Opositores do governo Lula querem aproveitar a CPI do MST para mirar rivais e movimentos de esquerda. De acordo com integrantes do Palácio do Planalto, o colegiado pode dar mais dor de cabeça ao Executivo do que a CPMI dos Atos Antidemocráticos.
Cotado para ser o relator da CPI do MST, o deputado Ricardo Salles (PL-SP) diz que o colegiado não deve se restringir a invasões no campo e que a ideia é ampliar o escopo para invasões urbanas.
O intuito é explorar a atuação do MTST, entidade que tem como uma de suas principais lideranças Guilherme Boulos (PSOL-SP), cotado como possível candidato à prefeitura de São Paulo, com apoio de Lula. Salles tenta se cacifar para disputar o cargo pelo PL.
Outro foco de Salles é apurar os financiadores das invasões. Há intenção, ainda, de verificar se há omissão de autoridades, entre elas o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, do PT, uma vez que as primeiras invasões do MST do ano ocorreram no Sul do Estado.
Para o Planalto, a CPI pode ser mais prejudicial do que a CPMI do 8 de janeiro. A avaliação é que, no segundo caso, os bolsonaristas têm limitações porque sobram evidências de que eles estimularam os invasores ao questionar o resultado eleitoral. Já no caso do MST, há um caldo de insatisfação com o movimento até mesmo entre setores da esquerda.