O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, reagiu com um gesto obsceno às manifestações feitas na noite de segunda-feira, 20, contra o presidente Jair Bolsonaro, que fará o discurso de abertura da 76ª Assembleia-Geral da ONU, nesta terça-feira, 21, em Nova York.
Um grupo pequeno protestava contra o mandatário brasileiro na calçada em frente à residência da missão nacional junto à ONU, onde a comitiva brasileira foi recepcionada para um jantar na noite de ontem. Na rua, um caminhão com um telão exibia frases em inglês com críticas ao presidente, como “Bolsonaro is burning the Amazon” (Bolsonaro está queimando a Amazônia).
O presidente enfrenta protestos desde que chegou à cidade americana, no domingo, 19, quando precisou entrar pela porta dos fundos do hotel em que está hospedado para fugir do grupo de manifestantes que o aguardava com cartazes.
Bolsonaro chega ao evento pressionado por líderes internacionais por não ter se vacinado contra a covid-19. O avanço da imunização global como saída para o fim da pandemia de coronavírus deve ser tema constante nos discursos desta terça.
A passagem de Bolsonaro por NY nos últimos dois dias foi marcada por constrangimentos em razão da falta de vacinação do mandatário brasileiro — que é o único do G-20 a não se vacinar. A situação foi assunto da reunião bilateral de Bolsonaro com o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson; foi abordada pelo prefeito de NY, Bill de Blasio; e fez a comitiva presidencial precisar driblar regras da cidade para circular e se alimentar.
Bolsonaro gravou e publicou nas redes sociais um vídeo feito na saída do evento, na noite de ontem, em que chama os manifestantes de "acéfalos". "Tem aproximadamente 10 pessoas aqui fazendo um escarcéu, pessoas fora de si, e logicamente, que a imprensa brasileira vai dizer que houve uma manifestação enorme contra mim aqui em Nova York", disse. "Esse bando que está aqui nem sabe o que está falando, está protestando e deveria estar num país socialista, não nos Estados Unidos", disse ele, antes de interagir com um apoiador.
Na sequência, a comitiva brasileira entrou em uma van. Quando o veículo deixava o local, ainda sob os gritos dos manifestantes, o ministro Queiroga levantou de seu assento e mostrou, com as duas mãos, os dedos do meio aos opositores do governo Bolsonaro, que também faziam gestos obscenos.