Proclamação da República amplia atos em frente a quartéis e manifestantes fazem oração conjunta


Apoiadores de Bolsonaro ocupam vias em São Paulo e outras cidades em protesto contra a vitória de Lula

Por Ananda Müller, Felipe Frazão, Wilton Junior, Pedro Kirilos, Vinicius Neder e Carlos Eduardo Cherem
Atualização:

O feriado em comemoração à Proclamação da República, nesta terça-feira, 15, fez com que aumentasse o número de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) que protestam contra a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Avenida Srg. Mario Kozel Filho, entre o prédio da Assembleia Legislativa de São Paulo e o Comando Militar do Sudeste (CMSE), na capital paulista.

Após o horário de almoço, mais manifestantes foram se integrando ao grupo que já estava no local, com uma concentração mais intensa em frente ao portão principal. Às 15h, o grupo aderiu ao ato conjunto organizado em diferentes cidades pelo País e parou para uma oração conjunta. Centenas de pessoas se ajoelharam em frente ao portão do Comando e proferiram preces cristãs.

Desde cedo, o grupo entoava o Hino Nacional e também gritava frases de protesto, pedindo apoio das Forças Armadas para uma “intervenção federal”.

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Os manifestantes ocupam o local desde a divulgação do resultado do segundo turno da eleição presidencial. O fluxo varia conforme o dia e o horário e cresceu nesta terça-feira, devido ao feriado. Pela manhã, eram cerca de 400 pessoas. Depois, o número aumentou. “Nação brasileira implora por socorro. SOS Forças Armadas” dizia uma das faixas, enquanto manifestantes gritam “SOS Forças Armadas”.

Apoiadores de Jair Bolsonaro não reconhecem resultado do segundo turno.  Foto: Felipe Rau/Estadão

Apoiadores de Bolsonaro dizem não reconhecer o resultado das urnas. Muitos alegam fraude eleitoral e pedem intervenção militar. Após Bolsonaro publicar um vídeo em que pedia a desobstrução de estradas na semana retrasada, apoiadores tomaram o discurso como um pedido para trocar as rodovias pela porta dos quartéis.

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Em Brasília, manifestantes dizem que vão impedir posse de Lula

Em Brasília, manifestantes que rejeitam a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniram em frente ao Quartel-General (QG) do Exército. Com carro de som, faixas e cartazes, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) clamaram por intervenção das Forças Armadas no poder, o que é inconstitucional, e declararam o plano de “impedir a posse” de Lula. Sem qualquer prova ou indício de irregularidade, eles alegam que houve fraude nas eleições.

O grupo que se instalou e acampou nas imediações do Forte Apache após a eleição de Lula diz ser contra o “comunismo”. Aos gritos de “Se for preciso, a gente acampa, mas o ladrão não sobe a rampa” e “Forças Armadas, salvem o Brasil”, os manifestantes também protestaram contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o que chamaram de “censura” do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) à livre manifestação do pensamento.

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Apoiadores de Jair Bolsonaro se reuniram em frente ao Quartel General do Exército (QG) no setor militar urbano, em Brasília.  Foto: Wilton Junior/Estadão

Jornalistas do grupo Jovem Pan foram hostilizados e deixaram o local. Autoridades não divulgaram a quantidade de manifestantes concentrados em frente ao QG do Exército. Entre eles estavam caminhoneiros, militantes conservadores, produtores rurais e grupos de militares da reserva com suas famílias.

Carretas com bandeiras do Brasil e o pedido “SOS Forças Armadas”, estacionadas nas imediações do QG, promoveram um “buzinaço”. O ato antidemocrático se concentrou no Setor Militar Urbano, sede de unidades do Exército em Brasília. A forte chuva que caiu na hora do almoço dispersou parte dos apoiadores de Bolsonaro. Os manifestantes não saíram em direção à Esplanada dos Ministérios e à Praça dos Três Poderes porque o acesso foi bloqueado pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.

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Entre os manifestantes, em Brasília, estavam caminhoneiros, militantes conservadores, produtores rurais e grupos de militares da reserva com suas famílias.  Foto: Wilton Junior/Estadão

No Rio, trânsito na Presidente Vargas é fechado temporariamente

Ao menos 30 caminhões sem caçambas foram usados por manifestantes bolsonaristas inconformados com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais para ajudar a fechar em alguns momentos todas as 16 faixas da Avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio, no fim da manhã desta terça. O protesto ocorre em frente ao Palácio Duque de Caxias, na Avenida Presidente Vargas, sede do Comando Militar do Leste (CML), órgão do Exército Brasileiro.

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Um grupo de manifestantes está acampado no local, com barracas de camping e lonas, desde o Dia de Finados, como ocorre no entorno de outras instalações militares pelo País. Os ativistas exigem um golpe militar, que chamam de “intervenção federal”, contra o resultado das urnas. Alegam o perigo de “comunismo” no País.

“Forças Armadas, salvem o Brasil” é uma das palavras de ordem mais repetidas no ato, que reúne milhares de pessoas. Na maior parte do tempo, as pistas no sentido Candelária ficaram totalmente livres para a passagem de veículos. Assim como ocorre desde o início das manifestações, muitas pessoas usam camisas da seleção brasileira de futebol ou roupas amarelas. Há muitas bandeiras do Brasil, manifestantes vestidos em estilo militar – boinas, calças e camisas com camuflagem – e, de vez em quando, uma gravação do Hino Nacional é tocada.

Além do tráfego na Avenida Presidente Vargas, o ato desta terça-feira atrapalha a operação do VLT, o sistema de trem de superfície construído por causa dos Jogos Olímpicos de 2016. A Linha 2 do sistema passa em frente ao Palácio Duque da Caxias, a caminho da parada da Central do Brasil, principal estação do sistema de trem metropolitano do Rio. Durante a semana, manifestantes se queixaram da passagem dos bondes, que, em sua opinião, estaria, propositalmente, tentando atrapalhar a manifestação.

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As interrupções do tráfego do VLT, por causa da multidão que invade a área dos trilhos, porém, têm sido frequentes nos últimos dias. Segundo a VLT Carioca, concessionária operadora do sistema, até segunda-feira, 14, ou seja, sem contar a operação desta terça-feira, já houve oito paradas nas Linhas 2 e 3 desde o início dos protestos em frente ao Palácio Duque de Caxias.

Em nota enviada ao Estadão, a operadora informou que “as interrupções de operação acontecem sempre levando em consideração a segurança do usuário, seja em manifestações ou ocorrências de segurança pública, por exemplo”. “A concessionária sempre acompanha, junto aos órgãos de monitoramento da Prefeitura do Rio e do Governo do Estado, fatos que possam gerar alterações na circulação”, diz a nota.

Sob o sol forte, alguns manifestantes foram retirados do ato para receber atendimento médico, após passarem mal por causa do calor. A manhã desta terça-feira foi abafada no Rio. Segundo boletim do Centro de Operações da Prefeitura do Rio (COR), a temperatura máxima prevista para a cidade era 32 graus Celsius.

Três caminhões de som ajudavam a engajar os manifestantes com gritos de guerra e hinos militares. Os três estavam estacionados em frente ao Palácio Duque de Caxias. Num dos caminhões, um garrafão de água mineral recebia doações em dinheiro. Em outro momento, outro manifestante disse ao microfone que o protesto só terminaria quando as Forças Armadas agissem. Por volta das 16 horas, a chuva que começara pouco antes apertou, mas, mesmo assim, muitos manifestantes seguiram no ato.

Como já havia constatado o Estadão na semana passada, o acampamento dos manifestantes estava organizado, incluindo a disponibilidade de banheiros químicos. Por volta das 15h30, a reportagem acompanhou a chegada de um carregamento de garrafas descartáveis de água mineral, transportado numa picape 4x4, que seguia na direção do acampamento.

Por volta das 16h30, os caminhões que ocuparam algumas faixas da Avenida Presidente Vargas começaram a deixar o local, sob o barulho constante das buzinas. Nesse horário, o trânsito foi liberado nas quatro faixas da pista lateral da via, no sentido do Centro. As 12 faixas demais seguiam interditadas, incluindo as oito das duas pistas no sentido zona norte da via.

Em Belo Horizonte, chuva dispersa, mas não inibe ato

O ato de bolsonaristas, que pedem a intervenção do Exército, realizado nesta terça-feira, 15, feriado da Proclamação da República, em frente ao Comando da 4ª Região Militar do Exército, na avenida Raja Gabaglia, em Belo Horizonte, reuniu centenas de pessoas, num movimento similar a uma feira livre. Barraquinhas de comidas e vendedores ambulantes, que comercializavam diversos produtos: espetinho (R$ 10), refrigerante em lata (R$ 7), coxinha de frango (R$ 5), bandeira do Brasil (R$ 40), e, camisa não-oficial da seleção (R$ 40), dominaram o ambiente.

Com a chuva intermitente desde a manhã na capital mineira, os manifestantes, em vez de se concentrarem no quarteirão em frente ao quartel, se dispersaram, ocupando quatro quarteirões da via, que teve o trânsito interrompido nos dois sentidos. Os ambulantes que comercializam capas de chuvas (R$ 10) no local não tiveram dificuldades nas vendas.

Repetindo expressões como “Supremo é o povo” e “Forças Armadas, salvem o Brasil”, utilizadas em outras manifestações desde que o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi derrotado em sua tentativa de reeleição, há duas semanas, os manifestantes distribuíram rosas amarelas, clamando ao microfone por “Primavera Brasileira”, em referência à “Primavera Árabe”, uma onda de protestos contra governos de países do Oriente Médio e do Norte da África, na década de 2010.

Alguns manifestantes também fizeram orações e cantaram hinos religiosos e militares, durante o ato golpista.

O feriado em comemoração à Proclamação da República, nesta terça-feira, 15, fez com que aumentasse o número de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) que protestam contra a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Avenida Srg. Mario Kozel Filho, entre o prédio da Assembleia Legislativa de São Paulo e o Comando Militar do Sudeste (CMSE), na capital paulista.

Após o horário de almoço, mais manifestantes foram se integrando ao grupo que já estava no local, com uma concentração mais intensa em frente ao portão principal. Às 15h, o grupo aderiu ao ato conjunto organizado em diferentes cidades pelo País e parou para uma oração conjunta. Centenas de pessoas se ajoelharam em frente ao portão do Comando e proferiram preces cristãs.

Desde cedo, o grupo entoava o Hino Nacional e também gritava frases de protesto, pedindo apoio das Forças Armadas para uma “intervenção federal”.

Os manifestantes ocupam o local desde a divulgação do resultado do segundo turno da eleição presidencial. O fluxo varia conforme o dia e o horário e cresceu nesta terça-feira, devido ao feriado. Pela manhã, eram cerca de 400 pessoas. Depois, o número aumentou. “Nação brasileira implora por socorro. SOS Forças Armadas” dizia uma das faixas, enquanto manifestantes gritam “SOS Forças Armadas”.

Apoiadores de Jair Bolsonaro não reconhecem resultado do segundo turno.  Foto: Felipe Rau/Estadão

Apoiadores de Bolsonaro dizem não reconhecer o resultado das urnas. Muitos alegam fraude eleitoral e pedem intervenção militar. Após Bolsonaro publicar um vídeo em que pedia a desobstrução de estradas na semana retrasada, apoiadores tomaram o discurso como um pedido para trocar as rodovias pela porta dos quartéis.

Em Brasília, manifestantes dizem que vão impedir posse de Lula

Em Brasília, manifestantes que rejeitam a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniram em frente ao Quartel-General (QG) do Exército. Com carro de som, faixas e cartazes, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) clamaram por intervenção das Forças Armadas no poder, o que é inconstitucional, e declararam o plano de “impedir a posse” de Lula. Sem qualquer prova ou indício de irregularidade, eles alegam que houve fraude nas eleições.

O grupo que se instalou e acampou nas imediações do Forte Apache após a eleição de Lula diz ser contra o “comunismo”. Aos gritos de “Se for preciso, a gente acampa, mas o ladrão não sobe a rampa” e “Forças Armadas, salvem o Brasil”, os manifestantes também protestaram contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o que chamaram de “censura” do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) à livre manifestação do pensamento.

Apoiadores de Jair Bolsonaro se reuniram em frente ao Quartel General do Exército (QG) no setor militar urbano, em Brasília.  Foto: Wilton Junior/Estadão

Jornalistas do grupo Jovem Pan foram hostilizados e deixaram o local. Autoridades não divulgaram a quantidade de manifestantes concentrados em frente ao QG do Exército. Entre eles estavam caminhoneiros, militantes conservadores, produtores rurais e grupos de militares da reserva com suas famílias.

Carretas com bandeiras do Brasil e o pedido “SOS Forças Armadas”, estacionadas nas imediações do QG, promoveram um “buzinaço”. O ato antidemocrático se concentrou no Setor Militar Urbano, sede de unidades do Exército em Brasília. A forte chuva que caiu na hora do almoço dispersou parte dos apoiadores de Bolsonaro. Os manifestantes não saíram em direção à Esplanada dos Ministérios e à Praça dos Três Poderes porque o acesso foi bloqueado pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.

Entre os manifestantes, em Brasília, estavam caminhoneiros, militantes conservadores, produtores rurais e grupos de militares da reserva com suas famílias.  Foto: Wilton Junior/Estadão

No Rio, trânsito na Presidente Vargas é fechado temporariamente

Ao menos 30 caminhões sem caçambas foram usados por manifestantes bolsonaristas inconformados com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais para ajudar a fechar em alguns momentos todas as 16 faixas da Avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio, no fim da manhã desta terça. O protesto ocorre em frente ao Palácio Duque de Caxias, na Avenida Presidente Vargas, sede do Comando Militar do Leste (CML), órgão do Exército Brasileiro.

Um grupo de manifestantes está acampado no local, com barracas de camping e lonas, desde o Dia de Finados, como ocorre no entorno de outras instalações militares pelo País. Os ativistas exigem um golpe militar, que chamam de “intervenção federal”, contra o resultado das urnas. Alegam o perigo de “comunismo” no País.

“Forças Armadas, salvem o Brasil” é uma das palavras de ordem mais repetidas no ato, que reúne milhares de pessoas. Na maior parte do tempo, as pistas no sentido Candelária ficaram totalmente livres para a passagem de veículos. Assim como ocorre desde o início das manifestações, muitas pessoas usam camisas da seleção brasileira de futebol ou roupas amarelas. Há muitas bandeiras do Brasil, manifestantes vestidos em estilo militar – boinas, calças e camisas com camuflagem – e, de vez em quando, uma gravação do Hino Nacional é tocada.

Além do tráfego na Avenida Presidente Vargas, o ato desta terça-feira atrapalha a operação do VLT, o sistema de trem de superfície construído por causa dos Jogos Olímpicos de 2016. A Linha 2 do sistema passa em frente ao Palácio Duque da Caxias, a caminho da parada da Central do Brasil, principal estação do sistema de trem metropolitano do Rio. Durante a semana, manifestantes se queixaram da passagem dos bondes, que, em sua opinião, estaria, propositalmente, tentando atrapalhar a manifestação.

As interrupções do tráfego do VLT, por causa da multidão que invade a área dos trilhos, porém, têm sido frequentes nos últimos dias. Segundo a VLT Carioca, concessionária operadora do sistema, até segunda-feira, 14, ou seja, sem contar a operação desta terça-feira, já houve oito paradas nas Linhas 2 e 3 desde o início dos protestos em frente ao Palácio Duque de Caxias.

Em nota enviada ao Estadão, a operadora informou que “as interrupções de operação acontecem sempre levando em consideração a segurança do usuário, seja em manifestações ou ocorrências de segurança pública, por exemplo”. “A concessionária sempre acompanha, junto aos órgãos de monitoramento da Prefeitura do Rio e do Governo do Estado, fatos que possam gerar alterações na circulação”, diz a nota.

Sob o sol forte, alguns manifestantes foram retirados do ato para receber atendimento médico, após passarem mal por causa do calor. A manhã desta terça-feira foi abafada no Rio. Segundo boletim do Centro de Operações da Prefeitura do Rio (COR), a temperatura máxima prevista para a cidade era 32 graus Celsius.

Três caminhões de som ajudavam a engajar os manifestantes com gritos de guerra e hinos militares. Os três estavam estacionados em frente ao Palácio Duque de Caxias. Num dos caminhões, um garrafão de água mineral recebia doações em dinheiro. Em outro momento, outro manifestante disse ao microfone que o protesto só terminaria quando as Forças Armadas agissem. Por volta das 16 horas, a chuva que começara pouco antes apertou, mas, mesmo assim, muitos manifestantes seguiram no ato.

Como já havia constatado o Estadão na semana passada, o acampamento dos manifestantes estava organizado, incluindo a disponibilidade de banheiros químicos. Por volta das 15h30, a reportagem acompanhou a chegada de um carregamento de garrafas descartáveis de água mineral, transportado numa picape 4x4, que seguia na direção do acampamento.

Por volta das 16h30, os caminhões que ocuparam algumas faixas da Avenida Presidente Vargas começaram a deixar o local, sob o barulho constante das buzinas. Nesse horário, o trânsito foi liberado nas quatro faixas da pista lateral da via, no sentido do Centro. As 12 faixas demais seguiam interditadas, incluindo as oito das duas pistas no sentido zona norte da via.

Em Belo Horizonte, chuva dispersa, mas não inibe ato

O ato de bolsonaristas, que pedem a intervenção do Exército, realizado nesta terça-feira, 15, feriado da Proclamação da República, em frente ao Comando da 4ª Região Militar do Exército, na avenida Raja Gabaglia, em Belo Horizonte, reuniu centenas de pessoas, num movimento similar a uma feira livre. Barraquinhas de comidas e vendedores ambulantes, que comercializavam diversos produtos: espetinho (R$ 10), refrigerante em lata (R$ 7), coxinha de frango (R$ 5), bandeira do Brasil (R$ 40), e, camisa não-oficial da seleção (R$ 40), dominaram o ambiente.

Com a chuva intermitente desde a manhã na capital mineira, os manifestantes, em vez de se concentrarem no quarteirão em frente ao quartel, se dispersaram, ocupando quatro quarteirões da via, que teve o trânsito interrompido nos dois sentidos. Os ambulantes que comercializam capas de chuvas (R$ 10) no local não tiveram dificuldades nas vendas.

Repetindo expressões como “Supremo é o povo” e “Forças Armadas, salvem o Brasil”, utilizadas em outras manifestações desde que o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi derrotado em sua tentativa de reeleição, há duas semanas, os manifestantes distribuíram rosas amarelas, clamando ao microfone por “Primavera Brasileira”, em referência à “Primavera Árabe”, uma onda de protestos contra governos de países do Oriente Médio e do Norte da África, na década de 2010.

Alguns manifestantes também fizeram orações e cantaram hinos religiosos e militares, durante o ato golpista.

O feriado em comemoração à Proclamação da República, nesta terça-feira, 15, fez com que aumentasse o número de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) que protestam contra a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Avenida Srg. Mario Kozel Filho, entre o prédio da Assembleia Legislativa de São Paulo e o Comando Militar do Sudeste (CMSE), na capital paulista.

Após o horário de almoço, mais manifestantes foram se integrando ao grupo que já estava no local, com uma concentração mais intensa em frente ao portão principal. Às 15h, o grupo aderiu ao ato conjunto organizado em diferentes cidades pelo País e parou para uma oração conjunta. Centenas de pessoas se ajoelharam em frente ao portão do Comando e proferiram preces cristãs.

Desde cedo, o grupo entoava o Hino Nacional e também gritava frases de protesto, pedindo apoio das Forças Armadas para uma “intervenção federal”.

Os manifestantes ocupam o local desde a divulgação do resultado do segundo turno da eleição presidencial. O fluxo varia conforme o dia e o horário e cresceu nesta terça-feira, devido ao feriado. Pela manhã, eram cerca de 400 pessoas. Depois, o número aumentou. “Nação brasileira implora por socorro. SOS Forças Armadas” dizia uma das faixas, enquanto manifestantes gritam “SOS Forças Armadas”.

Apoiadores de Jair Bolsonaro não reconhecem resultado do segundo turno.  Foto: Felipe Rau/Estadão

Apoiadores de Bolsonaro dizem não reconhecer o resultado das urnas. Muitos alegam fraude eleitoral e pedem intervenção militar. Após Bolsonaro publicar um vídeo em que pedia a desobstrução de estradas na semana retrasada, apoiadores tomaram o discurso como um pedido para trocar as rodovias pela porta dos quartéis.

Em Brasília, manifestantes dizem que vão impedir posse de Lula

Em Brasília, manifestantes que rejeitam a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniram em frente ao Quartel-General (QG) do Exército. Com carro de som, faixas e cartazes, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) clamaram por intervenção das Forças Armadas no poder, o que é inconstitucional, e declararam o plano de “impedir a posse” de Lula. Sem qualquer prova ou indício de irregularidade, eles alegam que houve fraude nas eleições.

O grupo que se instalou e acampou nas imediações do Forte Apache após a eleição de Lula diz ser contra o “comunismo”. Aos gritos de “Se for preciso, a gente acampa, mas o ladrão não sobe a rampa” e “Forças Armadas, salvem o Brasil”, os manifestantes também protestaram contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o que chamaram de “censura” do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) à livre manifestação do pensamento.

Apoiadores de Jair Bolsonaro se reuniram em frente ao Quartel General do Exército (QG) no setor militar urbano, em Brasília.  Foto: Wilton Junior/Estadão

Jornalistas do grupo Jovem Pan foram hostilizados e deixaram o local. Autoridades não divulgaram a quantidade de manifestantes concentrados em frente ao QG do Exército. Entre eles estavam caminhoneiros, militantes conservadores, produtores rurais e grupos de militares da reserva com suas famílias.

Carretas com bandeiras do Brasil e o pedido “SOS Forças Armadas”, estacionadas nas imediações do QG, promoveram um “buzinaço”. O ato antidemocrático se concentrou no Setor Militar Urbano, sede de unidades do Exército em Brasília. A forte chuva que caiu na hora do almoço dispersou parte dos apoiadores de Bolsonaro. Os manifestantes não saíram em direção à Esplanada dos Ministérios e à Praça dos Três Poderes porque o acesso foi bloqueado pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.

Entre os manifestantes, em Brasília, estavam caminhoneiros, militantes conservadores, produtores rurais e grupos de militares da reserva com suas famílias.  Foto: Wilton Junior/Estadão

No Rio, trânsito na Presidente Vargas é fechado temporariamente

Ao menos 30 caminhões sem caçambas foram usados por manifestantes bolsonaristas inconformados com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais para ajudar a fechar em alguns momentos todas as 16 faixas da Avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio, no fim da manhã desta terça. O protesto ocorre em frente ao Palácio Duque de Caxias, na Avenida Presidente Vargas, sede do Comando Militar do Leste (CML), órgão do Exército Brasileiro.

Um grupo de manifestantes está acampado no local, com barracas de camping e lonas, desde o Dia de Finados, como ocorre no entorno de outras instalações militares pelo País. Os ativistas exigem um golpe militar, que chamam de “intervenção federal”, contra o resultado das urnas. Alegam o perigo de “comunismo” no País.

“Forças Armadas, salvem o Brasil” é uma das palavras de ordem mais repetidas no ato, que reúne milhares de pessoas. Na maior parte do tempo, as pistas no sentido Candelária ficaram totalmente livres para a passagem de veículos. Assim como ocorre desde o início das manifestações, muitas pessoas usam camisas da seleção brasileira de futebol ou roupas amarelas. Há muitas bandeiras do Brasil, manifestantes vestidos em estilo militar – boinas, calças e camisas com camuflagem – e, de vez em quando, uma gravação do Hino Nacional é tocada.

Além do tráfego na Avenida Presidente Vargas, o ato desta terça-feira atrapalha a operação do VLT, o sistema de trem de superfície construído por causa dos Jogos Olímpicos de 2016. A Linha 2 do sistema passa em frente ao Palácio Duque da Caxias, a caminho da parada da Central do Brasil, principal estação do sistema de trem metropolitano do Rio. Durante a semana, manifestantes se queixaram da passagem dos bondes, que, em sua opinião, estaria, propositalmente, tentando atrapalhar a manifestação.

As interrupções do tráfego do VLT, por causa da multidão que invade a área dos trilhos, porém, têm sido frequentes nos últimos dias. Segundo a VLT Carioca, concessionária operadora do sistema, até segunda-feira, 14, ou seja, sem contar a operação desta terça-feira, já houve oito paradas nas Linhas 2 e 3 desde o início dos protestos em frente ao Palácio Duque de Caxias.

Em nota enviada ao Estadão, a operadora informou que “as interrupções de operação acontecem sempre levando em consideração a segurança do usuário, seja em manifestações ou ocorrências de segurança pública, por exemplo”. “A concessionária sempre acompanha, junto aos órgãos de monitoramento da Prefeitura do Rio e do Governo do Estado, fatos que possam gerar alterações na circulação”, diz a nota.

Sob o sol forte, alguns manifestantes foram retirados do ato para receber atendimento médico, após passarem mal por causa do calor. A manhã desta terça-feira foi abafada no Rio. Segundo boletim do Centro de Operações da Prefeitura do Rio (COR), a temperatura máxima prevista para a cidade era 32 graus Celsius.

Três caminhões de som ajudavam a engajar os manifestantes com gritos de guerra e hinos militares. Os três estavam estacionados em frente ao Palácio Duque de Caxias. Num dos caminhões, um garrafão de água mineral recebia doações em dinheiro. Em outro momento, outro manifestante disse ao microfone que o protesto só terminaria quando as Forças Armadas agissem. Por volta das 16 horas, a chuva que começara pouco antes apertou, mas, mesmo assim, muitos manifestantes seguiram no ato.

Como já havia constatado o Estadão na semana passada, o acampamento dos manifestantes estava organizado, incluindo a disponibilidade de banheiros químicos. Por volta das 15h30, a reportagem acompanhou a chegada de um carregamento de garrafas descartáveis de água mineral, transportado numa picape 4x4, que seguia na direção do acampamento.

Por volta das 16h30, os caminhões que ocuparam algumas faixas da Avenida Presidente Vargas começaram a deixar o local, sob o barulho constante das buzinas. Nesse horário, o trânsito foi liberado nas quatro faixas da pista lateral da via, no sentido do Centro. As 12 faixas demais seguiam interditadas, incluindo as oito das duas pistas no sentido zona norte da via.

Em Belo Horizonte, chuva dispersa, mas não inibe ato

O ato de bolsonaristas, que pedem a intervenção do Exército, realizado nesta terça-feira, 15, feriado da Proclamação da República, em frente ao Comando da 4ª Região Militar do Exército, na avenida Raja Gabaglia, em Belo Horizonte, reuniu centenas de pessoas, num movimento similar a uma feira livre. Barraquinhas de comidas e vendedores ambulantes, que comercializavam diversos produtos: espetinho (R$ 10), refrigerante em lata (R$ 7), coxinha de frango (R$ 5), bandeira do Brasil (R$ 40), e, camisa não-oficial da seleção (R$ 40), dominaram o ambiente.

Com a chuva intermitente desde a manhã na capital mineira, os manifestantes, em vez de se concentrarem no quarteirão em frente ao quartel, se dispersaram, ocupando quatro quarteirões da via, que teve o trânsito interrompido nos dois sentidos. Os ambulantes que comercializam capas de chuvas (R$ 10) no local não tiveram dificuldades nas vendas.

Repetindo expressões como “Supremo é o povo” e “Forças Armadas, salvem o Brasil”, utilizadas em outras manifestações desde que o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi derrotado em sua tentativa de reeleição, há duas semanas, os manifestantes distribuíram rosas amarelas, clamando ao microfone por “Primavera Brasileira”, em referência à “Primavera Árabe”, uma onda de protestos contra governos de países do Oriente Médio e do Norte da África, na década de 2010.

Alguns manifestantes também fizeram orações e cantaram hinos religiosos e militares, durante o ato golpista.

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