Afastado do governo do Distrito Federal (DF) desde os atos golpistas do dia 8 de janeiro, Ibaneis Rocha (MDB) traçou uma estratégia para tentar retomar a cadeira em fevereiro.
Ele pretende assumir a responsabilidade por indicar um nome para a secretaria de Segurança Pública, mesmo fora do cargo, apontando alguém que seja afinado com o governo Lula. Um dos cotados é o ex-secretário Júlio Danilo, que ficou no posto até a chegada de Anderson Torres. A atuação dele e das forças de segurança do DF na posse de Lula foi elogiada pelo ministro da Justiça, Flávio Dino.
A indicação, porém, terá que ser feita em parceria com Celina Leão (PP), a vice-governadora que assumiu interinamente o DF. Os aliados dela afirmam que Celina deve ajudar Ibaneis, com vistas a obter o apoio do governador na eleição de 2026. No PP, a máxima é evitar que a vice saia com a marca de “traidora”.
O prazo da intervenção federal na segurança do DF vai até 31 de janeiro, mas Ibaneis está afastado por 90 dias por determinação do STF.
No campo jurídico, o advogado dele, Alberto Toron, crê em uma reversão antes mesmo dos três meses ditados na decisão.
“Com fatos novos que demonstrem a situação de não conivência e de que não houve omissão dolosa é perfeitamente possível que a gente ingresse com um pedido para que ele volte. Quando acabar a intervenção, será um sinal claro de que o governo federal considera a situação sob controle”, disse Toron.
O argumento da defesa é o de que Ibaneis recebeu informações erradas da equipe de Anderson Torres, a quem o governador insistiu em nomear como secretário, apesar das críticas de que o ex-secretário é vinculado a Jair Bolsonaro.
Toron afirma que a base política de Ibaneis, eleito com o apoio de bolsonaristas, reivindicou espaço no governo. Além disso, Torres já havia sido secretário do DF antes de chegar ao ministério de Bolsonaro.
O silêncio de Anderson Torres no que deveria ter sido seu depoimento à PF, nesta quarta (18), não assustou a defesa do governador, que vem atribuindo ao ex-secretário toda a culpa pelos atos golpistas que vandalizaram os edifícios dos Três Poderes. “Ibaneis está absolutamente tranquilo quanto ao Anderson. Se o Ibaneis tivesse essa preocupação, não teria deposto primeiro”, disse o advogado de Ibaneis.