As relações entre o Poder Civil e o poder Militar

Análise|Como o governo Lula transforma responsabilidade em desculpa para a cumplicidade com Maduro


Cinismo de quem agora se lembra do direito à ampla defesa – como se Silvio Almeida fosse um pobre indefeso, em vez de um homem em posição de poder – coincide com o silêncio sobre Óscar Figuera na Venezuela

Por Marcelo Godoy
Atualização:

Os que desafiam as plausibilidades, os portadores de más notícias, que insistem em contar as coisas como elas são, nunca foram bem-vindos e, frequentemente, não são nem mesmo tolerados. A constatação de Hannah Arendt em Responsabilidade e Julgamento explica em parte o comportamento do Planalto diante da crise da Venezuela.

Nicolás Maduro foi recebido por Lula em Brasília no ano passado. Foto: Antônio Cruz/EBC

Há um mês, 30 ex-presidentes latino-americanos e ex-premiês espanhóis se uniram para exortar Luiz Inácio Lula da Silva a “reafirmar seu compromisso com a democracia” e reagir “à usurpação da vontade popular” executada por Nicolás Maduro. Ao petismo foi fácil desqualificar os portadores da má notícia, como “políticos de direita”. Usar a polarização política para justificar a leniência ou o apoio ao ditador Maduro não espanta em um mundo em que não poucos resistem a ver a democracia como um valor universal.

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Mas há testemunhas demais no mundo para que o absurdo se normalize. E a voz do secretário-geral do Partido Comunista da Venezuela, Óscar Figuera, resolveu assombrar a conveniência de se enxergar os conflitos de forma binária. Diz a direção comunista que se opõe a Maduro: “Todo o mundo sabe o que ocorreu no dia 28 de julho”. Acrescente-se: alguns não sentem vergonha disso.

Prossegue o PCV: “Uma sentença não pode substituir os votos”. O partido descreve a “onda inédita de repressão no país” com “desaparições forçadas temporárias, detenção de menores e mulheres, revistas arbitrárias, roubos, extorsões e ações de milicianos em cumplicidade com as forças do Estado”.

Conclui que a “política de terror” tem o objetivo de “neutralizar os protestos populares”. Maduro pretende fazer crer que a defesa da Constituição, da soberania popular e do estado de direito são ideias “fascistas”. Não é preciso lembrar de Goffredo da Silva Telles Júnior para se compreender a contradição.

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O agora ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Os tais portadores de más notícias não se limitam a assombrar Lula e parte de seus apoiadores por causa da Venezuela. Também os incomodam quando um ministro resolve assediar sexualmente amigas e pessoas com quem trabalha, deslizando, sem consentimento, suas mãos pelas saias de mulheres.

Não eram poucos os ministros que sabiam – e entre eles estava Alexandre Padilha – do fato. O cinismo de quem agora se lembra do direito à ampla defesa – como se Silvio Almeida fosse um pobre indefeso, em vez de um homem em posição de poder – coincide com o silêncio sobre Figuera. Falta vergonha a quem deveria tê-la? Se os dois casos reacendem o debate sobre o limite das conveniências e o das convicções, eles também mostram que a responsabilidade não pode se transformar em desculpa para a cumplicidade.

Os que desafiam as plausibilidades, os portadores de más notícias, que insistem em contar as coisas como elas são, nunca foram bem-vindos e, frequentemente, não são nem mesmo tolerados. A constatação de Hannah Arendt em Responsabilidade e Julgamento explica em parte o comportamento do Planalto diante da crise da Venezuela.

Nicolás Maduro foi recebido por Lula em Brasília no ano passado. Foto: Antônio Cruz/EBC

Há um mês, 30 ex-presidentes latino-americanos e ex-premiês espanhóis se uniram para exortar Luiz Inácio Lula da Silva a “reafirmar seu compromisso com a democracia” e reagir “à usurpação da vontade popular” executada por Nicolás Maduro. Ao petismo foi fácil desqualificar os portadores da má notícia, como “políticos de direita”. Usar a polarização política para justificar a leniência ou o apoio ao ditador Maduro não espanta em um mundo em que não poucos resistem a ver a democracia como um valor universal.

Mas há testemunhas demais no mundo para que o absurdo se normalize. E a voz do secretário-geral do Partido Comunista da Venezuela, Óscar Figuera, resolveu assombrar a conveniência de se enxergar os conflitos de forma binária. Diz a direção comunista que se opõe a Maduro: “Todo o mundo sabe o que ocorreu no dia 28 de julho”. Acrescente-se: alguns não sentem vergonha disso.

Prossegue o PCV: “Uma sentença não pode substituir os votos”. O partido descreve a “onda inédita de repressão no país” com “desaparições forçadas temporárias, detenção de menores e mulheres, revistas arbitrárias, roubos, extorsões e ações de milicianos em cumplicidade com as forças do Estado”.

Conclui que a “política de terror” tem o objetivo de “neutralizar os protestos populares”. Maduro pretende fazer crer que a defesa da Constituição, da soberania popular e do estado de direito são ideias “fascistas”. Não é preciso lembrar de Goffredo da Silva Telles Júnior para se compreender a contradição.

O agora ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Os tais portadores de más notícias não se limitam a assombrar Lula e parte de seus apoiadores por causa da Venezuela. Também os incomodam quando um ministro resolve assediar sexualmente amigas e pessoas com quem trabalha, deslizando, sem consentimento, suas mãos pelas saias de mulheres.

Não eram poucos os ministros que sabiam – e entre eles estava Alexandre Padilha – do fato. O cinismo de quem agora se lembra do direito à ampla defesa – como se Silvio Almeida fosse um pobre indefeso, em vez de um homem em posição de poder – coincide com o silêncio sobre Figuera. Falta vergonha a quem deveria tê-la? Se os dois casos reacendem o debate sobre o limite das conveniências e o das convicções, eles também mostram que a responsabilidade não pode se transformar em desculpa para a cumplicidade.

Os que desafiam as plausibilidades, os portadores de más notícias, que insistem em contar as coisas como elas são, nunca foram bem-vindos e, frequentemente, não são nem mesmo tolerados. A constatação de Hannah Arendt em Responsabilidade e Julgamento explica em parte o comportamento do Planalto diante da crise da Venezuela.

Nicolás Maduro foi recebido por Lula em Brasília no ano passado. Foto: Antônio Cruz/EBC

Há um mês, 30 ex-presidentes latino-americanos e ex-premiês espanhóis se uniram para exortar Luiz Inácio Lula da Silva a “reafirmar seu compromisso com a democracia” e reagir “à usurpação da vontade popular” executada por Nicolás Maduro. Ao petismo foi fácil desqualificar os portadores da má notícia, como “políticos de direita”. Usar a polarização política para justificar a leniência ou o apoio ao ditador Maduro não espanta em um mundo em que não poucos resistem a ver a democracia como um valor universal.

Mas há testemunhas demais no mundo para que o absurdo se normalize. E a voz do secretário-geral do Partido Comunista da Venezuela, Óscar Figuera, resolveu assombrar a conveniência de se enxergar os conflitos de forma binária. Diz a direção comunista que se opõe a Maduro: “Todo o mundo sabe o que ocorreu no dia 28 de julho”. Acrescente-se: alguns não sentem vergonha disso.

Prossegue o PCV: “Uma sentença não pode substituir os votos”. O partido descreve a “onda inédita de repressão no país” com “desaparições forçadas temporárias, detenção de menores e mulheres, revistas arbitrárias, roubos, extorsões e ações de milicianos em cumplicidade com as forças do Estado”.

Conclui que a “política de terror” tem o objetivo de “neutralizar os protestos populares”. Maduro pretende fazer crer que a defesa da Constituição, da soberania popular e do estado de direito são ideias “fascistas”. Não é preciso lembrar de Goffredo da Silva Telles Júnior para se compreender a contradição.

O agora ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Os tais portadores de más notícias não se limitam a assombrar Lula e parte de seus apoiadores por causa da Venezuela. Também os incomodam quando um ministro resolve assediar sexualmente amigas e pessoas com quem trabalha, deslizando, sem consentimento, suas mãos pelas saias de mulheres.

Não eram poucos os ministros que sabiam – e entre eles estava Alexandre Padilha – do fato. O cinismo de quem agora se lembra do direito à ampla defesa – como se Silvio Almeida fosse um pobre indefeso, em vez de um homem em posição de poder – coincide com o silêncio sobre Figuera. Falta vergonha a quem deveria tê-la? Se os dois casos reacendem o debate sobre o limite das conveniências e o das convicções, eles também mostram que a responsabilidade não pode se transformar em desculpa para a cumplicidade.

Os que desafiam as plausibilidades, os portadores de más notícias, que insistem em contar as coisas como elas são, nunca foram bem-vindos e, frequentemente, não são nem mesmo tolerados. A constatação de Hannah Arendt em Responsabilidade e Julgamento explica em parte o comportamento do Planalto diante da crise da Venezuela.

Nicolás Maduro foi recebido por Lula em Brasília no ano passado. Foto: Antônio Cruz/EBC

Há um mês, 30 ex-presidentes latino-americanos e ex-premiês espanhóis se uniram para exortar Luiz Inácio Lula da Silva a “reafirmar seu compromisso com a democracia” e reagir “à usurpação da vontade popular” executada por Nicolás Maduro. Ao petismo foi fácil desqualificar os portadores da má notícia, como “políticos de direita”. Usar a polarização política para justificar a leniência ou o apoio ao ditador Maduro não espanta em um mundo em que não poucos resistem a ver a democracia como um valor universal.

Mas há testemunhas demais no mundo para que o absurdo se normalize. E a voz do secretário-geral do Partido Comunista da Venezuela, Óscar Figuera, resolveu assombrar a conveniência de se enxergar os conflitos de forma binária. Diz a direção comunista que se opõe a Maduro: “Todo o mundo sabe o que ocorreu no dia 28 de julho”. Acrescente-se: alguns não sentem vergonha disso.

Prossegue o PCV: “Uma sentença não pode substituir os votos”. O partido descreve a “onda inédita de repressão no país” com “desaparições forçadas temporárias, detenção de menores e mulheres, revistas arbitrárias, roubos, extorsões e ações de milicianos em cumplicidade com as forças do Estado”.

Conclui que a “política de terror” tem o objetivo de “neutralizar os protestos populares”. Maduro pretende fazer crer que a defesa da Constituição, da soberania popular e do estado de direito são ideias “fascistas”. Não é preciso lembrar de Goffredo da Silva Telles Júnior para se compreender a contradição.

O agora ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Os tais portadores de más notícias não se limitam a assombrar Lula e parte de seus apoiadores por causa da Venezuela. Também os incomodam quando um ministro resolve assediar sexualmente amigas e pessoas com quem trabalha, deslizando, sem consentimento, suas mãos pelas saias de mulheres.

Não eram poucos os ministros que sabiam – e entre eles estava Alexandre Padilha – do fato. O cinismo de quem agora se lembra do direito à ampla defesa – como se Silvio Almeida fosse um pobre indefeso, em vez de um homem em posição de poder – coincide com o silêncio sobre Figuera. Falta vergonha a quem deveria tê-la? Se os dois casos reacendem o debate sobre o limite das conveniências e o das convicções, eles também mostram que a responsabilidade não pode se transformar em desculpa para a cumplicidade.

Os que desafiam as plausibilidades, os portadores de más notícias, que insistem em contar as coisas como elas são, nunca foram bem-vindos e, frequentemente, não são nem mesmo tolerados. A constatação de Hannah Arendt em Responsabilidade e Julgamento explica em parte o comportamento do Planalto diante da crise da Venezuela.

Nicolás Maduro foi recebido por Lula em Brasília no ano passado. Foto: Antônio Cruz/EBC

Há um mês, 30 ex-presidentes latino-americanos e ex-premiês espanhóis se uniram para exortar Luiz Inácio Lula da Silva a “reafirmar seu compromisso com a democracia” e reagir “à usurpação da vontade popular” executada por Nicolás Maduro. Ao petismo foi fácil desqualificar os portadores da má notícia, como “políticos de direita”. Usar a polarização política para justificar a leniência ou o apoio ao ditador Maduro não espanta em um mundo em que não poucos resistem a ver a democracia como um valor universal.

Mas há testemunhas demais no mundo para que o absurdo se normalize. E a voz do secretário-geral do Partido Comunista da Venezuela, Óscar Figuera, resolveu assombrar a conveniência de se enxergar os conflitos de forma binária. Diz a direção comunista que se opõe a Maduro: “Todo o mundo sabe o que ocorreu no dia 28 de julho”. Acrescente-se: alguns não sentem vergonha disso.

Prossegue o PCV: “Uma sentença não pode substituir os votos”. O partido descreve a “onda inédita de repressão no país” com “desaparições forçadas temporárias, detenção de menores e mulheres, revistas arbitrárias, roubos, extorsões e ações de milicianos em cumplicidade com as forças do Estado”.

Conclui que a “política de terror” tem o objetivo de “neutralizar os protestos populares”. Maduro pretende fazer crer que a defesa da Constituição, da soberania popular e do estado de direito são ideias “fascistas”. Não é preciso lembrar de Goffredo da Silva Telles Júnior para se compreender a contradição.

O agora ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Os tais portadores de más notícias não se limitam a assombrar Lula e parte de seus apoiadores por causa da Venezuela. Também os incomodam quando um ministro resolve assediar sexualmente amigas e pessoas com quem trabalha, deslizando, sem consentimento, suas mãos pelas saias de mulheres.

Não eram poucos os ministros que sabiam – e entre eles estava Alexandre Padilha – do fato. O cinismo de quem agora se lembra do direito à ampla defesa – como se Silvio Almeida fosse um pobre indefeso, em vez de um homem em posição de poder – coincide com o silêncio sobre Figuera. Falta vergonha a quem deveria tê-la? Se os dois casos reacendem o debate sobre o limite das conveniências e o das convicções, eles também mostram que a responsabilidade não pode se transformar em desculpa para a cumplicidade.

Análise por Marcelo Godoy

Repórter especial do Estadão e escritor. É autor do livro A Casa da Vovó, prêmios Jabuti (2015) e Sérgio Buarque de Holanda, da Biblioteca Nacional (2015). É jornalista formado pela Casper Líbero.

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