BRASÍLIA - O ministro da Justiça, Torquato Jardim, admitiu nesta quinta-feira, 27, que o contingenciamento de verbas do governo federal pode afetar a Polícia Federal. Segundo disse, a falta de recursos pode levar a uma 'seleção de ações'.
"Sendo honesto, sincero e transparente, (o contingenciamento) poderia implicar um processo seletivo de ações, não realizar todas as ações necessárias", disse. O ministro da Justiça defende que há um "constrangimento orçamentário", não corte. "O constrangimento de orçamento é notório. Mas não há corte. Há contingenciamento", completou.
Segundo Torquato, a PF teve um contingenciamento de R$ 400 milhões, mas conseguiu liberar R$ 170 milhões. "De agosto a dezembro, está previsto um repasse de R$ 70 milhões por mês, o que é suficiente para executar o necessário até final do ano.
Como o Estado mostrou em maio, sob o governo de Michel Temer, a Polícia Federal reduziu a equipe destacada para a força-tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba, e diminuiu 44% do orçamento de custeio previsto para 2017. Esse foi o primeiro corte expressivo no efetivo de investigadores, nos três anos do escândalo. Em Curitiba, o contingenciamento foi de 1/3 das verbas - o que levou a Polícia Federal a desmanchar a força-tarefa da Lava Jato no Paraná.
Negação. Torquato negou na quinta-feira, contudo, que haja um "esvaziamento" da Operação Lava Jato. Ele chamou as críticas de setores do Ministério Público Federal de "infundadas". "O que ocorreu foi uma reestruturação administrativa interna da Polícia Federal", disse.
"A Lava Jato está acontecendo em 16 capitais. Hoje, a Lava Jato é maior em Brasília que em Curitiba", completou. "É uma redistribuição de mão de obra e meios operacionais, que não significa diminuição da capacidade administrativa."
Em entrevista coletiva na sede do Ministério, Torquato Jardim afirmou que, à frente da pasta da Justiça e anteriormente no comando da Controladoria Geral da União (CGU), nunca fez críticas à operação. Ele afirmou que ações da Polícia Federal sofreram "contingenciamentos" de recursos, mas não cortes orçamentários. "Esses recursos estão sendo repostos dentro do possível", afirmou.
Na conversa com os jornalistas, o ministro voltou a dizer que não atua para a queda do diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello. "Nunca houve pressão para que ele saia", afirmou. "Eu e o Daiello estamos trabalhando juntos numa nova Polícia Federal", disse. Questionado se haveria um prazo para se definir a situação do delegado, ele respondeu: "O 'deadline' cabe ao dono da caneta. E o dono da caneta é o presidente Michel Temer."