As relações entre o Poder Civil e o poder Militar

A reação do coronel contra os bolsonaristas da bancada da bala: ‘Não dá para aliviar para criminoso’


Telhada foi um dos dez deputados policiais - o único coronel - que votaram para manter Brazão na cadeia; 23 policiais, entre eles Eduardo Bolsonaro, tentaram soltar o político preso por homicídio

Por Marcelo Godoy
Atualização:

Foi um dia tenso para a bancada da bala na Câmara dos Deputados. Dois terços dos delegados, coronéis, capitães, sargentos, investigadores, agentes e até um escrivão que ocupam uma cadeira no Parlamento decidiram que tinham de soltar um acusado de um crime hediondo: o deputado federal Chiquinho Brazão (sem-partido-RJ), acusado de mandar matar a vereadora Marielle Franco (PSOL), no Rio, em 2018.

Deputado Coronel Telhada na campanha de 2018 ao lado de Jair Bolsonaro Foto: Reprodução via Facebook coroneltelhada

Ao todo, 23 deputados policiais votaram como queria Jair Bolsonaro: pôr na rua um homem preso em razão de um homicídio triplamente qualificado - emboscada, mediante paga e para assegurar a impunidade de outros crimes. Apenas dez deputados policiais votaram pela manutenção da prisão do colega. A bancada da bala rachou. “Não dá para aliviar para criminoso”, afirmou à coluna o Coronel Telhada, o único entre os cinco deputados-coronéis da PM da Câmara que votou para manter Brazão enjaulado.

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Ex-comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), Telhada estava a caminho de um compromisso no interior paulista quando decidiu conversar sobre o dia em que a maioria da bancada da bala fez, nas palavras de Telhada, o que sempre acusa os outros de fazer: “passar a mão na cabeça de um preso”. “Bandido bom é bandido preso. Não tenho bandido de estimação”, afirmou Telhada.

Para o coronel, uma razão diferenciou os que votaram contra e os que votaram a favor do deputado. “Pesou a história de cada um. O (sargento) Fahur, o (delegado) Palumbo e eu, que temos um histórico operacional, votamos a favor da prisão.” E concluiu: “Não tem como liberar o cara (Brazão). Seria uma hipocrisia da minha parte. A gente que tem história, não tem como aliviar para criminoso”

O deputado Coronel Telhada (PP), então na na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) Foto: Eliaria Andrade/Estadão
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Em dezembro de 2011, quando foi para a reserva da PM, o coronel Paulo Adriano Telhada tinha 36 mortes em tiroteios em sua ficha policial e 80 elogios. “Mas não tenho o sangue de nenhum inocente nas mãos.” Telhada explicou a situação de Brazão, um homem com a prisão preventiva decretada após seis anos de investigação. “É preso, com preventiva. Não serei eu, o coronel Telhada, a pedir para ele ser libertado.”

Sobre os colegas que quiseram soltar Brazão, Telhada afirmou: “Alguns alegaram que era preciso olhar a Constituição. Mas o parlamentar representa o povo, e o povo quer esse cara (Brazão) na cadeia. O Parlamento tem de ouvir o povo. Foi o que eu fiz, pautado na minha história.”

O coronel comparou o argumento dos colegas que queriam soltar Brazão ao caso do traficante de drogas André do Rap. “Ele (André do Rap) também foi solto por um artifício jurídico, que colocou um dos mais perigosos criminosos do PCC na rua, que, de imediato, se evadiu e ninguém sabe onde está até hoje.”

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E concluiu: “Agora, com todo respeito à pessoa do deputado, que eu não conheço: o cara que é acusado de homicídio, uma acusação grave, e a gente coloca esse cara na rua? Amanhã ou depois esse cara é cassado. Você acha que esse cara voltaria gentilmente para cadeia? Não voltaria. Era mais um foragido da Justiça brasileira. Você tem de pensar no bem da população. Não só ouvir a população, como o que é mais justo. O que é mais justo? Um cara acusado de homicídio na rua ou na cadeia? No meu entendimento é na cadeia.”

O coronel prosseguiu seu raciocínio, alegando ser contra o foro privilegiado, assim como a favor da imunidade parlamentar apenas para os atos e opiniões emitidas durante o mandato. Para ele, o foro privilegiado, bem como o artigo que determina que um parlamentar só pode ser preso em flagrante, serve para proteger “quem não presta, para bandidos”. “Foro privilegiado é desculpa para bandido.”

Telhada é o primeiro deputado policial que apoiou Jair Bolsonaro em 2022 a se manifestar contra a orientação defendida por Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o filho do ex-presidente, que é escrivão da Polícia Federal, para soltar Brazão. Além dele, três sargentos da PM votaram para manter Brazão na cadeia, assim como seis delegados de polícia. Esta foi a única categoria policial cuja maioria votou contra a orientação dos Bolsonaros de soltar o colega – as três delegadas do Parlamento votaram contra Brazão.

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O deputado Chiquinho Brazão (União-RJ) chega ao aeroporto de Brasília no dia, 24, para ser levado ao um presídio federal; ele teve a prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF Foto: WILTON JUNIOR/ ESTADÃO

Entre os que quiseram abrir a porta da cela do deputado, quatro eram coronéis da PM, seis praças, três capitães (um deles se absteve, o que, na prática, soltaria Brazão), cinco delegados, um escrivão e quatro agentes das Polícias Federal e Rodoviária Federal. Um outro grupo marcou presença entre os que queriam soltar o colega: os militares do Exército. Todos os seis parlamentares originários da Força Terrestre votaram contra a prisão.

Ou seja, para a maioria da bancada da bala parece importar mais ajudar um colega deputado ou policial do que defender de forma intransigente os princípios ligados ao combate à criminalidade. Que Eduardo Cunha, o ex-presidente da Câmara, o defendesse, vá lá... O caso mostra que, de fato, foi a pauta corporativista e a defesa do bolsonarismo que elegeu a maioria desses homens e mulheres. A defesa de privilégios, como a aposentadoria integral de coronéis, orienta os votos da maioria da bancada.

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Rápidos em propor o endurecimento de penas para atacar os criminosos, muitos dos integrantes da bancada da bala nunca se dispuseram a reformar o artigo 144 da Constituição para permitir que o País tenha polícias mais eficientes. Basta dizer que no primeiro semestre de 2022, a polícia paulista esclareceu apenas 1% dos roubos de celulares de autoria desconhecida na cidade de São Paulo. Ou seja, quase nada.

Com a certeza de que não será descoberto ou preso, a não ser que seja apanhado em flagrante, nenhuma pena será grave o suficiente para dissuadir o criminoso, pois ele tem quase a certeza da impunidade. Mas discutir eficiência da polícia ou por que existe tanto policial em operações especiais e faltam homens para o patrulhamento das ruas, quarteirões e bairros, a maioria dos deputados policiais não quer nem ouvir falar. É mais fácil o populismo policial se dedicar a vídeos em redes sociais do que aprovar um Código Penitenciário que institua o cárcere duro para o cumprimento de pena do crime organizado das facções e milícias.

A lista dos policiais e dos militares que votaram para soltar Brazão ou se abstiveram:

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Cabo Gilberto (PL), sargento Gonçalves (PL), Capitão Alberto (PL), capitão Aiden (PL), capitão Augusto (PL), coronel Alberto Fraga (PL), coronel Assis (União), coronel Fernanda (PL), coronel Meira (PL), coronel delegado Eder Mauro (PL), delegado Fábio Costa (PP), delegado Ramagem (PL), delegado Paulo Bilynskyj (PL), delegado Marcelo Freitas (União), Sanderson (PL), Eduardo Bolsonaro (PL), Da Vitória (PP), doutor Frederico (PRB), José Medeiros (PL), Junio Amaral (PL), Nicoletti (União), Pedro Aihara(PRD), general Girão (PL), general Pazuello (PL), coronel Crisóstomo (PL), tenente-coronel Zucco (PL), tenente Silvia Waiãpi (PL) e subtenente Hélio Lopes (PL).

Votaram a favor da prisão de brazão, os seguintes policiais:

Coronel Telhada (PP), sargento Fahur ((PP), sargento Portugal (Podemos), sargento Isidoro (Avante), delegada Ione (Avante), delegada Katarina (PSD), delegada Adriana Accorsi (PT), delegado Palumbo (MDB), delegado Matheus Loyola (União), delegado Caveira (PL) e delegado Thiago Flores (MDB).

Foi um dia tenso para a bancada da bala na Câmara dos Deputados. Dois terços dos delegados, coronéis, capitães, sargentos, investigadores, agentes e até um escrivão que ocupam uma cadeira no Parlamento decidiram que tinham de soltar um acusado de um crime hediondo: o deputado federal Chiquinho Brazão (sem-partido-RJ), acusado de mandar matar a vereadora Marielle Franco (PSOL), no Rio, em 2018.

Deputado Coronel Telhada na campanha de 2018 ao lado de Jair Bolsonaro Foto: Reprodução via Facebook coroneltelhada

Ao todo, 23 deputados policiais votaram como queria Jair Bolsonaro: pôr na rua um homem preso em razão de um homicídio triplamente qualificado - emboscada, mediante paga e para assegurar a impunidade de outros crimes. Apenas dez deputados policiais votaram pela manutenção da prisão do colega. A bancada da bala rachou. “Não dá para aliviar para criminoso”, afirmou à coluna o Coronel Telhada, o único entre os cinco deputados-coronéis da PM da Câmara que votou para manter Brazão enjaulado.

Ex-comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), Telhada estava a caminho de um compromisso no interior paulista quando decidiu conversar sobre o dia em que a maioria da bancada da bala fez, nas palavras de Telhada, o que sempre acusa os outros de fazer: “passar a mão na cabeça de um preso”. “Bandido bom é bandido preso. Não tenho bandido de estimação”, afirmou Telhada.

Para o coronel, uma razão diferenciou os que votaram contra e os que votaram a favor do deputado. “Pesou a história de cada um. O (sargento) Fahur, o (delegado) Palumbo e eu, que temos um histórico operacional, votamos a favor da prisão.” E concluiu: “Não tem como liberar o cara (Brazão). Seria uma hipocrisia da minha parte. A gente que tem história, não tem como aliviar para criminoso”

O deputado Coronel Telhada (PP), então na na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) Foto: Eliaria Andrade/Estadão

Em dezembro de 2011, quando foi para a reserva da PM, o coronel Paulo Adriano Telhada tinha 36 mortes em tiroteios em sua ficha policial e 80 elogios. “Mas não tenho o sangue de nenhum inocente nas mãos.” Telhada explicou a situação de Brazão, um homem com a prisão preventiva decretada após seis anos de investigação. “É preso, com preventiva. Não serei eu, o coronel Telhada, a pedir para ele ser libertado.”

Sobre os colegas que quiseram soltar Brazão, Telhada afirmou: “Alguns alegaram que era preciso olhar a Constituição. Mas o parlamentar representa o povo, e o povo quer esse cara (Brazão) na cadeia. O Parlamento tem de ouvir o povo. Foi o que eu fiz, pautado na minha história.”

O coronel comparou o argumento dos colegas que queriam soltar Brazão ao caso do traficante de drogas André do Rap. “Ele (André do Rap) também foi solto por um artifício jurídico, que colocou um dos mais perigosos criminosos do PCC na rua, que, de imediato, se evadiu e ninguém sabe onde está até hoje.”

E concluiu: “Agora, com todo respeito à pessoa do deputado, que eu não conheço: o cara que é acusado de homicídio, uma acusação grave, e a gente coloca esse cara na rua? Amanhã ou depois esse cara é cassado. Você acha que esse cara voltaria gentilmente para cadeia? Não voltaria. Era mais um foragido da Justiça brasileira. Você tem de pensar no bem da população. Não só ouvir a população, como o que é mais justo. O que é mais justo? Um cara acusado de homicídio na rua ou na cadeia? No meu entendimento é na cadeia.”

O coronel prosseguiu seu raciocínio, alegando ser contra o foro privilegiado, assim como a favor da imunidade parlamentar apenas para os atos e opiniões emitidas durante o mandato. Para ele, o foro privilegiado, bem como o artigo que determina que um parlamentar só pode ser preso em flagrante, serve para proteger “quem não presta, para bandidos”. “Foro privilegiado é desculpa para bandido.”

Telhada é o primeiro deputado policial que apoiou Jair Bolsonaro em 2022 a se manifestar contra a orientação defendida por Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o filho do ex-presidente, que é escrivão da Polícia Federal, para soltar Brazão. Além dele, três sargentos da PM votaram para manter Brazão na cadeia, assim como seis delegados de polícia. Esta foi a única categoria policial cuja maioria votou contra a orientação dos Bolsonaros de soltar o colega – as três delegadas do Parlamento votaram contra Brazão.

O deputado Chiquinho Brazão (União-RJ) chega ao aeroporto de Brasília no dia, 24, para ser levado ao um presídio federal; ele teve a prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF Foto: WILTON JUNIOR/ ESTADÃO

Entre os que quiseram abrir a porta da cela do deputado, quatro eram coronéis da PM, seis praças, três capitães (um deles se absteve, o que, na prática, soltaria Brazão), cinco delegados, um escrivão e quatro agentes das Polícias Federal e Rodoviária Federal. Um outro grupo marcou presença entre os que queriam soltar o colega: os militares do Exército. Todos os seis parlamentares originários da Força Terrestre votaram contra a prisão.

Ou seja, para a maioria da bancada da bala parece importar mais ajudar um colega deputado ou policial do que defender de forma intransigente os princípios ligados ao combate à criminalidade. Que Eduardo Cunha, o ex-presidente da Câmara, o defendesse, vá lá... O caso mostra que, de fato, foi a pauta corporativista e a defesa do bolsonarismo que elegeu a maioria desses homens e mulheres. A defesa de privilégios, como a aposentadoria integral de coronéis, orienta os votos da maioria da bancada.

Rápidos em propor o endurecimento de penas para atacar os criminosos, muitos dos integrantes da bancada da bala nunca se dispuseram a reformar o artigo 144 da Constituição para permitir que o País tenha polícias mais eficientes. Basta dizer que no primeiro semestre de 2022, a polícia paulista esclareceu apenas 1% dos roubos de celulares de autoria desconhecida na cidade de São Paulo. Ou seja, quase nada.

Com a certeza de que não será descoberto ou preso, a não ser que seja apanhado em flagrante, nenhuma pena será grave o suficiente para dissuadir o criminoso, pois ele tem quase a certeza da impunidade. Mas discutir eficiência da polícia ou por que existe tanto policial em operações especiais e faltam homens para o patrulhamento das ruas, quarteirões e bairros, a maioria dos deputados policiais não quer nem ouvir falar. É mais fácil o populismo policial se dedicar a vídeos em redes sociais do que aprovar um Código Penitenciário que institua o cárcere duro para o cumprimento de pena do crime organizado das facções e milícias.

A lista dos policiais e dos militares que votaram para soltar Brazão ou se abstiveram:

Cabo Gilberto (PL), sargento Gonçalves (PL), Capitão Alberto (PL), capitão Aiden (PL), capitão Augusto (PL), coronel Alberto Fraga (PL), coronel Assis (União), coronel Fernanda (PL), coronel Meira (PL), coronel delegado Eder Mauro (PL), delegado Fábio Costa (PP), delegado Ramagem (PL), delegado Paulo Bilynskyj (PL), delegado Marcelo Freitas (União), Sanderson (PL), Eduardo Bolsonaro (PL), Da Vitória (PP), doutor Frederico (PRB), José Medeiros (PL), Junio Amaral (PL), Nicoletti (União), Pedro Aihara(PRD), general Girão (PL), general Pazuello (PL), coronel Crisóstomo (PL), tenente-coronel Zucco (PL), tenente Silvia Waiãpi (PL) e subtenente Hélio Lopes (PL).

Votaram a favor da prisão de brazão, os seguintes policiais:

Coronel Telhada (PP), sargento Fahur ((PP), sargento Portugal (Podemos), sargento Isidoro (Avante), delegada Ione (Avante), delegada Katarina (PSD), delegada Adriana Accorsi (PT), delegado Palumbo (MDB), delegado Matheus Loyola (União), delegado Caveira (PL) e delegado Thiago Flores (MDB).

Foi um dia tenso para a bancada da bala na Câmara dos Deputados. Dois terços dos delegados, coronéis, capitães, sargentos, investigadores, agentes e até um escrivão que ocupam uma cadeira no Parlamento decidiram que tinham de soltar um acusado de um crime hediondo: o deputado federal Chiquinho Brazão (sem-partido-RJ), acusado de mandar matar a vereadora Marielle Franco (PSOL), no Rio, em 2018.

Deputado Coronel Telhada na campanha de 2018 ao lado de Jair Bolsonaro Foto: Reprodução via Facebook coroneltelhada

Ao todo, 23 deputados policiais votaram como queria Jair Bolsonaro: pôr na rua um homem preso em razão de um homicídio triplamente qualificado - emboscada, mediante paga e para assegurar a impunidade de outros crimes. Apenas dez deputados policiais votaram pela manutenção da prisão do colega. A bancada da bala rachou. “Não dá para aliviar para criminoso”, afirmou à coluna o Coronel Telhada, o único entre os cinco deputados-coronéis da PM da Câmara que votou para manter Brazão enjaulado.

Ex-comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), Telhada estava a caminho de um compromisso no interior paulista quando decidiu conversar sobre o dia em que a maioria da bancada da bala fez, nas palavras de Telhada, o que sempre acusa os outros de fazer: “passar a mão na cabeça de um preso”. “Bandido bom é bandido preso. Não tenho bandido de estimação”, afirmou Telhada.

Para o coronel, uma razão diferenciou os que votaram contra e os que votaram a favor do deputado. “Pesou a história de cada um. O (sargento) Fahur, o (delegado) Palumbo e eu, que temos um histórico operacional, votamos a favor da prisão.” E concluiu: “Não tem como liberar o cara (Brazão). Seria uma hipocrisia da minha parte. A gente que tem história, não tem como aliviar para criminoso”

O deputado Coronel Telhada (PP), então na na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) Foto: Eliaria Andrade/Estadão

Em dezembro de 2011, quando foi para a reserva da PM, o coronel Paulo Adriano Telhada tinha 36 mortes em tiroteios em sua ficha policial e 80 elogios. “Mas não tenho o sangue de nenhum inocente nas mãos.” Telhada explicou a situação de Brazão, um homem com a prisão preventiva decretada após seis anos de investigação. “É preso, com preventiva. Não serei eu, o coronel Telhada, a pedir para ele ser libertado.”

Sobre os colegas que quiseram soltar Brazão, Telhada afirmou: “Alguns alegaram que era preciso olhar a Constituição. Mas o parlamentar representa o povo, e o povo quer esse cara (Brazão) na cadeia. O Parlamento tem de ouvir o povo. Foi o que eu fiz, pautado na minha história.”

O coronel comparou o argumento dos colegas que queriam soltar Brazão ao caso do traficante de drogas André do Rap. “Ele (André do Rap) também foi solto por um artifício jurídico, que colocou um dos mais perigosos criminosos do PCC na rua, que, de imediato, se evadiu e ninguém sabe onde está até hoje.”

E concluiu: “Agora, com todo respeito à pessoa do deputado, que eu não conheço: o cara que é acusado de homicídio, uma acusação grave, e a gente coloca esse cara na rua? Amanhã ou depois esse cara é cassado. Você acha que esse cara voltaria gentilmente para cadeia? Não voltaria. Era mais um foragido da Justiça brasileira. Você tem de pensar no bem da população. Não só ouvir a população, como o que é mais justo. O que é mais justo? Um cara acusado de homicídio na rua ou na cadeia? No meu entendimento é na cadeia.”

O coronel prosseguiu seu raciocínio, alegando ser contra o foro privilegiado, assim como a favor da imunidade parlamentar apenas para os atos e opiniões emitidas durante o mandato. Para ele, o foro privilegiado, bem como o artigo que determina que um parlamentar só pode ser preso em flagrante, serve para proteger “quem não presta, para bandidos”. “Foro privilegiado é desculpa para bandido.”

Telhada é o primeiro deputado policial que apoiou Jair Bolsonaro em 2022 a se manifestar contra a orientação defendida por Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o filho do ex-presidente, que é escrivão da Polícia Federal, para soltar Brazão. Além dele, três sargentos da PM votaram para manter Brazão na cadeia, assim como seis delegados de polícia. Esta foi a única categoria policial cuja maioria votou contra a orientação dos Bolsonaros de soltar o colega – as três delegadas do Parlamento votaram contra Brazão.

O deputado Chiquinho Brazão (União-RJ) chega ao aeroporto de Brasília no dia, 24, para ser levado ao um presídio federal; ele teve a prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF Foto: WILTON JUNIOR/ ESTADÃO

Entre os que quiseram abrir a porta da cela do deputado, quatro eram coronéis da PM, seis praças, três capitães (um deles se absteve, o que, na prática, soltaria Brazão), cinco delegados, um escrivão e quatro agentes das Polícias Federal e Rodoviária Federal. Um outro grupo marcou presença entre os que queriam soltar o colega: os militares do Exército. Todos os seis parlamentares originários da Força Terrestre votaram contra a prisão.

Ou seja, para a maioria da bancada da bala parece importar mais ajudar um colega deputado ou policial do que defender de forma intransigente os princípios ligados ao combate à criminalidade. Que Eduardo Cunha, o ex-presidente da Câmara, o defendesse, vá lá... O caso mostra que, de fato, foi a pauta corporativista e a defesa do bolsonarismo que elegeu a maioria desses homens e mulheres. A defesa de privilégios, como a aposentadoria integral de coronéis, orienta os votos da maioria da bancada.

Rápidos em propor o endurecimento de penas para atacar os criminosos, muitos dos integrantes da bancada da bala nunca se dispuseram a reformar o artigo 144 da Constituição para permitir que o País tenha polícias mais eficientes. Basta dizer que no primeiro semestre de 2022, a polícia paulista esclareceu apenas 1% dos roubos de celulares de autoria desconhecida na cidade de São Paulo. Ou seja, quase nada.

Com a certeza de que não será descoberto ou preso, a não ser que seja apanhado em flagrante, nenhuma pena será grave o suficiente para dissuadir o criminoso, pois ele tem quase a certeza da impunidade. Mas discutir eficiência da polícia ou por que existe tanto policial em operações especiais e faltam homens para o patrulhamento das ruas, quarteirões e bairros, a maioria dos deputados policiais não quer nem ouvir falar. É mais fácil o populismo policial se dedicar a vídeos em redes sociais do que aprovar um Código Penitenciário que institua o cárcere duro para o cumprimento de pena do crime organizado das facções e milícias.

A lista dos policiais e dos militares que votaram para soltar Brazão ou se abstiveram:

Cabo Gilberto (PL), sargento Gonçalves (PL), Capitão Alberto (PL), capitão Aiden (PL), capitão Augusto (PL), coronel Alberto Fraga (PL), coronel Assis (União), coronel Fernanda (PL), coronel Meira (PL), coronel delegado Eder Mauro (PL), delegado Fábio Costa (PP), delegado Ramagem (PL), delegado Paulo Bilynskyj (PL), delegado Marcelo Freitas (União), Sanderson (PL), Eduardo Bolsonaro (PL), Da Vitória (PP), doutor Frederico (PRB), José Medeiros (PL), Junio Amaral (PL), Nicoletti (União), Pedro Aihara(PRD), general Girão (PL), general Pazuello (PL), coronel Crisóstomo (PL), tenente-coronel Zucco (PL), tenente Silvia Waiãpi (PL) e subtenente Hélio Lopes (PL).

Votaram a favor da prisão de brazão, os seguintes policiais:

Coronel Telhada (PP), sargento Fahur ((PP), sargento Portugal (Podemos), sargento Isidoro (Avante), delegada Ione (Avante), delegada Katarina (PSD), delegada Adriana Accorsi (PT), delegado Palumbo (MDB), delegado Matheus Loyola (União), delegado Caveira (PL) e delegado Thiago Flores (MDB).

Foi um dia tenso para a bancada da bala na Câmara dos Deputados. Dois terços dos delegados, coronéis, capitães, sargentos, investigadores, agentes e até um escrivão que ocupam uma cadeira no Parlamento decidiram que tinham de soltar um acusado de um crime hediondo: o deputado federal Chiquinho Brazão (sem-partido-RJ), acusado de mandar matar a vereadora Marielle Franco (PSOL), no Rio, em 2018.

Deputado Coronel Telhada na campanha de 2018 ao lado de Jair Bolsonaro Foto: Reprodução via Facebook coroneltelhada

Ao todo, 23 deputados policiais votaram como queria Jair Bolsonaro: pôr na rua um homem preso em razão de um homicídio triplamente qualificado - emboscada, mediante paga e para assegurar a impunidade de outros crimes. Apenas dez deputados policiais votaram pela manutenção da prisão do colega. A bancada da bala rachou. “Não dá para aliviar para criminoso”, afirmou à coluna o Coronel Telhada, o único entre os cinco deputados-coronéis da PM da Câmara que votou para manter Brazão enjaulado.

Ex-comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), Telhada estava a caminho de um compromisso no interior paulista quando decidiu conversar sobre o dia em que a maioria da bancada da bala fez, nas palavras de Telhada, o que sempre acusa os outros de fazer: “passar a mão na cabeça de um preso”. “Bandido bom é bandido preso. Não tenho bandido de estimação”, afirmou Telhada.

Para o coronel, uma razão diferenciou os que votaram contra e os que votaram a favor do deputado. “Pesou a história de cada um. O (sargento) Fahur, o (delegado) Palumbo e eu, que temos um histórico operacional, votamos a favor da prisão.” E concluiu: “Não tem como liberar o cara (Brazão). Seria uma hipocrisia da minha parte. A gente que tem história, não tem como aliviar para criminoso”

O deputado Coronel Telhada (PP), então na na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) Foto: Eliaria Andrade/Estadão

Em dezembro de 2011, quando foi para a reserva da PM, o coronel Paulo Adriano Telhada tinha 36 mortes em tiroteios em sua ficha policial e 80 elogios. “Mas não tenho o sangue de nenhum inocente nas mãos.” Telhada explicou a situação de Brazão, um homem com a prisão preventiva decretada após seis anos de investigação. “É preso, com preventiva. Não serei eu, o coronel Telhada, a pedir para ele ser libertado.”

Sobre os colegas que quiseram soltar Brazão, Telhada afirmou: “Alguns alegaram que era preciso olhar a Constituição. Mas o parlamentar representa o povo, e o povo quer esse cara (Brazão) na cadeia. O Parlamento tem de ouvir o povo. Foi o que eu fiz, pautado na minha história.”

O coronel comparou o argumento dos colegas que queriam soltar Brazão ao caso do traficante de drogas André do Rap. “Ele (André do Rap) também foi solto por um artifício jurídico, que colocou um dos mais perigosos criminosos do PCC na rua, que, de imediato, se evadiu e ninguém sabe onde está até hoje.”

E concluiu: “Agora, com todo respeito à pessoa do deputado, que eu não conheço: o cara que é acusado de homicídio, uma acusação grave, e a gente coloca esse cara na rua? Amanhã ou depois esse cara é cassado. Você acha que esse cara voltaria gentilmente para cadeia? Não voltaria. Era mais um foragido da Justiça brasileira. Você tem de pensar no bem da população. Não só ouvir a população, como o que é mais justo. O que é mais justo? Um cara acusado de homicídio na rua ou na cadeia? No meu entendimento é na cadeia.”

O coronel prosseguiu seu raciocínio, alegando ser contra o foro privilegiado, assim como a favor da imunidade parlamentar apenas para os atos e opiniões emitidas durante o mandato. Para ele, o foro privilegiado, bem como o artigo que determina que um parlamentar só pode ser preso em flagrante, serve para proteger “quem não presta, para bandidos”. “Foro privilegiado é desculpa para bandido.”

Telhada é o primeiro deputado policial que apoiou Jair Bolsonaro em 2022 a se manifestar contra a orientação defendida por Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o filho do ex-presidente, que é escrivão da Polícia Federal, para soltar Brazão. Além dele, três sargentos da PM votaram para manter Brazão na cadeia, assim como seis delegados de polícia. Esta foi a única categoria policial cuja maioria votou contra a orientação dos Bolsonaros de soltar o colega – as três delegadas do Parlamento votaram contra Brazão.

O deputado Chiquinho Brazão (União-RJ) chega ao aeroporto de Brasília no dia, 24, para ser levado ao um presídio federal; ele teve a prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF Foto: WILTON JUNIOR/ ESTADÃO

Entre os que quiseram abrir a porta da cela do deputado, quatro eram coronéis da PM, seis praças, três capitães (um deles se absteve, o que, na prática, soltaria Brazão), cinco delegados, um escrivão e quatro agentes das Polícias Federal e Rodoviária Federal. Um outro grupo marcou presença entre os que queriam soltar o colega: os militares do Exército. Todos os seis parlamentares originários da Força Terrestre votaram contra a prisão.

Ou seja, para a maioria da bancada da bala parece importar mais ajudar um colega deputado ou policial do que defender de forma intransigente os princípios ligados ao combate à criminalidade. Que Eduardo Cunha, o ex-presidente da Câmara, o defendesse, vá lá... O caso mostra que, de fato, foi a pauta corporativista e a defesa do bolsonarismo que elegeu a maioria desses homens e mulheres. A defesa de privilégios, como a aposentadoria integral de coronéis, orienta os votos da maioria da bancada.

Rápidos em propor o endurecimento de penas para atacar os criminosos, muitos dos integrantes da bancada da bala nunca se dispuseram a reformar o artigo 144 da Constituição para permitir que o País tenha polícias mais eficientes. Basta dizer que no primeiro semestre de 2022, a polícia paulista esclareceu apenas 1% dos roubos de celulares de autoria desconhecida na cidade de São Paulo. Ou seja, quase nada.

Com a certeza de que não será descoberto ou preso, a não ser que seja apanhado em flagrante, nenhuma pena será grave o suficiente para dissuadir o criminoso, pois ele tem quase a certeza da impunidade. Mas discutir eficiência da polícia ou por que existe tanto policial em operações especiais e faltam homens para o patrulhamento das ruas, quarteirões e bairros, a maioria dos deputados policiais não quer nem ouvir falar. É mais fácil o populismo policial se dedicar a vídeos em redes sociais do que aprovar um Código Penitenciário que institua o cárcere duro para o cumprimento de pena do crime organizado das facções e milícias.

A lista dos policiais e dos militares que votaram para soltar Brazão ou se abstiveram:

Cabo Gilberto (PL), sargento Gonçalves (PL), Capitão Alberto (PL), capitão Aiden (PL), capitão Augusto (PL), coronel Alberto Fraga (PL), coronel Assis (União), coronel Fernanda (PL), coronel Meira (PL), coronel delegado Eder Mauro (PL), delegado Fábio Costa (PP), delegado Ramagem (PL), delegado Paulo Bilynskyj (PL), delegado Marcelo Freitas (União), Sanderson (PL), Eduardo Bolsonaro (PL), Da Vitória (PP), doutor Frederico (PRB), José Medeiros (PL), Junio Amaral (PL), Nicoletti (União), Pedro Aihara(PRD), general Girão (PL), general Pazuello (PL), coronel Crisóstomo (PL), tenente-coronel Zucco (PL), tenente Silvia Waiãpi (PL) e subtenente Hélio Lopes (PL).

Votaram a favor da prisão de brazão, os seguintes policiais:

Coronel Telhada (PP), sargento Fahur ((PP), sargento Portugal (Podemos), sargento Isidoro (Avante), delegada Ione (Avante), delegada Katarina (PSD), delegada Adriana Accorsi (PT), delegado Palumbo (MDB), delegado Matheus Loyola (União), delegado Caveira (PL) e delegado Thiago Flores (MDB).

Foi um dia tenso para a bancada da bala na Câmara dos Deputados. Dois terços dos delegados, coronéis, capitães, sargentos, investigadores, agentes e até um escrivão que ocupam uma cadeira no Parlamento decidiram que tinham de soltar um acusado de um crime hediondo: o deputado federal Chiquinho Brazão (sem-partido-RJ), acusado de mandar matar a vereadora Marielle Franco (PSOL), no Rio, em 2018.

Deputado Coronel Telhada na campanha de 2018 ao lado de Jair Bolsonaro Foto: Reprodução via Facebook coroneltelhada

Ao todo, 23 deputados policiais votaram como queria Jair Bolsonaro: pôr na rua um homem preso em razão de um homicídio triplamente qualificado - emboscada, mediante paga e para assegurar a impunidade de outros crimes. Apenas dez deputados policiais votaram pela manutenção da prisão do colega. A bancada da bala rachou. “Não dá para aliviar para criminoso”, afirmou à coluna o Coronel Telhada, o único entre os cinco deputados-coronéis da PM da Câmara que votou para manter Brazão enjaulado.

Ex-comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), Telhada estava a caminho de um compromisso no interior paulista quando decidiu conversar sobre o dia em que a maioria da bancada da bala fez, nas palavras de Telhada, o que sempre acusa os outros de fazer: “passar a mão na cabeça de um preso”. “Bandido bom é bandido preso. Não tenho bandido de estimação”, afirmou Telhada.

Para o coronel, uma razão diferenciou os que votaram contra e os que votaram a favor do deputado. “Pesou a história de cada um. O (sargento) Fahur, o (delegado) Palumbo e eu, que temos um histórico operacional, votamos a favor da prisão.” E concluiu: “Não tem como liberar o cara (Brazão). Seria uma hipocrisia da minha parte. A gente que tem história, não tem como aliviar para criminoso”

O deputado Coronel Telhada (PP), então na na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) Foto: Eliaria Andrade/Estadão

Em dezembro de 2011, quando foi para a reserva da PM, o coronel Paulo Adriano Telhada tinha 36 mortes em tiroteios em sua ficha policial e 80 elogios. “Mas não tenho o sangue de nenhum inocente nas mãos.” Telhada explicou a situação de Brazão, um homem com a prisão preventiva decretada após seis anos de investigação. “É preso, com preventiva. Não serei eu, o coronel Telhada, a pedir para ele ser libertado.”

Sobre os colegas que quiseram soltar Brazão, Telhada afirmou: “Alguns alegaram que era preciso olhar a Constituição. Mas o parlamentar representa o povo, e o povo quer esse cara (Brazão) na cadeia. O Parlamento tem de ouvir o povo. Foi o que eu fiz, pautado na minha história.”

O coronel comparou o argumento dos colegas que queriam soltar Brazão ao caso do traficante de drogas André do Rap. “Ele (André do Rap) também foi solto por um artifício jurídico, que colocou um dos mais perigosos criminosos do PCC na rua, que, de imediato, se evadiu e ninguém sabe onde está até hoje.”

E concluiu: “Agora, com todo respeito à pessoa do deputado, que eu não conheço: o cara que é acusado de homicídio, uma acusação grave, e a gente coloca esse cara na rua? Amanhã ou depois esse cara é cassado. Você acha que esse cara voltaria gentilmente para cadeia? Não voltaria. Era mais um foragido da Justiça brasileira. Você tem de pensar no bem da população. Não só ouvir a população, como o que é mais justo. O que é mais justo? Um cara acusado de homicídio na rua ou na cadeia? No meu entendimento é na cadeia.”

O coronel prosseguiu seu raciocínio, alegando ser contra o foro privilegiado, assim como a favor da imunidade parlamentar apenas para os atos e opiniões emitidas durante o mandato. Para ele, o foro privilegiado, bem como o artigo que determina que um parlamentar só pode ser preso em flagrante, serve para proteger “quem não presta, para bandidos”. “Foro privilegiado é desculpa para bandido.”

Telhada é o primeiro deputado policial que apoiou Jair Bolsonaro em 2022 a se manifestar contra a orientação defendida por Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o filho do ex-presidente, que é escrivão da Polícia Federal, para soltar Brazão. Além dele, três sargentos da PM votaram para manter Brazão na cadeia, assim como seis delegados de polícia. Esta foi a única categoria policial cuja maioria votou contra a orientação dos Bolsonaros de soltar o colega – as três delegadas do Parlamento votaram contra Brazão.

O deputado Chiquinho Brazão (União-RJ) chega ao aeroporto de Brasília no dia, 24, para ser levado ao um presídio federal; ele teve a prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF Foto: WILTON JUNIOR/ ESTADÃO

Entre os que quiseram abrir a porta da cela do deputado, quatro eram coronéis da PM, seis praças, três capitães (um deles se absteve, o que, na prática, soltaria Brazão), cinco delegados, um escrivão e quatro agentes das Polícias Federal e Rodoviária Federal. Um outro grupo marcou presença entre os que queriam soltar o colega: os militares do Exército. Todos os seis parlamentares originários da Força Terrestre votaram contra a prisão.

Ou seja, para a maioria da bancada da bala parece importar mais ajudar um colega deputado ou policial do que defender de forma intransigente os princípios ligados ao combate à criminalidade. Que Eduardo Cunha, o ex-presidente da Câmara, o defendesse, vá lá... O caso mostra que, de fato, foi a pauta corporativista e a defesa do bolsonarismo que elegeu a maioria desses homens e mulheres. A defesa de privilégios, como a aposentadoria integral de coronéis, orienta os votos da maioria da bancada.

Rápidos em propor o endurecimento de penas para atacar os criminosos, muitos dos integrantes da bancada da bala nunca se dispuseram a reformar o artigo 144 da Constituição para permitir que o País tenha polícias mais eficientes. Basta dizer que no primeiro semestre de 2022, a polícia paulista esclareceu apenas 1% dos roubos de celulares de autoria desconhecida na cidade de São Paulo. Ou seja, quase nada.

Com a certeza de que não será descoberto ou preso, a não ser que seja apanhado em flagrante, nenhuma pena será grave o suficiente para dissuadir o criminoso, pois ele tem quase a certeza da impunidade. Mas discutir eficiência da polícia ou por que existe tanto policial em operações especiais e faltam homens para o patrulhamento das ruas, quarteirões e bairros, a maioria dos deputados policiais não quer nem ouvir falar. É mais fácil o populismo policial se dedicar a vídeos em redes sociais do que aprovar um Código Penitenciário que institua o cárcere duro para o cumprimento de pena do crime organizado das facções e milícias.

A lista dos policiais e dos militares que votaram para soltar Brazão ou se abstiveram:

Cabo Gilberto (PL), sargento Gonçalves (PL), Capitão Alberto (PL), capitão Aiden (PL), capitão Augusto (PL), coronel Alberto Fraga (PL), coronel Assis (União), coronel Fernanda (PL), coronel Meira (PL), coronel delegado Eder Mauro (PL), delegado Fábio Costa (PP), delegado Ramagem (PL), delegado Paulo Bilynskyj (PL), delegado Marcelo Freitas (União), Sanderson (PL), Eduardo Bolsonaro (PL), Da Vitória (PP), doutor Frederico (PRB), José Medeiros (PL), Junio Amaral (PL), Nicoletti (União), Pedro Aihara(PRD), general Girão (PL), general Pazuello (PL), coronel Crisóstomo (PL), tenente-coronel Zucco (PL), tenente Silvia Waiãpi (PL) e subtenente Hélio Lopes (PL).

Votaram a favor da prisão de brazão, os seguintes policiais:

Coronel Telhada (PP), sargento Fahur ((PP), sargento Portugal (Podemos), sargento Isidoro (Avante), delegada Ione (Avante), delegada Katarina (PSD), delegada Adriana Accorsi (PT), delegado Palumbo (MDB), delegado Matheus Loyola (União), delegado Caveira (PL) e delegado Thiago Flores (MDB).

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