Manifestações ficaram pequenininhas diante do coronavírus, diz dono do Madero, que apoiou atos


Para Junior Durski, 'tudo perdeu o efeito' com a chegada da doença ao Brasil

Por Felipe Frazão

BRASÍLIA - O chef e empresário Junior Durski, dono da rede de restaurantes e hamburguerias Madero, disse ao Estado que a manifestação pró-Jair Bolsonaro convocada para domingo, dia 15, ficou "pequenininha" diante da pandemia de coronavírus que se alastra no Brasil. A entrevista com Durski foi feita pouco antes de o próprio presidente, após convocar as pessoas para irem às ruas, sugerir nesta quinta-feira, 12, o adiamento dos atos.

O chef e empresárioJunior Durski, fundador da rede de hamburguerias Madero (29/10/2015) Foto: Divulgação/Gerson Lima
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"Eu tenho 3 milhões de clientes por mês para atender. Tudo que estou fazendo nesse momento é olhar o coronavírus, administrando uma crise chegando", afirmou Durski, que disse não ser possível estimar o impacto da crise sanitária nos seus negócios.

Apoiador declarado dos atos e de Bolsonaro, o empresário disse que não financia as manifestações ou grupos que defendem o presidente nas redes sociais e atacam adversários políticos e o Congresso Nacional. Apesar disso, sua rede foi alvo de uma campanha de boicote que não surtiu efeito, revela. "O barulho nas redes sociais não é o que as pessoas pensam. A rede social é muito dura. As pessoas que estão nas redes são muito provocativas, dos dois lados", afirmou.

Sócio de Luciano Huck, possível candidato à sucessão de Bolsonaro, ele diz que se considera mais à direita do que o apresentador da TV Globo e afirma que ele pode ser alvo de políticos assim como Bolsonaro se chegar à Presidência: "Eu torço pelo Brasil e o piloto do nosso avião nesse momento é o Bolsonaro. Os caras ficam pulando dentro do avião para ver se chacoalha bastante, desestabiliza e para ver se o avião cai".

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O sr. gravou um vídeo apoiando o ato do dia 15. Qual seu envolvimento com a manifestação pró-Bolsonaro?

O Brasil está chato, ruim. As coisas são polarizadas, tão ‘eu te odeio’, e não deveria ser assim. Os últimos governos deixaram o Brasil numa situação difícil, haja visto os 13 milhões de desempregados. Evidentemente, entre o time que estava no governo e o que está neste governo, eu prefiro este, que é uma esperança. Mas não era minha intenção criar uma repercussão enorme. Quem é do comércio deve atender o cliente. Vai quem quer. Todo mundo é livre para expressar a opinião que tem. Eu nunca ataquei nem ofendi ninguém, seja de qualquer partido. Hoje a coisa é tão difícil que dá vontade de fazer um detox na rede social e só falar de comida.

O sr. vai ao ato no domingo no Paraná?

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Não sei. Eu tenho 3 milhões de clientes por mês para atender. Tudo que estou fazendo nesse momento é olhar o coronavírus, administrando uma crise chegando. Acho que isso é outra história. Não sei se deve ter ou não (manifestação). Não sei como vamos acordar amanhã com esse coronavírus. Acho que isso não é a prioridade no Brasil e não é a minha prioridade agora.

Houve algum contato com o governo sobre o que fazer frente ao coronavírus nas suas fábricas e restaurantes, alguma recomendação sobre parar atividades?

Eu tenho 27 obras no Brasil, estou construindo restaurantes, tenho investimento de R$ 150 milhões na cozinha central em Ponta Grossa. E tenho um caixa bom, mas quanto tempo vai durar esse problema? As pessoas vão sair para um restaurante? Quanta venda a gente ganha ou perde?

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Tenho 8 mil funcionários. Eu dou alojamento para quase todos, 97% dos funcionários moram nas nossas residências. Eu tenho mais responsabilidade com meu pessoal. Tenho um pouco mais de 700 casas e apartamentos alugados no Brasil inteiro que dou residência a menos de 15 minutos dos restaurantes para todo esse pessoal, sem cobrar nada. Tenho residências com oito, seis empregados morando. O que eu faço se alguém é contaminado? Fecho a residência? Eu contrato as pessoas no interior, em cidades mais necessitadas, pessoas de primeiro emprego, ensinando a trabalhar. Eu mando o cara de volta para a cidade dele? Vai ter que ir de ônibus, pode chegar lá e contaminar a família? Seguro o cara na residência com mais oito pessoas? É difícil a situação. O que é melhor fazer fechar ou não os restaurantes? As pessoas vão precisar comer, vão precisar de delivery e eu mando na casa do cara. Sabe... Esse negócio de manifestação virou pequenininho perto do tamanho dessa crise que está chegando nesse final de semana.

O sr. tem ideia de quanto pode impactar seu negócio?

Tudo que alguém falar hoje é chute. Sei lá. Aperta o cinto porque vamos entrar numa turbulência grande, mantenha calma, cuidado com caixa e vamos lá estar preparado para o que acontecer. Temos que pensar como advogado no worst case (pior cenário). Eu como empreendedor só penso no best case (melhor cenário). Agora estou pensando como advogado.

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Fizeram campanha de boicote ao Madero após o sr. declarar apoio a Bolsonaro. Isso pegou, afetou?

Não pega. Depois que teve a repercussão na semana passada eu estou de olho nas vendas. A única maneira é medir em relação ao ano passado, nos restaurantes abertos. Foi positivo. Estamos nessa semana 7% positivo. O barulho nas redes sociais não é o que as pessoas pensam. A rede social é muito dura. As pessoas que estão nas redes são muito provocativas, dos dois lados. Nunca foi meu estilo, meu negócio. Brigar é uma coisa, no mínimo, não inteligente. Se as pessoas não se entendem, que tentem conversar e se não der corta a relação só e toca a vida. Com respeito. A rede social não funciona assim. É uma coisa chata que faz parte do Brasil.

O sr. se arrependeu de ter feito o vídeo de apoio?

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Não me arrependi, mas também não me orgulho, não me aplaudo. Por que eu não fico quieto e vou fazer hambúrguer? Esse é o ponto. Estou muito mais preocupado com a chegada do coronavírus, o que a gente pode fazer para ajudar e se defender. Esse é o assunto do momento. Tudo nesse País perdeu o efeito com a chegada desse coronavírus e deve tomar uma proporção muito maior. Minha obrigação como patriota, como pessoa que a ama o Brasil é tentar ajudar nesse problema. O coronavírus não vai escolher a direita ou a esquerda para infectar, vai pegar todo mundo e todo mundo está junto.

Talvez fosse momento de todo mundo se desarmar e ficar na paz. Vamos por uma coisa só, pelo Brasil, pelo combate ao coronavírus. Eu tenho toda proteção do mundo se ficar na minha casa, com minha família, e proteger meus empregados, que a gente consegue. Mas e todas as comunidades no Rio, São Paulo? Como essas pessoas se defendem? Como vamos falar fica em quarentena numa favela com 10 pessoas dentro da casa, o cara não tem dinheiro para comer amanhã, tem que sair na rua e fazer um bico para tentar ganhar dinheiro porque temos um problema social violento no Brasil. Tudo perde o efeito perto disso.

A convocação para domingo deveria ser suspensa?

Não sei. Temos que pensar no coronavírus. Se eu falar que sim, vai sair que o Junior acha que tem que parar, que a manifestação está errada. Ou que ele acha que não. As pessoas que vão ler vão deturpar toda a história. Não falei mal de ninguém no vídeo. Falei que apoio o Bolsonaro, que tenho orgulho de ter votado nele. Acho que é um presidente bom para o Brasil, bem intencionado, que é um cara sério. Só o fato de ser sério nesse País é um grande avanço. ‘Ah, mas ele fala mal da imprensa.’ A imprensa fala mal dele, ele fala mal da imprensa, aí vira esse círculo vicioso que todo mundo perde.

O maior problema do Brasil sempre foi a corrupção. A gente não está vendo falar em corrupção nos mesmos níveis que se falava nos governos anteriores. Hoje está muito mais organizado, mais limpo, esse País. Não tenho dúvida nenhuma. A gente está vendo que a segurança pública está melhorando, isso são números, ninguém pode negar. ‘Ah, mas a polícia mata’. Nossa, cara, vamos entrar num lugar que é mais fácil discutir religião que isso.

O sr. apoia financeiramente a manifestação ou grupos que divulgam mensagens contra Congresso e os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre? Você sabe quem ajuda a financiar?

Eu não apoio financeiramente ninguém. E não sei de nenhum empresário que fez, não conheço. Na eleição passada, eu não dei 1 centavo para ninguém, mas não que não ofereci. Quinze dias antes da eleição, eu liguei para o (deputado licenciado) Sandro Alex (PSD), que era candidato em Ponta Grossa, onde temos nossa cozinha central, e falei ‘Eu, Junior Durski, quero te apoiar financeiramente, estou à disposição, se você precisar de dinheiro vou fazer a doação legal no meu nome’. Veja como tem conserto e tem jeito esse Brasil. Ele me respondeu ‘Junior, fico muito honrado, emocionado de você ter me oferecido dinheiro, mas quero te dizer que eu não preciso, não quero’. Aquilo me encheu de orgulho. Eu vi que esse País tem jeito.

Umas quatro semanas depois eu comentei com um advogado amigo meu, o Gustavo Guedes Bonini, que foi advogado do Michel Temer, sobre o sentimento de felicidade que tive de oferecer dinheiro para o Sandro e ele ter dito que não quer. O Gustavo me disse que ele estava cheio de necessidade de pagamento, com o caixa ruim, faltando dinheiro para pagar o resto da campanha e ele falou que não queria. Veja que coisa sensacional. Mesmo assim ele disse obrigado, não quero. Olha o tamanho da seriedade do cara. Ele deve ter pensado ‘Eu tenho outra maneira de pagar e não preciso’. Esse é o Brasil que vale a pena.

Há uma CPI no Congresso e um inquérito no Supremo que tentam ligar quem financia protestos e quem divulga mensagens ofensivas e fake news. O sr. foi procurado pelas autoridades?

Nada, nunca fiz isso. Seja do Bolsonaro, do Congresso ou do Supremo.  Não sei se isso existe.

Existe, o Estadão mostrou em reportagem. O Luciano Hang, da Havan, foi convocado para depor na CPI.

Eu li. Eu me dou com Luciano, sou amigo, somos aqui do Sul. Ele tem a posição dele. Eu acho o Luciano um empresário espetacular, é um visionário, trabalhador. Eu já fui no escritório dele 3 ou 4 vezes e, olha, a gente cansa. Eu me considero um cara trabalhador. Pulo da cama todo dia 4h30, faço duas horas de exercício para me preparar física e psicologicamente para tocar meu negócio até as 19h30. Trabalho com muita intensidade. Digo isso porque às vezes que eu fui no escritório do Luciano Hang eu cansei só de vê-lo trabalhando. Ele tem umas cinco salas de reunião todas de vidro, uma perto da outra, ele toca as cinco ao mesmo tempo. Vai em uma fica 5 minutos e sai para outra. Eu digo, ‘se acalme, cara’. Ele tem uma energia que eu nunca vi na vida! Como empresário é uma coisa sensacional.

Hoje o sr. e o Hang, entre outros, são identificados como empresários bolsonaristas. Isso incomoda ou é uma interpretação errada?

Não, não. Não é errada. Eu sou empresário a favor do Brasil, e o presidente é o Bolsonaro. Para mim é um cara limpo, honesto e bem intencionado. Nós temos que ajudar. Ele é o piloto do avião e eu estou sentado lá atrás. Eu vou rezar para o cara pilotar bem. Não vou querer que ele se ferre porque estou sentado no avião. Se ele explodir o avião eu vou me ferrar. Eu torço pelo Brasil e o piloto do nosso avião nesse momento é o Bolsonaro. O que poderia acontecer? Arranjam um jeito e tira o Bolsonaro, sei lá. E aí f... Não temos mais piloto. Isso não é ajuda para o Brasil, a confusão não é ajuda, é evidente. Tomara que o Bolsonaro dê certo, tomara que vá bem, que os ministros dele, que acho todos bons e limpos, tomara que o Paulo Guedes faça um trabalho sensacional e que o Senado e a Câmara dos Deputados ajudem. É para isso que torço.

O sr. enxerga um boicote ou tentativa de frear o presidente?

Não sei. Eu só sei que os caras ficam pulando dentro do avião para ver se chacoalha bastante, desestabiliza e para ver se o avião cai. Eu queria que todo mundo ajudasse. O Brasil tem um povo maravilhoso desesperado para trabalhar, louco para crescer, para investir, empregar, contratar pessoas. E o outro lado lá fazendo uma confusão, depois viram os políticos... ‘Tomara que caia o cara lá para nós entrarmos’.

Como fica sua relação com outro Luciano, o Huck, seu sócio, que tem projeto político e você apoia Bolsonaro?

Já conversamos muito. Eu gosto muito do Luciano, é meu amigo de longa data.  É um cara do bem, bem intencionado.  Politicamente ele tem opiniões diferentes da minha, e eu respeito muito a opinião dele.  Acho que a opinião dele é pelo bem do Brasil, para fazer um País melhor. Por outro lado, ele como mais ou menos classe artística... Normalmente, se estivessem nos Estados Unidos esse pessoal seria democrata, não seria republicano.  O Luciano é um cara de centro, de centro esquerda. Eu seria republicano, até porque sou um empreendedor, é mais normal esse viés. Ele está um pouquinho mais para a esquerda e eu um pouquinho mais para a direita, mas a gente se respeita muito. Se ele fosse presidente seria muito bem intencionado, tentaria fazer um bom governo e tem toda a condição para isso. Se os políticos deixariam eu não sei. De repente ele entra lá e o problema seria ele. Não seria mais o Bolsonaro. Muda de nome, de todo o caso desestabilizam e tiram o cara. Gosto muito do Luciano, estamos muito bem juntos.

Se Huck levar adiante a candidatura a presidente, terá que romper nos negócios, existe essa cláusula?

Não, não tem nada. Desde que nós começamos, ele ficou meu sócio antes de falaram que ele poderia ser candidato. Falei com ele ontem e ele me disse ‘puxa, Junior, me dá preguiça de ficar nesse meio porque é tão violento, tão maldoso’. Mas não sei se vai ser candidato. Ele nunca me falou que vai nem que não vai. Eu não sei da vida dele, do que pensa. Não sei nem o que a minha esposa pensa, na última linha, que dirá ele. Mas somos muito amigos, nos respeitamos.

BRASÍLIA - O chef e empresário Junior Durski, dono da rede de restaurantes e hamburguerias Madero, disse ao Estado que a manifestação pró-Jair Bolsonaro convocada para domingo, dia 15, ficou "pequenininha" diante da pandemia de coronavírus que se alastra no Brasil. A entrevista com Durski foi feita pouco antes de o próprio presidente, após convocar as pessoas para irem às ruas, sugerir nesta quinta-feira, 12, o adiamento dos atos.

O chef e empresárioJunior Durski, fundador da rede de hamburguerias Madero (29/10/2015) Foto: Divulgação/Gerson Lima

"Eu tenho 3 milhões de clientes por mês para atender. Tudo que estou fazendo nesse momento é olhar o coronavírus, administrando uma crise chegando", afirmou Durski, que disse não ser possível estimar o impacto da crise sanitária nos seus negócios.

Apoiador declarado dos atos e de Bolsonaro, o empresário disse que não financia as manifestações ou grupos que defendem o presidente nas redes sociais e atacam adversários políticos e o Congresso Nacional. Apesar disso, sua rede foi alvo de uma campanha de boicote que não surtiu efeito, revela. "O barulho nas redes sociais não é o que as pessoas pensam. A rede social é muito dura. As pessoas que estão nas redes são muito provocativas, dos dois lados", afirmou.

Sócio de Luciano Huck, possível candidato à sucessão de Bolsonaro, ele diz que se considera mais à direita do que o apresentador da TV Globo e afirma que ele pode ser alvo de políticos assim como Bolsonaro se chegar à Presidência: "Eu torço pelo Brasil e o piloto do nosso avião nesse momento é o Bolsonaro. Os caras ficam pulando dentro do avião para ver se chacoalha bastante, desestabiliza e para ver se o avião cai".

O sr. gravou um vídeo apoiando o ato do dia 15. Qual seu envolvimento com a manifestação pró-Bolsonaro?

O Brasil está chato, ruim. As coisas são polarizadas, tão ‘eu te odeio’, e não deveria ser assim. Os últimos governos deixaram o Brasil numa situação difícil, haja visto os 13 milhões de desempregados. Evidentemente, entre o time que estava no governo e o que está neste governo, eu prefiro este, que é uma esperança. Mas não era minha intenção criar uma repercussão enorme. Quem é do comércio deve atender o cliente. Vai quem quer. Todo mundo é livre para expressar a opinião que tem. Eu nunca ataquei nem ofendi ninguém, seja de qualquer partido. Hoje a coisa é tão difícil que dá vontade de fazer um detox na rede social e só falar de comida.

O sr. vai ao ato no domingo no Paraná?

Não sei. Eu tenho 3 milhões de clientes por mês para atender. Tudo que estou fazendo nesse momento é olhar o coronavírus, administrando uma crise chegando. Acho que isso é outra história. Não sei se deve ter ou não (manifestação). Não sei como vamos acordar amanhã com esse coronavírus. Acho que isso não é a prioridade no Brasil e não é a minha prioridade agora.

Houve algum contato com o governo sobre o que fazer frente ao coronavírus nas suas fábricas e restaurantes, alguma recomendação sobre parar atividades?

Eu tenho 27 obras no Brasil, estou construindo restaurantes, tenho investimento de R$ 150 milhões na cozinha central em Ponta Grossa. E tenho um caixa bom, mas quanto tempo vai durar esse problema? As pessoas vão sair para um restaurante? Quanta venda a gente ganha ou perde?

Tenho 8 mil funcionários. Eu dou alojamento para quase todos, 97% dos funcionários moram nas nossas residências. Eu tenho mais responsabilidade com meu pessoal. Tenho um pouco mais de 700 casas e apartamentos alugados no Brasil inteiro que dou residência a menos de 15 minutos dos restaurantes para todo esse pessoal, sem cobrar nada. Tenho residências com oito, seis empregados morando. O que eu faço se alguém é contaminado? Fecho a residência? Eu contrato as pessoas no interior, em cidades mais necessitadas, pessoas de primeiro emprego, ensinando a trabalhar. Eu mando o cara de volta para a cidade dele? Vai ter que ir de ônibus, pode chegar lá e contaminar a família? Seguro o cara na residência com mais oito pessoas? É difícil a situação. O que é melhor fazer fechar ou não os restaurantes? As pessoas vão precisar comer, vão precisar de delivery e eu mando na casa do cara. Sabe... Esse negócio de manifestação virou pequenininho perto do tamanho dessa crise que está chegando nesse final de semana.

O sr. tem ideia de quanto pode impactar seu negócio?

Tudo que alguém falar hoje é chute. Sei lá. Aperta o cinto porque vamos entrar numa turbulência grande, mantenha calma, cuidado com caixa e vamos lá estar preparado para o que acontecer. Temos que pensar como advogado no worst case (pior cenário). Eu como empreendedor só penso no best case (melhor cenário). Agora estou pensando como advogado.

Fizeram campanha de boicote ao Madero após o sr. declarar apoio a Bolsonaro. Isso pegou, afetou?

Não pega. Depois que teve a repercussão na semana passada eu estou de olho nas vendas. A única maneira é medir em relação ao ano passado, nos restaurantes abertos. Foi positivo. Estamos nessa semana 7% positivo. O barulho nas redes sociais não é o que as pessoas pensam. A rede social é muito dura. As pessoas que estão nas redes são muito provocativas, dos dois lados. Nunca foi meu estilo, meu negócio. Brigar é uma coisa, no mínimo, não inteligente. Se as pessoas não se entendem, que tentem conversar e se não der corta a relação só e toca a vida. Com respeito. A rede social não funciona assim. É uma coisa chata que faz parte do Brasil.

O sr. se arrependeu de ter feito o vídeo de apoio?

Não me arrependi, mas também não me orgulho, não me aplaudo. Por que eu não fico quieto e vou fazer hambúrguer? Esse é o ponto. Estou muito mais preocupado com a chegada do coronavírus, o que a gente pode fazer para ajudar e se defender. Esse é o assunto do momento. Tudo nesse País perdeu o efeito com a chegada desse coronavírus e deve tomar uma proporção muito maior. Minha obrigação como patriota, como pessoa que a ama o Brasil é tentar ajudar nesse problema. O coronavírus não vai escolher a direita ou a esquerda para infectar, vai pegar todo mundo e todo mundo está junto.

Talvez fosse momento de todo mundo se desarmar e ficar na paz. Vamos por uma coisa só, pelo Brasil, pelo combate ao coronavírus. Eu tenho toda proteção do mundo se ficar na minha casa, com minha família, e proteger meus empregados, que a gente consegue. Mas e todas as comunidades no Rio, São Paulo? Como essas pessoas se defendem? Como vamos falar fica em quarentena numa favela com 10 pessoas dentro da casa, o cara não tem dinheiro para comer amanhã, tem que sair na rua e fazer um bico para tentar ganhar dinheiro porque temos um problema social violento no Brasil. Tudo perde o efeito perto disso.

A convocação para domingo deveria ser suspensa?

Não sei. Temos que pensar no coronavírus. Se eu falar que sim, vai sair que o Junior acha que tem que parar, que a manifestação está errada. Ou que ele acha que não. As pessoas que vão ler vão deturpar toda a história. Não falei mal de ninguém no vídeo. Falei que apoio o Bolsonaro, que tenho orgulho de ter votado nele. Acho que é um presidente bom para o Brasil, bem intencionado, que é um cara sério. Só o fato de ser sério nesse País é um grande avanço. ‘Ah, mas ele fala mal da imprensa.’ A imprensa fala mal dele, ele fala mal da imprensa, aí vira esse círculo vicioso que todo mundo perde.

O maior problema do Brasil sempre foi a corrupção. A gente não está vendo falar em corrupção nos mesmos níveis que se falava nos governos anteriores. Hoje está muito mais organizado, mais limpo, esse País. Não tenho dúvida nenhuma. A gente está vendo que a segurança pública está melhorando, isso são números, ninguém pode negar. ‘Ah, mas a polícia mata’. Nossa, cara, vamos entrar num lugar que é mais fácil discutir religião que isso.

O sr. apoia financeiramente a manifestação ou grupos que divulgam mensagens contra Congresso e os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre? Você sabe quem ajuda a financiar?

Eu não apoio financeiramente ninguém. E não sei de nenhum empresário que fez, não conheço. Na eleição passada, eu não dei 1 centavo para ninguém, mas não que não ofereci. Quinze dias antes da eleição, eu liguei para o (deputado licenciado) Sandro Alex (PSD), que era candidato em Ponta Grossa, onde temos nossa cozinha central, e falei ‘Eu, Junior Durski, quero te apoiar financeiramente, estou à disposição, se você precisar de dinheiro vou fazer a doação legal no meu nome’. Veja como tem conserto e tem jeito esse Brasil. Ele me respondeu ‘Junior, fico muito honrado, emocionado de você ter me oferecido dinheiro, mas quero te dizer que eu não preciso, não quero’. Aquilo me encheu de orgulho. Eu vi que esse País tem jeito.

Umas quatro semanas depois eu comentei com um advogado amigo meu, o Gustavo Guedes Bonini, que foi advogado do Michel Temer, sobre o sentimento de felicidade que tive de oferecer dinheiro para o Sandro e ele ter dito que não quer. O Gustavo me disse que ele estava cheio de necessidade de pagamento, com o caixa ruim, faltando dinheiro para pagar o resto da campanha e ele falou que não queria. Veja que coisa sensacional. Mesmo assim ele disse obrigado, não quero. Olha o tamanho da seriedade do cara. Ele deve ter pensado ‘Eu tenho outra maneira de pagar e não preciso’. Esse é o Brasil que vale a pena.

Há uma CPI no Congresso e um inquérito no Supremo que tentam ligar quem financia protestos e quem divulga mensagens ofensivas e fake news. O sr. foi procurado pelas autoridades?

Nada, nunca fiz isso. Seja do Bolsonaro, do Congresso ou do Supremo.  Não sei se isso existe.

Existe, o Estadão mostrou em reportagem. O Luciano Hang, da Havan, foi convocado para depor na CPI.

Eu li. Eu me dou com Luciano, sou amigo, somos aqui do Sul. Ele tem a posição dele. Eu acho o Luciano um empresário espetacular, é um visionário, trabalhador. Eu já fui no escritório dele 3 ou 4 vezes e, olha, a gente cansa. Eu me considero um cara trabalhador. Pulo da cama todo dia 4h30, faço duas horas de exercício para me preparar física e psicologicamente para tocar meu negócio até as 19h30. Trabalho com muita intensidade. Digo isso porque às vezes que eu fui no escritório do Luciano Hang eu cansei só de vê-lo trabalhando. Ele tem umas cinco salas de reunião todas de vidro, uma perto da outra, ele toca as cinco ao mesmo tempo. Vai em uma fica 5 minutos e sai para outra. Eu digo, ‘se acalme, cara’. Ele tem uma energia que eu nunca vi na vida! Como empresário é uma coisa sensacional.

Hoje o sr. e o Hang, entre outros, são identificados como empresários bolsonaristas. Isso incomoda ou é uma interpretação errada?

Não, não. Não é errada. Eu sou empresário a favor do Brasil, e o presidente é o Bolsonaro. Para mim é um cara limpo, honesto e bem intencionado. Nós temos que ajudar. Ele é o piloto do avião e eu estou sentado lá atrás. Eu vou rezar para o cara pilotar bem. Não vou querer que ele se ferre porque estou sentado no avião. Se ele explodir o avião eu vou me ferrar. Eu torço pelo Brasil e o piloto do nosso avião nesse momento é o Bolsonaro. O que poderia acontecer? Arranjam um jeito e tira o Bolsonaro, sei lá. E aí f... Não temos mais piloto. Isso não é ajuda para o Brasil, a confusão não é ajuda, é evidente. Tomara que o Bolsonaro dê certo, tomara que vá bem, que os ministros dele, que acho todos bons e limpos, tomara que o Paulo Guedes faça um trabalho sensacional e que o Senado e a Câmara dos Deputados ajudem. É para isso que torço.

O sr. enxerga um boicote ou tentativa de frear o presidente?

Não sei. Eu só sei que os caras ficam pulando dentro do avião para ver se chacoalha bastante, desestabiliza e para ver se o avião cai. Eu queria que todo mundo ajudasse. O Brasil tem um povo maravilhoso desesperado para trabalhar, louco para crescer, para investir, empregar, contratar pessoas. E o outro lado lá fazendo uma confusão, depois viram os políticos... ‘Tomara que caia o cara lá para nós entrarmos’.

Como fica sua relação com outro Luciano, o Huck, seu sócio, que tem projeto político e você apoia Bolsonaro?

Já conversamos muito. Eu gosto muito do Luciano, é meu amigo de longa data.  É um cara do bem, bem intencionado.  Politicamente ele tem opiniões diferentes da minha, e eu respeito muito a opinião dele.  Acho que a opinião dele é pelo bem do Brasil, para fazer um País melhor. Por outro lado, ele como mais ou menos classe artística... Normalmente, se estivessem nos Estados Unidos esse pessoal seria democrata, não seria republicano.  O Luciano é um cara de centro, de centro esquerda. Eu seria republicano, até porque sou um empreendedor, é mais normal esse viés. Ele está um pouquinho mais para a esquerda e eu um pouquinho mais para a direita, mas a gente se respeita muito. Se ele fosse presidente seria muito bem intencionado, tentaria fazer um bom governo e tem toda a condição para isso. Se os políticos deixariam eu não sei. De repente ele entra lá e o problema seria ele. Não seria mais o Bolsonaro. Muda de nome, de todo o caso desestabilizam e tiram o cara. Gosto muito do Luciano, estamos muito bem juntos.

Se Huck levar adiante a candidatura a presidente, terá que romper nos negócios, existe essa cláusula?

Não, não tem nada. Desde que nós começamos, ele ficou meu sócio antes de falaram que ele poderia ser candidato. Falei com ele ontem e ele me disse ‘puxa, Junior, me dá preguiça de ficar nesse meio porque é tão violento, tão maldoso’. Mas não sei se vai ser candidato. Ele nunca me falou que vai nem que não vai. Eu não sei da vida dele, do que pensa. Não sei nem o que a minha esposa pensa, na última linha, que dirá ele. Mas somos muito amigos, nos respeitamos.

BRASÍLIA - O chef e empresário Junior Durski, dono da rede de restaurantes e hamburguerias Madero, disse ao Estado que a manifestação pró-Jair Bolsonaro convocada para domingo, dia 15, ficou "pequenininha" diante da pandemia de coronavírus que se alastra no Brasil. A entrevista com Durski foi feita pouco antes de o próprio presidente, após convocar as pessoas para irem às ruas, sugerir nesta quinta-feira, 12, o adiamento dos atos.

O chef e empresárioJunior Durski, fundador da rede de hamburguerias Madero (29/10/2015) Foto: Divulgação/Gerson Lima

"Eu tenho 3 milhões de clientes por mês para atender. Tudo que estou fazendo nesse momento é olhar o coronavírus, administrando uma crise chegando", afirmou Durski, que disse não ser possível estimar o impacto da crise sanitária nos seus negócios.

Apoiador declarado dos atos e de Bolsonaro, o empresário disse que não financia as manifestações ou grupos que defendem o presidente nas redes sociais e atacam adversários políticos e o Congresso Nacional. Apesar disso, sua rede foi alvo de uma campanha de boicote que não surtiu efeito, revela. "O barulho nas redes sociais não é o que as pessoas pensam. A rede social é muito dura. As pessoas que estão nas redes são muito provocativas, dos dois lados", afirmou.

Sócio de Luciano Huck, possível candidato à sucessão de Bolsonaro, ele diz que se considera mais à direita do que o apresentador da TV Globo e afirma que ele pode ser alvo de políticos assim como Bolsonaro se chegar à Presidência: "Eu torço pelo Brasil e o piloto do nosso avião nesse momento é o Bolsonaro. Os caras ficam pulando dentro do avião para ver se chacoalha bastante, desestabiliza e para ver se o avião cai".

O sr. gravou um vídeo apoiando o ato do dia 15. Qual seu envolvimento com a manifestação pró-Bolsonaro?

O Brasil está chato, ruim. As coisas são polarizadas, tão ‘eu te odeio’, e não deveria ser assim. Os últimos governos deixaram o Brasil numa situação difícil, haja visto os 13 milhões de desempregados. Evidentemente, entre o time que estava no governo e o que está neste governo, eu prefiro este, que é uma esperança. Mas não era minha intenção criar uma repercussão enorme. Quem é do comércio deve atender o cliente. Vai quem quer. Todo mundo é livre para expressar a opinião que tem. Eu nunca ataquei nem ofendi ninguém, seja de qualquer partido. Hoje a coisa é tão difícil que dá vontade de fazer um detox na rede social e só falar de comida.

O sr. vai ao ato no domingo no Paraná?

Não sei. Eu tenho 3 milhões de clientes por mês para atender. Tudo que estou fazendo nesse momento é olhar o coronavírus, administrando uma crise chegando. Acho que isso é outra história. Não sei se deve ter ou não (manifestação). Não sei como vamos acordar amanhã com esse coronavírus. Acho que isso não é a prioridade no Brasil e não é a minha prioridade agora.

Houve algum contato com o governo sobre o que fazer frente ao coronavírus nas suas fábricas e restaurantes, alguma recomendação sobre parar atividades?

Eu tenho 27 obras no Brasil, estou construindo restaurantes, tenho investimento de R$ 150 milhões na cozinha central em Ponta Grossa. E tenho um caixa bom, mas quanto tempo vai durar esse problema? As pessoas vão sair para um restaurante? Quanta venda a gente ganha ou perde?

Tenho 8 mil funcionários. Eu dou alojamento para quase todos, 97% dos funcionários moram nas nossas residências. Eu tenho mais responsabilidade com meu pessoal. Tenho um pouco mais de 700 casas e apartamentos alugados no Brasil inteiro que dou residência a menos de 15 minutos dos restaurantes para todo esse pessoal, sem cobrar nada. Tenho residências com oito, seis empregados morando. O que eu faço se alguém é contaminado? Fecho a residência? Eu contrato as pessoas no interior, em cidades mais necessitadas, pessoas de primeiro emprego, ensinando a trabalhar. Eu mando o cara de volta para a cidade dele? Vai ter que ir de ônibus, pode chegar lá e contaminar a família? Seguro o cara na residência com mais oito pessoas? É difícil a situação. O que é melhor fazer fechar ou não os restaurantes? As pessoas vão precisar comer, vão precisar de delivery e eu mando na casa do cara. Sabe... Esse negócio de manifestação virou pequenininho perto do tamanho dessa crise que está chegando nesse final de semana.

O sr. tem ideia de quanto pode impactar seu negócio?

Tudo que alguém falar hoje é chute. Sei lá. Aperta o cinto porque vamos entrar numa turbulência grande, mantenha calma, cuidado com caixa e vamos lá estar preparado para o que acontecer. Temos que pensar como advogado no worst case (pior cenário). Eu como empreendedor só penso no best case (melhor cenário). Agora estou pensando como advogado.

Fizeram campanha de boicote ao Madero após o sr. declarar apoio a Bolsonaro. Isso pegou, afetou?

Não pega. Depois que teve a repercussão na semana passada eu estou de olho nas vendas. A única maneira é medir em relação ao ano passado, nos restaurantes abertos. Foi positivo. Estamos nessa semana 7% positivo. O barulho nas redes sociais não é o que as pessoas pensam. A rede social é muito dura. As pessoas que estão nas redes são muito provocativas, dos dois lados. Nunca foi meu estilo, meu negócio. Brigar é uma coisa, no mínimo, não inteligente. Se as pessoas não se entendem, que tentem conversar e se não der corta a relação só e toca a vida. Com respeito. A rede social não funciona assim. É uma coisa chata que faz parte do Brasil.

O sr. se arrependeu de ter feito o vídeo de apoio?

Não me arrependi, mas também não me orgulho, não me aplaudo. Por que eu não fico quieto e vou fazer hambúrguer? Esse é o ponto. Estou muito mais preocupado com a chegada do coronavírus, o que a gente pode fazer para ajudar e se defender. Esse é o assunto do momento. Tudo nesse País perdeu o efeito com a chegada desse coronavírus e deve tomar uma proporção muito maior. Minha obrigação como patriota, como pessoa que a ama o Brasil é tentar ajudar nesse problema. O coronavírus não vai escolher a direita ou a esquerda para infectar, vai pegar todo mundo e todo mundo está junto.

Talvez fosse momento de todo mundo se desarmar e ficar na paz. Vamos por uma coisa só, pelo Brasil, pelo combate ao coronavírus. Eu tenho toda proteção do mundo se ficar na minha casa, com minha família, e proteger meus empregados, que a gente consegue. Mas e todas as comunidades no Rio, São Paulo? Como essas pessoas se defendem? Como vamos falar fica em quarentena numa favela com 10 pessoas dentro da casa, o cara não tem dinheiro para comer amanhã, tem que sair na rua e fazer um bico para tentar ganhar dinheiro porque temos um problema social violento no Brasil. Tudo perde o efeito perto disso.

A convocação para domingo deveria ser suspensa?

Não sei. Temos que pensar no coronavírus. Se eu falar que sim, vai sair que o Junior acha que tem que parar, que a manifestação está errada. Ou que ele acha que não. As pessoas que vão ler vão deturpar toda a história. Não falei mal de ninguém no vídeo. Falei que apoio o Bolsonaro, que tenho orgulho de ter votado nele. Acho que é um presidente bom para o Brasil, bem intencionado, que é um cara sério. Só o fato de ser sério nesse País é um grande avanço. ‘Ah, mas ele fala mal da imprensa.’ A imprensa fala mal dele, ele fala mal da imprensa, aí vira esse círculo vicioso que todo mundo perde.

O maior problema do Brasil sempre foi a corrupção. A gente não está vendo falar em corrupção nos mesmos níveis que se falava nos governos anteriores. Hoje está muito mais organizado, mais limpo, esse País. Não tenho dúvida nenhuma. A gente está vendo que a segurança pública está melhorando, isso são números, ninguém pode negar. ‘Ah, mas a polícia mata’. Nossa, cara, vamos entrar num lugar que é mais fácil discutir religião que isso.

O sr. apoia financeiramente a manifestação ou grupos que divulgam mensagens contra Congresso e os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre? Você sabe quem ajuda a financiar?

Eu não apoio financeiramente ninguém. E não sei de nenhum empresário que fez, não conheço. Na eleição passada, eu não dei 1 centavo para ninguém, mas não que não ofereci. Quinze dias antes da eleição, eu liguei para o (deputado licenciado) Sandro Alex (PSD), que era candidato em Ponta Grossa, onde temos nossa cozinha central, e falei ‘Eu, Junior Durski, quero te apoiar financeiramente, estou à disposição, se você precisar de dinheiro vou fazer a doação legal no meu nome’. Veja como tem conserto e tem jeito esse Brasil. Ele me respondeu ‘Junior, fico muito honrado, emocionado de você ter me oferecido dinheiro, mas quero te dizer que eu não preciso, não quero’. Aquilo me encheu de orgulho. Eu vi que esse País tem jeito.

Umas quatro semanas depois eu comentei com um advogado amigo meu, o Gustavo Guedes Bonini, que foi advogado do Michel Temer, sobre o sentimento de felicidade que tive de oferecer dinheiro para o Sandro e ele ter dito que não quer. O Gustavo me disse que ele estava cheio de necessidade de pagamento, com o caixa ruim, faltando dinheiro para pagar o resto da campanha e ele falou que não queria. Veja que coisa sensacional. Mesmo assim ele disse obrigado, não quero. Olha o tamanho da seriedade do cara. Ele deve ter pensado ‘Eu tenho outra maneira de pagar e não preciso’. Esse é o Brasil que vale a pena.

Há uma CPI no Congresso e um inquérito no Supremo que tentam ligar quem financia protestos e quem divulga mensagens ofensivas e fake news. O sr. foi procurado pelas autoridades?

Nada, nunca fiz isso. Seja do Bolsonaro, do Congresso ou do Supremo.  Não sei se isso existe.

Existe, o Estadão mostrou em reportagem. O Luciano Hang, da Havan, foi convocado para depor na CPI.

Eu li. Eu me dou com Luciano, sou amigo, somos aqui do Sul. Ele tem a posição dele. Eu acho o Luciano um empresário espetacular, é um visionário, trabalhador. Eu já fui no escritório dele 3 ou 4 vezes e, olha, a gente cansa. Eu me considero um cara trabalhador. Pulo da cama todo dia 4h30, faço duas horas de exercício para me preparar física e psicologicamente para tocar meu negócio até as 19h30. Trabalho com muita intensidade. Digo isso porque às vezes que eu fui no escritório do Luciano Hang eu cansei só de vê-lo trabalhando. Ele tem umas cinco salas de reunião todas de vidro, uma perto da outra, ele toca as cinco ao mesmo tempo. Vai em uma fica 5 minutos e sai para outra. Eu digo, ‘se acalme, cara’. Ele tem uma energia que eu nunca vi na vida! Como empresário é uma coisa sensacional.

Hoje o sr. e o Hang, entre outros, são identificados como empresários bolsonaristas. Isso incomoda ou é uma interpretação errada?

Não, não. Não é errada. Eu sou empresário a favor do Brasil, e o presidente é o Bolsonaro. Para mim é um cara limpo, honesto e bem intencionado. Nós temos que ajudar. Ele é o piloto do avião e eu estou sentado lá atrás. Eu vou rezar para o cara pilotar bem. Não vou querer que ele se ferre porque estou sentado no avião. Se ele explodir o avião eu vou me ferrar. Eu torço pelo Brasil e o piloto do nosso avião nesse momento é o Bolsonaro. O que poderia acontecer? Arranjam um jeito e tira o Bolsonaro, sei lá. E aí f... Não temos mais piloto. Isso não é ajuda para o Brasil, a confusão não é ajuda, é evidente. Tomara que o Bolsonaro dê certo, tomara que vá bem, que os ministros dele, que acho todos bons e limpos, tomara que o Paulo Guedes faça um trabalho sensacional e que o Senado e a Câmara dos Deputados ajudem. É para isso que torço.

O sr. enxerga um boicote ou tentativa de frear o presidente?

Não sei. Eu só sei que os caras ficam pulando dentro do avião para ver se chacoalha bastante, desestabiliza e para ver se o avião cai. Eu queria que todo mundo ajudasse. O Brasil tem um povo maravilhoso desesperado para trabalhar, louco para crescer, para investir, empregar, contratar pessoas. E o outro lado lá fazendo uma confusão, depois viram os políticos... ‘Tomara que caia o cara lá para nós entrarmos’.

Como fica sua relação com outro Luciano, o Huck, seu sócio, que tem projeto político e você apoia Bolsonaro?

Já conversamos muito. Eu gosto muito do Luciano, é meu amigo de longa data.  É um cara do bem, bem intencionado.  Politicamente ele tem opiniões diferentes da minha, e eu respeito muito a opinião dele.  Acho que a opinião dele é pelo bem do Brasil, para fazer um País melhor. Por outro lado, ele como mais ou menos classe artística... Normalmente, se estivessem nos Estados Unidos esse pessoal seria democrata, não seria republicano.  O Luciano é um cara de centro, de centro esquerda. Eu seria republicano, até porque sou um empreendedor, é mais normal esse viés. Ele está um pouquinho mais para a esquerda e eu um pouquinho mais para a direita, mas a gente se respeita muito. Se ele fosse presidente seria muito bem intencionado, tentaria fazer um bom governo e tem toda a condição para isso. Se os políticos deixariam eu não sei. De repente ele entra lá e o problema seria ele. Não seria mais o Bolsonaro. Muda de nome, de todo o caso desestabilizam e tiram o cara. Gosto muito do Luciano, estamos muito bem juntos.

Se Huck levar adiante a candidatura a presidente, terá que romper nos negócios, existe essa cláusula?

Não, não tem nada. Desde que nós começamos, ele ficou meu sócio antes de falaram que ele poderia ser candidato. Falei com ele ontem e ele me disse ‘puxa, Junior, me dá preguiça de ficar nesse meio porque é tão violento, tão maldoso’. Mas não sei se vai ser candidato. Ele nunca me falou que vai nem que não vai. Eu não sei da vida dele, do que pensa. Não sei nem o que a minha esposa pensa, na última linha, que dirá ele. Mas somos muito amigos, nos respeitamos.

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