As relações entre o Poder Civil e o poder Militar

Governo blinda 7 de setembro com Força Nacional, e Exército mobiliza 17 mil para desfile militar


Senador Flávio Bolsonaro prega protesto com doação de sangue e Dino denuncia vídeos enquanto Lula verá passar diante de si na Esplanada os blindados Guarani, aqueles que vetou a venda à Ucrânia

Por Marcelo Godoy
Atualização:

O Exército vai mobilizar 17 mil homens no desfile cívico de 7 de setembro nas sedes de oito comandos da área da Força terrestre. O número é inferior ao mobilizado em 2022, quando o País comemorou os 200 anos da Independência. Mas, apesar de não ser esperado nenhum discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a exemplo do que seu antecessor Jair Bolsonaro fizera nos anos anteriores para seus seguidores em Brasília, no Rio e em São Paulo, o risco de confusão permanece.

Desfile militar do 7 de Setembro no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo; local voltará a receber neste ano a festa cívica Foto: Tiago Queiróz/AE

Ele surgiu novamente em publicações nas redes sociais e está relacionado à forma como o bolsonaristas pretendem lidar com a data, oito meses depois do fracasso da intentona do dia 8 de janeiro. Na semana passada, o ministro da Justiça, Flávio Dino, enviou ao governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, um alerta que continha uma dezena de vídeos que, supostamente, incitavam protestos violentos na data cívica.

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Um dos vídeos era do pastor Silas Malafaia, figura que esteve presente nas comemorações da Independência patrocinadas pelo então presidente Jair Bolsonaro. Em um deles, Malafaia ataca o ministro Alexandre de Moraes, do STF, e os generais do Alto Comando. “Sabe por que o ditador da toga, Alexandre de Moraes, comete todas essas injustiças? Porque temos meia dúzia de generais de quatro estrelas que são covardes e frouxos. É meia dúzia de general de quatro estrelas, que são frouxos, que podiam botar o pé na porta.”

O pastor se referia à suposta passividade da cúpula militar diante da prisão de auxiliares de Jair Bolsonaro em razão da falsificação de cartões de vacina. Ibaneis estava em Nova York, em um evento do Lide. De lá, externou sua preocupação com o dia 7. Em razão do alerta do ministro Dino, a governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão (PP), reuniu-se no dia 31 com o secretário executivo do Ministério da Justiça e ex-interventor na Segurança Pública do DF, Ricardo Cappelli.

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Ao término do encontro, ela anunciou a criação de uma espécie de força-tarefa para prevenir atos de violência no 7 de Setembro. Publicado em uma edição extra do Diário Oficial naquele dia, a criação do gabinete de crise tinha como objetivo “promover a ordem pública e social, coordenar as atividades administrativas e acompanhar os eventos de 7 de Setembro”. O grupo é coordenado pela Secretaria de Segurança do GDF e se reúne hoje pela primeira vez.

Foram convidados a participar do grupo, que trabalhará até o dia 10, representantes dos Ministérios da Defesa, da Justiça e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), além da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Celina pediu ainda a Cappelli que a pasta da Justiça autorizasse o uso da Força Nacional da Segurança para reforçar o policiamento em Brasília, o que foi concedido. O esquema deve ser maior do que o da posse de Lula. Todas essas são medidas preventivas para evitar surpresas ou barrar planos de quem quer que esteja planejando badernas.

Na direção contrária dos temores de protestos ou de violência, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) criou uma campanha de doação de sangue para que “patriotas” fizessem seu protesto no dia 6, em vez do dia 7. “Quero agradecer a todos que se engajaram na campanha de doação de sangue no dia 6 de setembro. Só em Brasília já são mais de 14 mil pedidos para fazer doação no único hemocentro, que tem capacidade para atender a 270 pessoas por dia.” O senador orientou que os correligionários marcassem outros dias para a doação de sangue a fim de estender o protesto cívico por setembro. “Gente, já deu certo”, comemorou.

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Desfile com viaturas Guarani em Brasília

Enquanto isso, o general Ricardo Piai Carmona, comandante militar do Planalto, fazia os últimos preparativos para o desfile na Esplanada, que deve começar às 9 horas e se encerrar às 11 horas. Em conjunto com a Marinha, com a Força Aérea, o Corpo de Bombeiros e escolas do DF, os homens do Exército devem partir do Palácio do Planalto em direção à Rodoviária do Plano Piloto.

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Caberá à Carmona apresentar a tropa ao presidente Lula e às demais autoridades que devem acompanhar o desfile, que terá como tema “Democracia, Soberania e União”, em uma tentativa de desvincular a festa dos eventos bolsonaristas dos últimos anos. Ao todo, 3 mil militares devem passar diante das autoridades – um dos maiores contingentes do País. O petista poderá observar veículos blindados sobre rodas, como a VBTP-MR Guarani para o transporte de tropas, que, recentemente, o seu governo impediu que fossem vendidos, em sua versão ambulância, à Ucrânia.

Também devem passar por ali VBMT-LSR 4×4 Lince K2, (viatura blindada multitarefa-leve sobre rodas), além dos carros de combate Leopard 1A5 e os M60 A3 TTS; bem como as viaturas blindadas antiaéreas Gepard 1A2 e o obuseiro autopropulsado M109 A5. Por fim, o desfile trará veículos do sistema ASTROS II, fabricado pela empresa brasileira Avibras, com seus lançadores múltiplos de foguetes. Ao todo, serão usadas 88 viaturas. O Exército vai mobilizar ainda 12 helicópteros.

Os blindados Guarani, do Exército, devem participar do desfile em Brasília Foto: EXÉRCITO BRASILEIRO
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Neste ano, os cariocas terão um desfile com tropas, o que foi suspenso no ano passado a fim de que a comemoração cívica não se confundisse com o palanque montado por Bolsonaro, então candidato à reeleição. Ao todo 2,1 mil militares estarão na solenidade. Já em São Paulo, o Comando Militar do Sudeste prepara a volta do desfile ao Sambódromo – no ano passado, ele aconteceu no Ipiranga, na zona sul. Ali estarão 2.186 homens do Exército, além de 80 viaturas e quatro helicópteros.

O comando de área que deve engajar o maior número de homens no desfile cívico será o do Nordeste, com a previsão de 3.368 soldados, e o menor deve ser o Comando Militar do Norte, com 1.256 homens. O que não se sabe ainda é se o público bolsonarista vai comparecer às arquibancadas dos desfiles pelo Brasil afora.

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Nas redes sociais, muitos defenderam que os patriotas “fiquem em casa”. É o caso do senador Jorge Seif Junior (PL-SC), que postou um vídeo em que criticava o general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, comandante militar do Planalto no dia 8 de janeiro e um dos responsáveis pela prisão dos bolsonarista em frente ao QG e dos invasores das sedes dos três Poderes. O senador acusa os generais de serem os ”mesmos que traíram seu povo em 08/01… os mesmos que prestam continência a Lula e Maduro”. Em Brasília, os organizadores aguardam 30 mil pessoas. Ninguém sabe qual será a reação da multidão quando Lula chegar.

Após deixar a reunião com a governadora Celina, Cappelli, o secretário executivo do Ministério da Justiça, disse: “Recebemos o pedido da governadora em exercício e iremos disponibilizar a Força Nacional para atuar de forma preventiva e cooperativa. Teremos uma bela festa.” Foi justamente Cappelli o homem que liderou a tropa de choque da PM no dia 8 de janeiro na tentativa de prender os bolsonaristas acampados em frente ao quartel-general do Exército. Acabou impedido por blindados Guarani. Agora ele, Carmona e as demais autoridades envolvidas procuram festejar o dia 7, recuperando sua institucionalidade e civilidade.

Bolsonaro durante ato de 7 de Setembro. Foto: Wilton Junior/Estadão

O Exército vai mobilizar 17 mil homens no desfile cívico de 7 de setembro nas sedes de oito comandos da área da Força terrestre. O número é inferior ao mobilizado em 2022, quando o País comemorou os 200 anos da Independência. Mas, apesar de não ser esperado nenhum discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a exemplo do que seu antecessor Jair Bolsonaro fizera nos anos anteriores para seus seguidores em Brasília, no Rio e em São Paulo, o risco de confusão permanece.

Desfile militar do 7 de Setembro no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo; local voltará a receber neste ano a festa cívica Foto: Tiago Queiróz/AE

Ele surgiu novamente em publicações nas redes sociais e está relacionado à forma como o bolsonaristas pretendem lidar com a data, oito meses depois do fracasso da intentona do dia 8 de janeiro. Na semana passada, o ministro da Justiça, Flávio Dino, enviou ao governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, um alerta que continha uma dezena de vídeos que, supostamente, incitavam protestos violentos na data cívica.

Um dos vídeos era do pastor Silas Malafaia, figura que esteve presente nas comemorações da Independência patrocinadas pelo então presidente Jair Bolsonaro. Em um deles, Malafaia ataca o ministro Alexandre de Moraes, do STF, e os generais do Alto Comando. “Sabe por que o ditador da toga, Alexandre de Moraes, comete todas essas injustiças? Porque temos meia dúzia de generais de quatro estrelas que são covardes e frouxos. É meia dúzia de general de quatro estrelas, que são frouxos, que podiam botar o pé na porta.”

O pastor se referia à suposta passividade da cúpula militar diante da prisão de auxiliares de Jair Bolsonaro em razão da falsificação de cartões de vacina. Ibaneis estava em Nova York, em um evento do Lide. De lá, externou sua preocupação com o dia 7. Em razão do alerta do ministro Dino, a governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão (PP), reuniu-se no dia 31 com o secretário executivo do Ministério da Justiça e ex-interventor na Segurança Pública do DF, Ricardo Cappelli.

Ao término do encontro, ela anunciou a criação de uma espécie de força-tarefa para prevenir atos de violência no 7 de Setembro. Publicado em uma edição extra do Diário Oficial naquele dia, a criação do gabinete de crise tinha como objetivo “promover a ordem pública e social, coordenar as atividades administrativas e acompanhar os eventos de 7 de Setembro”. O grupo é coordenado pela Secretaria de Segurança do GDF e se reúne hoje pela primeira vez.

Foram convidados a participar do grupo, que trabalhará até o dia 10, representantes dos Ministérios da Defesa, da Justiça e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), além da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Celina pediu ainda a Cappelli que a pasta da Justiça autorizasse o uso da Força Nacional da Segurança para reforçar o policiamento em Brasília, o que foi concedido. O esquema deve ser maior do que o da posse de Lula. Todas essas são medidas preventivas para evitar surpresas ou barrar planos de quem quer que esteja planejando badernas.

Na direção contrária dos temores de protestos ou de violência, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) criou uma campanha de doação de sangue para que “patriotas” fizessem seu protesto no dia 6, em vez do dia 7. “Quero agradecer a todos que se engajaram na campanha de doação de sangue no dia 6 de setembro. Só em Brasília já são mais de 14 mil pedidos para fazer doação no único hemocentro, que tem capacidade para atender a 270 pessoas por dia.” O senador orientou que os correligionários marcassem outros dias para a doação de sangue a fim de estender o protesto cívico por setembro. “Gente, já deu certo”, comemorou.

Desfile com viaturas Guarani em Brasília

Enquanto isso, o general Ricardo Piai Carmona, comandante militar do Planalto, fazia os últimos preparativos para o desfile na Esplanada, que deve começar às 9 horas e se encerrar às 11 horas. Em conjunto com a Marinha, com a Força Aérea, o Corpo de Bombeiros e escolas do DF, os homens do Exército devem partir do Palácio do Planalto em direção à Rodoviária do Plano Piloto.

Caberá à Carmona apresentar a tropa ao presidente Lula e às demais autoridades que devem acompanhar o desfile, que terá como tema “Democracia, Soberania e União”, em uma tentativa de desvincular a festa dos eventos bolsonaristas dos últimos anos. Ao todo, 3 mil militares devem passar diante das autoridades – um dos maiores contingentes do País. O petista poderá observar veículos blindados sobre rodas, como a VBTP-MR Guarani para o transporte de tropas, que, recentemente, o seu governo impediu que fossem vendidos, em sua versão ambulância, à Ucrânia.

Também devem passar por ali VBMT-LSR 4×4 Lince K2, (viatura blindada multitarefa-leve sobre rodas), além dos carros de combate Leopard 1A5 e os M60 A3 TTS; bem como as viaturas blindadas antiaéreas Gepard 1A2 e o obuseiro autopropulsado M109 A5. Por fim, o desfile trará veículos do sistema ASTROS II, fabricado pela empresa brasileira Avibras, com seus lançadores múltiplos de foguetes. Ao todo, serão usadas 88 viaturas. O Exército vai mobilizar ainda 12 helicópteros.

Os blindados Guarani, do Exército, devem participar do desfile em Brasília Foto: EXÉRCITO BRASILEIRO

Neste ano, os cariocas terão um desfile com tropas, o que foi suspenso no ano passado a fim de que a comemoração cívica não se confundisse com o palanque montado por Bolsonaro, então candidato à reeleição. Ao todo 2,1 mil militares estarão na solenidade. Já em São Paulo, o Comando Militar do Sudeste prepara a volta do desfile ao Sambódromo – no ano passado, ele aconteceu no Ipiranga, na zona sul. Ali estarão 2.186 homens do Exército, além de 80 viaturas e quatro helicópteros.

O comando de área que deve engajar o maior número de homens no desfile cívico será o do Nordeste, com a previsão de 3.368 soldados, e o menor deve ser o Comando Militar do Norte, com 1.256 homens. O que não se sabe ainda é se o público bolsonarista vai comparecer às arquibancadas dos desfiles pelo Brasil afora.

Nas redes sociais, muitos defenderam que os patriotas “fiquem em casa”. É o caso do senador Jorge Seif Junior (PL-SC), que postou um vídeo em que criticava o general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, comandante militar do Planalto no dia 8 de janeiro e um dos responsáveis pela prisão dos bolsonarista em frente ao QG e dos invasores das sedes dos três Poderes. O senador acusa os generais de serem os ”mesmos que traíram seu povo em 08/01… os mesmos que prestam continência a Lula e Maduro”. Em Brasília, os organizadores aguardam 30 mil pessoas. Ninguém sabe qual será a reação da multidão quando Lula chegar.

Após deixar a reunião com a governadora Celina, Cappelli, o secretário executivo do Ministério da Justiça, disse: “Recebemos o pedido da governadora em exercício e iremos disponibilizar a Força Nacional para atuar de forma preventiva e cooperativa. Teremos uma bela festa.” Foi justamente Cappelli o homem que liderou a tropa de choque da PM no dia 8 de janeiro na tentativa de prender os bolsonaristas acampados em frente ao quartel-general do Exército. Acabou impedido por blindados Guarani. Agora ele, Carmona e as demais autoridades envolvidas procuram festejar o dia 7, recuperando sua institucionalidade e civilidade.

Bolsonaro durante ato de 7 de Setembro. Foto: Wilton Junior/Estadão

O Exército vai mobilizar 17 mil homens no desfile cívico de 7 de setembro nas sedes de oito comandos da área da Força terrestre. O número é inferior ao mobilizado em 2022, quando o País comemorou os 200 anos da Independência. Mas, apesar de não ser esperado nenhum discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a exemplo do que seu antecessor Jair Bolsonaro fizera nos anos anteriores para seus seguidores em Brasília, no Rio e em São Paulo, o risco de confusão permanece.

Desfile militar do 7 de Setembro no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo; local voltará a receber neste ano a festa cívica Foto: Tiago Queiróz/AE

Ele surgiu novamente em publicações nas redes sociais e está relacionado à forma como o bolsonaristas pretendem lidar com a data, oito meses depois do fracasso da intentona do dia 8 de janeiro. Na semana passada, o ministro da Justiça, Flávio Dino, enviou ao governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, um alerta que continha uma dezena de vídeos que, supostamente, incitavam protestos violentos na data cívica.

Um dos vídeos era do pastor Silas Malafaia, figura que esteve presente nas comemorações da Independência patrocinadas pelo então presidente Jair Bolsonaro. Em um deles, Malafaia ataca o ministro Alexandre de Moraes, do STF, e os generais do Alto Comando. “Sabe por que o ditador da toga, Alexandre de Moraes, comete todas essas injustiças? Porque temos meia dúzia de generais de quatro estrelas que são covardes e frouxos. É meia dúzia de general de quatro estrelas, que são frouxos, que podiam botar o pé na porta.”

O pastor se referia à suposta passividade da cúpula militar diante da prisão de auxiliares de Jair Bolsonaro em razão da falsificação de cartões de vacina. Ibaneis estava em Nova York, em um evento do Lide. De lá, externou sua preocupação com o dia 7. Em razão do alerta do ministro Dino, a governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão (PP), reuniu-se no dia 31 com o secretário executivo do Ministério da Justiça e ex-interventor na Segurança Pública do DF, Ricardo Cappelli.

Ao término do encontro, ela anunciou a criação de uma espécie de força-tarefa para prevenir atos de violência no 7 de Setembro. Publicado em uma edição extra do Diário Oficial naquele dia, a criação do gabinete de crise tinha como objetivo “promover a ordem pública e social, coordenar as atividades administrativas e acompanhar os eventos de 7 de Setembro”. O grupo é coordenado pela Secretaria de Segurança do GDF e se reúne hoje pela primeira vez.

Foram convidados a participar do grupo, que trabalhará até o dia 10, representantes dos Ministérios da Defesa, da Justiça e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), além da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Celina pediu ainda a Cappelli que a pasta da Justiça autorizasse o uso da Força Nacional da Segurança para reforçar o policiamento em Brasília, o que foi concedido. O esquema deve ser maior do que o da posse de Lula. Todas essas são medidas preventivas para evitar surpresas ou barrar planos de quem quer que esteja planejando badernas.

Na direção contrária dos temores de protestos ou de violência, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) criou uma campanha de doação de sangue para que “patriotas” fizessem seu protesto no dia 6, em vez do dia 7. “Quero agradecer a todos que se engajaram na campanha de doação de sangue no dia 6 de setembro. Só em Brasília já são mais de 14 mil pedidos para fazer doação no único hemocentro, que tem capacidade para atender a 270 pessoas por dia.” O senador orientou que os correligionários marcassem outros dias para a doação de sangue a fim de estender o protesto cívico por setembro. “Gente, já deu certo”, comemorou.

Desfile com viaturas Guarani em Brasília

Enquanto isso, o general Ricardo Piai Carmona, comandante militar do Planalto, fazia os últimos preparativos para o desfile na Esplanada, que deve começar às 9 horas e se encerrar às 11 horas. Em conjunto com a Marinha, com a Força Aérea, o Corpo de Bombeiros e escolas do DF, os homens do Exército devem partir do Palácio do Planalto em direção à Rodoviária do Plano Piloto.

Caberá à Carmona apresentar a tropa ao presidente Lula e às demais autoridades que devem acompanhar o desfile, que terá como tema “Democracia, Soberania e União”, em uma tentativa de desvincular a festa dos eventos bolsonaristas dos últimos anos. Ao todo, 3 mil militares devem passar diante das autoridades – um dos maiores contingentes do País. O petista poderá observar veículos blindados sobre rodas, como a VBTP-MR Guarani para o transporte de tropas, que, recentemente, o seu governo impediu que fossem vendidos, em sua versão ambulância, à Ucrânia.

Também devem passar por ali VBMT-LSR 4×4 Lince K2, (viatura blindada multitarefa-leve sobre rodas), além dos carros de combate Leopard 1A5 e os M60 A3 TTS; bem como as viaturas blindadas antiaéreas Gepard 1A2 e o obuseiro autopropulsado M109 A5. Por fim, o desfile trará veículos do sistema ASTROS II, fabricado pela empresa brasileira Avibras, com seus lançadores múltiplos de foguetes. Ao todo, serão usadas 88 viaturas. O Exército vai mobilizar ainda 12 helicópteros.

Os blindados Guarani, do Exército, devem participar do desfile em Brasília Foto: EXÉRCITO BRASILEIRO

Neste ano, os cariocas terão um desfile com tropas, o que foi suspenso no ano passado a fim de que a comemoração cívica não se confundisse com o palanque montado por Bolsonaro, então candidato à reeleição. Ao todo 2,1 mil militares estarão na solenidade. Já em São Paulo, o Comando Militar do Sudeste prepara a volta do desfile ao Sambódromo – no ano passado, ele aconteceu no Ipiranga, na zona sul. Ali estarão 2.186 homens do Exército, além de 80 viaturas e quatro helicópteros.

O comando de área que deve engajar o maior número de homens no desfile cívico será o do Nordeste, com a previsão de 3.368 soldados, e o menor deve ser o Comando Militar do Norte, com 1.256 homens. O que não se sabe ainda é se o público bolsonarista vai comparecer às arquibancadas dos desfiles pelo Brasil afora.

Nas redes sociais, muitos defenderam que os patriotas “fiquem em casa”. É o caso do senador Jorge Seif Junior (PL-SC), que postou um vídeo em que criticava o general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, comandante militar do Planalto no dia 8 de janeiro e um dos responsáveis pela prisão dos bolsonarista em frente ao QG e dos invasores das sedes dos três Poderes. O senador acusa os generais de serem os ”mesmos que traíram seu povo em 08/01… os mesmos que prestam continência a Lula e Maduro”. Em Brasília, os organizadores aguardam 30 mil pessoas. Ninguém sabe qual será a reação da multidão quando Lula chegar.

Após deixar a reunião com a governadora Celina, Cappelli, o secretário executivo do Ministério da Justiça, disse: “Recebemos o pedido da governadora em exercício e iremos disponibilizar a Força Nacional para atuar de forma preventiva e cooperativa. Teremos uma bela festa.” Foi justamente Cappelli o homem que liderou a tropa de choque da PM no dia 8 de janeiro na tentativa de prender os bolsonaristas acampados em frente ao quartel-general do Exército. Acabou impedido por blindados Guarani. Agora ele, Carmona e as demais autoridades envolvidas procuram festejar o dia 7, recuperando sua institucionalidade e civilidade.

Bolsonaro durante ato de 7 de Setembro. Foto: Wilton Junior/Estadão

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