O ministro Marco Aurélio Mello tomará posse hoje à tarde como o novo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) no lugar do ministro Carlos Velloso. Além do tradicional trabalho de organizar uma solenidade como essa, os funcionários do cerimonial do STF tiveram de usar a criatividade e a diplomacia para evitar possíveis saias justas. Pelo menos dois adversários políticos se encontrarão na posse: o presidente Fernando Henrique Cardoso e o antecessor dele e governador de Minas Gerais, Itamar Franco (PMDB). Há ainda a expectativa sobre a possível presença do ex-presidente Fernando Collor de Mello, que é primo de Aurélio Mello. Para evitar constrangimentos, a equipe que preparou a cerimônia intercalou cadeiras de ex-presidentes da República com assentos reservados para ex-presidentes do Supremo. Assim, se Collor comparecer, ele não ficará ao lado de Itamar. Entre eles, haverá um ex-presidente do STF. Fernando Henrique ficará longe dos dois, ao lado do presidente do Supremo. Além de Itamar, confirmaram presença na solenidade os governadores de Alagoas, Ronaldo Lessa (PSB); de Goiás, Marconi Perillo (PSDB); do Amazonas, Amazonino Mendes (PFL); do Ceará, Tasso Jereissatti (PSDB), e do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra (PT). A solenidade deve durar cerca de uma hora, entre as 16 e 17 horas. Quatro pessoas discursarão: Aurélio Mello, o ministro Celso de Mello, do STF, o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, e o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Rubens Approbato Machado. Depois disso, Aurélio Mello e o vice-presidente eleito do tribunal, ministro Ilmar Galvão, receberão os cumprimentos. Como são esperados aproximadamente 3 mil convidados, a expectativa é de que os cumprimentos se estendam até as 20 horas. Em seguida, Aurélio Mello seguirá com a família para o luxuoso Hotel Blue Tree, onde ocorrerá uma recepção patrocinada pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) a um custo aproximado de R$ 50 mil. Apesar do aparente clima ameno, Aurélio Mello assumirá a presidência do Supremo num momento em que a mais alta Corte de Justiça do País passa por uma crise interna. Recentemente, a maioria dos ministros do Supremo aprovou uma mudança no regimento restringindo os poderes administrativos do presidente do STF. Com a modificação, Aurélio Mello terá de submeter as indicações para os dez cargos mais importantes na administração do tribunal ao crivo dos demais ministros. A mudança foi motivada pela decisão de Aurélio Mello de afastar dos cargos comissionados do tribunal os funcionários que são aposentados.