previdência do terceiro governo de Lula. Foto: Ricardo Stuckert

Talvez a única surpresa de última hora tenha sido o “companheiro” Waldez Góes para o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, pasta política, promissora e disputada. Governador do pequeno Amapá, Góes é do PDT que fez oposição a Lula, está a caminho do União Brasil, um saco de gatos, e é adversário do senador Randolfe Rodrigues, que será o líder do governo no Congresso. E Lula, provavelmente, não conhecia nem sabia quem era.

Então, por que logo ele? Porque Lula precisava “dar” três ministérios para o União Brasil e estava difícil pinçar alguém da sigla que já não tivesse metido o malho no PT, na esquerda, no próprio Lula. Afinal, o União Brasil une (artificialmente, aliás) o ex-DEM, que sempre foi oposição a eles, e o ex-PSL, nada mais, nada menos, partido de Jair Bolsonaro em 2018.

Entrou em ação o senador Davi Alcolumbre, ex-presidente e líder inconteste do Senado e craque do orçamento secreto. Somou-se o pragmatismo de Lula e o de Alcolumbre, que se sentou ao lado da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, durante o anúncio. Assim, Góes sai do PDT para o União Brasil, tentando disfarçar as velhas guerras e a presença de Moro no partido. E também levam três pastas, cada um, o MDB e o PSD de Gilberto Kassab – que, aliás, garante vagas no governo Lula e a articulação política de Tarcísio de Freitas em São Paulo. Água e azeite!

No mais, são 11 mulheres no total de 37 ministros: Marina Silva, Simone Tebet, Nísia Trindade, Ana Moser, Margareth Menezes, Sonia Guajajara, Esther Dweck, Luciana Santos, Anielle Franco, Daniela do Waguinho e Cida Gonçalves. E as presidências do BB e da CEF também irão para mulheres.

Entre velhos sobrenomes, como Calheiros e Barbalho, e desconhecidos, como Juscelino Filho e André de Paula, Lula tentou combinar competência, diversidade e equilíbrio de forças políticas anti-Centrão. Acertou? O tempo dirá.

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