O senador eleito Sergio Moro (União-PR) deve enfrentar dificuldades no Senado. Parlamentares críticos à Operação Lava Jato querem impedir o ex-juiz, responsável pela condenação de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de ocupar espaços estratégicos em comissões e relatorias. Sabendo disso, Moro já começou a procurar possíveis aliados na semana passada, entre eles o líder do governo, Carlos Portinho (PL-RJ), para tratar de um bloco de oposição a Lula. No encontro, Portinho sugeriu que Moro dispute a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. Isso colocaria o ex-juiz em rota de colisão com Davi Alcolumbre (União-AP), atual presidente do colegiado. Moro também se reuniu com alguns de seus correligionários, como Soraya Thronicke (MS) e Efraim Filho (PB).
MAL-ESTAR. Moro enfrenta resistência até mesmo na própria legenda. De acordo com aliados, o presidente do União, Luciano Bivar, guarda mágoa por não ter sido comunicado de antemão que o ex-ministro atuaria como conselheiro de Jair Bolsonaro (PL). Bivar é defensor da aliança com Lula, assim como Davi Alcolumbre.
SUSTO. Em seu giro pelo Congresso, Moro também procurou membros do Podemos, seu antigo partido. A informação levantou o boato de que Moro tentaria voltar para a legenda, o que ele nega. Nomes como Jorge Kajuru (GO) ameaçaram até se desfiliar, caso o ex-juiz retornasse efetivamente.
ESPERANÇA. O senador Eduardo Girão (Podemos-CE) minimiza o desgaste, que classifica como um "resquício da disputa eleitoral", e diz que a reaproximação entre Moro e o Podemos é questão de tempo porque há convergência de ideias. Ele pondera que não pode falar pelo partido como um todo.
Sinais particulares, por Kleber Sales. Sergio Moro, senador eleito (União-PR)