Professor titular de Teoria Política da Unesp, Marco Aurélio Nogueira escreve mensalmente na seção Espaço Aberto

Opinião|Nó em pingo d'água


O governo já demonstrou ter disposição para fazer as coisas piorarem. No MEC, a ideologia, o fanatismo e a inépcia administrativa podem permanecer no comando

Por Marco Aurélio Nogueira

Preso Queiroz e decidida a sorte de Weintraub, é hora de pensar os desdobramentos. O impacto sobre o governo já pode ser sentido, com as lives que circulam, a começar da do presidente da República, visivelmente incomodado com a situação.

Weintraub sai, mas deixa atrás de si uma verdadeira terra arrasada. Vai cantar em outra freguesia, exportar para o Banco Mundial seu comportamento bufo e sua comprovada incompetência. Será um soldado do antiglobalismo no coração de uma instituição global. Ver para crer. A imagem e os interesses do País? Ora, ora...

Foram 14 meses desperdiçados e desencadeadores de uma regressão trágica, que só não foi maior porque os servidores da Educação -- professores, diretores, auxiliares - souberam resistir. Nunca houve, e provavelmente jamais haverá, uma gestão tão inepta e atrabiliária em uma área tão estratégica para o País. Foi uma irresponsabilidade, pela qual pagaremos um preço.

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Agora, duas questões estão na mesa.

A primeira é do sucessor. Pode ser mais do mesmo, com o prolongamento da agonia e do estrago. O governo já demonstrou ter disposição para fazer as coisas piorarem. Tem sido sua marca, seu estilo. Na bolsa de apostas, essa é a hipótese que dispara. A ideologia, o fanatismo e a inépcia administrativa permaneceriam no comando, sufocando a gestão educacional. Mas também pode ser que venha algum nome mais afinado com a área, mais educado e capacitado. Seria um ganho para todos, um pequeno balão de oxigênio para um governo moribundo e uma sensação, para os educadores, de que a tormenta pode estar amainando.

A segunda questão é a de sempre. Como recuperar a educação - a básica, a média, a superior - e prepará-la para prover os recursos de que o País necessita e a população merece? É um tema vasto, no qual estamos enredados há tempo e nos atravanca o futuro. Há bastante conhecimento agregado na área, mas ele não se traduz em termos de política educacional. O hiato entre o que se pensa e o que se faz é brutal, foi aumentando pouco a pouco.

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Sabemos que não haverá futuro melhor sem a plena recuperação da Educação. Os jovens precisam voltar a gostar da escola, a respeitar e admirar seus professores, a aprender que o estudo é bom para a alma e é indispensável para que se progrida na vida. As escolas são casas civilizatórias e devem ser abertas para todos e a todos ofertar qualidade, informações, conhecimento, formação cívica.

Um novo patamar terá de ser construído, passo a passo, com firmeza e continuidade. Com o governo federal que aí está, a missão parece impossível. Com muita probabilidade, se nada acontecer, perderemos mais 30 meses, o que fará o buraco ficar ainda mais profundo.

Mas a Educação é uma área repleta de resiliência. Está acostumada a "sofrer" e a dar nó em pingo d'água. Tem anticorpos prontos para agir. É o que temos de melhor para seguir em frente.

Preso Queiroz e decidida a sorte de Weintraub, é hora de pensar os desdobramentos. O impacto sobre o governo já pode ser sentido, com as lives que circulam, a começar da do presidente da República, visivelmente incomodado com a situação.

Weintraub sai, mas deixa atrás de si uma verdadeira terra arrasada. Vai cantar em outra freguesia, exportar para o Banco Mundial seu comportamento bufo e sua comprovada incompetência. Será um soldado do antiglobalismo no coração de uma instituição global. Ver para crer. A imagem e os interesses do País? Ora, ora...

Foram 14 meses desperdiçados e desencadeadores de uma regressão trágica, que só não foi maior porque os servidores da Educação -- professores, diretores, auxiliares - souberam resistir. Nunca houve, e provavelmente jamais haverá, uma gestão tão inepta e atrabiliária em uma área tão estratégica para o País. Foi uma irresponsabilidade, pela qual pagaremos um preço.

Agora, duas questões estão na mesa.

A primeira é do sucessor. Pode ser mais do mesmo, com o prolongamento da agonia e do estrago. O governo já demonstrou ter disposição para fazer as coisas piorarem. Tem sido sua marca, seu estilo. Na bolsa de apostas, essa é a hipótese que dispara. A ideologia, o fanatismo e a inépcia administrativa permaneceriam no comando, sufocando a gestão educacional. Mas também pode ser que venha algum nome mais afinado com a área, mais educado e capacitado. Seria um ganho para todos, um pequeno balão de oxigênio para um governo moribundo e uma sensação, para os educadores, de que a tormenta pode estar amainando.

A segunda questão é a de sempre. Como recuperar a educação - a básica, a média, a superior - e prepará-la para prover os recursos de que o País necessita e a população merece? É um tema vasto, no qual estamos enredados há tempo e nos atravanca o futuro. Há bastante conhecimento agregado na área, mas ele não se traduz em termos de política educacional. O hiato entre o que se pensa e o que se faz é brutal, foi aumentando pouco a pouco.

Sabemos que não haverá futuro melhor sem a plena recuperação da Educação. Os jovens precisam voltar a gostar da escola, a respeitar e admirar seus professores, a aprender que o estudo é bom para a alma e é indispensável para que se progrida na vida. As escolas são casas civilizatórias e devem ser abertas para todos e a todos ofertar qualidade, informações, conhecimento, formação cívica.

Um novo patamar terá de ser construído, passo a passo, com firmeza e continuidade. Com o governo federal que aí está, a missão parece impossível. Com muita probabilidade, se nada acontecer, perderemos mais 30 meses, o que fará o buraco ficar ainda mais profundo.

Mas a Educação é uma área repleta de resiliência. Está acostumada a "sofrer" e a dar nó em pingo d'água. Tem anticorpos prontos para agir. É o que temos de melhor para seguir em frente.

Preso Queiroz e decidida a sorte de Weintraub, é hora de pensar os desdobramentos. O impacto sobre o governo já pode ser sentido, com as lives que circulam, a começar da do presidente da República, visivelmente incomodado com a situação.

Weintraub sai, mas deixa atrás de si uma verdadeira terra arrasada. Vai cantar em outra freguesia, exportar para o Banco Mundial seu comportamento bufo e sua comprovada incompetência. Será um soldado do antiglobalismo no coração de uma instituição global. Ver para crer. A imagem e os interesses do País? Ora, ora...

Foram 14 meses desperdiçados e desencadeadores de uma regressão trágica, que só não foi maior porque os servidores da Educação -- professores, diretores, auxiliares - souberam resistir. Nunca houve, e provavelmente jamais haverá, uma gestão tão inepta e atrabiliária em uma área tão estratégica para o País. Foi uma irresponsabilidade, pela qual pagaremos um preço.

Agora, duas questões estão na mesa.

A primeira é do sucessor. Pode ser mais do mesmo, com o prolongamento da agonia e do estrago. O governo já demonstrou ter disposição para fazer as coisas piorarem. Tem sido sua marca, seu estilo. Na bolsa de apostas, essa é a hipótese que dispara. A ideologia, o fanatismo e a inépcia administrativa permaneceriam no comando, sufocando a gestão educacional. Mas também pode ser que venha algum nome mais afinado com a área, mais educado e capacitado. Seria um ganho para todos, um pequeno balão de oxigênio para um governo moribundo e uma sensação, para os educadores, de que a tormenta pode estar amainando.

A segunda questão é a de sempre. Como recuperar a educação - a básica, a média, a superior - e prepará-la para prover os recursos de que o País necessita e a população merece? É um tema vasto, no qual estamos enredados há tempo e nos atravanca o futuro. Há bastante conhecimento agregado na área, mas ele não se traduz em termos de política educacional. O hiato entre o que se pensa e o que se faz é brutal, foi aumentando pouco a pouco.

Sabemos que não haverá futuro melhor sem a plena recuperação da Educação. Os jovens precisam voltar a gostar da escola, a respeitar e admirar seus professores, a aprender que o estudo é bom para a alma e é indispensável para que se progrida na vida. As escolas são casas civilizatórias e devem ser abertas para todos e a todos ofertar qualidade, informações, conhecimento, formação cívica.

Um novo patamar terá de ser construído, passo a passo, com firmeza e continuidade. Com o governo federal que aí está, a missão parece impossível. Com muita probabilidade, se nada acontecer, perderemos mais 30 meses, o que fará o buraco ficar ainda mais profundo.

Mas a Educação é uma área repleta de resiliência. Está acostumada a "sofrer" e a dar nó em pingo d'água. Tem anticorpos prontos para agir. É o que temos de melhor para seguir em frente.

Opinião por Marco Aurélio Nogueira

Professor titular de Teoria Política da Unesp

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