As relações entre o Poder Civil e o poder Militar

Análise|A lista de livros do candidato Fernando Haddad e o que é incompreensível para o presidente Lula


A oposição entre os livros e a ação prática serve apenas para reafirmar velhos preconceitos

Por Marcelo Godoy
Atualização:

“Entre escritor / e leitor / posta-se o intermediário / e o gosto / do intermediário / é bastante intermédio.” Esses são os versos iniciais do poema Incompreensível para as massas, de Vladimir Maiakovski, traduzido pelos irmãos Augusto e Haroldo de Campos. A diatribe do russo era uma resposta às críticas que censuravam sua obra por não “ter consciência de classe suficientemente proletária”. Lá se vão cem anos...

O então candidato a governador Fernando Haddad elaborou para os professores de São Paulo uma lista de dez livros, entre eles, os poemas de Maiakovski Foto: Reprodução / Estadão

Mas voltemos à resposta de Maiakovski aos censores. “Camponeses – ele dizia dos críticos – só viu antes da guerra”, em uma dacha ao comprar “mocotós de vitela”. “Operários? / Viu menos. / Deu com dois / uma vez / por ocasião da cheia, / dois pontos / numa ponte / contemplando o terreno, / vendo a água subir / e a fusão das geleiras.”

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Pois assim enxergam o País alguns em Brasília, como dois pontos distantes, vislumbrados somente quando alguma crise desperta a atenção dos que se refestelam nas mesas do poder. Fernando Haddad deve saber disso. O ministro leu livros. A começar de Maiakovski. Candidato ao governo de São Paulo ao mesmo tempo que Lula disputava a Presidência, Haddad distribuiu aos professores paulistas uma lista de livros que ele – também um professor – acreditava todos devessem ler.

Os poemas do russo ocupavam o primeiro lugar da lista. Seguiam-nos algumas leituras curiosas para alguém que foi parar na Esplanada. Ali estavam O Processo, de Kafka; Memórias Póstumas de Brás Cubas, História Geral da África, A Revolução dos Bichos, Cem Anos de Solidão, Ficções, Budapeste e Leite Derramado. Por fim, o candidato ao governo paulista indicava um livro de sua autoria: O terceiro excluído. O homem que fazia política com livros não foi eleito. Lula foi.

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Alguém poderia dizer que a prática é o único critério da verdade, que foi em relação a ela que o presidente se referiu em oposição às teorias contidas apenas nos livros. Turiferários dispostos a tudo perdoar e a explicar enxergariam toda uma lição sobre a práxis em duas frases de Lula, como se estivéssemos em 1845, quando Marx escreveu suas Teses sobre Feuerbach.

Este é um país em que o mercado de livros conheceu uma queda de 7,13% em 2023, uma retração de 4,4 milhões nos exemplares vendidos. A palavra presidencial não devia se transformar em desestímulo à cultura e às leituras. Um presidente deve ter bons modos, sem os quais pode sentir-se à vontade até para dizer: “Eu não sou coveiro”.

Resta ao ministro lembrar ao chefe os conselhos do candidato Haddad e responder ao presidente como Maiakovski aos censores russos: “O livro bom / é claro / e necessário / a vós, / a mim, / ao camponês / e ao operário”. E também aos parlamentares e a quem com eles deve lidar.

“Entre escritor / e leitor / posta-se o intermediário / e o gosto / do intermediário / é bastante intermédio.” Esses são os versos iniciais do poema Incompreensível para as massas, de Vladimir Maiakovski, traduzido pelos irmãos Augusto e Haroldo de Campos. A diatribe do russo era uma resposta às críticas que censuravam sua obra por não “ter consciência de classe suficientemente proletária”. Lá se vão cem anos...

O então candidato a governador Fernando Haddad elaborou para os professores de São Paulo uma lista de dez livros, entre eles, os poemas de Maiakovski Foto: Reprodução / Estadão

Mas voltemos à resposta de Maiakovski aos censores. “Camponeses – ele dizia dos críticos – só viu antes da guerra”, em uma dacha ao comprar “mocotós de vitela”. “Operários? / Viu menos. / Deu com dois / uma vez / por ocasião da cheia, / dois pontos / numa ponte / contemplando o terreno, / vendo a água subir / e a fusão das geleiras.”

Pois assim enxergam o País alguns em Brasília, como dois pontos distantes, vislumbrados somente quando alguma crise desperta a atenção dos que se refestelam nas mesas do poder. Fernando Haddad deve saber disso. O ministro leu livros. A começar de Maiakovski. Candidato ao governo de São Paulo ao mesmo tempo que Lula disputava a Presidência, Haddad distribuiu aos professores paulistas uma lista de livros que ele – também um professor – acreditava todos devessem ler.

Os poemas do russo ocupavam o primeiro lugar da lista. Seguiam-nos algumas leituras curiosas para alguém que foi parar na Esplanada. Ali estavam O Processo, de Kafka; Memórias Póstumas de Brás Cubas, História Geral da África, A Revolução dos Bichos, Cem Anos de Solidão, Ficções, Budapeste e Leite Derramado. Por fim, o candidato ao governo paulista indicava um livro de sua autoria: O terceiro excluído. O homem que fazia política com livros não foi eleito. Lula foi.

Alguém poderia dizer que a prática é o único critério da verdade, que foi em relação a ela que o presidente se referiu em oposição às teorias contidas apenas nos livros. Turiferários dispostos a tudo perdoar e a explicar enxergariam toda uma lição sobre a práxis em duas frases de Lula, como se estivéssemos em 1845, quando Marx escreveu suas Teses sobre Feuerbach.

Este é um país em que o mercado de livros conheceu uma queda de 7,13% em 2023, uma retração de 4,4 milhões nos exemplares vendidos. A palavra presidencial não devia se transformar em desestímulo à cultura e às leituras. Um presidente deve ter bons modos, sem os quais pode sentir-se à vontade até para dizer: “Eu não sou coveiro”.

Resta ao ministro lembrar ao chefe os conselhos do candidato Haddad e responder ao presidente como Maiakovski aos censores russos: “O livro bom / é claro / e necessário / a vós, / a mim, / ao camponês / e ao operário”. E também aos parlamentares e a quem com eles deve lidar.

“Entre escritor / e leitor / posta-se o intermediário / e o gosto / do intermediário / é bastante intermédio.” Esses são os versos iniciais do poema Incompreensível para as massas, de Vladimir Maiakovski, traduzido pelos irmãos Augusto e Haroldo de Campos. A diatribe do russo era uma resposta às críticas que censuravam sua obra por não “ter consciência de classe suficientemente proletária”. Lá se vão cem anos...

O então candidato a governador Fernando Haddad elaborou para os professores de São Paulo uma lista de dez livros, entre eles, os poemas de Maiakovski Foto: Reprodução / Estadão

Mas voltemos à resposta de Maiakovski aos censores. “Camponeses – ele dizia dos críticos – só viu antes da guerra”, em uma dacha ao comprar “mocotós de vitela”. “Operários? / Viu menos. / Deu com dois / uma vez / por ocasião da cheia, / dois pontos / numa ponte / contemplando o terreno, / vendo a água subir / e a fusão das geleiras.”

Pois assim enxergam o País alguns em Brasília, como dois pontos distantes, vislumbrados somente quando alguma crise desperta a atenção dos que se refestelam nas mesas do poder. Fernando Haddad deve saber disso. O ministro leu livros. A começar de Maiakovski. Candidato ao governo de São Paulo ao mesmo tempo que Lula disputava a Presidência, Haddad distribuiu aos professores paulistas uma lista de livros que ele – também um professor – acreditava todos devessem ler.

Os poemas do russo ocupavam o primeiro lugar da lista. Seguiam-nos algumas leituras curiosas para alguém que foi parar na Esplanada. Ali estavam O Processo, de Kafka; Memórias Póstumas de Brás Cubas, História Geral da África, A Revolução dos Bichos, Cem Anos de Solidão, Ficções, Budapeste e Leite Derramado. Por fim, o candidato ao governo paulista indicava um livro de sua autoria: O terceiro excluído. O homem que fazia política com livros não foi eleito. Lula foi.

Alguém poderia dizer que a prática é o único critério da verdade, que foi em relação a ela que o presidente se referiu em oposição às teorias contidas apenas nos livros. Turiferários dispostos a tudo perdoar e a explicar enxergariam toda uma lição sobre a práxis em duas frases de Lula, como se estivéssemos em 1845, quando Marx escreveu suas Teses sobre Feuerbach.

Este é um país em que o mercado de livros conheceu uma queda de 7,13% em 2023, uma retração de 4,4 milhões nos exemplares vendidos. A palavra presidencial não devia se transformar em desestímulo à cultura e às leituras. Um presidente deve ter bons modos, sem os quais pode sentir-se à vontade até para dizer: “Eu não sou coveiro”.

Resta ao ministro lembrar ao chefe os conselhos do candidato Haddad e responder ao presidente como Maiakovski aos censores russos: “O livro bom / é claro / e necessário / a vós, / a mim, / ao camponês / e ao operário”. E também aos parlamentares e a quem com eles deve lidar.

“Entre escritor / e leitor / posta-se o intermediário / e o gosto / do intermediário / é bastante intermédio.” Esses são os versos iniciais do poema Incompreensível para as massas, de Vladimir Maiakovski, traduzido pelos irmãos Augusto e Haroldo de Campos. A diatribe do russo era uma resposta às críticas que censuravam sua obra por não “ter consciência de classe suficientemente proletária”. Lá se vão cem anos...

O então candidato a governador Fernando Haddad elaborou para os professores de São Paulo uma lista de dez livros, entre eles, os poemas de Maiakovski Foto: Reprodução / Estadão

Mas voltemos à resposta de Maiakovski aos censores. “Camponeses – ele dizia dos críticos – só viu antes da guerra”, em uma dacha ao comprar “mocotós de vitela”. “Operários? / Viu menos. / Deu com dois / uma vez / por ocasião da cheia, / dois pontos / numa ponte / contemplando o terreno, / vendo a água subir / e a fusão das geleiras.”

Pois assim enxergam o País alguns em Brasília, como dois pontos distantes, vislumbrados somente quando alguma crise desperta a atenção dos que se refestelam nas mesas do poder. Fernando Haddad deve saber disso. O ministro leu livros. A começar de Maiakovski. Candidato ao governo de São Paulo ao mesmo tempo que Lula disputava a Presidência, Haddad distribuiu aos professores paulistas uma lista de livros que ele – também um professor – acreditava todos devessem ler.

Os poemas do russo ocupavam o primeiro lugar da lista. Seguiam-nos algumas leituras curiosas para alguém que foi parar na Esplanada. Ali estavam O Processo, de Kafka; Memórias Póstumas de Brás Cubas, História Geral da África, A Revolução dos Bichos, Cem Anos de Solidão, Ficções, Budapeste e Leite Derramado. Por fim, o candidato ao governo paulista indicava um livro de sua autoria: O terceiro excluído. O homem que fazia política com livros não foi eleito. Lula foi.

Alguém poderia dizer que a prática é o único critério da verdade, que foi em relação a ela que o presidente se referiu em oposição às teorias contidas apenas nos livros. Turiferários dispostos a tudo perdoar e a explicar enxergariam toda uma lição sobre a práxis em duas frases de Lula, como se estivéssemos em 1845, quando Marx escreveu suas Teses sobre Feuerbach.

Este é um país em que o mercado de livros conheceu uma queda de 7,13% em 2023, uma retração de 4,4 milhões nos exemplares vendidos. A palavra presidencial não devia se transformar em desestímulo à cultura e às leituras. Um presidente deve ter bons modos, sem os quais pode sentir-se à vontade até para dizer: “Eu não sou coveiro”.

Resta ao ministro lembrar ao chefe os conselhos do candidato Haddad e responder ao presidente como Maiakovski aos censores russos: “O livro bom / é claro / e necessário / a vós, / a mim, / ao camponês / e ao operário”. E também aos parlamentares e a quem com eles deve lidar.

“Entre escritor / e leitor / posta-se o intermediário / e o gosto / do intermediário / é bastante intermédio.” Esses são os versos iniciais do poema Incompreensível para as massas, de Vladimir Maiakovski, traduzido pelos irmãos Augusto e Haroldo de Campos. A diatribe do russo era uma resposta às críticas que censuravam sua obra por não “ter consciência de classe suficientemente proletária”. Lá se vão cem anos...

O então candidato a governador Fernando Haddad elaborou para os professores de São Paulo uma lista de dez livros, entre eles, os poemas de Maiakovski Foto: Reprodução / Estadão

Mas voltemos à resposta de Maiakovski aos censores. “Camponeses – ele dizia dos críticos – só viu antes da guerra”, em uma dacha ao comprar “mocotós de vitela”. “Operários? / Viu menos. / Deu com dois / uma vez / por ocasião da cheia, / dois pontos / numa ponte / contemplando o terreno, / vendo a água subir / e a fusão das geleiras.”

Pois assim enxergam o País alguns em Brasília, como dois pontos distantes, vislumbrados somente quando alguma crise desperta a atenção dos que se refestelam nas mesas do poder. Fernando Haddad deve saber disso. O ministro leu livros. A começar de Maiakovski. Candidato ao governo de São Paulo ao mesmo tempo que Lula disputava a Presidência, Haddad distribuiu aos professores paulistas uma lista de livros que ele – também um professor – acreditava todos devessem ler.

Os poemas do russo ocupavam o primeiro lugar da lista. Seguiam-nos algumas leituras curiosas para alguém que foi parar na Esplanada. Ali estavam O Processo, de Kafka; Memórias Póstumas de Brás Cubas, História Geral da África, A Revolução dos Bichos, Cem Anos de Solidão, Ficções, Budapeste e Leite Derramado. Por fim, o candidato ao governo paulista indicava um livro de sua autoria: O terceiro excluído. O homem que fazia política com livros não foi eleito. Lula foi.

Alguém poderia dizer que a prática é o único critério da verdade, que foi em relação a ela que o presidente se referiu em oposição às teorias contidas apenas nos livros. Turiferários dispostos a tudo perdoar e a explicar enxergariam toda uma lição sobre a práxis em duas frases de Lula, como se estivéssemos em 1845, quando Marx escreveu suas Teses sobre Feuerbach.

Este é um país em que o mercado de livros conheceu uma queda de 7,13% em 2023, uma retração de 4,4 milhões nos exemplares vendidos. A palavra presidencial não devia se transformar em desestímulo à cultura e às leituras. Um presidente deve ter bons modos, sem os quais pode sentir-se à vontade até para dizer: “Eu não sou coveiro”.

Resta ao ministro lembrar ao chefe os conselhos do candidato Haddad e responder ao presidente como Maiakovski aos censores russos: “O livro bom / é claro / e necessário / a vós, / a mim, / ao camponês / e ao operário”. E também aos parlamentares e a quem com eles deve lidar.

Análise por Marcelo Godoy

Repórter especial do Estadão e escritor. É autor do livro A Casa da Vovó, prêmios Jabuti (2015) e Sérgio Buarque de Holanda, da Biblioteca Nacional (2015). É jornalista formado pela Casper Líbero.

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