As relações entre o Poder Civil e o poder Militar

Almirante conta as apostas da Marinha com a nova Fragata Tamandaré e com o míssil antinavio


Força Naval lança na próxima sexta-feira a primeira fragata da Classe Tamandaré construída no thyssenkrupp Estaleiro Brasil Sul, em Itajaí; Mansup deve equipar os novos navios

Por Marcelo Godoy
Atualização:

A fragata Tamandaré, o primeiro dos quatro novos navios de escolta da Marinha, será lançada na próxima sexta-feira. Trata-se da principal aposta da Força Naval para modernizar suas embarcações de superfície nesta década. Todas devem ser equipadas com o novo Míssil Antinavio Nacional de Superfície (Mansup) e terão capacidade de operar em todos os ambientes de guerra: superfície, aéreo e submarino.

A fragata Tamandaré no estaleiro em Itajaí; lançamento ao mar será na sexta-feira Foto: Marinha do Brasil

De acordo com a Marinha, os navios-escolta serão empregados “na defesa (monitoramento e proteção) da extensa área marítima brasileira e, ao mesmo tempo, podem efetuar operações de busca e salvamento; monitorar e combater ações de poluição, pirataria e pesca ilegal, dentre outras ameaças; e atender compromissos internacionais”.

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A Tamandaré deve entrar em operação em 2025 – ela ainda precisa ser equipada com seu armamento. Só no ano seguinte, em 2026, é que o Mansup, que teve seu quinto lançamento feito a partir da fragata Liberal em 2023, deve equipar a Tamandaré. No próximo ano, deve ser ainda lançada ao mar a segunda fragata, a Jerônimo Albuquerque. Ela será seguida pela Cunha Moreira em 2026 e pela Mariz e Barros, em 2027.

As fragatas são baseadas no projeto alemão MEKO – ele é usado em 82 embarcações em operação em 15 países. Iniciado em 2017, o Programa de Fragatas da Classe Tamandaré (PFCT) deve consumir R$ 13,8 bilhões até 2030. A Marinha estima que ele criou 2 mil empregos diretos e seis indiretos desde que o contrato foi assinado em 2020.

O 5.º lançamento do míssil antinavio brasileiro Mansup, feito em 2023, a partir da fragata Liberal Foto: Marinha do Brasil
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O trabalho de construção no estaleiro em Itajaí, em Santa Catarina, é coordenado pela Empresa Gerencial de Projetos Navais (EMGEPRON) e executado pela Sociedade de Propósito Específico Águas Azuis. Esta é composta pela alemã Thyssenkrupp Marine Systems, pela Embraer Defesa & Segurança e por sua subsidiária, a Atech.

Para a cerimônia da sexta-feira, a Marinha escolheu Vera Brennand, esposa do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, para ser a madrinha de batismo da embarcação. Ela começou a ser construída em setembro de 2022 e deve ter 30% de conteúdo local – nas demais, esse porcentual deve atingir 40% – o que, segundo a Marinha, “proporciona uma transferência gradual de tecnologia em engenharia naval”.

É que o PFCT prevê a “transferência de tecnologia de manuseio e fabricação dos navios a partir de chapas de aço com baixa espessura, além da produção em blocos, para serem edificados posteriormente”. De acordo com a Marinha, desse modo, é possível instalar acessórios e fundações de forma antecipada, além de facilitar a colocação de equipamentos a bordo e possibilitar trabalhos em diversos estágios de maneira segregada em cada unidade”.

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Todas as embarcações serão produzidas em Itajaí. As fragatas da Classe Tamandaré terão um comprimento de 107,2 metros e uma boca de 15,95 metros. Sua altura será de 20,2 metros e ela deslocará 3,5 mil toneladas com um autonomia de 5,5 mil milhas náuticas a uma velocidade máxima de 25 nós (equivalente a cerca de 47 km/h). Sua tripulação contará com cerca de 130 militares.

A coluna fez três perguntas ao diretor-geral do Material da Marinha, o almirante de esquadra Edgard Luiz Siqueira Barboza, sobre o programa das fragatas e as apostas da Força Naval. Ei-las:

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Qual a importância do programa de construção das fragatas para a capacidade operacional da Marinha e para a segurança da Amazônia Azul?

O Programa Fragatas Classe Tamandaré é um marco na modernização da Esquadra, resultado de uma necessidade imediata de renovação dos meios navais. Serão quatro navios de alta complexidade tecnológica, construídos no País, que fortalecerão nossa capacidade de defesa, monitoramento e proteção da Amazônia Azul, que possui 5,7 mil km². O Programa é um elemento fundamental e um meio indispensável, pois chegarão com a importante missão de marcar a presença da Marinha do Brasil na Amazônia Azul, contribuindo para o controle de área marítima, para a defesa das nossas ilhas oceânicas, para a proteção das infraestruturas críticas marítimas e para a proteção das linhas de comunicações marítimas, destacando que mais de 90% do nosso comércio exterior é realizado pelo mar. Cabe também ressaltar o apoio à política externa, de forma compatível com a inserção do Brasil no cenário internacional. As fragatas possuem uma considerável capacidade de combate, operando em todos os ambientes de guerra: superfície, aéreo e submarino. Uma de suas principais funções é a proteção de unidades de maior valor em operações de Grupo-Tarefa, como o Navio Aeródromo Multipropósito Atlântico, recentemente empregado em apoio às calamidades no estado do Rio Grande do Sul.

O que a construção dessa embarcação no Brasil significa em termos de desenvolvimento tecnológico e de criação de empregos no país?

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O PFCT é um programa disruptivo. As tecnologias envolvidas na engenharia, no desenvolvimento de sistemas digitais de controle e na construção das fragatas no Brasil colocam o País na quarta geração de transformação digital, em igualdade com países como a Coréia do Sul, China e Japão, líderes de construção naval. Atualmente o PFCT mobiliza cerca de 1.300 profissionais, trabalhando no thyssenkrupp Estaleiro Brasil Sul, entre mão de obra direta e indireta, incluindo um efetivo aproximado de 90 engenheiros especializados. As projeções do programa apontam para o cenário de pico de mobilização de 2 mil profissionais envolvidos diretamente nas obras, com um reflexo de cerca de 6 mil postos de trabalho indiretos, com a participação de suporte da indústria, e um arraste de cerca de 15 mil empregos induzidos quando acrescentadas as atividades que gravitam no entorno, tais como hotéis, restaurantes, transporte etc, de significativo alcance social, totalizando 23 mil empregos gerados. De um modo geral, o registro do crescimento de ocupação de postos de trabalho na região de Itajaí saltou de 110.302 postos ativos em 2020 para 133.479 em 2023 em uma população de 264.000, com reflexos no aumento do PIB na região, segundo dados da empresa Itajaí Participações. Do ponto de vista da cadeia de suprimento nacional, o PFCT atingirá um índice de nacionalização contratual de cerca de 40,5%, em serviços, mão de obra direta e materiais, possuindo mais de R$ 4,8 bilhões de projeção de conteúdo local, além de mais de R$ 1,1 bilhão de retorno em impostos. A cadeia de suprimento de fornecedores já passa de 1.000 fornecedores nacionais, espalhados em diferentes regiões do País, contribuindo para o cenário de mobilização para retomada da indústria naval, um dos objetivos da política industrial governamental. Dessa forma, o investimento em Defesa impulsiona a economia gerando emprego e renda.

A partir de quando a Tamandaré estará equipada com o Mansup?

O Míssil Antinavio Nacional de Superfície, projeto inovador da Marinha do Brasil, está em sua fase final de qualificação de sistemas. Encontra-se em processo de negociação o lote inicial para fornecimento às Fragatas Classe Tamandaré, com entrega prevista dos primeiros Mansup a partir do ano de 2026.

A fragata Tamandaré, o primeiro dos quatro novos navios de escolta da Marinha, será lançada na próxima sexta-feira. Trata-se da principal aposta da Força Naval para modernizar suas embarcações de superfície nesta década. Todas devem ser equipadas com o novo Míssil Antinavio Nacional de Superfície (Mansup) e terão capacidade de operar em todos os ambientes de guerra: superfície, aéreo e submarino.

A fragata Tamandaré no estaleiro em Itajaí; lançamento ao mar será na sexta-feira Foto: Marinha do Brasil

De acordo com a Marinha, os navios-escolta serão empregados “na defesa (monitoramento e proteção) da extensa área marítima brasileira e, ao mesmo tempo, podem efetuar operações de busca e salvamento; monitorar e combater ações de poluição, pirataria e pesca ilegal, dentre outras ameaças; e atender compromissos internacionais”.

A Tamandaré deve entrar em operação em 2025 – ela ainda precisa ser equipada com seu armamento. Só no ano seguinte, em 2026, é que o Mansup, que teve seu quinto lançamento feito a partir da fragata Liberal em 2023, deve equipar a Tamandaré. No próximo ano, deve ser ainda lançada ao mar a segunda fragata, a Jerônimo Albuquerque. Ela será seguida pela Cunha Moreira em 2026 e pela Mariz e Barros, em 2027.

As fragatas são baseadas no projeto alemão MEKO – ele é usado em 82 embarcações em operação em 15 países. Iniciado em 2017, o Programa de Fragatas da Classe Tamandaré (PFCT) deve consumir R$ 13,8 bilhões até 2030. A Marinha estima que ele criou 2 mil empregos diretos e seis indiretos desde que o contrato foi assinado em 2020.

O 5.º lançamento do míssil antinavio brasileiro Mansup, feito em 2023, a partir da fragata Liberal Foto: Marinha do Brasil

O trabalho de construção no estaleiro em Itajaí, em Santa Catarina, é coordenado pela Empresa Gerencial de Projetos Navais (EMGEPRON) e executado pela Sociedade de Propósito Específico Águas Azuis. Esta é composta pela alemã Thyssenkrupp Marine Systems, pela Embraer Defesa & Segurança e por sua subsidiária, a Atech.

Para a cerimônia da sexta-feira, a Marinha escolheu Vera Brennand, esposa do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, para ser a madrinha de batismo da embarcação. Ela começou a ser construída em setembro de 2022 e deve ter 30% de conteúdo local – nas demais, esse porcentual deve atingir 40% – o que, segundo a Marinha, “proporciona uma transferência gradual de tecnologia em engenharia naval”.

É que o PFCT prevê a “transferência de tecnologia de manuseio e fabricação dos navios a partir de chapas de aço com baixa espessura, além da produção em blocos, para serem edificados posteriormente”. De acordo com a Marinha, desse modo, é possível instalar acessórios e fundações de forma antecipada, além de facilitar a colocação de equipamentos a bordo e possibilitar trabalhos em diversos estágios de maneira segregada em cada unidade”.

Todas as embarcações serão produzidas em Itajaí. As fragatas da Classe Tamandaré terão um comprimento de 107,2 metros e uma boca de 15,95 metros. Sua altura será de 20,2 metros e ela deslocará 3,5 mil toneladas com um autonomia de 5,5 mil milhas náuticas a uma velocidade máxima de 25 nós (equivalente a cerca de 47 km/h). Sua tripulação contará com cerca de 130 militares.

A coluna fez três perguntas ao diretor-geral do Material da Marinha, o almirante de esquadra Edgard Luiz Siqueira Barboza, sobre o programa das fragatas e as apostas da Força Naval. Ei-las:

Qual a importância do programa de construção das fragatas para a capacidade operacional da Marinha e para a segurança da Amazônia Azul?

O Programa Fragatas Classe Tamandaré é um marco na modernização da Esquadra, resultado de uma necessidade imediata de renovação dos meios navais. Serão quatro navios de alta complexidade tecnológica, construídos no País, que fortalecerão nossa capacidade de defesa, monitoramento e proteção da Amazônia Azul, que possui 5,7 mil km². O Programa é um elemento fundamental e um meio indispensável, pois chegarão com a importante missão de marcar a presença da Marinha do Brasil na Amazônia Azul, contribuindo para o controle de área marítima, para a defesa das nossas ilhas oceânicas, para a proteção das infraestruturas críticas marítimas e para a proteção das linhas de comunicações marítimas, destacando que mais de 90% do nosso comércio exterior é realizado pelo mar. Cabe também ressaltar o apoio à política externa, de forma compatível com a inserção do Brasil no cenário internacional. As fragatas possuem uma considerável capacidade de combate, operando em todos os ambientes de guerra: superfície, aéreo e submarino. Uma de suas principais funções é a proteção de unidades de maior valor em operações de Grupo-Tarefa, como o Navio Aeródromo Multipropósito Atlântico, recentemente empregado em apoio às calamidades no estado do Rio Grande do Sul.

O que a construção dessa embarcação no Brasil significa em termos de desenvolvimento tecnológico e de criação de empregos no país?

O PFCT é um programa disruptivo. As tecnologias envolvidas na engenharia, no desenvolvimento de sistemas digitais de controle e na construção das fragatas no Brasil colocam o País na quarta geração de transformação digital, em igualdade com países como a Coréia do Sul, China e Japão, líderes de construção naval. Atualmente o PFCT mobiliza cerca de 1.300 profissionais, trabalhando no thyssenkrupp Estaleiro Brasil Sul, entre mão de obra direta e indireta, incluindo um efetivo aproximado de 90 engenheiros especializados. As projeções do programa apontam para o cenário de pico de mobilização de 2 mil profissionais envolvidos diretamente nas obras, com um reflexo de cerca de 6 mil postos de trabalho indiretos, com a participação de suporte da indústria, e um arraste de cerca de 15 mil empregos induzidos quando acrescentadas as atividades que gravitam no entorno, tais como hotéis, restaurantes, transporte etc, de significativo alcance social, totalizando 23 mil empregos gerados. De um modo geral, o registro do crescimento de ocupação de postos de trabalho na região de Itajaí saltou de 110.302 postos ativos em 2020 para 133.479 em 2023 em uma população de 264.000, com reflexos no aumento do PIB na região, segundo dados da empresa Itajaí Participações. Do ponto de vista da cadeia de suprimento nacional, o PFCT atingirá um índice de nacionalização contratual de cerca de 40,5%, em serviços, mão de obra direta e materiais, possuindo mais de R$ 4,8 bilhões de projeção de conteúdo local, além de mais de R$ 1,1 bilhão de retorno em impostos. A cadeia de suprimento de fornecedores já passa de 1.000 fornecedores nacionais, espalhados em diferentes regiões do País, contribuindo para o cenário de mobilização para retomada da indústria naval, um dos objetivos da política industrial governamental. Dessa forma, o investimento em Defesa impulsiona a economia gerando emprego e renda.

A partir de quando a Tamandaré estará equipada com o Mansup?

O Míssil Antinavio Nacional de Superfície, projeto inovador da Marinha do Brasil, está em sua fase final de qualificação de sistemas. Encontra-se em processo de negociação o lote inicial para fornecimento às Fragatas Classe Tamandaré, com entrega prevista dos primeiros Mansup a partir do ano de 2026.

A fragata Tamandaré, o primeiro dos quatro novos navios de escolta da Marinha, será lançada na próxima sexta-feira. Trata-se da principal aposta da Força Naval para modernizar suas embarcações de superfície nesta década. Todas devem ser equipadas com o novo Míssil Antinavio Nacional de Superfície (Mansup) e terão capacidade de operar em todos os ambientes de guerra: superfície, aéreo e submarino.

A fragata Tamandaré no estaleiro em Itajaí; lançamento ao mar será na sexta-feira Foto: Marinha do Brasil

De acordo com a Marinha, os navios-escolta serão empregados “na defesa (monitoramento e proteção) da extensa área marítima brasileira e, ao mesmo tempo, podem efetuar operações de busca e salvamento; monitorar e combater ações de poluição, pirataria e pesca ilegal, dentre outras ameaças; e atender compromissos internacionais”.

A Tamandaré deve entrar em operação em 2025 – ela ainda precisa ser equipada com seu armamento. Só no ano seguinte, em 2026, é que o Mansup, que teve seu quinto lançamento feito a partir da fragata Liberal em 2023, deve equipar a Tamandaré. No próximo ano, deve ser ainda lançada ao mar a segunda fragata, a Jerônimo Albuquerque. Ela será seguida pela Cunha Moreira em 2026 e pela Mariz e Barros, em 2027.

As fragatas são baseadas no projeto alemão MEKO – ele é usado em 82 embarcações em operação em 15 países. Iniciado em 2017, o Programa de Fragatas da Classe Tamandaré (PFCT) deve consumir R$ 13,8 bilhões até 2030. A Marinha estima que ele criou 2 mil empregos diretos e seis indiretos desde que o contrato foi assinado em 2020.

O 5.º lançamento do míssil antinavio brasileiro Mansup, feito em 2023, a partir da fragata Liberal Foto: Marinha do Brasil

O trabalho de construção no estaleiro em Itajaí, em Santa Catarina, é coordenado pela Empresa Gerencial de Projetos Navais (EMGEPRON) e executado pela Sociedade de Propósito Específico Águas Azuis. Esta é composta pela alemã Thyssenkrupp Marine Systems, pela Embraer Defesa & Segurança e por sua subsidiária, a Atech.

Para a cerimônia da sexta-feira, a Marinha escolheu Vera Brennand, esposa do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, para ser a madrinha de batismo da embarcação. Ela começou a ser construída em setembro de 2022 e deve ter 30% de conteúdo local – nas demais, esse porcentual deve atingir 40% – o que, segundo a Marinha, “proporciona uma transferência gradual de tecnologia em engenharia naval”.

É que o PFCT prevê a “transferência de tecnologia de manuseio e fabricação dos navios a partir de chapas de aço com baixa espessura, além da produção em blocos, para serem edificados posteriormente”. De acordo com a Marinha, desse modo, é possível instalar acessórios e fundações de forma antecipada, além de facilitar a colocação de equipamentos a bordo e possibilitar trabalhos em diversos estágios de maneira segregada em cada unidade”.

Todas as embarcações serão produzidas em Itajaí. As fragatas da Classe Tamandaré terão um comprimento de 107,2 metros e uma boca de 15,95 metros. Sua altura será de 20,2 metros e ela deslocará 3,5 mil toneladas com um autonomia de 5,5 mil milhas náuticas a uma velocidade máxima de 25 nós (equivalente a cerca de 47 km/h). Sua tripulação contará com cerca de 130 militares.

A coluna fez três perguntas ao diretor-geral do Material da Marinha, o almirante de esquadra Edgard Luiz Siqueira Barboza, sobre o programa das fragatas e as apostas da Força Naval. Ei-las:

Qual a importância do programa de construção das fragatas para a capacidade operacional da Marinha e para a segurança da Amazônia Azul?

O Programa Fragatas Classe Tamandaré é um marco na modernização da Esquadra, resultado de uma necessidade imediata de renovação dos meios navais. Serão quatro navios de alta complexidade tecnológica, construídos no País, que fortalecerão nossa capacidade de defesa, monitoramento e proteção da Amazônia Azul, que possui 5,7 mil km². O Programa é um elemento fundamental e um meio indispensável, pois chegarão com a importante missão de marcar a presença da Marinha do Brasil na Amazônia Azul, contribuindo para o controle de área marítima, para a defesa das nossas ilhas oceânicas, para a proteção das infraestruturas críticas marítimas e para a proteção das linhas de comunicações marítimas, destacando que mais de 90% do nosso comércio exterior é realizado pelo mar. Cabe também ressaltar o apoio à política externa, de forma compatível com a inserção do Brasil no cenário internacional. As fragatas possuem uma considerável capacidade de combate, operando em todos os ambientes de guerra: superfície, aéreo e submarino. Uma de suas principais funções é a proteção de unidades de maior valor em operações de Grupo-Tarefa, como o Navio Aeródromo Multipropósito Atlântico, recentemente empregado em apoio às calamidades no estado do Rio Grande do Sul.

O que a construção dessa embarcação no Brasil significa em termos de desenvolvimento tecnológico e de criação de empregos no país?

O PFCT é um programa disruptivo. As tecnologias envolvidas na engenharia, no desenvolvimento de sistemas digitais de controle e na construção das fragatas no Brasil colocam o País na quarta geração de transformação digital, em igualdade com países como a Coréia do Sul, China e Japão, líderes de construção naval. Atualmente o PFCT mobiliza cerca de 1.300 profissionais, trabalhando no thyssenkrupp Estaleiro Brasil Sul, entre mão de obra direta e indireta, incluindo um efetivo aproximado de 90 engenheiros especializados. As projeções do programa apontam para o cenário de pico de mobilização de 2 mil profissionais envolvidos diretamente nas obras, com um reflexo de cerca de 6 mil postos de trabalho indiretos, com a participação de suporte da indústria, e um arraste de cerca de 15 mil empregos induzidos quando acrescentadas as atividades que gravitam no entorno, tais como hotéis, restaurantes, transporte etc, de significativo alcance social, totalizando 23 mil empregos gerados. De um modo geral, o registro do crescimento de ocupação de postos de trabalho na região de Itajaí saltou de 110.302 postos ativos em 2020 para 133.479 em 2023 em uma população de 264.000, com reflexos no aumento do PIB na região, segundo dados da empresa Itajaí Participações. Do ponto de vista da cadeia de suprimento nacional, o PFCT atingirá um índice de nacionalização contratual de cerca de 40,5%, em serviços, mão de obra direta e materiais, possuindo mais de R$ 4,8 bilhões de projeção de conteúdo local, além de mais de R$ 1,1 bilhão de retorno em impostos. A cadeia de suprimento de fornecedores já passa de 1.000 fornecedores nacionais, espalhados em diferentes regiões do País, contribuindo para o cenário de mobilização para retomada da indústria naval, um dos objetivos da política industrial governamental. Dessa forma, o investimento em Defesa impulsiona a economia gerando emprego e renda.

A partir de quando a Tamandaré estará equipada com o Mansup?

O Míssil Antinavio Nacional de Superfície, projeto inovador da Marinha do Brasil, está em sua fase final de qualificação de sistemas. Encontra-se em processo de negociação o lote inicial para fornecimento às Fragatas Classe Tamandaré, com entrega prevista dos primeiros Mansup a partir do ano de 2026.

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