Durante agenda do último dia de campanha antes do primeiro turno das eleições, Pablo Marçal (PRTB) disse não ver “delito” na publicação de laudo falso na noite de sexta-feira, 4, em que acusa Guilherme Boulos (PSOL) de surto psicótico decorrente de uso de cocaína. Para o ex-coach, a responsabilidade da contraprova é do psolista.
“Não tem nenhum delito nisso. A contraprova é dele”, afirmou Marçal durante entrevista à imprensa neste sábado, 5. Além disso, o candidato do PRTB também afirmou não ter medo de ser sua candidatura impugnada ou, caso eleito, de ser cassado. “Zero.”
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Questionado se ele teria verificado a veracidade do laudo ao publicá-lo, respondeu: “Quem postou, verificou”.
Como mostrado pelo Estadão, há pelo menos oito evidências de falsificação do laudo divulgado por Marçal na reta final da disputa pela Prefeitura de São Paulo. Entre outros itens, o RG citado no documento não é o de Boulos e a assinatura do médico José Roberto de Souza — já falecido — não corresponde à que ele usava em documentos oficiais. Além disso, o psolista estava distribuindo cestas básicas numa comunidade da zona sul de São Paulo no dia da suposta internação, 19 de janeiro de 2021, como mostram posts reproduzidos na noite de ontem pelas suas redes sociais.
“Eu recebi e publiquei sobre o Boulos, que é um criminoso”, declarou Marçal. O empresário voltou a acusar seu adversário de ser usuário de drogas durante o ato que chamou de “corrida pelo povo”, que realiza na véspera do pleito. O ex-coach, além disso, disse que o rival deve ser tratado como “marginal”. “(Boulos é) alguém que não merece um pingo de respeito. Usou dinheiro público para me destruir. Tenho que tratar ele como marginal mesmo”, declarou à imprensa.
Como apurado pelo Estadão com advogados especializados em direito eleitoral, se a Justiça Eleitoral reconhecer como falso o laudo divulgado, Marçal pode ser cassado e ficar inelegível por oito anos, além de pegar até três anos de prisão por crime contra a honra do rival. Os especialistas veem o possível enquadramento de Marçal em graves crimes eleitorais, além de delitos tipificados no Código Penal.
Boulos foi à Justiça para questionar a publicação e o juiz da 2ª Zona Eleitoral de São Paulo, Rodrigo Marzola Colombini, viu “plausibilidade” na acusação sobre falsificação e determinou a exclusão das postagens que mencionam o laudo. No entanto, não suspendeu as redes sociais de Marçal e de outros dos perfis desconhecidos que também publicaram o documento.
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Como ultimo ato de campanha, Marçal decidiu correr por São Paulo. O ato começou no inicio da madrugada de sexta, 4, para sábado, 5. Segundo a campanha do ex-coach, só deve terminar na manhã de domingo, 6, dia da votação, na frente do colégio onde o influenciador vota.
Marçal começou o trajeto na Marginal Tietê e deve passar pela Estação Corinthians-Itaquera e pelo entorno do Parque Ibirapuera. O percurso real ainda é incerto, já que, de acordo com sua equipe, ele é definido praticamente “em tempo real” pelo próprio candidato. A intenção do influenciador é correr 128km ao todo.