As relações entre o Poder Civil e o poder Militar

Análise|Exército brasileiro testa novo míssil anticarro enquanto Maduro aumenta ameaça; veja vídeo


Imagens mostram equipamento testado no Rio Grande do Sul; entregue recentemente por Israel após um ano e meio de atraso, ele vai se juntar ao MSS 1.2 AC para a defesa do País contra carros de combate

Por Marcelo Godoy

O vídeo tem seis sequências de imagens e dura pouco menos de 2 minutos. Ali está o teste do míssil Spike LR2, feito pelo Exército, no Campo de Instrução Barão de São Borja, o Saicã, em Rosário do Sul (RS). Uma equipe de quatro militares faz disparo em direção ao alvo, um velho tanque M-41 estacionado em uma ravina. Em questão de segundos, o carro de combate sofre o impacto. Era quarta-feira.

O teste do míssil Spike LR2 em um centro do Exército brasileiro, no Rio Grande do Sul Foto: Reprodução / Exército Brasileiro

O teste do armamento (veja o vídeo abaixo) aconteceu dois dias antes de Nicolás Maduro resolver mandar cercar a embaixada da Argentina, em Caracas, que está sob a proteção do Brasil, após o regime venezuelano ter expulsado os diplomatas argentinos, em retaliação ao presidente Javier Milei. O cerco durou, segundo o jornal Clarín, de sexta-feira até ontem – no sábado, a Venezuela chegou a comunicar o Brasil que iria revogar a custódia do País sobre a embaixada argentina, que abriga opositores à ditadura de Maduro.

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A escalada da violência política na Venezuela acontece ao mesmo tempo em que o regime de Maduro transfere tropas e equipamentos para a região da fronteira com a Guiana, em razão de sua reivindicação da área de Essequibo, uma região do país vizinho rica em petróleo. Para dissuadir a Venezuela de tentar passar por Roraima para invadir a Guiana, o Exército enviou blindados para formar o 18.º Regimento de Cavalaria Mecanizado, na 1.ª Brigada de Infantaria de Selva, em Boa Vista.

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Tiro com Spike LR2 foi feito no Campo de Instrução Barão de São Borja, em Rosário do Sul (RS) contra um tanque M-41

Entre dezembro e janeiro, a Força Terrestre enviou a Roraima 32 viaturas blindadas leves multitarefas (VBLMT) Guaicuru, blindados Guarani, seis blindados Cascavel, 22 viaturas não blindadas, além de dezenas de mísseis RBS 70 antiaéreos e Mísseis Superfície-Superfície 1.2 AntiCarro (MSS 1.2 AC), munição de armamento pesado e leve, morteiros 81 mm, metralhadoras MK3, metralhadoras de calibre .50 M2 HB e metralhadoras de calibre 7,62 mm.

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Não parou aí. Foi na véspera da eleição na Venezuela em julho que a empresa israelense Rafael Advanced Defense Systems Ltd resolveu entregar de uma vez só o lote de uma centena de mísseis que o Brasil havia adquirido em dezembro de 2022, antes da guerra em Gaza. A compra do material de Israel aconteceu em razão da demora dos EUA de autorizar a venda do míssil anticarro Javelin para o Brasil. Ao mesmo tempo, o Exército fechou a compra de outros 150 mísseis MSS 1.2 AC, fabricados pela brasileira SIATT.

Os dois mísseis devem fazer parte do equipamento da nova 1.ª Companhia de Mísseis Anticarro Mecanizada (1.ª Cia Msl AC Mec), que comporá uma das Forças de Emprego Estratégico do Exército. A companhia deve ser inaugurada em dezembro, em Barueri, na Grande São Paulo, e fará parte da 11ª Brigada de Infantaria Mecanizada, uma tropa do Comando Militar do Sudeste, podendo ser transportada dali para qualquer parte do País nos KC-390 da Força Aérea.

Teste com o míssil Spike LR2, feito pelo exército brasileiro; alvo foi um velho tanque M-41 Foto: Reprodução / Exército Brasileiro
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Ao todo, o Exército adquiriu 100 Spikes e 10 lançadores. O material para teste foi primeiro enviado ao Centro de Instrução de Blindados, em Santa Maria (RS), sede da 3.ª Divisão de Exército (Encouraçada). É lá que um grupo de instrutores da empresa vai treinar até o dia 13 de setembro os militares brasileiros, que serão instruídos sobre a técnica de operação e manutenção do míssil, inclusive com o exercício com tiro real.

O Spike tem um alcance útil de 5,5 km e sua “cabeça de guerra” é capaz de destruir veículos blindados, fortificações e helicópteros. Segundo a 3ª DE, “por ser de 5.ª geração, utiliza a tecnologia man-in-the-loop, o que possibilita a consciência situacional do operador durante todo o tempo de voo do míssil, permitindo o seu uso no sistema ‘dispare, observe e atualize’. Fruto dessa capacidade, pode-se trocar o alvo durante a trajetória, propiciando alta precisão independentemente do alcance”.

Após o treinamento dos militares, já no começo de novembro, o Spike LR2 estará em condições de ser empregado em qualquer parte do território nacional. Ele pode ser usado em combates diurnos e noturnos e pode ser disparado de plataformas diferentes, desde o tripé para uma guarnição desembarcada ou a partir de blindados ou aeronaves.

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Disparo do míssil Spike LR2 feito pelo Exército, durante teste realizado no Rio Grande do Sul Foto: Reprodução / Exército Brasileiro

O Exército adquiriu ainda quatro tipos de simuladores para o Spike: o mecânico, o simulador interno, o simulador externo e o simulador de fração (spike team trainer). Eles permitem o treinamento em ambiente virtual e no terreno de procedimentos técnicos e do emprego tático das frações de tropa anticarro. “A adoção do míssil Spike LR2 entrega mais uma característica dissuasória à Força Terrestre, contribuindo para a missão precípua de defesa da Pátria e da soberania do território da nação brasileira”, informou o Exército.

A aquisição e a entrada em operação dos Spike é muito pouco. Uma gota no oceano das necessidades da Força Terrestre para garantir a capacidade de dissuasão do País. Por enquanto é o passo que a miséria orçamentária no governo de Luiz Inácio Lula da Silva permite ao Exército dar. Pode ser muito pouco em relação a ameaças extrarregionais, mas talvez seja o suficiente para defender as savanas de Roraima.

O vídeo tem seis sequências de imagens e dura pouco menos de 2 minutos. Ali está o teste do míssil Spike LR2, feito pelo Exército, no Campo de Instrução Barão de São Borja, o Saicã, em Rosário do Sul (RS). Uma equipe de quatro militares faz disparo em direção ao alvo, um velho tanque M-41 estacionado em uma ravina. Em questão de segundos, o carro de combate sofre o impacto. Era quarta-feira.

O teste do míssil Spike LR2 em um centro do Exército brasileiro, no Rio Grande do Sul Foto: Reprodução / Exército Brasileiro

O teste do armamento (veja o vídeo abaixo) aconteceu dois dias antes de Nicolás Maduro resolver mandar cercar a embaixada da Argentina, em Caracas, que está sob a proteção do Brasil, após o regime venezuelano ter expulsado os diplomatas argentinos, em retaliação ao presidente Javier Milei. O cerco durou, segundo o jornal Clarín, de sexta-feira até ontem – no sábado, a Venezuela chegou a comunicar o Brasil que iria revogar a custódia do País sobre a embaixada argentina, que abriga opositores à ditadura de Maduro.

A escalada da violência política na Venezuela acontece ao mesmo tempo em que o regime de Maduro transfere tropas e equipamentos para a região da fronteira com a Guiana, em razão de sua reivindicação da área de Essequibo, uma região do país vizinho rica em petróleo. Para dissuadir a Venezuela de tentar passar por Roraima para invadir a Guiana, o Exército enviou blindados para formar o 18.º Regimento de Cavalaria Mecanizado, na 1.ª Brigada de Infantaria de Selva, em Boa Vista.

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Tiro com Spike LR2 foi feito no Campo de Instrução Barão de São Borja, em Rosário do Sul (RS) contra um tanque M-41

Entre dezembro e janeiro, a Força Terrestre enviou a Roraima 32 viaturas blindadas leves multitarefas (VBLMT) Guaicuru, blindados Guarani, seis blindados Cascavel, 22 viaturas não blindadas, além de dezenas de mísseis RBS 70 antiaéreos e Mísseis Superfície-Superfície 1.2 AntiCarro (MSS 1.2 AC), munição de armamento pesado e leve, morteiros 81 mm, metralhadoras MK3, metralhadoras de calibre .50 M2 HB e metralhadoras de calibre 7,62 mm.

Não parou aí. Foi na véspera da eleição na Venezuela em julho que a empresa israelense Rafael Advanced Defense Systems Ltd resolveu entregar de uma vez só o lote de uma centena de mísseis que o Brasil havia adquirido em dezembro de 2022, antes da guerra em Gaza. A compra do material de Israel aconteceu em razão da demora dos EUA de autorizar a venda do míssil anticarro Javelin para o Brasil. Ao mesmo tempo, o Exército fechou a compra de outros 150 mísseis MSS 1.2 AC, fabricados pela brasileira SIATT.

Os dois mísseis devem fazer parte do equipamento da nova 1.ª Companhia de Mísseis Anticarro Mecanizada (1.ª Cia Msl AC Mec), que comporá uma das Forças de Emprego Estratégico do Exército. A companhia deve ser inaugurada em dezembro, em Barueri, na Grande São Paulo, e fará parte da 11ª Brigada de Infantaria Mecanizada, uma tropa do Comando Militar do Sudeste, podendo ser transportada dali para qualquer parte do País nos KC-390 da Força Aérea.

Teste com o míssil Spike LR2, feito pelo exército brasileiro; alvo foi um velho tanque M-41 Foto: Reprodução / Exército Brasileiro

Ao todo, o Exército adquiriu 100 Spikes e 10 lançadores. O material para teste foi primeiro enviado ao Centro de Instrução de Blindados, em Santa Maria (RS), sede da 3.ª Divisão de Exército (Encouraçada). É lá que um grupo de instrutores da empresa vai treinar até o dia 13 de setembro os militares brasileiros, que serão instruídos sobre a técnica de operação e manutenção do míssil, inclusive com o exercício com tiro real.

O Spike tem um alcance útil de 5,5 km e sua “cabeça de guerra” é capaz de destruir veículos blindados, fortificações e helicópteros. Segundo a 3ª DE, “por ser de 5.ª geração, utiliza a tecnologia man-in-the-loop, o que possibilita a consciência situacional do operador durante todo o tempo de voo do míssil, permitindo o seu uso no sistema ‘dispare, observe e atualize’. Fruto dessa capacidade, pode-se trocar o alvo durante a trajetória, propiciando alta precisão independentemente do alcance”.

Após o treinamento dos militares, já no começo de novembro, o Spike LR2 estará em condições de ser empregado em qualquer parte do território nacional. Ele pode ser usado em combates diurnos e noturnos e pode ser disparado de plataformas diferentes, desde o tripé para uma guarnição desembarcada ou a partir de blindados ou aeronaves.

Disparo do míssil Spike LR2 feito pelo Exército, durante teste realizado no Rio Grande do Sul Foto: Reprodução / Exército Brasileiro

O Exército adquiriu ainda quatro tipos de simuladores para o Spike: o mecânico, o simulador interno, o simulador externo e o simulador de fração (spike team trainer). Eles permitem o treinamento em ambiente virtual e no terreno de procedimentos técnicos e do emprego tático das frações de tropa anticarro. “A adoção do míssil Spike LR2 entrega mais uma característica dissuasória à Força Terrestre, contribuindo para a missão precípua de defesa da Pátria e da soberania do território da nação brasileira”, informou o Exército.

A aquisição e a entrada em operação dos Spike é muito pouco. Uma gota no oceano das necessidades da Força Terrestre para garantir a capacidade de dissuasão do País. Por enquanto é o passo que a miséria orçamentária no governo de Luiz Inácio Lula da Silva permite ao Exército dar. Pode ser muito pouco em relação a ameaças extrarregionais, mas talvez seja o suficiente para defender as savanas de Roraima.

O vídeo tem seis sequências de imagens e dura pouco menos de 2 minutos. Ali está o teste do míssil Spike LR2, feito pelo Exército, no Campo de Instrução Barão de São Borja, o Saicã, em Rosário do Sul (RS). Uma equipe de quatro militares faz disparo em direção ao alvo, um velho tanque M-41 estacionado em uma ravina. Em questão de segundos, o carro de combate sofre o impacto. Era quarta-feira.

O teste do míssil Spike LR2 em um centro do Exército brasileiro, no Rio Grande do Sul Foto: Reprodução / Exército Brasileiro

O teste do armamento (veja o vídeo abaixo) aconteceu dois dias antes de Nicolás Maduro resolver mandar cercar a embaixada da Argentina, em Caracas, que está sob a proteção do Brasil, após o regime venezuelano ter expulsado os diplomatas argentinos, em retaliação ao presidente Javier Milei. O cerco durou, segundo o jornal Clarín, de sexta-feira até ontem – no sábado, a Venezuela chegou a comunicar o Brasil que iria revogar a custódia do País sobre a embaixada argentina, que abriga opositores à ditadura de Maduro.

A escalada da violência política na Venezuela acontece ao mesmo tempo em que o regime de Maduro transfere tropas e equipamentos para a região da fronteira com a Guiana, em razão de sua reivindicação da área de Essequibo, uma região do país vizinho rica em petróleo. Para dissuadir a Venezuela de tentar passar por Roraima para invadir a Guiana, o Exército enviou blindados para formar o 18.º Regimento de Cavalaria Mecanizado, na 1.ª Brigada de Infantaria de Selva, em Boa Vista.

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Entre dezembro e janeiro, a Força Terrestre enviou a Roraima 32 viaturas blindadas leves multitarefas (VBLMT) Guaicuru, blindados Guarani, seis blindados Cascavel, 22 viaturas não blindadas, além de dezenas de mísseis RBS 70 antiaéreos e Mísseis Superfície-Superfície 1.2 AntiCarro (MSS 1.2 AC), munição de armamento pesado e leve, morteiros 81 mm, metralhadoras MK3, metralhadoras de calibre .50 M2 HB e metralhadoras de calibre 7,62 mm.

Não parou aí. Foi na véspera da eleição na Venezuela em julho que a empresa israelense Rafael Advanced Defense Systems Ltd resolveu entregar de uma vez só o lote de uma centena de mísseis que o Brasil havia adquirido em dezembro de 2022, antes da guerra em Gaza. A compra do material de Israel aconteceu em razão da demora dos EUA de autorizar a venda do míssil anticarro Javelin para o Brasil. Ao mesmo tempo, o Exército fechou a compra de outros 150 mísseis MSS 1.2 AC, fabricados pela brasileira SIATT.

Os dois mísseis devem fazer parte do equipamento da nova 1.ª Companhia de Mísseis Anticarro Mecanizada (1.ª Cia Msl AC Mec), que comporá uma das Forças de Emprego Estratégico do Exército. A companhia deve ser inaugurada em dezembro, em Barueri, na Grande São Paulo, e fará parte da 11ª Brigada de Infantaria Mecanizada, uma tropa do Comando Militar do Sudeste, podendo ser transportada dali para qualquer parte do País nos KC-390 da Força Aérea.

Teste com o míssil Spike LR2, feito pelo exército brasileiro; alvo foi um velho tanque M-41 Foto: Reprodução / Exército Brasileiro

Ao todo, o Exército adquiriu 100 Spikes e 10 lançadores. O material para teste foi primeiro enviado ao Centro de Instrução de Blindados, em Santa Maria (RS), sede da 3.ª Divisão de Exército (Encouraçada). É lá que um grupo de instrutores da empresa vai treinar até o dia 13 de setembro os militares brasileiros, que serão instruídos sobre a técnica de operação e manutenção do míssil, inclusive com o exercício com tiro real.

O Spike tem um alcance útil de 5,5 km e sua “cabeça de guerra” é capaz de destruir veículos blindados, fortificações e helicópteros. Segundo a 3ª DE, “por ser de 5.ª geração, utiliza a tecnologia man-in-the-loop, o que possibilita a consciência situacional do operador durante todo o tempo de voo do míssil, permitindo o seu uso no sistema ‘dispare, observe e atualize’. Fruto dessa capacidade, pode-se trocar o alvo durante a trajetória, propiciando alta precisão independentemente do alcance”.

Após o treinamento dos militares, já no começo de novembro, o Spike LR2 estará em condições de ser empregado em qualquer parte do território nacional. Ele pode ser usado em combates diurnos e noturnos e pode ser disparado de plataformas diferentes, desde o tripé para uma guarnição desembarcada ou a partir de blindados ou aeronaves.

Disparo do míssil Spike LR2 feito pelo Exército, durante teste realizado no Rio Grande do Sul Foto: Reprodução / Exército Brasileiro

O Exército adquiriu ainda quatro tipos de simuladores para o Spike: o mecânico, o simulador interno, o simulador externo e o simulador de fração (spike team trainer). Eles permitem o treinamento em ambiente virtual e no terreno de procedimentos técnicos e do emprego tático das frações de tropa anticarro. “A adoção do míssil Spike LR2 entrega mais uma característica dissuasória à Força Terrestre, contribuindo para a missão precípua de defesa da Pátria e da soberania do território da nação brasileira”, informou o Exército.

A aquisição e a entrada em operação dos Spike é muito pouco. Uma gota no oceano das necessidades da Força Terrestre para garantir a capacidade de dissuasão do País. Por enquanto é o passo que a miséria orçamentária no governo de Luiz Inácio Lula da Silva permite ao Exército dar. Pode ser muito pouco em relação a ameaças extrarregionais, mas talvez seja o suficiente para defender as savanas de Roraima.

O vídeo tem seis sequências de imagens e dura pouco menos de 2 minutos. Ali está o teste do míssil Spike LR2, feito pelo Exército, no Campo de Instrução Barão de São Borja, o Saicã, em Rosário do Sul (RS). Uma equipe de quatro militares faz disparo em direção ao alvo, um velho tanque M-41 estacionado em uma ravina. Em questão de segundos, o carro de combate sofre o impacto. Era quarta-feira.

O teste do míssil Spike LR2 em um centro do Exército brasileiro, no Rio Grande do Sul Foto: Reprodução / Exército Brasileiro

O teste do armamento (veja o vídeo abaixo) aconteceu dois dias antes de Nicolás Maduro resolver mandar cercar a embaixada da Argentina, em Caracas, que está sob a proteção do Brasil, após o regime venezuelano ter expulsado os diplomatas argentinos, em retaliação ao presidente Javier Milei. O cerco durou, segundo o jornal Clarín, de sexta-feira até ontem – no sábado, a Venezuela chegou a comunicar o Brasil que iria revogar a custódia do País sobre a embaixada argentina, que abriga opositores à ditadura de Maduro.

A escalada da violência política na Venezuela acontece ao mesmo tempo em que o regime de Maduro transfere tropas e equipamentos para a região da fronteira com a Guiana, em razão de sua reivindicação da área de Essequibo, uma região do país vizinho rica em petróleo. Para dissuadir a Venezuela de tentar passar por Roraima para invadir a Guiana, o Exército enviou blindados para formar o 18.º Regimento de Cavalaria Mecanizado, na 1.ª Brigada de Infantaria de Selva, em Boa Vista.

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Tiro com Spike LR2 foi feito no Campo de Instrução Barão de São Borja, em Rosário do Sul (RS) contra um tanque M-41

Entre dezembro e janeiro, a Força Terrestre enviou a Roraima 32 viaturas blindadas leves multitarefas (VBLMT) Guaicuru, blindados Guarani, seis blindados Cascavel, 22 viaturas não blindadas, além de dezenas de mísseis RBS 70 antiaéreos e Mísseis Superfície-Superfície 1.2 AntiCarro (MSS 1.2 AC), munição de armamento pesado e leve, morteiros 81 mm, metralhadoras MK3, metralhadoras de calibre .50 M2 HB e metralhadoras de calibre 7,62 mm.

Não parou aí. Foi na véspera da eleição na Venezuela em julho que a empresa israelense Rafael Advanced Defense Systems Ltd resolveu entregar de uma vez só o lote de uma centena de mísseis que o Brasil havia adquirido em dezembro de 2022, antes da guerra em Gaza. A compra do material de Israel aconteceu em razão da demora dos EUA de autorizar a venda do míssil anticarro Javelin para o Brasil. Ao mesmo tempo, o Exército fechou a compra de outros 150 mísseis MSS 1.2 AC, fabricados pela brasileira SIATT.

Os dois mísseis devem fazer parte do equipamento da nova 1.ª Companhia de Mísseis Anticarro Mecanizada (1.ª Cia Msl AC Mec), que comporá uma das Forças de Emprego Estratégico do Exército. A companhia deve ser inaugurada em dezembro, em Barueri, na Grande São Paulo, e fará parte da 11ª Brigada de Infantaria Mecanizada, uma tropa do Comando Militar do Sudeste, podendo ser transportada dali para qualquer parte do País nos KC-390 da Força Aérea.

Teste com o míssil Spike LR2, feito pelo exército brasileiro; alvo foi um velho tanque M-41 Foto: Reprodução / Exército Brasileiro

Ao todo, o Exército adquiriu 100 Spikes e 10 lançadores. O material para teste foi primeiro enviado ao Centro de Instrução de Blindados, em Santa Maria (RS), sede da 3.ª Divisão de Exército (Encouraçada). É lá que um grupo de instrutores da empresa vai treinar até o dia 13 de setembro os militares brasileiros, que serão instruídos sobre a técnica de operação e manutenção do míssil, inclusive com o exercício com tiro real.

O Spike tem um alcance útil de 5,5 km e sua “cabeça de guerra” é capaz de destruir veículos blindados, fortificações e helicópteros. Segundo a 3ª DE, “por ser de 5.ª geração, utiliza a tecnologia man-in-the-loop, o que possibilita a consciência situacional do operador durante todo o tempo de voo do míssil, permitindo o seu uso no sistema ‘dispare, observe e atualize’. Fruto dessa capacidade, pode-se trocar o alvo durante a trajetória, propiciando alta precisão independentemente do alcance”.

Após o treinamento dos militares, já no começo de novembro, o Spike LR2 estará em condições de ser empregado em qualquer parte do território nacional. Ele pode ser usado em combates diurnos e noturnos e pode ser disparado de plataformas diferentes, desde o tripé para uma guarnição desembarcada ou a partir de blindados ou aeronaves.

Disparo do míssil Spike LR2 feito pelo Exército, durante teste realizado no Rio Grande do Sul Foto: Reprodução / Exército Brasileiro

O Exército adquiriu ainda quatro tipos de simuladores para o Spike: o mecânico, o simulador interno, o simulador externo e o simulador de fração (spike team trainer). Eles permitem o treinamento em ambiente virtual e no terreno de procedimentos técnicos e do emprego tático das frações de tropa anticarro. “A adoção do míssil Spike LR2 entrega mais uma característica dissuasória à Força Terrestre, contribuindo para a missão precípua de defesa da Pátria e da soberania do território da nação brasileira”, informou o Exército.

A aquisição e a entrada em operação dos Spike é muito pouco. Uma gota no oceano das necessidades da Força Terrestre para garantir a capacidade de dissuasão do País. Por enquanto é o passo que a miséria orçamentária no governo de Luiz Inácio Lula da Silva permite ao Exército dar. Pode ser muito pouco em relação a ameaças extrarregionais, mas talvez seja o suficiente para defender as savanas de Roraima.

Análise por Marcelo Godoy

Repórter especial do Estadão e escritor. É autor do livro A Casa da Vovó, prêmios Jabuti (2015) e Sérgio Buarque de Holanda, da Biblioteca Nacional (2015). É jornalista formado pela Casper Líbero.

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