As relações entre o Poder Civil e o poder Militar

Análise|Exército cria unidade antitanques, testa mísseis de Israel e manobra 8 mil militares; veja como será


Comando Militar do Sudeste vai inaugurar a companhia anticarro, que abrigará os mísseis Spike LR2 e os Max 1.2 AC; unidade deve servir de modelo e pode ser deslocada de avião para qualquer parte do País

Por Marcelo Godoy e Fausto Macedo
Atualização:

O treinamento com os novos mísseis israelenses Spike LR2 foi concluído. E as instalações da mais nova unidade do Exército Brasileiro estão prontas. No próximo dia 16, o Comando Militar do Sudeste (CMSE) agregará às suas organizações de combate a primeira companhia contra blindados e tanques da Força Terrestre, a 1.ª Companhia Anticarro Mecanizada (1.ª CIA AC MEC).

Os testes com o Spike LR2 feitos pelos militares para a formação da 1.ª Companhia Anticarros Mecanizada do Exército Brasileiro Foto: Exército Brasileiro

No começo, ela contará com dois pelotões com o novo equipamento, segundo o comandante da 11ª Brigada de Infantaria Mecanizada, o general Santiago César França Budó. A unidade, quando estiver com seu efetivo completo, terá um contingente de cerca de 150 homens, todos militares profissionais – não haverá conscritos na companhia.

continua após a publicidade

“O Exército já tinha a doutrina com a previsão de companhias anticarro. Esta será a primeira unidade com essa capacidade de dissuasão”, afirmou o general. O Spike LR 2 é um míssil que usa o chamado sistema fire, observe and update (disparar, observar e atualizar) com auxílio de Inteligência Artificial. Por meio dele, seu operador pode optar pelo controle manual do início ao fim do voo ou travar o alvo por meio da IA. Neste caso, ainda é possível fazer ajustes no voo até o impacto.

O deslocamento de uma seção de um dos pelotões da nova companhia anticarro do Exército que vai usar os mísseis israelenses Spike LR2 Foto: Crédito: Exército Brasileiro

Por último, o operador pode usar o modo AUTO, o que possibilita a inserção de uma coordenada de alvo – e o míssil segue até ele –, mas deixa o operador trocar de objetivos ou fazer pequenos ajustes durante o voo para melhorar a precisão. De acordo com o Exército, este modo de tiro permite o engajamento de alvos sem linha de visada.

continua após a publicidade

O peso de cada míssil é 13 quilos e ele pode ser disparado do solo pela equipe de soldados ou a partir de viaturas blindadas multitarefas leves sobre rodas Guaicurus, fabricadas pela Iveco Defense Vehicles (IDV). Seu alcance é de 5,5 mil metros. Ainda segundo o Exército, tanto o lançador quanto o míssil possuem câmera diurna e termal, o que consente o uso do equipamento sob quaisquer condições de visibilidade.

O teste do míssil Spike LR2 em um centro do Exército brasileiro, no Rio Grande do Sul Foto: Reprodução / Exército Brasileiro

Além dos mísseis Spike LR2, que equipará dois pelotões operacionais de mísseis, cada um com duas seções a duas peças cada, totalizando oito peças, ele deverá contar no próximo ano com os novo míssil anticarro brasileiro, o Max MSS 1.2 AC, fabricado pela Siatt no Vale do Paraíba, que deverá equipar outros dois pelotões operacionais. Até lá, de acordo com o general Budó, a unidade ficará ligada ao 4.º Batalhão de Infantaria Mecanizado (4.º BI Mec), passando então a ser subordinada ao comando da 11ª Brigada.

continua após a publicidade

A decisão do Comando do Exército de agregar a 1ª CIA AC Mec à 11ª Brigada se deve ao fato de que ela está em processo de se tornar até 2027 uma das Forças de Emprego Estratégico do Exército (FORPRON), o que lhe confere prioridade no recebimento dos veículos blindados Guaranis. Atualmente, ela é uma força de emprego geral.

O novo Spike LR2 que será usado pela 1ª Companhia Anticarro Mecanizada, da 11.ª brigada de Infantaria Mecanizada: alcance de 5,5 mil metros e fabricação israelense Foto: Exército Brasileiro

Além da nova companhia, a brigada conta com três batalhões de infantaria – o 4.º BI Mec, em Osasco, o 28.º BI Mec, em Campinas, e o 37.º BI Mec, em Lins – com o 13.º Regimento de Cavalaria Mecanizado, em Pirassununga, o 2.º Grupo de Artilharia de Campanha, em Itu, o 2º Batalhão Logístico, em Campinas, e outras três companhias, em Pindamonhangaba e em Campinas.

continua após a publicidade

A localização da brigada, cuja sede também fica em Campinas, no interior paulista, e da nova companhia, em Barueri, na Grande São Paulo, permite vantagens logísticas para a nova unidade, que pode ser transportada a partir de várias bases aéreas e aeroportos do Estado para qualquer canto do País nos aviões KC-390, da Força Aérea.

Maior exercício militar da América do Sul, a Operação Perseu mobilizou 7,8 mil do Exército e da Força Aérea no Vale do Paraíba e em Resende, no Rio. Na foto, blindados Guarani ultrapassam um rio com apoio da engenharia de combate Foto: Exército Brasileiro

Hoje, de acordo com o que o comandante do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro de Paiva, disse à coluna a maior preocupação em termos geopolíticos da Força Terrestre está na fronteira de Roraima com a Venezuela em razão da escalada do regime de Nicolás Maduro em razão da disputa pelo território de Essequibo, pertencente à Guiana. “Embora não tenhamos detectado nenhuma ameaça ao Brasil, o Exército ampliou sua capacidade dissuasória na região.”

continua após a publicidade

Tomás se refere ao envio de cerca de uma centena de Max MSS 1.2 AC, que estão equipando o 18.º Regimento de Cavalaria Mecanizado, em Boa Vista, unidade criada para reforçar a 1.ª Brigada de Infantaria de Selva a fim de enfrentar a ameaça de uma invasão venezuelana.

Operação Perseu reúne 7,8 mil militares

O general de exército Pedro Celso Coelho Montenegro, durante a Operação Perseu, em Resende, no Rio Foto: Marcelo Godoy / Estadão
continua após a publicidade

O comandante tratou da situação na fronteira com a Venezuela durante a abertura da Operação Perseu, que reuniu 7,8 mil homens de cinco grandes comandos. Iniciado em 25 de novembro, no Vale do Paraíba, em São Paulo, ele foi concluído no dia 5 de dezembro, em Resende, no Rio.

A operação teve como objetivo adestrar e treinar as tropas aptas a serem empregadas em missões de defesa, cooperação e coordenação com agências e, quando necessário, apoio à política externa. “A Operação Perseu é a operação mais importante da Força Terrestre no ano e a maior operação que estamos fazendo na América do Sul, com emprego de muitos meios e muitas atividades, onde iremos certificar diversas capacidades”, disse o general Tomás.

A área de operações incluiu as cidades paulistas de Taubaté, Cruzeiro, Lorena, Areias, Silveiras e se estendeu até Resende. Ela envolveu a transposição de rios pelos soldados da 11ª Brigada e o lançamento de homens da Brigada Paraquedista sobre uma represa no Rio Paraíba. Houve deslocamento de tropa a pé e motorizados com o uso de veículos blindados e não blindados, além de operações aeroterrestres com emprego de helicópteros.

Em Resende, os militares executaram tiros reais no campo de instrução da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN). Ali foram usados mísseis antiaéreos RBS 70, foguetes disparados pelo Sistema Astros (TS09), além de obuseiro 105 mm, canhões AT4 e fogo de peças autopropulsadas de calibre 155 mm para fogo de barragem e de contrabateria. Por fim, blindados Cascavel e Guaranis também participaram da ação, bem como o disparo de foguetes do Comando de Aviação do Exército e o uso de drones para o reconhecimento do terreno.

O 28.º Batalhão de Infantaria Mecanizado (28.º BIMec) empregou a 1.ª Companhia de Fuzileiros Mecanizada na realização de um ataque à localidade em área edificada na cidade de Silveiras durante a Operação Perseu Foto: Exército Brasileiro

As ações foram supervisionadas pelos general de divisão Edson Massayuki Hiroshi, comandante da 2.ª Divisão de Exército, e pelo futuro comandante militar do Sudeste (CMSE), general de exército Pedro Celso Coelho Montenegro. Montenegro deve assumir no próximo dia 17 o CMSE, em substituição ao general Guido Amin.

De acordo com eles, a Operação Perseu foi realizada nas condições mais próximas possíveis da realidade do combate operacional, com um teatro de operações que empregou a tropa no terreno, aplicando a doutrina militar vigente dentro de um quadro tático de combate no amplo espectro. Ou seja, treinar capacidades convergentes de diversas unidades do Exército. “Essa é uma oportunidade importante para colocar em prática tudo o que aprendemos”, afirmou Montenegro.

O treinamento com os novos mísseis israelenses Spike LR2 foi concluído. E as instalações da mais nova unidade do Exército Brasileiro estão prontas. No próximo dia 16, o Comando Militar do Sudeste (CMSE) agregará às suas organizações de combate a primeira companhia contra blindados e tanques da Força Terrestre, a 1.ª Companhia Anticarro Mecanizada (1.ª CIA AC MEC).

Os testes com o Spike LR2 feitos pelos militares para a formação da 1.ª Companhia Anticarros Mecanizada do Exército Brasileiro Foto: Exército Brasileiro

No começo, ela contará com dois pelotões com o novo equipamento, segundo o comandante da 11ª Brigada de Infantaria Mecanizada, o general Santiago César França Budó. A unidade, quando estiver com seu efetivo completo, terá um contingente de cerca de 150 homens, todos militares profissionais – não haverá conscritos na companhia.

“O Exército já tinha a doutrina com a previsão de companhias anticarro. Esta será a primeira unidade com essa capacidade de dissuasão”, afirmou o general. O Spike LR 2 é um míssil que usa o chamado sistema fire, observe and update (disparar, observar e atualizar) com auxílio de Inteligência Artificial. Por meio dele, seu operador pode optar pelo controle manual do início ao fim do voo ou travar o alvo por meio da IA. Neste caso, ainda é possível fazer ajustes no voo até o impacto.

O deslocamento de uma seção de um dos pelotões da nova companhia anticarro do Exército que vai usar os mísseis israelenses Spike LR2 Foto: Crédito: Exército Brasileiro

Por último, o operador pode usar o modo AUTO, o que possibilita a inserção de uma coordenada de alvo – e o míssil segue até ele –, mas deixa o operador trocar de objetivos ou fazer pequenos ajustes durante o voo para melhorar a precisão. De acordo com o Exército, este modo de tiro permite o engajamento de alvos sem linha de visada.

O peso de cada míssil é 13 quilos e ele pode ser disparado do solo pela equipe de soldados ou a partir de viaturas blindadas multitarefas leves sobre rodas Guaicurus, fabricadas pela Iveco Defense Vehicles (IDV). Seu alcance é de 5,5 mil metros. Ainda segundo o Exército, tanto o lançador quanto o míssil possuem câmera diurna e termal, o que consente o uso do equipamento sob quaisquer condições de visibilidade.

O teste do míssil Spike LR2 em um centro do Exército brasileiro, no Rio Grande do Sul Foto: Reprodução / Exército Brasileiro

Além dos mísseis Spike LR2, que equipará dois pelotões operacionais de mísseis, cada um com duas seções a duas peças cada, totalizando oito peças, ele deverá contar no próximo ano com os novo míssil anticarro brasileiro, o Max MSS 1.2 AC, fabricado pela Siatt no Vale do Paraíba, que deverá equipar outros dois pelotões operacionais. Até lá, de acordo com o general Budó, a unidade ficará ligada ao 4.º Batalhão de Infantaria Mecanizado (4.º BI Mec), passando então a ser subordinada ao comando da 11ª Brigada.

A decisão do Comando do Exército de agregar a 1ª CIA AC Mec à 11ª Brigada se deve ao fato de que ela está em processo de se tornar até 2027 uma das Forças de Emprego Estratégico do Exército (FORPRON), o que lhe confere prioridade no recebimento dos veículos blindados Guaranis. Atualmente, ela é uma força de emprego geral.

O novo Spike LR2 que será usado pela 1ª Companhia Anticarro Mecanizada, da 11.ª brigada de Infantaria Mecanizada: alcance de 5,5 mil metros e fabricação israelense Foto: Exército Brasileiro

Além da nova companhia, a brigada conta com três batalhões de infantaria – o 4.º BI Mec, em Osasco, o 28.º BI Mec, em Campinas, e o 37.º BI Mec, em Lins – com o 13.º Regimento de Cavalaria Mecanizado, em Pirassununga, o 2.º Grupo de Artilharia de Campanha, em Itu, o 2º Batalhão Logístico, em Campinas, e outras três companhias, em Pindamonhangaba e em Campinas.

A localização da brigada, cuja sede também fica em Campinas, no interior paulista, e da nova companhia, em Barueri, na Grande São Paulo, permite vantagens logísticas para a nova unidade, que pode ser transportada a partir de várias bases aéreas e aeroportos do Estado para qualquer canto do País nos aviões KC-390, da Força Aérea.

Maior exercício militar da América do Sul, a Operação Perseu mobilizou 7,8 mil do Exército e da Força Aérea no Vale do Paraíba e em Resende, no Rio. Na foto, blindados Guarani ultrapassam um rio com apoio da engenharia de combate Foto: Exército Brasileiro

Hoje, de acordo com o que o comandante do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro de Paiva, disse à coluna a maior preocupação em termos geopolíticos da Força Terrestre está na fronteira de Roraima com a Venezuela em razão da escalada do regime de Nicolás Maduro em razão da disputa pelo território de Essequibo, pertencente à Guiana. “Embora não tenhamos detectado nenhuma ameaça ao Brasil, o Exército ampliou sua capacidade dissuasória na região.”

Tomás se refere ao envio de cerca de uma centena de Max MSS 1.2 AC, que estão equipando o 18.º Regimento de Cavalaria Mecanizado, em Boa Vista, unidade criada para reforçar a 1.ª Brigada de Infantaria de Selva a fim de enfrentar a ameaça de uma invasão venezuelana.

Operação Perseu reúne 7,8 mil militares

O general de exército Pedro Celso Coelho Montenegro, durante a Operação Perseu, em Resende, no Rio Foto: Marcelo Godoy / Estadão

O comandante tratou da situação na fronteira com a Venezuela durante a abertura da Operação Perseu, que reuniu 7,8 mil homens de cinco grandes comandos. Iniciado em 25 de novembro, no Vale do Paraíba, em São Paulo, ele foi concluído no dia 5 de dezembro, em Resende, no Rio.

A operação teve como objetivo adestrar e treinar as tropas aptas a serem empregadas em missões de defesa, cooperação e coordenação com agências e, quando necessário, apoio à política externa. “A Operação Perseu é a operação mais importante da Força Terrestre no ano e a maior operação que estamos fazendo na América do Sul, com emprego de muitos meios e muitas atividades, onde iremos certificar diversas capacidades”, disse o general Tomás.

A área de operações incluiu as cidades paulistas de Taubaté, Cruzeiro, Lorena, Areias, Silveiras e se estendeu até Resende. Ela envolveu a transposição de rios pelos soldados da 11ª Brigada e o lançamento de homens da Brigada Paraquedista sobre uma represa no Rio Paraíba. Houve deslocamento de tropa a pé e motorizados com o uso de veículos blindados e não blindados, além de operações aeroterrestres com emprego de helicópteros.

Em Resende, os militares executaram tiros reais no campo de instrução da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN). Ali foram usados mísseis antiaéreos RBS 70, foguetes disparados pelo Sistema Astros (TS09), além de obuseiro 105 mm, canhões AT4 e fogo de peças autopropulsadas de calibre 155 mm para fogo de barragem e de contrabateria. Por fim, blindados Cascavel e Guaranis também participaram da ação, bem como o disparo de foguetes do Comando de Aviação do Exército e o uso de drones para o reconhecimento do terreno.

O 28.º Batalhão de Infantaria Mecanizado (28.º BIMec) empregou a 1.ª Companhia de Fuzileiros Mecanizada na realização de um ataque à localidade em área edificada na cidade de Silveiras durante a Operação Perseu Foto: Exército Brasileiro

As ações foram supervisionadas pelos general de divisão Edson Massayuki Hiroshi, comandante da 2.ª Divisão de Exército, e pelo futuro comandante militar do Sudeste (CMSE), general de exército Pedro Celso Coelho Montenegro. Montenegro deve assumir no próximo dia 17 o CMSE, em substituição ao general Guido Amin.

De acordo com eles, a Operação Perseu foi realizada nas condições mais próximas possíveis da realidade do combate operacional, com um teatro de operações que empregou a tropa no terreno, aplicando a doutrina militar vigente dentro de um quadro tático de combate no amplo espectro. Ou seja, treinar capacidades convergentes de diversas unidades do Exército. “Essa é uma oportunidade importante para colocar em prática tudo o que aprendemos”, afirmou Montenegro.

O treinamento com os novos mísseis israelenses Spike LR2 foi concluído. E as instalações da mais nova unidade do Exército Brasileiro estão prontas. No próximo dia 16, o Comando Militar do Sudeste (CMSE) agregará às suas organizações de combate a primeira companhia contra blindados e tanques da Força Terrestre, a 1.ª Companhia Anticarro Mecanizada (1.ª CIA AC MEC).

Os testes com o Spike LR2 feitos pelos militares para a formação da 1.ª Companhia Anticarros Mecanizada do Exército Brasileiro Foto: Exército Brasileiro

No começo, ela contará com dois pelotões com o novo equipamento, segundo o comandante da 11ª Brigada de Infantaria Mecanizada, o general Santiago César França Budó. A unidade, quando estiver com seu efetivo completo, terá um contingente de cerca de 150 homens, todos militares profissionais – não haverá conscritos na companhia.

“O Exército já tinha a doutrina com a previsão de companhias anticarro. Esta será a primeira unidade com essa capacidade de dissuasão”, afirmou o general. O Spike LR 2 é um míssil que usa o chamado sistema fire, observe and update (disparar, observar e atualizar) com auxílio de Inteligência Artificial. Por meio dele, seu operador pode optar pelo controle manual do início ao fim do voo ou travar o alvo por meio da IA. Neste caso, ainda é possível fazer ajustes no voo até o impacto.

O deslocamento de uma seção de um dos pelotões da nova companhia anticarro do Exército que vai usar os mísseis israelenses Spike LR2 Foto: Crédito: Exército Brasileiro

Por último, o operador pode usar o modo AUTO, o que possibilita a inserção de uma coordenada de alvo – e o míssil segue até ele –, mas deixa o operador trocar de objetivos ou fazer pequenos ajustes durante o voo para melhorar a precisão. De acordo com o Exército, este modo de tiro permite o engajamento de alvos sem linha de visada.

O peso de cada míssil é 13 quilos e ele pode ser disparado do solo pela equipe de soldados ou a partir de viaturas blindadas multitarefas leves sobre rodas Guaicurus, fabricadas pela Iveco Defense Vehicles (IDV). Seu alcance é de 5,5 mil metros. Ainda segundo o Exército, tanto o lançador quanto o míssil possuem câmera diurna e termal, o que consente o uso do equipamento sob quaisquer condições de visibilidade.

O teste do míssil Spike LR2 em um centro do Exército brasileiro, no Rio Grande do Sul Foto: Reprodução / Exército Brasileiro

Além dos mísseis Spike LR2, que equipará dois pelotões operacionais de mísseis, cada um com duas seções a duas peças cada, totalizando oito peças, ele deverá contar no próximo ano com os novo míssil anticarro brasileiro, o Max MSS 1.2 AC, fabricado pela Siatt no Vale do Paraíba, que deverá equipar outros dois pelotões operacionais. Até lá, de acordo com o general Budó, a unidade ficará ligada ao 4.º Batalhão de Infantaria Mecanizado (4.º BI Mec), passando então a ser subordinada ao comando da 11ª Brigada.

A decisão do Comando do Exército de agregar a 1ª CIA AC Mec à 11ª Brigada se deve ao fato de que ela está em processo de se tornar até 2027 uma das Forças de Emprego Estratégico do Exército (FORPRON), o que lhe confere prioridade no recebimento dos veículos blindados Guaranis. Atualmente, ela é uma força de emprego geral.

O novo Spike LR2 que será usado pela 1ª Companhia Anticarro Mecanizada, da 11.ª brigada de Infantaria Mecanizada: alcance de 5,5 mil metros e fabricação israelense Foto: Exército Brasileiro

Além da nova companhia, a brigada conta com três batalhões de infantaria – o 4.º BI Mec, em Osasco, o 28.º BI Mec, em Campinas, e o 37.º BI Mec, em Lins – com o 13.º Regimento de Cavalaria Mecanizado, em Pirassununga, o 2.º Grupo de Artilharia de Campanha, em Itu, o 2º Batalhão Logístico, em Campinas, e outras três companhias, em Pindamonhangaba e em Campinas.

A localização da brigada, cuja sede também fica em Campinas, no interior paulista, e da nova companhia, em Barueri, na Grande São Paulo, permite vantagens logísticas para a nova unidade, que pode ser transportada a partir de várias bases aéreas e aeroportos do Estado para qualquer canto do País nos aviões KC-390, da Força Aérea.

Maior exercício militar da América do Sul, a Operação Perseu mobilizou 7,8 mil do Exército e da Força Aérea no Vale do Paraíba e em Resende, no Rio. Na foto, blindados Guarani ultrapassam um rio com apoio da engenharia de combate Foto: Exército Brasileiro

Hoje, de acordo com o que o comandante do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro de Paiva, disse à coluna a maior preocupação em termos geopolíticos da Força Terrestre está na fronteira de Roraima com a Venezuela em razão da escalada do regime de Nicolás Maduro em razão da disputa pelo território de Essequibo, pertencente à Guiana. “Embora não tenhamos detectado nenhuma ameaça ao Brasil, o Exército ampliou sua capacidade dissuasória na região.”

Tomás se refere ao envio de cerca de uma centena de Max MSS 1.2 AC, que estão equipando o 18.º Regimento de Cavalaria Mecanizado, em Boa Vista, unidade criada para reforçar a 1.ª Brigada de Infantaria de Selva a fim de enfrentar a ameaça de uma invasão venezuelana.

Operação Perseu reúne 7,8 mil militares

O general de exército Pedro Celso Coelho Montenegro, durante a Operação Perseu, em Resende, no Rio Foto: Marcelo Godoy / Estadão

O comandante tratou da situação na fronteira com a Venezuela durante a abertura da Operação Perseu, que reuniu 7,8 mil homens de cinco grandes comandos. Iniciado em 25 de novembro, no Vale do Paraíba, em São Paulo, ele foi concluído no dia 5 de dezembro, em Resende, no Rio.

A operação teve como objetivo adestrar e treinar as tropas aptas a serem empregadas em missões de defesa, cooperação e coordenação com agências e, quando necessário, apoio à política externa. “A Operação Perseu é a operação mais importante da Força Terrestre no ano e a maior operação que estamos fazendo na América do Sul, com emprego de muitos meios e muitas atividades, onde iremos certificar diversas capacidades”, disse o general Tomás.

A área de operações incluiu as cidades paulistas de Taubaté, Cruzeiro, Lorena, Areias, Silveiras e se estendeu até Resende. Ela envolveu a transposição de rios pelos soldados da 11ª Brigada e o lançamento de homens da Brigada Paraquedista sobre uma represa no Rio Paraíba. Houve deslocamento de tropa a pé e motorizados com o uso de veículos blindados e não blindados, além de operações aeroterrestres com emprego de helicópteros.

Em Resende, os militares executaram tiros reais no campo de instrução da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN). Ali foram usados mísseis antiaéreos RBS 70, foguetes disparados pelo Sistema Astros (TS09), além de obuseiro 105 mm, canhões AT4 e fogo de peças autopropulsadas de calibre 155 mm para fogo de barragem e de contrabateria. Por fim, blindados Cascavel e Guaranis também participaram da ação, bem como o disparo de foguetes do Comando de Aviação do Exército e o uso de drones para o reconhecimento do terreno.

O 28.º Batalhão de Infantaria Mecanizado (28.º BIMec) empregou a 1.ª Companhia de Fuzileiros Mecanizada na realização de um ataque à localidade em área edificada na cidade de Silveiras durante a Operação Perseu Foto: Exército Brasileiro

As ações foram supervisionadas pelos general de divisão Edson Massayuki Hiroshi, comandante da 2.ª Divisão de Exército, e pelo futuro comandante militar do Sudeste (CMSE), general de exército Pedro Celso Coelho Montenegro. Montenegro deve assumir no próximo dia 17 o CMSE, em substituição ao general Guido Amin.

De acordo com eles, a Operação Perseu foi realizada nas condições mais próximas possíveis da realidade do combate operacional, com um teatro de operações que empregou a tropa no terreno, aplicando a doutrina militar vigente dentro de um quadro tático de combate no amplo espectro. Ou seja, treinar capacidades convergentes de diversas unidades do Exército. “Essa é uma oportunidade importante para colocar em prática tudo o que aprendemos”, afirmou Montenegro.

Análise por Marcelo Godoy

Repórter especial do Estadão e escritor. É autor do livro A Casa da Vovó, prêmios Jabuti (2015) e Sérgio Buarque de Holanda, da Biblioteca Nacional (2015). É jornalista formado pela Casper Líbero.

Fausto Macedo

É repórter de Política do jornal O Estado de S. Paulo

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.