A proposta de valorização salarial dos policiais entregue pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, à Alesp nesta terça-feira (2) acirrou a disputa entre as categorias da Segurança Pública. Com elevação média de 20,2% dos vencimentos, o texto garante reajustes maiores aos agentes militares em detrimento dos civis. Neste último grupo, o maior aumento foi o de 24,64%, concedido aos peritos criminais, escrivães e investigadores de terceira classe. Já para os militares, a elevação vai chegar a, no máximo, 30,85%, no caso dos subtenentes, e 31,62%, no caso dos soldados de segunda classe.
A redução da diferença salarial é uma demanda antiga da Polícia Militar, categoria a que pertence o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite. “O reajuste mais alto para alguns postos da PM trouxe justiça”, diz o deputado estadual capitão Telhada (PP-SP), egresso da corporação.
Presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp), que representa os policiais civis, Jacqueline Valadares se queixa da falta de abertura dada à entidade para participar da elaboração da proposta. “Em nenhum momento fomos convidados para colaborar com o debate. Pelo contrário, precisamos ir atrás do governo para pontuar os principais problemas. Foi decepcionante”, diz. A categoria teve elevação de 20% em seu salário inicial, mas pleiteava 30%.
Para Rafael Alcadipani, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a diferença dos reajustes será lida pelos policiais civis como favoritismo à Polícia Militar. “Todos os cargos de direção estão na mão da PM. Passa a mensagem de que o governo só tem olhos para a PM. Isso aprofunda o sentimento de desvalorização da Polícia Civil e reduz a motivação.” Ele lembra ainda que, para a maior parte das carreiras, não haverá recomposição das perdas inflacionárias ocorridas desde 2014, estimadas em cerca de 30% pelo próprio governo.