As relações entre o Poder Civil e o poder Militar

Exército quer comprar drones kamikazes usados na Ucrânia para testá-los no Brasil


A chamada munição ‘vagante’ ou remotamente pilotada está revolucionando o campo de batalha; Força deve definir quais unidades devem usá-la e contra quais tipos de objetivo

Por Marcelo Godoy
Atualização:

O Exército brasileiro decidiu comprar drones kamikazes iguais aos usados na guerra da Ucrânia. A Comissão do Exército Brasileiro em Washington (CEBW) deu o primeiro passo para a aquisição do equipamento na semana passada, ao publicar o requerimento para informações 0144/2023 para receber de fabricantes interessados cotações do preço de dois tipos de “munição vagante” ou munição remotamente pilotada – nome técnico do produto no Brasil.

Soldados ucranianos lançam um drone perto de Bakhmut, na região de Donetsk, na Ucrânia, em dezembro de 2022 Foto: Associated Press

A consulta direta a fornecedores abrange tanto buscas pelo produto no mercado nacional quanto no exterior. “Após o recebimento das cotações, ocorrerá a finalização do Estudo Técnico Preliminar (ETP). Entre outros assuntos, o ETP determinará a viabilidade ou não da aquisição. Caso a aquisição seja viável, será possível apontar como se dará a efetivação da compra, conforme a legislação em vigor”, informou o Exército à coluna.

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São dois os tipos de drones kamikazes pretendidos pelo Exército. O primeiro de curto alcance, com capacidade para atingir alvos localizados a até 10 quilômetros de distância do operador da munição. A Força Terrestre quer 14 desses drones, com uma central de controle e lançamento. O segundo prevê a compra de seis munições vagantes capazes de destruir objetivos a pelo menos 40 quilômetros com cargas de alto explosivo para objetivos múltiplos e contra blindados e tanques.

Munição vagante antitanque portátil Hero-400, desenvolvida pela empresa israelense Uvision Air Ltd, exibida em junho na feira de Le Bourget, em Paris, na França Foto: GEOFFROY VAN DER HASSELT / AFP

O fabricante deve também providenciar um simulador e o treinamento de três semanas no Brasil para dez operadores – cinco para cada tipo de drone. Só depois de experimentar o uso dessa munição com esses primeiros dois lotes é que Exército definirá o modelo a ser adotado em suas unidades, se terá ou não um projeto próprio desse tipo de munição e se ela será feita no Brasil por um produtor nacional ou em parceria com um estrangeiro – Irã, Rússia, Israel, EUA e China detém essa tecnologia.

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“No momento, não existe qualquer projeto para desenvolvimento de MRP (munições remotamente pilotadas) no âmbito do Exército Brasileiro”, informou o Exército à coluna. A Força Terrestre ainda não tem previsão sobre quanto deve gastar nessa primeira fase da aquisição dos drones kamikazes. A intenção de comprar a munição vagante foi revelada pela revista Tecnologia & Defesa e confirmada pela coluna.

Um drone suicida Shahed-136, de fabricação iraniana, usado por forças russas na Ucrânia, sobrevoa a região próxima de Odessa, em setembro de 2022 Foto: Serhii Smolientsev/Reuters

Em agosto, será feito um simpósio no Comando Militar do Sul (CMS) para discutir o uso dessa nova tecnologia no campo de batalha. Militares ouvidos pela coluna afirmaram que uma das questões ainda em aberto é definir se os drones seriam operados por unidades de artilharia de campanha ou também pelas de cavalaria e de infantaria que estiverem operando em zonas de contato com o inimigo.

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Há uma tendência de que o Exército adote uma solução híbrida. Alvos importantes para a manobra de uma força, como uma brigada, devem ser objeto da artilharia a fim de diminuir o risco de fogo amigo e manter a coordenação e o controle da ação. Mas a munição “vagante” poderá ser operada ainda por unidades de cavalaria que estejam atuando de forma descentralizada, em missões de reconhecimento.

Um soldado ucraniano prepara um drone para ser lançado na central de controle do equipamento perto da linha de frente em Zaporizhzhia, na Ucrânia Foto: Stringer/Reuters
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“A destinação é uma das últimas fases do processo, cabendo ao órgão de direção operacional (Comando de Operações Terrestres) manifestar-se, oportunamente e baseado em critérios operacionais, sobre quais tropas receberão o material”, informou o Exército.

Drones

Os drones kamikazes com suas ogivas explosivas são parte de um sistema de munições remotamente pilotadas. Ao contrário de mísseis e foguetes, as munições “vagantes” têm capacidade de permanecer em voo durante um período à procura de alvos compensatórios. O operador recebe imagens para rastrear, identificar e localizar o objetivo antes de determinar o ataque. Caso verifique algum erro de identificação do objetivo, a missão pode ser cancelada, o que as diferencia dos drones com sistemas de armas embarcados.

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Os drones kamikazes geram grande efeito psicológico no campo de batalha, pois mantém a inquietação de forma constante, criando um cenário ainda mais caótico no combate. O soldado não tem mais como perceber se a ação inimiga passou do ponto culminante, pois esta poderá se manter por meio dos drones enquanto a tropa adversária se reabastece.

Um drone kamikaze russo ZALA Lancet-3 (munição vagante) em cima da blindagem de um obuseiro polonês autopropulsado AHS Krab, de 155 mm, do exército ucraniano Foto: Reuters

Atualmente, o Exército tem drones de reconhecimento do tipo CAT-1 e CAT-2, operados pela Aviação do Exército, em Taubaté, ambos produzidos no Brasil pela empresa XMobots. O mais moderno deles, o Nauru 1000C, foi entregue em dezembro de 2022. Na época, o então comandante militar do Sudeste e hoje comandante do Exército, general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, afirmou que o drone colocava a Força Terrestre em outro “patamar em termos de tecnologia, inteligência e aquisição de alvos”.

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O plano era usar os aparelhos tanto em ambientes urbanos quanto nas fronteiras. O modelo CAT-2 pode transportar um sistema de armas – o protótipo desse sistema deve ser testado até o fim do ano. Entre as possibilidade de uso do equipamento estaria a destruição de pistas de pouso clandestino em garimpos ilegais na Amazônia, durante operações de garantia da lei e da ordem.

Pacificação

A compra dos drones e prosseguimento dos projetos estratégicos já existentes para a modernização do Exército – como o sistema de foguetes Astros – vão pouco a pouco recuperando a atenção dos militares para o dia a dia das coisas da caserna, afastando a tropa das questões vinculadas à política partidária. Essa é uma prioridade não só para o general Tomás, mas também para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, conforme mostram as constantes declarações do ministro da Defesa José Múcio Monteiro Filho.

É também por isso que o ministro tem se empenhado em resolver questões, como arrumar uma forma de destravar a venda blindados Guarani, fabricados pela Iveco Defence Vehicles (IDV) para a Argentina. Com o dinheiro dos royalties dessa operação pagos ao Exército – de 2 a 5% do valor do negócio de R$ 1,8 bilhão – o Escritório de Projetos da Força pode desenvolver novas versões do blindado e outros projetos, como uma possível munição remotamente pilotada nacional.

O Exército brasileiro decidiu comprar drones kamikazes iguais aos usados na guerra da Ucrânia. A Comissão do Exército Brasileiro em Washington (CEBW) deu o primeiro passo para a aquisição do equipamento na semana passada, ao publicar o requerimento para informações 0144/2023 para receber de fabricantes interessados cotações do preço de dois tipos de “munição vagante” ou munição remotamente pilotada – nome técnico do produto no Brasil.

Soldados ucranianos lançam um drone perto de Bakhmut, na região de Donetsk, na Ucrânia, em dezembro de 2022 Foto: Associated Press

A consulta direta a fornecedores abrange tanto buscas pelo produto no mercado nacional quanto no exterior. “Após o recebimento das cotações, ocorrerá a finalização do Estudo Técnico Preliminar (ETP). Entre outros assuntos, o ETP determinará a viabilidade ou não da aquisição. Caso a aquisição seja viável, será possível apontar como se dará a efetivação da compra, conforme a legislação em vigor”, informou o Exército à coluna.

São dois os tipos de drones kamikazes pretendidos pelo Exército. O primeiro de curto alcance, com capacidade para atingir alvos localizados a até 10 quilômetros de distância do operador da munição. A Força Terrestre quer 14 desses drones, com uma central de controle e lançamento. O segundo prevê a compra de seis munições vagantes capazes de destruir objetivos a pelo menos 40 quilômetros com cargas de alto explosivo para objetivos múltiplos e contra blindados e tanques.

Munição vagante antitanque portátil Hero-400, desenvolvida pela empresa israelense Uvision Air Ltd, exibida em junho na feira de Le Bourget, em Paris, na França Foto: GEOFFROY VAN DER HASSELT / AFP

O fabricante deve também providenciar um simulador e o treinamento de três semanas no Brasil para dez operadores – cinco para cada tipo de drone. Só depois de experimentar o uso dessa munição com esses primeiros dois lotes é que Exército definirá o modelo a ser adotado em suas unidades, se terá ou não um projeto próprio desse tipo de munição e se ela será feita no Brasil por um produtor nacional ou em parceria com um estrangeiro – Irã, Rússia, Israel, EUA e China detém essa tecnologia.

“No momento, não existe qualquer projeto para desenvolvimento de MRP (munições remotamente pilotadas) no âmbito do Exército Brasileiro”, informou o Exército à coluna. A Força Terrestre ainda não tem previsão sobre quanto deve gastar nessa primeira fase da aquisição dos drones kamikazes. A intenção de comprar a munição vagante foi revelada pela revista Tecnologia & Defesa e confirmada pela coluna.

Um drone suicida Shahed-136, de fabricação iraniana, usado por forças russas na Ucrânia, sobrevoa a região próxima de Odessa, em setembro de 2022 Foto: Serhii Smolientsev/Reuters

Em agosto, será feito um simpósio no Comando Militar do Sul (CMS) para discutir o uso dessa nova tecnologia no campo de batalha. Militares ouvidos pela coluna afirmaram que uma das questões ainda em aberto é definir se os drones seriam operados por unidades de artilharia de campanha ou também pelas de cavalaria e de infantaria que estiverem operando em zonas de contato com o inimigo.

Há uma tendência de que o Exército adote uma solução híbrida. Alvos importantes para a manobra de uma força, como uma brigada, devem ser objeto da artilharia a fim de diminuir o risco de fogo amigo e manter a coordenação e o controle da ação. Mas a munição “vagante” poderá ser operada ainda por unidades de cavalaria que estejam atuando de forma descentralizada, em missões de reconhecimento.

Um soldado ucraniano prepara um drone para ser lançado na central de controle do equipamento perto da linha de frente em Zaporizhzhia, na Ucrânia Foto: Stringer/Reuters

“A destinação é uma das últimas fases do processo, cabendo ao órgão de direção operacional (Comando de Operações Terrestres) manifestar-se, oportunamente e baseado em critérios operacionais, sobre quais tropas receberão o material”, informou o Exército.

Drones

Os drones kamikazes com suas ogivas explosivas são parte de um sistema de munições remotamente pilotadas. Ao contrário de mísseis e foguetes, as munições “vagantes” têm capacidade de permanecer em voo durante um período à procura de alvos compensatórios. O operador recebe imagens para rastrear, identificar e localizar o objetivo antes de determinar o ataque. Caso verifique algum erro de identificação do objetivo, a missão pode ser cancelada, o que as diferencia dos drones com sistemas de armas embarcados.

Os drones kamikazes geram grande efeito psicológico no campo de batalha, pois mantém a inquietação de forma constante, criando um cenário ainda mais caótico no combate. O soldado não tem mais como perceber se a ação inimiga passou do ponto culminante, pois esta poderá se manter por meio dos drones enquanto a tropa adversária se reabastece.

Um drone kamikaze russo ZALA Lancet-3 (munição vagante) em cima da blindagem de um obuseiro polonês autopropulsado AHS Krab, de 155 mm, do exército ucraniano Foto: Reuters

Atualmente, o Exército tem drones de reconhecimento do tipo CAT-1 e CAT-2, operados pela Aviação do Exército, em Taubaté, ambos produzidos no Brasil pela empresa XMobots. O mais moderno deles, o Nauru 1000C, foi entregue em dezembro de 2022. Na época, o então comandante militar do Sudeste e hoje comandante do Exército, general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, afirmou que o drone colocava a Força Terrestre em outro “patamar em termos de tecnologia, inteligência e aquisição de alvos”.

O plano era usar os aparelhos tanto em ambientes urbanos quanto nas fronteiras. O modelo CAT-2 pode transportar um sistema de armas – o protótipo desse sistema deve ser testado até o fim do ano. Entre as possibilidade de uso do equipamento estaria a destruição de pistas de pouso clandestino em garimpos ilegais na Amazônia, durante operações de garantia da lei e da ordem.

Pacificação

A compra dos drones e prosseguimento dos projetos estratégicos já existentes para a modernização do Exército – como o sistema de foguetes Astros – vão pouco a pouco recuperando a atenção dos militares para o dia a dia das coisas da caserna, afastando a tropa das questões vinculadas à política partidária. Essa é uma prioridade não só para o general Tomás, mas também para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, conforme mostram as constantes declarações do ministro da Defesa José Múcio Monteiro Filho.

É também por isso que o ministro tem se empenhado em resolver questões, como arrumar uma forma de destravar a venda blindados Guarani, fabricados pela Iveco Defence Vehicles (IDV) para a Argentina. Com o dinheiro dos royalties dessa operação pagos ao Exército – de 2 a 5% do valor do negócio de R$ 1,8 bilhão – o Escritório de Projetos da Força pode desenvolver novas versões do blindado e outros projetos, como uma possível munição remotamente pilotada nacional.

O Exército brasileiro decidiu comprar drones kamikazes iguais aos usados na guerra da Ucrânia. A Comissão do Exército Brasileiro em Washington (CEBW) deu o primeiro passo para a aquisição do equipamento na semana passada, ao publicar o requerimento para informações 0144/2023 para receber de fabricantes interessados cotações do preço de dois tipos de “munição vagante” ou munição remotamente pilotada – nome técnico do produto no Brasil.

Soldados ucranianos lançam um drone perto de Bakhmut, na região de Donetsk, na Ucrânia, em dezembro de 2022 Foto: Associated Press

A consulta direta a fornecedores abrange tanto buscas pelo produto no mercado nacional quanto no exterior. “Após o recebimento das cotações, ocorrerá a finalização do Estudo Técnico Preliminar (ETP). Entre outros assuntos, o ETP determinará a viabilidade ou não da aquisição. Caso a aquisição seja viável, será possível apontar como se dará a efetivação da compra, conforme a legislação em vigor”, informou o Exército à coluna.

São dois os tipos de drones kamikazes pretendidos pelo Exército. O primeiro de curto alcance, com capacidade para atingir alvos localizados a até 10 quilômetros de distância do operador da munição. A Força Terrestre quer 14 desses drones, com uma central de controle e lançamento. O segundo prevê a compra de seis munições vagantes capazes de destruir objetivos a pelo menos 40 quilômetros com cargas de alto explosivo para objetivos múltiplos e contra blindados e tanques.

Munição vagante antitanque portátil Hero-400, desenvolvida pela empresa israelense Uvision Air Ltd, exibida em junho na feira de Le Bourget, em Paris, na França Foto: GEOFFROY VAN DER HASSELT / AFP

O fabricante deve também providenciar um simulador e o treinamento de três semanas no Brasil para dez operadores – cinco para cada tipo de drone. Só depois de experimentar o uso dessa munição com esses primeiros dois lotes é que Exército definirá o modelo a ser adotado em suas unidades, se terá ou não um projeto próprio desse tipo de munição e se ela será feita no Brasil por um produtor nacional ou em parceria com um estrangeiro – Irã, Rússia, Israel, EUA e China detém essa tecnologia.

“No momento, não existe qualquer projeto para desenvolvimento de MRP (munições remotamente pilotadas) no âmbito do Exército Brasileiro”, informou o Exército à coluna. A Força Terrestre ainda não tem previsão sobre quanto deve gastar nessa primeira fase da aquisição dos drones kamikazes. A intenção de comprar a munição vagante foi revelada pela revista Tecnologia & Defesa e confirmada pela coluna.

Um drone suicida Shahed-136, de fabricação iraniana, usado por forças russas na Ucrânia, sobrevoa a região próxima de Odessa, em setembro de 2022 Foto: Serhii Smolientsev/Reuters

Em agosto, será feito um simpósio no Comando Militar do Sul (CMS) para discutir o uso dessa nova tecnologia no campo de batalha. Militares ouvidos pela coluna afirmaram que uma das questões ainda em aberto é definir se os drones seriam operados por unidades de artilharia de campanha ou também pelas de cavalaria e de infantaria que estiverem operando em zonas de contato com o inimigo.

Há uma tendência de que o Exército adote uma solução híbrida. Alvos importantes para a manobra de uma força, como uma brigada, devem ser objeto da artilharia a fim de diminuir o risco de fogo amigo e manter a coordenação e o controle da ação. Mas a munição “vagante” poderá ser operada ainda por unidades de cavalaria que estejam atuando de forma descentralizada, em missões de reconhecimento.

Um soldado ucraniano prepara um drone para ser lançado na central de controle do equipamento perto da linha de frente em Zaporizhzhia, na Ucrânia Foto: Stringer/Reuters

“A destinação é uma das últimas fases do processo, cabendo ao órgão de direção operacional (Comando de Operações Terrestres) manifestar-se, oportunamente e baseado em critérios operacionais, sobre quais tropas receberão o material”, informou o Exército.

Drones

Os drones kamikazes com suas ogivas explosivas são parte de um sistema de munições remotamente pilotadas. Ao contrário de mísseis e foguetes, as munições “vagantes” têm capacidade de permanecer em voo durante um período à procura de alvos compensatórios. O operador recebe imagens para rastrear, identificar e localizar o objetivo antes de determinar o ataque. Caso verifique algum erro de identificação do objetivo, a missão pode ser cancelada, o que as diferencia dos drones com sistemas de armas embarcados.

Os drones kamikazes geram grande efeito psicológico no campo de batalha, pois mantém a inquietação de forma constante, criando um cenário ainda mais caótico no combate. O soldado não tem mais como perceber se a ação inimiga passou do ponto culminante, pois esta poderá se manter por meio dos drones enquanto a tropa adversária se reabastece.

Um drone kamikaze russo ZALA Lancet-3 (munição vagante) em cima da blindagem de um obuseiro polonês autopropulsado AHS Krab, de 155 mm, do exército ucraniano Foto: Reuters

Atualmente, o Exército tem drones de reconhecimento do tipo CAT-1 e CAT-2, operados pela Aviação do Exército, em Taubaté, ambos produzidos no Brasil pela empresa XMobots. O mais moderno deles, o Nauru 1000C, foi entregue em dezembro de 2022. Na época, o então comandante militar do Sudeste e hoje comandante do Exército, general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, afirmou que o drone colocava a Força Terrestre em outro “patamar em termos de tecnologia, inteligência e aquisição de alvos”.

O plano era usar os aparelhos tanto em ambientes urbanos quanto nas fronteiras. O modelo CAT-2 pode transportar um sistema de armas – o protótipo desse sistema deve ser testado até o fim do ano. Entre as possibilidade de uso do equipamento estaria a destruição de pistas de pouso clandestino em garimpos ilegais na Amazônia, durante operações de garantia da lei e da ordem.

Pacificação

A compra dos drones e prosseguimento dos projetos estratégicos já existentes para a modernização do Exército – como o sistema de foguetes Astros – vão pouco a pouco recuperando a atenção dos militares para o dia a dia das coisas da caserna, afastando a tropa das questões vinculadas à política partidária. Essa é uma prioridade não só para o general Tomás, mas também para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, conforme mostram as constantes declarações do ministro da Defesa José Múcio Monteiro Filho.

É também por isso que o ministro tem se empenhado em resolver questões, como arrumar uma forma de destravar a venda blindados Guarani, fabricados pela Iveco Defence Vehicles (IDV) para a Argentina. Com o dinheiro dos royalties dessa operação pagos ao Exército – de 2 a 5% do valor do negócio de R$ 1,8 bilhão – o Escritório de Projetos da Força pode desenvolver novas versões do blindado e outros projetos, como uma possível munição remotamente pilotada nacional.

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