As relações entre o Poder Civil e o poder Militar

Alto Comando do Exército não esperava confissão do coronel Cid, mas já não duvida das provas da PF


Generais acompanharam sem surpresa a decisão anunciada pelo advogado do militar de reconhecer a prática de condutas questionadas pela Polícia Federal envolvendo o ex-presidente Bolsonaro

Por Marcelo Godoy

Eram 20 horas de ontem quando começaram a circular nos telefones dos generais do Alto Comando do Exército e do gabinete do comandante da Força Terrestre, general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, a informação de que o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, segundo seu novíssimo advogado, o criminalista Cezar Bitencourt, ia confessar as condutas imputadas a ele pela investigação da Polícia Federal (PF) e envolver o ex-presidente Jair Bolsonaro nos delitos investigados.

Mauro Cesar Barbosa Cid e Mauro Cesar Lourena Cid; pai e filho são alvo de caso das joias envolvendo o ex-presidente Foto: EFE/Andre Borges e Roberto Oliveira/Alesp

Uma hora depois, um dos generais não tinha mais dúvida do que estava testemunhando. Disse que quando os fins justificam os meios, tudo é possível. A história humana nos ensinaria. Desta vez, quem se gabava de combater o comunismo passara a adotar a mesma atitude da nomenklatura, a burocracia soviética que afirmava lutar por um mundo novo, sem a opressão do trabalhador, mas que desfilava pelas ruas de Moscou com sua limusines ZIL, enquanto suas mulheres desfilavam casacos de pele pela Rua Arbat.

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A desilusão é definitiva. A notícia da futura confissão do coronel Cid era o que faltava para os incrédulos que ainda viam no caso mais supostos excessos na conduta do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), do que os ilícitos cometidos pelo entourage de Bolsonaro e pelo próprio ex-presidente. Até sexta-feira passada, os generais que conheciam a família Cid consideravam que o novo movimento do coronel, chefe da Ajudância de Ordens da Presidência, era uma impossibilidade.

São várias as razões para isso, mas a principal era a antiga relação entre Bolsonaro e os Cid. O avô do coronel preso por ordem do STF, o também coronel Antonio Carlos Cid, era um artilheiro da turma de 1955 da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) que trabalhou na Casa Militar sob as ordens do general Bayma Denys, durante o governo de José Sarney.

Anos antes, ele ajudara o então cadete Bolsonaro em um momento importante da vida do futuro presidente. Conta um general ouvido pela coluna que o Cavalão, como Bolsonaro era chamado na Academia, indispôs-se com um oficial médico na Aman. E o episódio só não teve consequências mais graves porque o avô do ajudante de ordens interveio. É que Bolsonaro era colega de turma de um dos filhos militares do coronel Antônio Carlos – o futuro general Mauro Cesar Lorena Cid, pai do assessor do presidente.

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O general e o chefe do Executivo pertencem à mesma turma – a de 1977 – da Aman. Ambos são artilheiros, paraquedistas e serviram no 8.º Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista. Mauro pai e Mauro filho pertenceram às “forças especiais”. Em 2008, o pai comandava a 9.ª Brigada de Infantaria Motorizada quando apresentou, em nome da Força, desculpas às famílias de três jovens do Morro da Providência, no Rio, entregues por militares da brigada a traficantes do Morro da Mineira, que os mataram. Seu último cargo na ativa foi a chefia do Departamento de Educação e Cultura do Exército.

Ao passar para a reserva em 2019, em vez de ocupar um lugar na Esplanada, o general Cid ganhou uma sinecura em Miami (EUA) – representante da Agência de Promoção das Exportações (Apex), com salário pago em dólar (US$ 9,6 mil). Ao todo, o general acumulara vencimentos de cerca de R$ 80 mil (R$ 50,8 mil da Apex e R$ 30 mil como militar). A ligação entre eles foi o que levou o tenente-coronel Mauro Cid a ser nomeado ajudante de ordens de Bolsonaro, em 2019. E depois virar o faz-tudo do presidente.

O que a PF revelou é que o general ajudava na alienação de joias e outros bens preciosos, levados, segundo a PF, para os EUA, a fim de serem vendidos. E as pessoas ligadas a esse grupo eram ligadas aos promotores da campanha de difamação contra integrantes do Alto Comando do Exército, apresentados em redes sociais como traidores, melancias e oportunistas

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A boutade de Millôr Fernandes (Quer dizer que aquilo tudo não era ideologia, era investimento?) circulou entre os generais como a mostrar aos leitores de O Soldado e o Estado, de Samuel Huntington, que o caminho dos que se desviaram do chamado controle civil objetivo é restabelecer o muro que separa a política partidária da caserna onde os soldados profissionais cuidam em silêncio dos seus afazeres. A volta da política do Exército em vez da política no Exército é tudo o que o general Tomás procura.

O atual comandante da Força Terrestre tem feito exercício físico com a tropa nos comandos que visita. Busca mostrar que nas organizações militares a prontidão e o profissionalismo ficam; a tempestade e as CPIs, passam. A tarefa é difícil. Por mais que o Exército tente se concentrar em sua faina, toda sexta-feira parece trazer o dia 13, revelando uma nova operação da Polícia Federal e novas condutas ilícitas investigadas. E tudo parece estar longe do fim. Cada novo celular apreendido revela um pouco mais dessa barafunda. Ou de opera bufa. A depender do ponto de vista do general entrevistado pela coluna.

Eram 20 horas de ontem quando começaram a circular nos telefones dos generais do Alto Comando do Exército e do gabinete do comandante da Força Terrestre, general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, a informação de que o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, segundo seu novíssimo advogado, o criminalista Cezar Bitencourt, ia confessar as condutas imputadas a ele pela investigação da Polícia Federal (PF) e envolver o ex-presidente Jair Bolsonaro nos delitos investigados.

Mauro Cesar Barbosa Cid e Mauro Cesar Lourena Cid; pai e filho são alvo de caso das joias envolvendo o ex-presidente Foto: EFE/Andre Borges e Roberto Oliveira/Alesp

Uma hora depois, um dos generais não tinha mais dúvida do que estava testemunhando. Disse que quando os fins justificam os meios, tudo é possível. A história humana nos ensinaria. Desta vez, quem se gabava de combater o comunismo passara a adotar a mesma atitude da nomenklatura, a burocracia soviética que afirmava lutar por um mundo novo, sem a opressão do trabalhador, mas que desfilava pelas ruas de Moscou com sua limusines ZIL, enquanto suas mulheres desfilavam casacos de pele pela Rua Arbat.

A desilusão é definitiva. A notícia da futura confissão do coronel Cid era o que faltava para os incrédulos que ainda viam no caso mais supostos excessos na conduta do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), do que os ilícitos cometidos pelo entourage de Bolsonaro e pelo próprio ex-presidente. Até sexta-feira passada, os generais que conheciam a família Cid consideravam que o novo movimento do coronel, chefe da Ajudância de Ordens da Presidência, era uma impossibilidade.

São várias as razões para isso, mas a principal era a antiga relação entre Bolsonaro e os Cid. O avô do coronel preso por ordem do STF, o também coronel Antonio Carlos Cid, era um artilheiro da turma de 1955 da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) que trabalhou na Casa Militar sob as ordens do general Bayma Denys, durante o governo de José Sarney.

Anos antes, ele ajudara o então cadete Bolsonaro em um momento importante da vida do futuro presidente. Conta um general ouvido pela coluna que o Cavalão, como Bolsonaro era chamado na Academia, indispôs-se com um oficial médico na Aman. E o episódio só não teve consequências mais graves porque o avô do ajudante de ordens interveio. É que Bolsonaro era colega de turma de um dos filhos militares do coronel Antônio Carlos – o futuro general Mauro Cesar Lorena Cid, pai do assessor do presidente.

O general e o chefe do Executivo pertencem à mesma turma – a de 1977 – da Aman. Ambos são artilheiros, paraquedistas e serviram no 8.º Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista. Mauro pai e Mauro filho pertenceram às “forças especiais”. Em 2008, o pai comandava a 9.ª Brigada de Infantaria Motorizada quando apresentou, em nome da Força, desculpas às famílias de três jovens do Morro da Providência, no Rio, entregues por militares da brigada a traficantes do Morro da Mineira, que os mataram. Seu último cargo na ativa foi a chefia do Departamento de Educação e Cultura do Exército.

Ao passar para a reserva em 2019, em vez de ocupar um lugar na Esplanada, o general Cid ganhou uma sinecura em Miami (EUA) – representante da Agência de Promoção das Exportações (Apex), com salário pago em dólar (US$ 9,6 mil). Ao todo, o general acumulara vencimentos de cerca de R$ 80 mil (R$ 50,8 mil da Apex e R$ 30 mil como militar). A ligação entre eles foi o que levou o tenente-coronel Mauro Cid a ser nomeado ajudante de ordens de Bolsonaro, em 2019. E depois virar o faz-tudo do presidente.

O que a PF revelou é que o general ajudava na alienação de joias e outros bens preciosos, levados, segundo a PF, para os EUA, a fim de serem vendidos. E as pessoas ligadas a esse grupo eram ligadas aos promotores da campanha de difamação contra integrantes do Alto Comando do Exército, apresentados em redes sociais como traidores, melancias e oportunistas

A boutade de Millôr Fernandes (Quer dizer que aquilo tudo não era ideologia, era investimento?) circulou entre os generais como a mostrar aos leitores de O Soldado e o Estado, de Samuel Huntington, que o caminho dos que se desviaram do chamado controle civil objetivo é restabelecer o muro que separa a política partidária da caserna onde os soldados profissionais cuidam em silêncio dos seus afazeres. A volta da política do Exército em vez da política no Exército é tudo o que o general Tomás procura.

O atual comandante da Força Terrestre tem feito exercício físico com a tropa nos comandos que visita. Busca mostrar que nas organizações militares a prontidão e o profissionalismo ficam; a tempestade e as CPIs, passam. A tarefa é difícil. Por mais que o Exército tente se concentrar em sua faina, toda sexta-feira parece trazer o dia 13, revelando uma nova operação da Polícia Federal e novas condutas ilícitas investigadas. E tudo parece estar longe do fim. Cada novo celular apreendido revela um pouco mais dessa barafunda. Ou de opera bufa. A depender do ponto de vista do general entrevistado pela coluna.

Eram 20 horas de ontem quando começaram a circular nos telefones dos generais do Alto Comando do Exército e do gabinete do comandante da Força Terrestre, general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, a informação de que o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, segundo seu novíssimo advogado, o criminalista Cezar Bitencourt, ia confessar as condutas imputadas a ele pela investigação da Polícia Federal (PF) e envolver o ex-presidente Jair Bolsonaro nos delitos investigados.

Mauro Cesar Barbosa Cid e Mauro Cesar Lourena Cid; pai e filho são alvo de caso das joias envolvendo o ex-presidente Foto: EFE/Andre Borges e Roberto Oliveira/Alesp

Uma hora depois, um dos generais não tinha mais dúvida do que estava testemunhando. Disse que quando os fins justificam os meios, tudo é possível. A história humana nos ensinaria. Desta vez, quem se gabava de combater o comunismo passara a adotar a mesma atitude da nomenklatura, a burocracia soviética que afirmava lutar por um mundo novo, sem a opressão do trabalhador, mas que desfilava pelas ruas de Moscou com sua limusines ZIL, enquanto suas mulheres desfilavam casacos de pele pela Rua Arbat.

A desilusão é definitiva. A notícia da futura confissão do coronel Cid era o que faltava para os incrédulos que ainda viam no caso mais supostos excessos na conduta do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), do que os ilícitos cometidos pelo entourage de Bolsonaro e pelo próprio ex-presidente. Até sexta-feira passada, os generais que conheciam a família Cid consideravam que o novo movimento do coronel, chefe da Ajudância de Ordens da Presidência, era uma impossibilidade.

São várias as razões para isso, mas a principal era a antiga relação entre Bolsonaro e os Cid. O avô do coronel preso por ordem do STF, o também coronel Antonio Carlos Cid, era um artilheiro da turma de 1955 da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) que trabalhou na Casa Militar sob as ordens do general Bayma Denys, durante o governo de José Sarney.

Anos antes, ele ajudara o então cadete Bolsonaro em um momento importante da vida do futuro presidente. Conta um general ouvido pela coluna que o Cavalão, como Bolsonaro era chamado na Academia, indispôs-se com um oficial médico na Aman. E o episódio só não teve consequências mais graves porque o avô do ajudante de ordens interveio. É que Bolsonaro era colega de turma de um dos filhos militares do coronel Antônio Carlos – o futuro general Mauro Cesar Lorena Cid, pai do assessor do presidente.

O general e o chefe do Executivo pertencem à mesma turma – a de 1977 – da Aman. Ambos são artilheiros, paraquedistas e serviram no 8.º Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista. Mauro pai e Mauro filho pertenceram às “forças especiais”. Em 2008, o pai comandava a 9.ª Brigada de Infantaria Motorizada quando apresentou, em nome da Força, desculpas às famílias de três jovens do Morro da Providência, no Rio, entregues por militares da brigada a traficantes do Morro da Mineira, que os mataram. Seu último cargo na ativa foi a chefia do Departamento de Educação e Cultura do Exército.

Ao passar para a reserva em 2019, em vez de ocupar um lugar na Esplanada, o general Cid ganhou uma sinecura em Miami (EUA) – representante da Agência de Promoção das Exportações (Apex), com salário pago em dólar (US$ 9,6 mil). Ao todo, o general acumulara vencimentos de cerca de R$ 80 mil (R$ 50,8 mil da Apex e R$ 30 mil como militar). A ligação entre eles foi o que levou o tenente-coronel Mauro Cid a ser nomeado ajudante de ordens de Bolsonaro, em 2019. E depois virar o faz-tudo do presidente.

O que a PF revelou é que o general ajudava na alienação de joias e outros bens preciosos, levados, segundo a PF, para os EUA, a fim de serem vendidos. E as pessoas ligadas a esse grupo eram ligadas aos promotores da campanha de difamação contra integrantes do Alto Comando do Exército, apresentados em redes sociais como traidores, melancias e oportunistas

A boutade de Millôr Fernandes (Quer dizer que aquilo tudo não era ideologia, era investimento?) circulou entre os generais como a mostrar aos leitores de O Soldado e o Estado, de Samuel Huntington, que o caminho dos que se desviaram do chamado controle civil objetivo é restabelecer o muro que separa a política partidária da caserna onde os soldados profissionais cuidam em silêncio dos seus afazeres. A volta da política do Exército em vez da política no Exército é tudo o que o general Tomás procura.

O atual comandante da Força Terrestre tem feito exercício físico com a tropa nos comandos que visita. Busca mostrar que nas organizações militares a prontidão e o profissionalismo ficam; a tempestade e as CPIs, passam. A tarefa é difícil. Por mais que o Exército tente se concentrar em sua faina, toda sexta-feira parece trazer o dia 13, revelando uma nova operação da Polícia Federal e novas condutas ilícitas investigadas. E tudo parece estar longe do fim. Cada novo celular apreendido revela um pouco mais dessa barafunda. Ou de opera bufa. A depender do ponto de vista do general entrevistado pela coluna.

Eram 20 horas de ontem quando começaram a circular nos telefones dos generais do Alto Comando do Exército e do gabinete do comandante da Força Terrestre, general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, a informação de que o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, segundo seu novíssimo advogado, o criminalista Cezar Bitencourt, ia confessar as condutas imputadas a ele pela investigação da Polícia Federal (PF) e envolver o ex-presidente Jair Bolsonaro nos delitos investigados.

Mauro Cesar Barbosa Cid e Mauro Cesar Lourena Cid; pai e filho são alvo de caso das joias envolvendo o ex-presidente Foto: EFE/Andre Borges e Roberto Oliveira/Alesp

Uma hora depois, um dos generais não tinha mais dúvida do que estava testemunhando. Disse que quando os fins justificam os meios, tudo é possível. A história humana nos ensinaria. Desta vez, quem se gabava de combater o comunismo passara a adotar a mesma atitude da nomenklatura, a burocracia soviética que afirmava lutar por um mundo novo, sem a opressão do trabalhador, mas que desfilava pelas ruas de Moscou com sua limusines ZIL, enquanto suas mulheres desfilavam casacos de pele pela Rua Arbat.

A desilusão é definitiva. A notícia da futura confissão do coronel Cid era o que faltava para os incrédulos que ainda viam no caso mais supostos excessos na conduta do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), do que os ilícitos cometidos pelo entourage de Bolsonaro e pelo próprio ex-presidente. Até sexta-feira passada, os generais que conheciam a família Cid consideravam que o novo movimento do coronel, chefe da Ajudância de Ordens da Presidência, era uma impossibilidade.

São várias as razões para isso, mas a principal era a antiga relação entre Bolsonaro e os Cid. O avô do coronel preso por ordem do STF, o também coronel Antonio Carlos Cid, era um artilheiro da turma de 1955 da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) que trabalhou na Casa Militar sob as ordens do general Bayma Denys, durante o governo de José Sarney.

Anos antes, ele ajudara o então cadete Bolsonaro em um momento importante da vida do futuro presidente. Conta um general ouvido pela coluna que o Cavalão, como Bolsonaro era chamado na Academia, indispôs-se com um oficial médico na Aman. E o episódio só não teve consequências mais graves porque o avô do ajudante de ordens interveio. É que Bolsonaro era colega de turma de um dos filhos militares do coronel Antônio Carlos – o futuro general Mauro Cesar Lorena Cid, pai do assessor do presidente.

O general e o chefe do Executivo pertencem à mesma turma – a de 1977 – da Aman. Ambos são artilheiros, paraquedistas e serviram no 8.º Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista. Mauro pai e Mauro filho pertenceram às “forças especiais”. Em 2008, o pai comandava a 9.ª Brigada de Infantaria Motorizada quando apresentou, em nome da Força, desculpas às famílias de três jovens do Morro da Providência, no Rio, entregues por militares da brigada a traficantes do Morro da Mineira, que os mataram. Seu último cargo na ativa foi a chefia do Departamento de Educação e Cultura do Exército.

Ao passar para a reserva em 2019, em vez de ocupar um lugar na Esplanada, o general Cid ganhou uma sinecura em Miami (EUA) – representante da Agência de Promoção das Exportações (Apex), com salário pago em dólar (US$ 9,6 mil). Ao todo, o general acumulara vencimentos de cerca de R$ 80 mil (R$ 50,8 mil da Apex e R$ 30 mil como militar). A ligação entre eles foi o que levou o tenente-coronel Mauro Cid a ser nomeado ajudante de ordens de Bolsonaro, em 2019. E depois virar o faz-tudo do presidente.

O que a PF revelou é que o general ajudava na alienação de joias e outros bens preciosos, levados, segundo a PF, para os EUA, a fim de serem vendidos. E as pessoas ligadas a esse grupo eram ligadas aos promotores da campanha de difamação contra integrantes do Alto Comando do Exército, apresentados em redes sociais como traidores, melancias e oportunistas

A boutade de Millôr Fernandes (Quer dizer que aquilo tudo não era ideologia, era investimento?) circulou entre os generais como a mostrar aos leitores de O Soldado e o Estado, de Samuel Huntington, que o caminho dos que se desviaram do chamado controle civil objetivo é restabelecer o muro que separa a política partidária da caserna onde os soldados profissionais cuidam em silêncio dos seus afazeres. A volta da política do Exército em vez da política no Exército é tudo o que o general Tomás procura.

O atual comandante da Força Terrestre tem feito exercício físico com a tropa nos comandos que visita. Busca mostrar que nas organizações militares a prontidão e o profissionalismo ficam; a tempestade e as CPIs, passam. A tarefa é difícil. Por mais que o Exército tente se concentrar em sua faina, toda sexta-feira parece trazer o dia 13, revelando uma nova operação da Polícia Federal e novas condutas ilícitas investigadas. E tudo parece estar longe do fim. Cada novo celular apreendido revela um pouco mais dessa barafunda. Ou de opera bufa. A depender do ponto de vista do general entrevistado pela coluna.

Eram 20 horas de ontem quando começaram a circular nos telefones dos generais do Alto Comando do Exército e do gabinete do comandante da Força Terrestre, general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, a informação de que o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, segundo seu novíssimo advogado, o criminalista Cezar Bitencourt, ia confessar as condutas imputadas a ele pela investigação da Polícia Federal (PF) e envolver o ex-presidente Jair Bolsonaro nos delitos investigados.

Mauro Cesar Barbosa Cid e Mauro Cesar Lourena Cid; pai e filho são alvo de caso das joias envolvendo o ex-presidente Foto: EFE/Andre Borges e Roberto Oliveira/Alesp

Uma hora depois, um dos generais não tinha mais dúvida do que estava testemunhando. Disse que quando os fins justificam os meios, tudo é possível. A história humana nos ensinaria. Desta vez, quem se gabava de combater o comunismo passara a adotar a mesma atitude da nomenklatura, a burocracia soviética que afirmava lutar por um mundo novo, sem a opressão do trabalhador, mas que desfilava pelas ruas de Moscou com sua limusines ZIL, enquanto suas mulheres desfilavam casacos de pele pela Rua Arbat.

A desilusão é definitiva. A notícia da futura confissão do coronel Cid era o que faltava para os incrédulos que ainda viam no caso mais supostos excessos na conduta do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), do que os ilícitos cometidos pelo entourage de Bolsonaro e pelo próprio ex-presidente. Até sexta-feira passada, os generais que conheciam a família Cid consideravam que o novo movimento do coronel, chefe da Ajudância de Ordens da Presidência, era uma impossibilidade.

São várias as razões para isso, mas a principal era a antiga relação entre Bolsonaro e os Cid. O avô do coronel preso por ordem do STF, o também coronel Antonio Carlos Cid, era um artilheiro da turma de 1955 da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) que trabalhou na Casa Militar sob as ordens do general Bayma Denys, durante o governo de José Sarney.

Anos antes, ele ajudara o então cadete Bolsonaro em um momento importante da vida do futuro presidente. Conta um general ouvido pela coluna que o Cavalão, como Bolsonaro era chamado na Academia, indispôs-se com um oficial médico na Aman. E o episódio só não teve consequências mais graves porque o avô do ajudante de ordens interveio. É que Bolsonaro era colega de turma de um dos filhos militares do coronel Antônio Carlos – o futuro general Mauro Cesar Lorena Cid, pai do assessor do presidente.

O general e o chefe do Executivo pertencem à mesma turma – a de 1977 – da Aman. Ambos são artilheiros, paraquedistas e serviram no 8.º Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista. Mauro pai e Mauro filho pertenceram às “forças especiais”. Em 2008, o pai comandava a 9.ª Brigada de Infantaria Motorizada quando apresentou, em nome da Força, desculpas às famílias de três jovens do Morro da Providência, no Rio, entregues por militares da brigada a traficantes do Morro da Mineira, que os mataram. Seu último cargo na ativa foi a chefia do Departamento de Educação e Cultura do Exército.

Ao passar para a reserva em 2019, em vez de ocupar um lugar na Esplanada, o general Cid ganhou uma sinecura em Miami (EUA) – representante da Agência de Promoção das Exportações (Apex), com salário pago em dólar (US$ 9,6 mil). Ao todo, o general acumulara vencimentos de cerca de R$ 80 mil (R$ 50,8 mil da Apex e R$ 30 mil como militar). A ligação entre eles foi o que levou o tenente-coronel Mauro Cid a ser nomeado ajudante de ordens de Bolsonaro, em 2019. E depois virar o faz-tudo do presidente.

O que a PF revelou é que o general ajudava na alienação de joias e outros bens preciosos, levados, segundo a PF, para os EUA, a fim de serem vendidos. E as pessoas ligadas a esse grupo eram ligadas aos promotores da campanha de difamação contra integrantes do Alto Comando do Exército, apresentados em redes sociais como traidores, melancias e oportunistas

A boutade de Millôr Fernandes (Quer dizer que aquilo tudo não era ideologia, era investimento?) circulou entre os generais como a mostrar aos leitores de O Soldado e o Estado, de Samuel Huntington, que o caminho dos que se desviaram do chamado controle civil objetivo é restabelecer o muro que separa a política partidária da caserna onde os soldados profissionais cuidam em silêncio dos seus afazeres. A volta da política do Exército em vez da política no Exército é tudo o que o general Tomás procura.

O atual comandante da Força Terrestre tem feito exercício físico com a tropa nos comandos que visita. Busca mostrar que nas organizações militares a prontidão e o profissionalismo ficam; a tempestade e as CPIs, passam. A tarefa é difícil. Por mais que o Exército tente se concentrar em sua faina, toda sexta-feira parece trazer o dia 13, revelando uma nova operação da Polícia Federal e novas condutas ilícitas investigadas. E tudo parece estar longe do fim. Cada novo celular apreendido revela um pouco mais dessa barafunda. Ou de opera bufa. A depender do ponto de vista do general entrevistado pela coluna.

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