O candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) exaltou, em seu primeiro ato de campanha, a relação com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), oficialmente apoiador do prefeito e candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB). Marçal afirmou que conversou com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) antes de lançar a candidatura e ouviu que ele já tinha dado sua palavra sobre apoio ao adversário. “Ele está apalavrado com Nunes”, afirmou durante caminhada pela Cidade Tiradentes, na Zona Leste da capital, nesta sexta-feira (16), em sua primeira agenda de campanha que iniciou depois de um atraso de três horas.
Segundo o postulante, ele e o ex-presidente conversam às vezes pelo WhatsApp. Bolsonaro chegou a elogiar Pablo Marçal em entrevista à Rádio 96 FM, de Natal (RN). “Eu fechei com o Ricardo Nunes. Não é o meu candidato dos sonhos, mas eu tenho um compromisso. Vou ajudá-lo onde for possível. Lá tem a figura nova do Pablo Marçal, que fala muito bem. Uma pessoa inteligente. Tem suas virtudes. Não tem experiência, mas faz parte”, disse o ex-presidente. Nunes minimizou o episódio. O prefeito afirmou que conversou com ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e que seu vice procurou o ex-presidente: “Está tudo tranquilo”.
Em entrevista a jornalistas, o candidato afirmou que não tem experiência, “mas tem geração de emprego e impostos”, ao se referir sobre suas empresas, e ainda questionou a necessidade de já ter atuado em cargo público. “Experiência em usar o sistema para perseguir inimigos políticos?”, completou. Sobre o apoio de Bolsonaro a Nunes, Marçal desejou “que Deus abençoe” e afirmou “eu escolhi o povo”.
Marçal decidiu ir até a Cidade Tiradentes para iniciar a campanha eleitoral pois, segundo ele, “é um dos pontos mais longe da cidade, possui poucas empresas e muita gente”. O postulante se comprometeu, caso eleito, a dar incentivos para empresas que levarem filiais para a região.
Depois, o candidato do PRTB seguiu para a Rua 25 de Março, no Centro da capital, onde conversou com comerciantes e apoiadores, gerando bastante tumulto em uma das principais ruas de comércio da região, o que incomodou alguns lojistas. “Ele faz esse tumulto e a gente perde a venda”, afirmou Deivison Araújo, de 30 anos.
Há comerciantes, por sua vez, que o apoiam. Vendedor ambulante há 12 anos, Kleber Alves disse que Marçal deveria colocar a polícia “para fazer o que deve ser feito”. Em conversa com apoiadores, o candidato falou sobre a regularização dos comerciantes da região. “Tenho aluno que trabalha na feira da madrugada e fatura R$ 600 mil por mês”, contou.
Poucos recursos e ajuste na campanha
O candidato afirmou ainda que precisará fazer ajustes na campanha porque, apesar de já ter recebido mil doações, o valor ainda é baixo para financiar a candidatura, e reafirmou que não utilizará dinheiro público, nem o próprio patrimônio. “Apesar de ter dinheiro, não vou colocar meu dinheiro”, disse.
Marçal não possui tempo de televisão e já afirmou que também não usará o fundo eleitoral - o PRTB possui R$ 3,4 milhões para dividir entre todas as candidaturas - para financiar sua disputa ao pleito. A estratégia do candidato é fazer uso do alcance das redes sociais, onde já acumula mais de 13 milhões de seguidores, e financiar a campanha por meio de doações.
Carteira de trabalho reaparece nas agendas
Marçal levou uma carteira de trabalho para as duas agendas. O postulante provocou o adversário Guilherme Boulos (PSOL) no último debate realizado pelo Estadão dizendo que iria exorcizá-lo com ela após o psolista compará-lo ao Padre Kelmon. O candidato do PRTB publicou diversos vídeos - que já somam mais de 100 milhões de visualizações - com momentos em que mostra a carteira para Boulos.
Ele tem sido criticado pelos adversários pela postura agressiva nos embates, o que fez com que as equipes dos outros candidatos se comunicassem. “O pessoal da minha campanha está conversando com as outras campanhas para a gente poder criar um ambiente saudável e propositivo para a cidade”, disse o prefeito Ricardo Nunes.
O Ministério Público Eleitoral (MPE) pediu a abertura de inquérito pela Polícia Federal (PF) contra Marçal após Boulos enviar uma notícia-crime à Justiça Eleitoral acusando o adversário de divulgar notícias falsas. O candidato do PRTB insinuou que Boulos seria um usuário de drogas. Durante a agenda, Marçal voltou a dizer que basta pedir exames toxicológicos e que apresentará provas “na hora certa”.
Marçal afirmou que não inicia as brigas, mas sim encerra todas elas. “Eles passam energia para mim, agora vão ter que aguentar”, disse sobre sua postura nos embates. O postulante ainda ressaltou sua boa relação com a candidata Marina Helena (Novo), a quem teceu elogios durante o último debate. Segundo Marçal, não houve brigas com Marina, nem com José Luiz Datena (PSDB) porque eles têm “nobreza”.