Não é à toa que Gleisi Hoffmann (PT-PR) vem tecendo críticas às medidas de ajuste fiscal prometidas por Fernando Haddad. Diante de perspectivas cada vez piores para o crescimento neste e nos próximos anos, além de um ambiente externo desfavorável, setores do PT passaram a considerar suicídio político investir em um ajuste fiscal de curto prazo que desacelere ainda mais a economia. Zerar o déficit no ano que vem ou cortar despesas neste ano, como prevê Haddad, são mencionados como entregas que não serão feitas, em que pese o desgaste do titular da Fazenda. No PT, o temor é repetir 2015, quando Dilma Rousseff investiu num ajuste das contas do governo e acabou sem sustentação política para ficar no cargo.
MÉTRICA. A avaliação é a de que, em nome da relação com o mercado, o PT fez concessões em 2015 que lhe custaram não só o mandato de Dilma, mas derrotas nas eleições de 2016 e 2018. A previsão mais sombria é a de que, caso o País não volte a crescer, o PT pode voltar a fracassar nas urnas já em 2024, com Lula se tornando refém do Centrão. Por isso, parlamentares petistas dizem que, ainda que o governo hesite, o partido não pode recuar.
PARALELO. Não são apenas os petistas que celebraram as críticas de Joseph Stiglitz ao BC. “Foi espantoso ele dizer que o BC de Campos Neto tem mais ‘independência’ do que o de Paul Volcker, o presidente do Fed que elevou a taxa anual de juros dos EUA a 20%. Diz muito sobre o que estamos passando”, diz Marcelo Miterhof, economista do BNDES.