O novo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, afirmou nesta terça-feira, 3, ser contra a prática de greve de controladores de vôo e de outros servidores de áreas que representem a segurança do Estado. Mesmo dizendo que "o direito de greve é sagrado", Lupi declarou - ao tomar posse no cargo - que "nem motim nem piquetes resolvem o problema do controle aéreo". "Considero que algumas carreiras quando param podem causar tal transtorno à sociedade que se perde o controle do papel do Estado. Quem paga por isso, quem paga um preço alto é a população", afirmou o ministro. "Eu acho que o ato reivindicatório é um ato justo que qualquer categoria tem que fazer. Agora, tem mecanismos eficientes de fazer esse tipo de reivindicação sem prejudicar a população. São setores estratégicos. Vamos dizer que aconteça mais um acidente aéreo. E aí? Ninguém recupera as vidas perdidas. Então, tem muita gravidade esse setor" , afirmou. Lupi continuou o tom de crítica: "São setores muito delicados e que precisam ser tratados com muita responsabilidade. Ninguém pode achar que motim, que piquete, resolve o problema do controle aéreo. Nós não temos como substituir. E aí, como é que fica? Você vai parar o País". O novo ministro reconhece a complexidade da questão do controle aéreo nacional, onde operam simultaneamente civis e militares. Mas entende que o diálogo é o único caminho possível. "Acho que todo o setor tem que ter muita responsabilidade. E o instrumento mais condizente com isso é o diálogo. Não é simples mudar porque você tem dois tipos de administrações distintas com uma coisa muito peculiar. Você pega os sargentos, que estão dentro do controle de vôo e que nunca mais vão ao quartel. Só trabalham efetivamente naquela escala de trabalho e não têm mais vida militar, mas estão sob a tutela das regras militares. E mistura com controlador civil, que tem diferença salarial", diz. Demora Por conta disso, o ministro reconhece que o problema tem demorado demais para ser resolvido, uma vez que os problemas com o controle aéreo nacional começou em outubro, logo depois do acidente que derrubou o avião da Gol, matando 154 passageiros. "Isso não se resolve de um dia para o outro. Você tem que preparar novos controladores, porque hoje são poucos. O nosso apelo é que eles (os controladores) compreendam a situação grave que pode desencadear qualquer paralisação desse setor e adotem o mecanismo do diálogo para encontrar uma saída que não prejudique a população brasileira. Espero que o bom senso prevaleça. Espero que toda a categoria entenda que a paralisação deles representa um caos para toda a nação brasileira", afirma. Com o governo discutindo uma medida provisória que estabelece limites de greve para servidores, Lupi concorda que as atividades têm que ser analisadas conforme suas peculiaridades. "Tem setores que precisam receber tratamento diferenciado, Por exemplo, como é que fica o direito de greve de um médico que está operando. E como fica o paciente que está entre a vida e a morte e tem a operação marcada para aquela hora? Vamos deixar o paciente morrer? Será que é só esse o mecanismo que existe para encontrar melhoria de condições de trabalho, de salário? E tem outros setores que são assim também. Como é que fica essa questão de greve da polícia?", diz. "Acho que o direito de greve é sagrado", ressalta. "Mas o mecanismo de como se faz esse direito de greve é que tem que ser discutido. Tem várias maneiras na sociedade moderna em que você reivindica sem prejudicar a população. Ah, está condenando o direito de greve. Não. Ela é um direito da sociedade, mas tem que ser a última instância, quando não se tem outro caminho. E sempre tem que se buscar o caminho do diálogo", acredita.