Lula diz a Lira que PT não terá candidato próprio à presidência da Câmara e tenta acordo com Centrão


Presidente eleito e deputado têm conversa considerada amistosa por petistas; avança negociação para aprovação de uma PEC que libera recursos para pagamento do novo Bolsa Família

Por Vera Rosa, Julia Affonso e Lauriberto Pompeu
Atualização:

BRASÍLIA – O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva admitiu, nesta quarta-feira, 9, fazer um acordo político com o Centrão. Na primeira reunião em Brasília após vencer a disputa para o Palácio do Planalto, Lula disse ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que o PT não terá candidato próprio ao comando da Casa, em fevereiro de 2023. Embora Lula não tenha afirmado com todas as letras que seu partido apoiará a recondução de Lira, as negociações caminham nesse sentido.

Em troca, o presidente da Câmara, hoje aliado do presidente Jair Bolsonaro, deve ajudar o novo governo a aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para manter o pagamento do Auxílio Brasil em R$ 600 e o aumento do salário mínimo. O Auxílio Brasil será rebatizado de Bolsa Família, vitrine social do primeiro mandato de Lula.

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A estratégia para que o PT não se indisponha com Lira está sendo construída pelo presidente eleito, que também tenta acalmar aliados insatisfeitos do MDB. Lula pediu para o PT não isolar o deputado de Alagoas, expoente do Centrão, nem cair na armadilha de lançar um nome para enfrentá-lo na disputa pelo poder na Câmara. O acordo também deve envolver o orçamento secreto.

Lira quer a manutenção do atual modelo, revelado pelo Estadão, que prevê o envio de recursos públicos para redutos eleitorais dos parlamentares. Lula avalia não ser possível acabar com a prática agora, a não ser por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), mas tentará convencer integrantes do Centrão a alocar a verba das emendas em uma lista de projetos prioritários do Executivo.

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Nos bastidores, Lula sempre diz que um dos maiores erros da então presidente Dilma Rousseff foi apoiar um concorrente do PT, o deputado Arlindo Chinaglia (SP), contra Eduardo Cunha, à época no MDB, na eleição para o comando da Câmara, em 2015. Pouco mais de um ano depois, Dilma sofreu impeachment.

Lula passou quase duas horas na residência oficial de Lira, antes de seguir para um almoço com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que também disputará novo mandato à frente da Casa. Nos dois encontros, estava acompanhado do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB).

A tendência do PSD é se aliar ao novo governo, indicando dois nomes – um da Câmara e outro, do Senado – para compor o Ministério. O PT deve apoiar a recondução de Pacheco ao comando do Senado. O Estadão apurou que Lula e Pacheco conversaram durante 20 minutos a sós.

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“Reafirmei ao presidente Lula que o Congresso irá trabalhar, de forma responsável e célere, para assegurar os recursos que garantam, em 2023, os R$ 600 do Auxílio Brasil, o reajuste do salário mínimo e os programas sociais necessários para a população mais carente do País”, escreveu o presidente do Senado no Twitter, após a reunião.

Na prática, todas as negociações têm como moeda de troca a expectativa de apoio de Lira e Pacheco para as eleições no Congresso.

Bloco

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Uma ala do MDB quer formar um bloco com o União Brasil e o PSD na Câmara e no Senado para eleger os novos presidentes das duas Casas. A ideia foi apresentada pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), adversário de Lira, que viu uma “barbeiragem” nas tratativas conduzidas até agora pela equipe de Lula para a aprovação de uma PEC, com o objetivo de furar o teto de gastos. A proposta incorpora o chamado “waiver”, licença para gastar. Os números variam de R$ 160 bilhões a R$ 200 bilhões.

O senador Omar Aziz (PSD-AM) disse que a PEC deve ficar em torno de R$ 175 bilhões. “Acho que há boa vontade do Congresso com essa pauta”, afirmou Aziz, que participou do almoço na residência oficial do Senado, ao lado de outros colegas, como Paulo Rocha, líder do PT na Casa, e Humberto Costa (PT-PE).

Na avaliação de Renan, que agora integra a equipe de transição, Lula vai virar “refém” do Centrão se fizer isso. O bloco é capitaneado por Lira. Aliado do presidente eleito, o senador defende a edição de uma Medida Provisória, no início de 2023, autorizando um crédito extraordinário para o novo governo honrar os compromissos sociais. A iniciativa é considerada polêmica e passível de constestações pela equipe da transição.

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Para o deputado José Guimarães, o encontro com Lira teve um tom amistoso. “Foi uma abertura de diálogo na busca de entendimento com o País e votação das matérias”, disse ele.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chega para participar de reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Foto: Wilton Junior / Estadão

Nesta quinta-feira, 10, haverá uma reunião de Lula com deputados e senadores de partidos de sua coligação, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). “Acho que a coisa está andando bem”, observou Guimarães.

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Além de Lula, Alckmin e Guimarães, participaram do encontro com o presidente da Câmara, nesta quarta, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann; o coordenador técnico da equipe de transição, Aloizio Mercadante; o líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG), e também os deputados Odair Cunha (MG) e Alencar Santana (SP).

“É um novo tempo, com respeito às instituições e diálogo permanente”, disse Reginaldo Lopes. “Não dá para um governo novo propor uma saída para a questão orçamentária (PEC da transição) sem cumprir a liturgia do cargo. Nós estamos propondo uma agenda de reconstrução do Brasil.”

BRASÍLIA – O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva admitiu, nesta quarta-feira, 9, fazer um acordo político com o Centrão. Na primeira reunião em Brasília após vencer a disputa para o Palácio do Planalto, Lula disse ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que o PT não terá candidato próprio ao comando da Casa, em fevereiro de 2023. Embora Lula não tenha afirmado com todas as letras que seu partido apoiará a recondução de Lira, as negociações caminham nesse sentido.

Em troca, o presidente da Câmara, hoje aliado do presidente Jair Bolsonaro, deve ajudar o novo governo a aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para manter o pagamento do Auxílio Brasil em R$ 600 e o aumento do salário mínimo. O Auxílio Brasil será rebatizado de Bolsa Família, vitrine social do primeiro mandato de Lula.

A estratégia para que o PT não se indisponha com Lira está sendo construída pelo presidente eleito, que também tenta acalmar aliados insatisfeitos do MDB. Lula pediu para o PT não isolar o deputado de Alagoas, expoente do Centrão, nem cair na armadilha de lançar um nome para enfrentá-lo na disputa pelo poder na Câmara. O acordo também deve envolver o orçamento secreto.

Lira quer a manutenção do atual modelo, revelado pelo Estadão, que prevê o envio de recursos públicos para redutos eleitorais dos parlamentares. Lula avalia não ser possível acabar com a prática agora, a não ser por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), mas tentará convencer integrantes do Centrão a alocar a verba das emendas em uma lista de projetos prioritários do Executivo.

Nos bastidores, Lula sempre diz que um dos maiores erros da então presidente Dilma Rousseff foi apoiar um concorrente do PT, o deputado Arlindo Chinaglia (SP), contra Eduardo Cunha, à época no MDB, na eleição para o comando da Câmara, em 2015. Pouco mais de um ano depois, Dilma sofreu impeachment.

Lula passou quase duas horas na residência oficial de Lira, antes de seguir para um almoço com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que também disputará novo mandato à frente da Casa. Nos dois encontros, estava acompanhado do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB).

A tendência do PSD é se aliar ao novo governo, indicando dois nomes – um da Câmara e outro, do Senado – para compor o Ministério. O PT deve apoiar a recondução de Pacheco ao comando do Senado. O Estadão apurou que Lula e Pacheco conversaram durante 20 minutos a sós.

“Reafirmei ao presidente Lula que o Congresso irá trabalhar, de forma responsável e célere, para assegurar os recursos que garantam, em 2023, os R$ 600 do Auxílio Brasil, o reajuste do salário mínimo e os programas sociais necessários para a população mais carente do País”, escreveu o presidente do Senado no Twitter, após a reunião.

Na prática, todas as negociações têm como moeda de troca a expectativa de apoio de Lira e Pacheco para as eleições no Congresso.

Bloco

Uma ala do MDB quer formar um bloco com o União Brasil e o PSD na Câmara e no Senado para eleger os novos presidentes das duas Casas. A ideia foi apresentada pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), adversário de Lira, que viu uma “barbeiragem” nas tratativas conduzidas até agora pela equipe de Lula para a aprovação de uma PEC, com o objetivo de furar o teto de gastos. A proposta incorpora o chamado “waiver”, licença para gastar. Os números variam de R$ 160 bilhões a R$ 200 bilhões.

O senador Omar Aziz (PSD-AM) disse que a PEC deve ficar em torno de R$ 175 bilhões. “Acho que há boa vontade do Congresso com essa pauta”, afirmou Aziz, que participou do almoço na residência oficial do Senado, ao lado de outros colegas, como Paulo Rocha, líder do PT na Casa, e Humberto Costa (PT-PE).

Na avaliação de Renan, que agora integra a equipe de transição, Lula vai virar “refém” do Centrão se fizer isso. O bloco é capitaneado por Lira. Aliado do presidente eleito, o senador defende a edição de uma Medida Provisória, no início de 2023, autorizando um crédito extraordinário para o novo governo honrar os compromissos sociais. A iniciativa é considerada polêmica e passível de constestações pela equipe da transição.

Para o deputado José Guimarães, o encontro com Lira teve um tom amistoso. “Foi uma abertura de diálogo na busca de entendimento com o País e votação das matérias”, disse ele.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chega para participar de reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Foto: Wilton Junior / Estadão

Nesta quinta-feira, 10, haverá uma reunião de Lula com deputados e senadores de partidos de sua coligação, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). “Acho que a coisa está andando bem”, observou Guimarães.

Além de Lula, Alckmin e Guimarães, participaram do encontro com o presidente da Câmara, nesta quarta, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann; o coordenador técnico da equipe de transição, Aloizio Mercadante; o líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG), e também os deputados Odair Cunha (MG) e Alencar Santana (SP).

“É um novo tempo, com respeito às instituições e diálogo permanente”, disse Reginaldo Lopes. “Não dá para um governo novo propor uma saída para a questão orçamentária (PEC da transição) sem cumprir a liturgia do cargo. Nós estamos propondo uma agenda de reconstrução do Brasil.”

BRASÍLIA – O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva admitiu, nesta quarta-feira, 9, fazer um acordo político com o Centrão. Na primeira reunião em Brasília após vencer a disputa para o Palácio do Planalto, Lula disse ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que o PT não terá candidato próprio ao comando da Casa, em fevereiro de 2023. Embora Lula não tenha afirmado com todas as letras que seu partido apoiará a recondução de Lira, as negociações caminham nesse sentido.

Em troca, o presidente da Câmara, hoje aliado do presidente Jair Bolsonaro, deve ajudar o novo governo a aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para manter o pagamento do Auxílio Brasil em R$ 600 e o aumento do salário mínimo. O Auxílio Brasil será rebatizado de Bolsa Família, vitrine social do primeiro mandato de Lula.

A estratégia para que o PT não se indisponha com Lira está sendo construída pelo presidente eleito, que também tenta acalmar aliados insatisfeitos do MDB. Lula pediu para o PT não isolar o deputado de Alagoas, expoente do Centrão, nem cair na armadilha de lançar um nome para enfrentá-lo na disputa pelo poder na Câmara. O acordo também deve envolver o orçamento secreto.

Lira quer a manutenção do atual modelo, revelado pelo Estadão, que prevê o envio de recursos públicos para redutos eleitorais dos parlamentares. Lula avalia não ser possível acabar com a prática agora, a não ser por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), mas tentará convencer integrantes do Centrão a alocar a verba das emendas em uma lista de projetos prioritários do Executivo.

Nos bastidores, Lula sempre diz que um dos maiores erros da então presidente Dilma Rousseff foi apoiar um concorrente do PT, o deputado Arlindo Chinaglia (SP), contra Eduardo Cunha, à época no MDB, na eleição para o comando da Câmara, em 2015. Pouco mais de um ano depois, Dilma sofreu impeachment.

Lula passou quase duas horas na residência oficial de Lira, antes de seguir para um almoço com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que também disputará novo mandato à frente da Casa. Nos dois encontros, estava acompanhado do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB).

A tendência do PSD é se aliar ao novo governo, indicando dois nomes – um da Câmara e outro, do Senado – para compor o Ministério. O PT deve apoiar a recondução de Pacheco ao comando do Senado. O Estadão apurou que Lula e Pacheco conversaram durante 20 minutos a sós.

“Reafirmei ao presidente Lula que o Congresso irá trabalhar, de forma responsável e célere, para assegurar os recursos que garantam, em 2023, os R$ 600 do Auxílio Brasil, o reajuste do salário mínimo e os programas sociais necessários para a população mais carente do País”, escreveu o presidente do Senado no Twitter, após a reunião.

Na prática, todas as negociações têm como moeda de troca a expectativa de apoio de Lira e Pacheco para as eleições no Congresso.

Bloco

Uma ala do MDB quer formar um bloco com o União Brasil e o PSD na Câmara e no Senado para eleger os novos presidentes das duas Casas. A ideia foi apresentada pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), adversário de Lira, que viu uma “barbeiragem” nas tratativas conduzidas até agora pela equipe de Lula para a aprovação de uma PEC, com o objetivo de furar o teto de gastos. A proposta incorpora o chamado “waiver”, licença para gastar. Os números variam de R$ 160 bilhões a R$ 200 bilhões.

O senador Omar Aziz (PSD-AM) disse que a PEC deve ficar em torno de R$ 175 bilhões. “Acho que há boa vontade do Congresso com essa pauta”, afirmou Aziz, que participou do almoço na residência oficial do Senado, ao lado de outros colegas, como Paulo Rocha, líder do PT na Casa, e Humberto Costa (PT-PE).

Na avaliação de Renan, que agora integra a equipe de transição, Lula vai virar “refém” do Centrão se fizer isso. O bloco é capitaneado por Lira. Aliado do presidente eleito, o senador defende a edição de uma Medida Provisória, no início de 2023, autorizando um crédito extraordinário para o novo governo honrar os compromissos sociais. A iniciativa é considerada polêmica e passível de constestações pela equipe da transição.

Para o deputado José Guimarães, o encontro com Lira teve um tom amistoso. “Foi uma abertura de diálogo na busca de entendimento com o País e votação das matérias”, disse ele.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chega para participar de reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Foto: Wilton Junior / Estadão

Nesta quinta-feira, 10, haverá uma reunião de Lula com deputados e senadores de partidos de sua coligação, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). “Acho que a coisa está andando bem”, observou Guimarães.

Além de Lula, Alckmin e Guimarães, participaram do encontro com o presidente da Câmara, nesta quarta, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann; o coordenador técnico da equipe de transição, Aloizio Mercadante; o líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG), e também os deputados Odair Cunha (MG) e Alencar Santana (SP).

“É um novo tempo, com respeito às instituições e diálogo permanente”, disse Reginaldo Lopes. “Não dá para um governo novo propor uma saída para a questão orçamentária (PEC da transição) sem cumprir a liturgia do cargo. Nós estamos propondo uma agenda de reconstrução do Brasil.”

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