BRASÍLIA – O ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinicius Carvalho, afirmou que existe no sistema do Ministério da Saúde um registro de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro contra covid-19 no dia 19 de julho de 2021 na UBS do Parque Peruche, em São Paulo.
Em entrevista à CNN, Carvalho confirmou que a CGU está investigando se houve algum tipo de adulteração no cartão virtual de Bolsonaro, informação que foi divulgada ontem com exclusividade pelo Estadão/Broadcast Político, o que inclui verificar se o registro citado é verdadeiro ou não. Segundo a reportagem apurou, o processo apura se houve inserção ou mesmo retirada de dados do cartão de Bolsonaro.
Na entrevista, Carvalho foi questionado sobre a reportagem do Estadão/Broadcast Político que mostrou uma troca de ofícios em que a CGU pedia ao Ministério da Saúde “a disponibilização dos registros constantes dos mesmos sistemas (da Pasta) sobre o dia e hora em que foi registrada a aplicação da vacina ministrada no ex-presidente da República no dia 19/07/2021, na UBS Parque Peruche -SP, o responsável pela efetivação de tal registro e o nome da pessoa que aplicou o imunizante naquela oportunidade”.
“Esse registro existe. Esse registro, se ele está no oficio da CGU, eu não tenho como negar”, afirmou Carvalho. “Essa é uma investigação sigilosa”.
De acordo com o ministro, a investigação foi aberta ainda no governo Bolsonaro, no dia 30 de dezembro de 2022. Carvalho disse ainda que o entendimento da CGU agora é que é preciso concluir a apuração sobre a possibilidade de adulteração do cartão de vacinação antes de decidir por divulgar o documento ou manter o sigilo de 100 anos imposto por Bolsonaro sobre o cartão.
Em nota, a CGU informou que tem até o dia 13 de março para julgar recursos que foram interpostos por pessoas que pediram para ter acesso ao documento do ex-presidente pela Lei de Acesso à Informação (LAI).
Em janeiro de 2022, um suposto site do coletivo de hackers Anonymous divulgou um cartão de vacinação que seria de Bolsonaro. No documento, constava a vacinação do presidente no dia 19 de julho de 2021, na unidade do Parque Peruche, em São Paulo.
Bolsonaro disse não ter se vacinado contra a covid-19 e impôs sigilo de um século sobre o documento e alegou privacidade. Durante a pandemia, ele questionou a eficácia da vacina inúmeras vezes e desestimulou a vacinação da população.