Roberto Rodrigues de Lima, um dos presos nesta sexta-feira (14) na operação da PF que apura suspeitas de corrupção no orçamento secreto, conseguiu sozinho liberar R$ 36 milhões em emendas parlamentares em 2022. Ele é consultor de municípios no Maranhão e, identificando-se como "usuário externo", cadastrou pedidos para receber quase R$ 70 milhões do orçamento secreto. Obteve a metade. Graças ao sigilo, não é possível saber quem são os parlamentares por trás dos pedidos de Lima, nem os critérios que levaram o dinheiro a cidades diminutas como Igarapé Grande e Lago da Pedra. Dos 20 municípios com até 50 mil habitantes que mais receberam emendas parlamentares para a saúde, 10 estão no interior do Maranhão.
BALANÇA. Os valores repassados a cidades maranhenses mostram como faltam critérios no envio das emendas parlamentares, que se agigantaram sob o governo Jair Bolsonaro. Enquanto cada morador de Tuntum (MA), com 49 mil habitantes, recebeu neste ano o equivalente a R$ 425,70 em verbas de emendas parlamentares para a saúde, os moradores da capital São Luís receberam R$ 7,90. São nas capitais, porém, onde são feitos os atendimentos de alta complexidade e custo.
FLUXO. A saúde é o principal destino das emendas parlamentares em 2022. Foram R$ 13,8 bi em emendas individuais, de bancada e de relator até agora.
VERNIZ. Enquanto não se sabe o que será do orçamento secreto após a eleição, Rodrigo Pacheco tem conversado com parlamentares e membros do TCU para disciplinar essas emendas. Já sugeriu usá-las em obras inacabadas e em Santas Casas.
Sinais particulares, por Kleber Sales. Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Congresso