As relações entre o Poder Civil e o poder Militar

Análise|O presidente Lula teve uma ideia: quer um Exército só com bombeiros


Petista quer imolar a preparação das Forças Armadas a fim de apagar a inação diante do fogo no País

Por Marcelo Godoy
Atualização:

Por que um líder político não pode propor ideias originais? Essa pergunta deve ter passado pela cabeça do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada. Uns podem dizer que a experiência de passar mais de dez anos na Presidência da República autorizaria qualquer um a buscar soluções para problemas pungentes, como a crise do fogo que ameaça não só as florestas, mas a vida de todos, inclusive a dos confortavelmente instalados em suas salas de jantar nas metrópoles do Sudeste do País.

Presidente da Republica, Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião com o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco, o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, e o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luís Roberto Barroso, no Palácio do Planalto Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da Republica

Foi a partir desse pressuposto que Lula resolveu dar sua contribuição à Defesa Nacional. No dia 17, em reunião no Planalto com os chefes dos demais Poderes, o petista revelou o que propôs em uma longa conversa ao ministro José Múcio (Defesa) e ao general Tomás Paiva, comandante do Exército.

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“A sugestão que eu dei para ele é que, daqui para frente, todos os 70 mil recrutas que são convocados para as Forças Armadas todo ano, e a gente não tem guerra, portanto, não precisa preparar ninguém para a guerra, porque a gente não vai querer guerra, que essa meninada seja preparada para enfrentar a questão climática.” Eis a solução. Lula esquece o mundo em que vive, que a Ucrânia também não queria a guerra. Conflagrações ameaçam escalar como não se via desde a Guerra Fria, com a rivalidade estratégica entre EUA e China, o imperialismo russo e as ações de Israel no Oriente Médio. Tudo isso pode parecer distante à maioria das pessoas, assim como para Lula.

O petista parece viver sem prestar atenção à história, apesar de esta se compor dos dramas infinitos de cada pessoa. Lula devia ler a advertência do historiador Marc Ferro. “É possível se fazer um seguro contra o fogo ou contra o roubo, mas não há como se proteger da história.”

O teste do míssil Spike LR2 em um centro do Exército brasileiro, no Rio Grande do Sul, no começo do mês. Foto: Reprodução / Exército Brasileiro
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Caso não queira ler Ferro, Lula tem uma opção. Pode se dirigir ao Teatro Municipal de São Paulo e acompanhar, na próxima sexta-feira, a estreia da nova montagem da ópera Nabucco, de Verdi. Se em três mandatos não aprendeu a importância da Defesa, talvez, assistindo ao espetáculo tome ciência da tragédia que pode acompanhar um chefe incauto, como Zedequias. Lula veria o drama de Zacarias, o sumo sacerdote dos hebreus, aquele que pergunta, atônito, como os guerreiros babilônios de Nabucodonosor entraram no Templo. Disfarçados, oras.

No Brasil, o petista quer transformar soldados em bombeiros. E quem dissuadirá as ameaças à nossa soberania? Soldados com pistolas d’água? Em vez de Zacarias da ópera, Lula corre o risco de se tornar outro Zacarias, o ingênuo sorridente do quarteto Os Trapalhões... Enquanto o Brasil arde em chamas, só falta saber quem é o Dedé, o Didi e o Mussum no Planalto.

Por que um líder político não pode propor ideias originais? Essa pergunta deve ter passado pela cabeça do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada. Uns podem dizer que a experiência de passar mais de dez anos na Presidência da República autorizaria qualquer um a buscar soluções para problemas pungentes, como a crise do fogo que ameaça não só as florestas, mas a vida de todos, inclusive a dos confortavelmente instalados em suas salas de jantar nas metrópoles do Sudeste do País.

Presidente da Republica, Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião com o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco, o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, e o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luís Roberto Barroso, no Palácio do Planalto Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da Republica

Foi a partir desse pressuposto que Lula resolveu dar sua contribuição à Defesa Nacional. No dia 17, em reunião no Planalto com os chefes dos demais Poderes, o petista revelou o que propôs em uma longa conversa ao ministro José Múcio (Defesa) e ao general Tomás Paiva, comandante do Exército.

“A sugestão que eu dei para ele é que, daqui para frente, todos os 70 mil recrutas que são convocados para as Forças Armadas todo ano, e a gente não tem guerra, portanto, não precisa preparar ninguém para a guerra, porque a gente não vai querer guerra, que essa meninada seja preparada para enfrentar a questão climática.” Eis a solução. Lula esquece o mundo em que vive, que a Ucrânia também não queria a guerra. Conflagrações ameaçam escalar como não se via desde a Guerra Fria, com a rivalidade estratégica entre EUA e China, o imperialismo russo e as ações de Israel no Oriente Médio. Tudo isso pode parecer distante à maioria das pessoas, assim como para Lula.

O petista parece viver sem prestar atenção à história, apesar de esta se compor dos dramas infinitos de cada pessoa. Lula devia ler a advertência do historiador Marc Ferro. “É possível se fazer um seguro contra o fogo ou contra o roubo, mas não há como se proteger da história.”

O teste do míssil Spike LR2 em um centro do Exército brasileiro, no Rio Grande do Sul, no começo do mês. Foto: Reprodução / Exército Brasileiro

Caso não queira ler Ferro, Lula tem uma opção. Pode se dirigir ao Teatro Municipal de São Paulo e acompanhar, na próxima sexta-feira, a estreia da nova montagem da ópera Nabucco, de Verdi. Se em três mandatos não aprendeu a importância da Defesa, talvez, assistindo ao espetáculo tome ciência da tragédia que pode acompanhar um chefe incauto, como Zedequias. Lula veria o drama de Zacarias, o sumo sacerdote dos hebreus, aquele que pergunta, atônito, como os guerreiros babilônios de Nabucodonosor entraram no Templo. Disfarçados, oras.

No Brasil, o petista quer transformar soldados em bombeiros. E quem dissuadirá as ameaças à nossa soberania? Soldados com pistolas d’água? Em vez de Zacarias da ópera, Lula corre o risco de se tornar outro Zacarias, o ingênuo sorridente do quarteto Os Trapalhões... Enquanto o Brasil arde em chamas, só falta saber quem é o Dedé, o Didi e o Mussum no Planalto.

Por que um líder político não pode propor ideias originais? Essa pergunta deve ter passado pela cabeça do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada. Uns podem dizer que a experiência de passar mais de dez anos na Presidência da República autorizaria qualquer um a buscar soluções para problemas pungentes, como a crise do fogo que ameaça não só as florestas, mas a vida de todos, inclusive a dos confortavelmente instalados em suas salas de jantar nas metrópoles do Sudeste do País.

Presidente da Republica, Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião com o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco, o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, e o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luís Roberto Barroso, no Palácio do Planalto Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da Republica

Foi a partir desse pressuposto que Lula resolveu dar sua contribuição à Defesa Nacional. No dia 17, em reunião no Planalto com os chefes dos demais Poderes, o petista revelou o que propôs em uma longa conversa ao ministro José Múcio (Defesa) e ao general Tomás Paiva, comandante do Exército.

“A sugestão que eu dei para ele é que, daqui para frente, todos os 70 mil recrutas que são convocados para as Forças Armadas todo ano, e a gente não tem guerra, portanto, não precisa preparar ninguém para a guerra, porque a gente não vai querer guerra, que essa meninada seja preparada para enfrentar a questão climática.” Eis a solução. Lula esquece o mundo em que vive, que a Ucrânia também não queria a guerra. Conflagrações ameaçam escalar como não se via desde a Guerra Fria, com a rivalidade estratégica entre EUA e China, o imperialismo russo e as ações de Israel no Oriente Médio. Tudo isso pode parecer distante à maioria das pessoas, assim como para Lula.

O petista parece viver sem prestar atenção à história, apesar de esta se compor dos dramas infinitos de cada pessoa. Lula devia ler a advertência do historiador Marc Ferro. “É possível se fazer um seguro contra o fogo ou contra o roubo, mas não há como se proteger da história.”

O teste do míssil Spike LR2 em um centro do Exército brasileiro, no Rio Grande do Sul, no começo do mês. Foto: Reprodução / Exército Brasileiro

Caso não queira ler Ferro, Lula tem uma opção. Pode se dirigir ao Teatro Municipal de São Paulo e acompanhar, na próxima sexta-feira, a estreia da nova montagem da ópera Nabucco, de Verdi. Se em três mandatos não aprendeu a importância da Defesa, talvez, assistindo ao espetáculo tome ciência da tragédia que pode acompanhar um chefe incauto, como Zedequias. Lula veria o drama de Zacarias, o sumo sacerdote dos hebreus, aquele que pergunta, atônito, como os guerreiros babilônios de Nabucodonosor entraram no Templo. Disfarçados, oras.

No Brasil, o petista quer transformar soldados em bombeiros. E quem dissuadirá as ameaças à nossa soberania? Soldados com pistolas d’água? Em vez de Zacarias da ópera, Lula corre o risco de se tornar outro Zacarias, o ingênuo sorridente do quarteto Os Trapalhões... Enquanto o Brasil arde em chamas, só falta saber quem é o Dedé, o Didi e o Mussum no Planalto.

Por que um líder político não pode propor ideias originais? Essa pergunta deve ter passado pela cabeça do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada. Uns podem dizer que a experiência de passar mais de dez anos na Presidência da República autorizaria qualquer um a buscar soluções para problemas pungentes, como a crise do fogo que ameaça não só as florestas, mas a vida de todos, inclusive a dos confortavelmente instalados em suas salas de jantar nas metrópoles do Sudeste do País.

Presidente da Republica, Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião com o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco, o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, e o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luís Roberto Barroso, no Palácio do Planalto Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da Republica

Foi a partir desse pressuposto que Lula resolveu dar sua contribuição à Defesa Nacional. No dia 17, em reunião no Planalto com os chefes dos demais Poderes, o petista revelou o que propôs em uma longa conversa ao ministro José Múcio (Defesa) e ao general Tomás Paiva, comandante do Exército.

“A sugestão que eu dei para ele é que, daqui para frente, todos os 70 mil recrutas que são convocados para as Forças Armadas todo ano, e a gente não tem guerra, portanto, não precisa preparar ninguém para a guerra, porque a gente não vai querer guerra, que essa meninada seja preparada para enfrentar a questão climática.” Eis a solução. Lula esquece o mundo em que vive, que a Ucrânia também não queria a guerra. Conflagrações ameaçam escalar como não se via desde a Guerra Fria, com a rivalidade estratégica entre EUA e China, o imperialismo russo e as ações de Israel no Oriente Médio. Tudo isso pode parecer distante à maioria das pessoas, assim como para Lula.

O petista parece viver sem prestar atenção à história, apesar de esta se compor dos dramas infinitos de cada pessoa. Lula devia ler a advertência do historiador Marc Ferro. “É possível se fazer um seguro contra o fogo ou contra o roubo, mas não há como se proteger da história.”

O teste do míssil Spike LR2 em um centro do Exército brasileiro, no Rio Grande do Sul, no começo do mês. Foto: Reprodução / Exército Brasileiro

Caso não queira ler Ferro, Lula tem uma opção. Pode se dirigir ao Teatro Municipal de São Paulo e acompanhar, na próxima sexta-feira, a estreia da nova montagem da ópera Nabucco, de Verdi. Se em três mandatos não aprendeu a importância da Defesa, talvez, assistindo ao espetáculo tome ciência da tragédia que pode acompanhar um chefe incauto, como Zedequias. Lula veria o drama de Zacarias, o sumo sacerdote dos hebreus, aquele que pergunta, atônito, como os guerreiros babilônios de Nabucodonosor entraram no Templo. Disfarçados, oras.

No Brasil, o petista quer transformar soldados em bombeiros. E quem dissuadirá as ameaças à nossa soberania? Soldados com pistolas d’água? Em vez de Zacarias da ópera, Lula corre o risco de se tornar outro Zacarias, o ingênuo sorridente do quarteto Os Trapalhões... Enquanto o Brasil arde em chamas, só falta saber quem é o Dedé, o Didi e o Mussum no Planalto.

Análise por Marcelo Godoy

Repórter especial do Estadão e escritor. É autor do livro A Casa da Vovó, prêmios Jabuti (2015) e Sérgio Buarque de Holanda, da Biblioteca Nacional (2015). É jornalista formado pela Casper Líbero.

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