O senador Marcos do Val (Podemos-ES) afirmou na madrugada desta quinta-feira, 2, que sofreu coação do ex-presidente Jair Bolsonaro para se aliar a ele em um golpe de Estado. Do Val disse ter negado a proposta feita por Bolsonaro e denunciado o caso. Horas depois da revelação, o senador comunicou que apresentaria sua renúncia no Senado Federal.
A revelação sobre o suposto caso de coação foi feita durante uma live nas redes sociais. Do Val não especificou quando ocorreu a suposta coação e nem a quem ele denunciou a tentativa de golpe.
“Eu ficava p... quando me chamavam de bolsonarista. ‘Ah, o senador bolsonarista e tal’. Vocês esperem. Eu vou soltar uma bomba aqui para vocês: sexta-feira, vai sair na Veja, a tentativa do Bolsonaro, que me coagiu para que eu pudesse dar um golpe de Estado junto com ele. Só para vocês terem ideia. E é lógico que eu denunciei”, disse o senador.
Para entender
Horas após a live em que falou sobre a tentativa do ex-presidente de envolvê-lo na suposta trama golpista, Do Val publicou um comunicado em sua conta no Instagram, afirmando que apresentaria sua renúncia ao cargo de Senador.
“Após quatro anos de dedicação exclusiva como senador pelo Espírito Santo, chegando a sofrer um princípio de infarto, venho através desta comunicar a todos os capixabas a minha saída definitivamente da política”, escreveu do Val.
Trajetória polêmica
A decisão, de acordo com o comunicado, foi tomada em razão de ataques e ofensas sofridas durante o mandato. O pedido de afastamento deve ser apresentado nos próximos dias, segundo o próprio senador, que disse pretender retomar sua carreira nos EUA.
Recuo
No fim da manhã, após a enorme repercussão do caso, o senador negou em entrevista coletiva que já tenha tomado uma decisão definitiva sobre a renúncia ao mandato. Ele também ressaltou que não foi “coagido” por Bolsonaro a participar da trama, mas afirmou que o então presidente se manteve calado enquanto Daniel Silveira apresentava o plano.
Em um dos episódios mais emblemáticos da trajetória política de Do Val, no ano passado ele admitiu ao Estadão que recebeu R$ 50 milhões em emendas do orçamento secreto para votar em Rodrigo Pacheco, em 2021, quando o agora presidente reeleito do Senado, que tinha então o apoio de Bolsonaro, foi escolhido para comandar a Casa pela primeira vez. Ouça a entrevista.
Quem é o senador
Eleito em 2018, se confirmar a renúncia, Do Val abre mão de metade de seu mandato de oito anos. O desejo anunciado de retomar à carreira nos EUA se justifica em função de sua empresa. Mestre em Aikido, ele fundou um centro de treinamento em imobilizações, tendo inclusive participado de cursos da SWAT.