RIO – A Marinha planeja entregar mais dois submarinos convencionais e um com propulsão nuclear até 2033. O plano faz parte do planejamento do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) em andamento no Complexo Naval de Itaguaí (CNI), litoral Sul do Estado do Rio de Janeiro. Nesta sexta-feira, 12, o “Humaitá”, o segundo do plano de cinco submarinos, foi entregue ao setor de operações da Força e passa a ficar à disposição de missões oficiais, como o patrulhamento da costa brasileira.
De acordo com a Marinha, a execução do Prosub e as atividades relacionadas à construção dos submarinos Tonelero (S42), Angostura (S43) e ao SCPN Álvaro Alberto, com propulsão nuclear, seguem em andamento e “avançam em diferentes estágios de prontificação”.
O Prosub é uma iniciativa que teve origem em acordo firmado com a França, em 2008, no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desenvolvido para a construção das embarcações, o programa utiliza da transferência de tecnologia entre os países para o desenvolvimento de quatro submarinos convencionais da classe da embarcação francesa Scorpène e a fabricação do primeiro submarino brasileiro de propulsão nuclear.
O Projeto do primeiro submarino com propulsão nuclear brasileiro teve início em julho de 2012. Ele é desenvolvido por uma equipe de engenheiros formada por cerca de 200 integrantes da Marinha.
A primeira etapa do processo de projeto do submarino nuclear, denominada de Fase A (Concepção e Estudos de Exequibilidade), foi encerrada em julho de 2013. A segunda etapa do projeto, chamada de Fase B e que correspondente ao projeto preliminar, teve início em agosto de 2013 e foi encerrada em janeiro de 2017. Na fase C será desenvolvido o projeto de detalhamento e na fase D, a construção da embarcação, com previsão de encerramento em 2029.
Etapas do Prosub e da construção do Humaitá
- 23 de dezembro de 2008: Os governos do Brasil e da França assinam o plano de ação de parceria estratégica do Prosub.
- 2010: Início das obras do Complexo Naval de Itaguaí.
- Dezembro de 2018: Marinha lança o primeiro submarino, o Riachuelo.
- Dezembro de 2020: Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) batiza o submarino Humaitá.
- Março de 2023: Presidente Lula visita obras do submarino Humaitá após testes de imersão da embarcação.
- Janeiro de 2024: Humaitá é transferido para setor de operações da Marinha.
O Humaitá tem 72 metros de comprimento e capacidade de deslocamento de 1,8 mil toneladas. A embarcação é o segundo dos quatro submersíveis comprados do estaleiro DCNS e financiados pelo banco BNP Paribas, ambos franceses, em 2008. O primeiro da classe entregue foi o submarino Riachuelo, em 2022.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) participou da solenidade de uma das etapas da construção do submarino Humaitá. Após o batismo com a presença do então chefe do Executivo, em 2020, o Humaitá passou por mais de um ano de construção e aprimoramento de seu interior. Lula também visitou o Complexo Naval de Itaguaí, no litoral sul do Rio, para acompanhar as obras do submarino em março do ano passado.
Depois dos quatro submarinos convencionais, a Marinha prevê a construção do submarino à propulsão nuclear. Ele levará o nome de Álvaro Alberto, almirante brasileiro pioneiro na pesquisa do setor. Segundo o Almirante-de-Esquadra Petrônio Aguiar, Diretor-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha (DGDNTM), o Prosub é sobretudo um indutor da ciência e da tecnologia nacionais, com transferência de tecnologia e construção no País.
O Comandante do submarino Humaitá, Capitão de Fragata Martim Bezerra de Morais Júnior, explica que o S41 é um meio naval indispensável para atuar, em caso de necessidade, contra embarcações hostis em espaços marítimos de interesse nacional.
“O submarino Humaitá se vale de suas características particulares, notadamente, a capacidade de ocultação e o poder de causar danos a forças navais adversárias, por meio da letalidade de seu armamento, neste caso, torpedos e mísseis. As capacidades operativas do S41 o credenciam para a redução do controle exercido pelo oponente no mar, facilitando a atuação das demais Forças. Permite, ainda, realizar minagem, operações de esclarecimento, coleta de informações de inteligência e infiltração e extração de elementos de operações especiais em águas controladas pelo inimigo”, explicou o Martim.
Segundo o comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen, o Prosub é considerado um “passo bastante audacioso do País”. “Os quatro submarinos convencionais atendem principalmente a uma transferência de tecnologia que nos possibilita construir um submarino Convencionalmente Armado com Propulsão Nuclear, que certamente permitirá ao País um nível de interlocução compatível com a estatura político-estratégica do Brasil. O País precisa ter condições de monitorar e exercer a proteção das nossas riquezas”, afirmou o comandante da Marinha.