Ministro de Lula abre gabinete a sócio oculto de empresa que recebeu R$ 3 mi do orçamento secreto


Juscelino Filho, ministro das Comunicações, omitiu audiência com Diogo Tito Salem Soares de sua agenda oficial

Por Daniel Weterman, Tácio Lorran, Julia Affonso e Vinícius Valfré
Atualização:

BRASÍLIA – Na segunda semana como ministro das Comunicações do governo Lula, Juscelino Filho abriu as portas de seu gabinete ao sócio oculto de uma empresa que recebeu R$ 2,9 milhões de verbas do orçamento secreto direcionadas por ele. O ministro omitiu a audiência, realizada no dia 11 de janeiro, na sua agenda oficial.

Quem acabou divulgando a reunião foi o empresário. Diogo Tito Salem Soares postou em suas redes sociais uma foto ao lado do ministro, que chamou de “nosso líder político” e “amigo”. Tito revelou ainda que no encontro tratou de “várias questões que podem em breve vir a melhorar a qualidade de vida de todos os brasileiros”, “através de ações pelo ministério.”

O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, recebeu Diogo Tito em seu gabinete em 11 de janeiro Foto: Reprodução
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No papel, o “amigo” do ministro é apenas um dirigente do União Brasil em Codó, município maranhense. Mas na prática, Tito é o verdadeiro dono da Mubarak Construções, uma empresa que, a rigor, não tem relação alguma com a área das comunicações. À Receita Federal, a empresa declara que atua em atividades de construção, oferece transporte escolar, aluga automóveis e vende pescados e frutos do mar.

Em 2020, o ministro direcionou R$ 2,9 milhões para a prefeitura de sua irmã em Vitorino Freire, que fechou com esse valor dois contratos com a empresa do amigo de Juscelino. O dinheiro foi liberado no final do ano passado, pouco antes de ele ser escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para chefiar a pasta das Comunicações. Na época Juscelino exercia o mandato de deputado federal.

No papel, Hygonn Wanrlley Santos Lima é o sócio da empresa Mubarak Construções e Empreendimentos Eireli Foto: Reprodução
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Oficialmente, a empresa do amigo do ministro está em nome de Hygonn Wanrlley Santos Lima. Com 23 anos, ele foi beneficiário do auxílio emergencial na pandemia da covid. A reportagem identificou que Tito era o verdadeiro dono da firma ao cruzar o endereço e o telefone apresentados por ele à Justiça Eleitoral com o da empresa. Tito disputou um mandato de deputado federal, sem sucesso.

Procurado, Tito acabou admitindo ser o proprietário da Mubarak. Ele pediu à reportagem que não divulgasse a informação para não “prejudicar” os seus “negócios”. O empresário argumentou que é “amigo de infância” do ministro e se contradisse ao afirmar que se reuniu no gabinete de Juscelino em Brasília para “tratar de questões políticas do União Brasil” e das “próximas eleições” municipais. Sobre a função exercida pelo sócio no papel da empresa, Tito afirmou: “Ele está sendo tipo um executivo meu, digamos assim.”

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Diogo Tito publicou um registro do encontro com o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, no gabinete da pasta em 11 de janeiro Foto: Reprodução

Na segunda-feira, o Estadão revelou que o ministro direcionou R$ 7,5 milhões do orçamento secreto que foram parar no caixa da empresa Construservice. Outra empresa em nome de laranja e que tem como sócio oculto um conhecido do ministro de 20 anos. Segundo a Polícia Federal, o verdadeiro dono, Eduardo José Barros Costa, o Eduardo Imperador, pagou propina a um servidor da Codevasf ligado ao ministro em troca de obras em Vitorino Freire. Nos dois casos, os contratos são para estradas. A construída pela Construservice passa em frente a oito fazendas do ministro e sua família.

Outro fato em comum: as duas obras foram autorizadas por um funcionário da Codevasf indicado pelo grupo político do ministro e que está afastado acusado pela Polícia Federal de receber propina de R$ 250 mil em troca de dar ok para os projetos.

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O Estadão também divulgou ontem que o ministro Juscelino Filho prestou informações falsas à Justiça Eleitoral sobre gastos em viagens de helicóptero na campanha do ano passado. Assim, conseguiu receber R$ 385 mil do fundo eleitoral.

Nome de Juscelino Filho aparece nas notas de empenho que foram parar na empresa Mubarak, de um amigo dele, contratada para obras em Vitorino Freire, Maranhão. Foto: Reprodução

No Ministério das Comunicações, Juscelino Filho irá administrar R$ 3 bilhões. Ele chegou ao cargo indicado por um consórcio do Centrão que reúne o senador Davi Alcolumbre (União-AP) e a deputada federal Daniele Cunha (União-RJ), filha do deputado cassado Eduardo Cunha, que autorizou na presidência da Câmara, em 2015, o impeachment de Dilma Rousseff.

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Fundo eleitoral

Na eleição do ano passado, o amigo de Juscelino Filho recebeu R$ 820 mil do Fundo Eleitoral para fazer sua campanha em Codó. Ele é filiado ao União Brasil, mesmo partido do ministro, que é dirigente do diretório estadual da sigla. Tito teve 2.042 votos. O empresário usou o dinheiro público para contratar a própria empresa, Mubarak, por R$ 127 mil. Ele disse não ver problemas em se beneficiar. “Se eu pagasse de caixa dois é que seria estranho”, afirmou.

Procurado pela reportagem para esclarecer sua ligação com Diogo Tito e o direcionamento das verbas que beneficiaram a Mubarak, o ministro respondeu apenas que as “emendas parlamentar RP9 são instrumentos legítimos, que beneficiaram diversas comunidades carentes do interior do Maranhão, tratando-se de medida perfeitamente legal”. Ele referia-se ao chamado orçamento secreto, um instrumento considerado ilegítimo pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que mandou acabar com o repasse oculto de dinheiro público.

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Contratos assinados pela Prefeitura de Vitorino Freire (MA) com a Mubarak, empresa de um amigo de Juscelino Filho Foto: Reprodução

Juscelino Filho ressaltou que a “verba foi usada em benefício da população”. “Os citados pela reportagem foram candidatos e é legítimo e correto que o ministro mantenha diálogo com outros políticos.”

Na campanha eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o orçamento secreto é o maior esquema de corrupção criado na República. “O Orçamento é chamado de secreto porque o destino desses recursos é mantido em segredo. Mas todo mundo sabe para onde esse dinheiro vai: fraudes e desvios de verbas”, disse o petista. O Palácio do Planalto silenciou sobre os esquemas envolvendo o ministro.

BRASÍLIA – Na segunda semana como ministro das Comunicações do governo Lula, Juscelino Filho abriu as portas de seu gabinete ao sócio oculto de uma empresa que recebeu R$ 2,9 milhões de verbas do orçamento secreto direcionadas por ele. O ministro omitiu a audiência, realizada no dia 11 de janeiro, na sua agenda oficial.

Quem acabou divulgando a reunião foi o empresário. Diogo Tito Salem Soares postou em suas redes sociais uma foto ao lado do ministro, que chamou de “nosso líder político” e “amigo”. Tito revelou ainda que no encontro tratou de “várias questões que podem em breve vir a melhorar a qualidade de vida de todos os brasileiros”, “através de ações pelo ministério.”

O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, recebeu Diogo Tito em seu gabinete em 11 de janeiro Foto: Reprodução

No papel, o “amigo” do ministro é apenas um dirigente do União Brasil em Codó, município maranhense. Mas na prática, Tito é o verdadeiro dono da Mubarak Construções, uma empresa que, a rigor, não tem relação alguma com a área das comunicações. À Receita Federal, a empresa declara que atua em atividades de construção, oferece transporte escolar, aluga automóveis e vende pescados e frutos do mar.

Em 2020, o ministro direcionou R$ 2,9 milhões para a prefeitura de sua irmã em Vitorino Freire, que fechou com esse valor dois contratos com a empresa do amigo de Juscelino. O dinheiro foi liberado no final do ano passado, pouco antes de ele ser escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para chefiar a pasta das Comunicações. Na época Juscelino exercia o mandato de deputado federal.

No papel, Hygonn Wanrlley Santos Lima é o sócio da empresa Mubarak Construções e Empreendimentos Eireli Foto: Reprodução

Oficialmente, a empresa do amigo do ministro está em nome de Hygonn Wanrlley Santos Lima. Com 23 anos, ele foi beneficiário do auxílio emergencial na pandemia da covid. A reportagem identificou que Tito era o verdadeiro dono da firma ao cruzar o endereço e o telefone apresentados por ele à Justiça Eleitoral com o da empresa. Tito disputou um mandato de deputado federal, sem sucesso.

Procurado, Tito acabou admitindo ser o proprietário da Mubarak. Ele pediu à reportagem que não divulgasse a informação para não “prejudicar” os seus “negócios”. O empresário argumentou que é “amigo de infância” do ministro e se contradisse ao afirmar que se reuniu no gabinete de Juscelino em Brasília para “tratar de questões políticas do União Brasil” e das “próximas eleições” municipais. Sobre a função exercida pelo sócio no papel da empresa, Tito afirmou: “Ele está sendo tipo um executivo meu, digamos assim.”

Diogo Tito publicou um registro do encontro com o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, no gabinete da pasta em 11 de janeiro Foto: Reprodução

Na segunda-feira, o Estadão revelou que o ministro direcionou R$ 7,5 milhões do orçamento secreto que foram parar no caixa da empresa Construservice. Outra empresa em nome de laranja e que tem como sócio oculto um conhecido do ministro de 20 anos. Segundo a Polícia Federal, o verdadeiro dono, Eduardo José Barros Costa, o Eduardo Imperador, pagou propina a um servidor da Codevasf ligado ao ministro em troca de obras em Vitorino Freire. Nos dois casos, os contratos são para estradas. A construída pela Construservice passa em frente a oito fazendas do ministro e sua família.

Outro fato em comum: as duas obras foram autorizadas por um funcionário da Codevasf indicado pelo grupo político do ministro e que está afastado acusado pela Polícia Federal de receber propina de R$ 250 mil em troca de dar ok para os projetos.

O Estadão também divulgou ontem que o ministro Juscelino Filho prestou informações falsas à Justiça Eleitoral sobre gastos em viagens de helicóptero na campanha do ano passado. Assim, conseguiu receber R$ 385 mil do fundo eleitoral.

Nome de Juscelino Filho aparece nas notas de empenho que foram parar na empresa Mubarak, de um amigo dele, contratada para obras em Vitorino Freire, Maranhão. Foto: Reprodução

No Ministério das Comunicações, Juscelino Filho irá administrar R$ 3 bilhões. Ele chegou ao cargo indicado por um consórcio do Centrão que reúne o senador Davi Alcolumbre (União-AP) e a deputada federal Daniele Cunha (União-RJ), filha do deputado cassado Eduardo Cunha, que autorizou na presidência da Câmara, em 2015, o impeachment de Dilma Rousseff.

Fundo eleitoral

Na eleição do ano passado, o amigo de Juscelino Filho recebeu R$ 820 mil do Fundo Eleitoral para fazer sua campanha em Codó. Ele é filiado ao União Brasil, mesmo partido do ministro, que é dirigente do diretório estadual da sigla. Tito teve 2.042 votos. O empresário usou o dinheiro público para contratar a própria empresa, Mubarak, por R$ 127 mil. Ele disse não ver problemas em se beneficiar. “Se eu pagasse de caixa dois é que seria estranho”, afirmou.

Procurado pela reportagem para esclarecer sua ligação com Diogo Tito e o direcionamento das verbas que beneficiaram a Mubarak, o ministro respondeu apenas que as “emendas parlamentar RP9 são instrumentos legítimos, que beneficiaram diversas comunidades carentes do interior do Maranhão, tratando-se de medida perfeitamente legal”. Ele referia-se ao chamado orçamento secreto, um instrumento considerado ilegítimo pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que mandou acabar com o repasse oculto de dinheiro público.

Contratos assinados pela Prefeitura de Vitorino Freire (MA) com a Mubarak, empresa de um amigo de Juscelino Filho Foto: Reprodução

Juscelino Filho ressaltou que a “verba foi usada em benefício da população”. “Os citados pela reportagem foram candidatos e é legítimo e correto que o ministro mantenha diálogo com outros políticos.”

Na campanha eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o orçamento secreto é o maior esquema de corrupção criado na República. “O Orçamento é chamado de secreto porque o destino desses recursos é mantido em segredo. Mas todo mundo sabe para onde esse dinheiro vai: fraudes e desvios de verbas”, disse o petista. O Palácio do Planalto silenciou sobre os esquemas envolvendo o ministro.

BRASÍLIA – Na segunda semana como ministro das Comunicações do governo Lula, Juscelino Filho abriu as portas de seu gabinete ao sócio oculto de uma empresa que recebeu R$ 2,9 milhões de verbas do orçamento secreto direcionadas por ele. O ministro omitiu a audiência, realizada no dia 11 de janeiro, na sua agenda oficial.

Quem acabou divulgando a reunião foi o empresário. Diogo Tito Salem Soares postou em suas redes sociais uma foto ao lado do ministro, que chamou de “nosso líder político” e “amigo”. Tito revelou ainda que no encontro tratou de “várias questões que podem em breve vir a melhorar a qualidade de vida de todos os brasileiros”, “através de ações pelo ministério.”

O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, recebeu Diogo Tito em seu gabinete em 11 de janeiro Foto: Reprodução

No papel, o “amigo” do ministro é apenas um dirigente do União Brasil em Codó, município maranhense. Mas na prática, Tito é o verdadeiro dono da Mubarak Construções, uma empresa que, a rigor, não tem relação alguma com a área das comunicações. À Receita Federal, a empresa declara que atua em atividades de construção, oferece transporte escolar, aluga automóveis e vende pescados e frutos do mar.

Em 2020, o ministro direcionou R$ 2,9 milhões para a prefeitura de sua irmã em Vitorino Freire, que fechou com esse valor dois contratos com a empresa do amigo de Juscelino. O dinheiro foi liberado no final do ano passado, pouco antes de ele ser escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para chefiar a pasta das Comunicações. Na época Juscelino exercia o mandato de deputado federal.

No papel, Hygonn Wanrlley Santos Lima é o sócio da empresa Mubarak Construções e Empreendimentos Eireli Foto: Reprodução

Oficialmente, a empresa do amigo do ministro está em nome de Hygonn Wanrlley Santos Lima. Com 23 anos, ele foi beneficiário do auxílio emergencial na pandemia da covid. A reportagem identificou que Tito era o verdadeiro dono da firma ao cruzar o endereço e o telefone apresentados por ele à Justiça Eleitoral com o da empresa. Tito disputou um mandato de deputado federal, sem sucesso.

Procurado, Tito acabou admitindo ser o proprietário da Mubarak. Ele pediu à reportagem que não divulgasse a informação para não “prejudicar” os seus “negócios”. O empresário argumentou que é “amigo de infância” do ministro e se contradisse ao afirmar que se reuniu no gabinete de Juscelino em Brasília para “tratar de questões políticas do União Brasil” e das “próximas eleições” municipais. Sobre a função exercida pelo sócio no papel da empresa, Tito afirmou: “Ele está sendo tipo um executivo meu, digamos assim.”

Diogo Tito publicou um registro do encontro com o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, no gabinete da pasta em 11 de janeiro Foto: Reprodução

Na segunda-feira, o Estadão revelou que o ministro direcionou R$ 7,5 milhões do orçamento secreto que foram parar no caixa da empresa Construservice. Outra empresa em nome de laranja e que tem como sócio oculto um conhecido do ministro de 20 anos. Segundo a Polícia Federal, o verdadeiro dono, Eduardo José Barros Costa, o Eduardo Imperador, pagou propina a um servidor da Codevasf ligado ao ministro em troca de obras em Vitorino Freire. Nos dois casos, os contratos são para estradas. A construída pela Construservice passa em frente a oito fazendas do ministro e sua família.

Outro fato em comum: as duas obras foram autorizadas por um funcionário da Codevasf indicado pelo grupo político do ministro e que está afastado acusado pela Polícia Federal de receber propina de R$ 250 mil em troca de dar ok para os projetos.

O Estadão também divulgou ontem que o ministro Juscelino Filho prestou informações falsas à Justiça Eleitoral sobre gastos em viagens de helicóptero na campanha do ano passado. Assim, conseguiu receber R$ 385 mil do fundo eleitoral.

Nome de Juscelino Filho aparece nas notas de empenho que foram parar na empresa Mubarak, de um amigo dele, contratada para obras em Vitorino Freire, Maranhão. Foto: Reprodução

No Ministério das Comunicações, Juscelino Filho irá administrar R$ 3 bilhões. Ele chegou ao cargo indicado por um consórcio do Centrão que reúne o senador Davi Alcolumbre (União-AP) e a deputada federal Daniele Cunha (União-RJ), filha do deputado cassado Eduardo Cunha, que autorizou na presidência da Câmara, em 2015, o impeachment de Dilma Rousseff.

Fundo eleitoral

Na eleição do ano passado, o amigo de Juscelino Filho recebeu R$ 820 mil do Fundo Eleitoral para fazer sua campanha em Codó. Ele é filiado ao União Brasil, mesmo partido do ministro, que é dirigente do diretório estadual da sigla. Tito teve 2.042 votos. O empresário usou o dinheiro público para contratar a própria empresa, Mubarak, por R$ 127 mil. Ele disse não ver problemas em se beneficiar. “Se eu pagasse de caixa dois é que seria estranho”, afirmou.

Procurado pela reportagem para esclarecer sua ligação com Diogo Tito e o direcionamento das verbas que beneficiaram a Mubarak, o ministro respondeu apenas que as “emendas parlamentar RP9 são instrumentos legítimos, que beneficiaram diversas comunidades carentes do interior do Maranhão, tratando-se de medida perfeitamente legal”. Ele referia-se ao chamado orçamento secreto, um instrumento considerado ilegítimo pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que mandou acabar com o repasse oculto de dinheiro público.

Contratos assinados pela Prefeitura de Vitorino Freire (MA) com a Mubarak, empresa de um amigo de Juscelino Filho Foto: Reprodução

Juscelino Filho ressaltou que a “verba foi usada em benefício da população”. “Os citados pela reportagem foram candidatos e é legítimo e correto que o ministro mantenha diálogo com outros políticos.”

Na campanha eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o orçamento secreto é o maior esquema de corrupção criado na República. “O Orçamento é chamado de secreto porque o destino desses recursos é mantido em segredo. Mas todo mundo sabe para onde esse dinheiro vai: fraudes e desvios de verbas”, disse o petista. O Palácio do Planalto silenciou sobre os esquemas envolvendo o ministro.

BRASÍLIA – Na segunda semana como ministro das Comunicações do governo Lula, Juscelino Filho abriu as portas de seu gabinete ao sócio oculto de uma empresa que recebeu R$ 2,9 milhões de verbas do orçamento secreto direcionadas por ele. O ministro omitiu a audiência, realizada no dia 11 de janeiro, na sua agenda oficial.

Quem acabou divulgando a reunião foi o empresário. Diogo Tito Salem Soares postou em suas redes sociais uma foto ao lado do ministro, que chamou de “nosso líder político” e “amigo”. Tito revelou ainda que no encontro tratou de “várias questões que podem em breve vir a melhorar a qualidade de vida de todos os brasileiros”, “através de ações pelo ministério.”

O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, recebeu Diogo Tito em seu gabinete em 11 de janeiro Foto: Reprodução

No papel, o “amigo” do ministro é apenas um dirigente do União Brasil em Codó, município maranhense. Mas na prática, Tito é o verdadeiro dono da Mubarak Construções, uma empresa que, a rigor, não tem relação alguma com a área das comunicações. À Receita Federal, a empresa declara que atua em atividades de construção, oferece transporte escolar, aluga automóveis e vende pescados e frutos do mar.

Em 2020, o ministro direcionou R$ 2,9 milhões para a prefeitura de sua irmã em Vitorino Freire, que fechou com esse valor dois contratos com a empresa do amigo de Juscelino. O dinheiro foi liberado no final do ano passado, pouco antes de ele ser escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para chefiar a pasta das Comunicações. Na época Juscelino exercia o mandato de deputado federal.

No papel, Hygonn Wanrlley Santos Lima é o sócio da empresa Mubarak Construções e Empreendimentos Eireli Foto: Reprodução

Oficialmente, a empresa do amigo do ministro está em nome de Hygonn Wanrlley Santos Lima. Com 23 anos, ele foi beneficiário do auxílio emergencial na pandemia da covid. A reportagem identificou que Tito era o verdadeiro dono da firma ao cruzar o endereço e o telefone apresentados por ele à Justiça Eleitoral com o da empresa. Tito disputou um mandato de deputado federal, sem sucesso.

Procurado, Tito acabou admitindo ser o proprietário da Mubarak. Ele pediu à reportagem que não divulgasse a informação para não “prejudicar” os seus “negócios”. O empresário argumentou que é “amigo de infância” do ministro e se contradisse ao afirmar que se reuniu no gabinete de Juscelino em Brasília para “tratar de questões políticas do União Brasil” e das “próximas eleições” municipais. Sobre a função exercida pelo sócio no papel da empresa, Tito afirmou: “Ele está sendo tipo um executivo meu, digamos assim.”

Diogo Tito publicou um registro do encontro com o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, no gabinete da pasta em 11 de janeiro Foto: Reprodução

Na segunda-feira, o Estadão revelou que o ministro direcionou R$ 7,5 milhões do orçamento secreto que foram parar no caixa da empresa Construservice. Outra empresa em nome de laranja e que tem como sócio oculto um conhecido do ministro de 20 anos. Segundo a Polícia Federal, o verdadeiro dono, Eduardo José Barros Costa, o Eduardo Imperador, pagou propina a um servidor da Codevasf ligado ao ministro em troca de obras em Vitorino Freire. Nos dois casos, os contratos são para estradas. A construída pela Construservice passa em frente a oito fazendas do ministro e sua família.

Outro fato em comum: as duas obras foram autorizadas por um funcionário da Codevasf indicado pelo grupo político do ministro e que está afastado acusado pela Polícia Federal de receber propina de R$ 250 mil em troca de dar ok para os projetos.

O Estadão também divulgou ontem que o ministro Juscelino Filho prestou informações falsas à Justiça Eleitoral sobre gastos em viagens de helicóptero na campanha do ano passado. Assim, conseguiu receber R$ 385 mil do fundo eleitoral.

Nome de Juscelino Filho aparece nas notas de empenho que foram parar na empresa Mubarak, de um amigo dele, contratada para obras em Vitorino Freire, Maranhão. Foto: Reprodução

No Ministério das Comunicações, Juscelino Filho irá administrar R$ 3 bilhões. Ele chegou ao cargo indicado por um consórcio do Centrão que reúne o senador Davi Alcolumbre (União-AP) e a deputada federal Daniele Cunha (União-RJ), filha do deputado cassado Eduardo Cunha, que autorizou na presidência da Câmara, em 2015, o impeachment de Dilma Rousseff.

Fundo eleitoral

Na eleição do ano passado, o amigo de Juscelino Filho recebeu R$ 820 mil do Fundo Eleitoral para fazer sua campanha em Codó. Ele é filiado ao União Brasil, mesmo partido do ministro, que é dirigente do diretório estadual da sigla. Tito teve 2.042 votos. O empresário usou o dinheiro público para contratar a própria empresa, Mubarak, por R$ 127 mil. Ele disse não ver problemas em se beneficiar. “Se eu pagasse de caixa dois é que seria estranho”, afirmou.

Procurado pela reportagem para esclarecer sua ligação com Diogo Tito e o direcionamento das verbas que beneficiaram a Mubarak, o ministro respondeu apenas que as “emendas parlamentar RP9 são instrumentos legítimos, que beneficiaram diversas comunidades carentes do interior do Maranhão, tratando-se de medida perfeitamente legal”. Ele referia-se ao chamado orçamento secreto, um instrumento considerado ilegítimo pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que mandou acabar com o repasse oculto de dinheiro público.

Contratos assinados pela Prefeitura de Vitorino Freire (MA) com a Mubarak, empresa de um amigo de Juscelino Filho Foto: Reprodução

Juscelino Filho ressaltou que a “verba foi usada em benefício da população”. “Os citados pela reportagem foram candidatos e é legítimo e correto que o ministro mantenha diálogo com outros políticos.”

Na campanha eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o orçamento secreto é o maior esquema de corrupção criado na República. “O Orçamento é chamado de secreto porque o destino desses recursos é mantido em segredo. Mas todo mundo sabe para onde esse dinheiro vai: fraudes e desvios de verbas”, disse o petista. O Palácio do Planalto silenciou sobre os esquemas envolvendo o ministro.

BRASÍLIA – Na segunda semana como ministro das Comunicações do governo Lula, Juscelino Filho abriu as portas de seu gabinete ao sócio oculto de uma empresa que recebeu R$ 2,9 milhões de verbas do orçamento secreto direcionadas por ele. O ministro omitiu a audiência, realizada no dia 11 de janeiro, na sua agenda oficial.

Quem acabou divulgando a reunião foi o empresário. Diogo Tito Salem Soares postou em suas redes sociais uma foto ao lado do ministro, que chamou de “nosso líder político” e “amigo”. Tito revelou ainda que no encontro tratou de “várias questões que podem em breve vir a melhorar a qualidade de vida de todos os brasileiros”, “através de ações pelo ministério.”

O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, recebeu Diogo Tito em seu gabinete em 11 de janeiro Foto: Reprodução

No papel, o “amigo” do ministro é apenas um dirigente do União Brasil em Codó, município maranhense. Mas na prática, Tito é o verdadeiro dono da Mubarak Construções, uma empresa que, a rigor, não tem relação alguma com a área das comunicações. À Receita Federal, a empresa declara que atua em atividades de construção, oferece transporte escolar, aluga automóveis e vende pescados e frutos do mar.

Em 2020, o ministro direcionou R$ 2,9 milhões para a prefeitura de sua irmã em Vitorino Freire, que fechou com esse valor dois contratos com a empresa do amigo de Juscelino. O dinheiro foi liberado no final do ano passado, pouco antes de ele ser escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para chefiar a pasta das Comunicações. Na época Juscelino exercia o mandato de deputado federal.

No papel, Hygonn Wanrlley Santos Lima é o sócio da empresa Mubarak Construções e Empreendimentos Eireli Foto: Reprodução

Oficialmente, a empresa do amigo do ministro está em nome de Hygonn Wanrlley Santos Lima. Com 23 anos, ele foi beneficiário do auxílio emergencial na pandemia da covid. A reportagem identificou que Tito era o verdadeiro dono da firma ao cruzar o endereço e o telefone apresentados por ele à Justiça Eleitoral com o da empresa. Tito disputou um mandato de deputado federal, sem sucesso.

Procurado, Tito acabou admitindo ser o proprietário da Mubarak. Ele pediu à reportagem que não divulgasse a informação para não “prejudicar” os seus “negócios”. O empresário argumentou que é “amigo de infância” do ministro e se contradisse ao afirmar que se reuniu no gabinete de Juscelino em Brasília para “tratar de questões políticas do União Brasil” e das “próximas eleições” municipais. Sobre a função exercida pelo sócio no papel da empresa, Tito afirmou: “Ele está sendo tipo um executivo meu, digamos assim.”

Diogo Tito publicou um registro do encontro com o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, no gabinete da pasta em 11 de janeiro Foto: Reprodução

Na segunda-feira, o Estadão revelou que o ministro direcionou R$ 7,5 milhões do orçamento secreto que foram parar no caixa da empresa Construservice. Outra empresa em nome de laranja e que tem como sócio oculto um conhecido do ministro de 20 anos. Segundo a Polícia Federal, o verdadeiro dono, Eduardo José Barros Costa, o Eduardo Imperador, pagou propina a um servidor da Codevasf ligado ao ministro em troca de obras em Vitorino Freire. Nos dois casos, os contratos são para estradas. A construída pela Construservice passa em frente a oito fazendas do ministro e sua família.

Outro fato em comum: as duas obras foram autorizadas por um funcionário da Codevasf indicado pelo grupo político do ministro e que está afastado acusado pela Polícia Federal de receber propina de R$ 250 mil em troca de dar ok para os projetos.

O Estadão também divulgou ontem que o ministro Juscelino Filho prestou informações falsas à Justiça Eleitoral sobre gastos em viagens de helicóptero na campanha do ano passado. Assim, conseguiu receber R$ 385 mil do fundo eleitoral.

Nome de Juscelino Filho aparece nas notas de empenho que foram parar na empresa Mubarak, de um amigo dele, contratada para obras em Vitorino Freire, Maranhão. Foto: Reprodução

No Ministério das Comunicações, Juscelino Filho irá administrar R$ 3 bilhões. Ele chegou ao cargo indicado por um consórcio do Centrão que reúne o senador Davi Alcolumbre (União-AP) e a deputada federal Daniele Cunha (União-RJ), filha do deputado cassado Eduardo Cunha, que autorizou na presidência da Câmara, em 2015, o impeachment de Dilma Rousseff.

Fundo eleitoral

Na eleição do ano passado, o amigo de Juscelino Filho recebeu R$ 820 mil do Fundo Eleitoral para fazer sua campanha em Codó. Ele é filiado ao União Brasil, mesmo partido do ministro, que é dirigente do diretório estadual da sigla. Tito teve 2.042 votos. O empresário usou o dinheiro público para contratar a própria empresa, Mubarak, por R$ 127 mil. Ele disse não ver problemas em se beneficiar. “Se eu pagasse de caixa dois é que seria estranho”, afirmou.

Procurado pela reportagem para esclarecer sua ligação com Diogo Tito e o direcionamento das verbas que beneficiaram a Mubarak, o ministro respondeu apenas que as “emendas parlamentar RP9 são instrumentos legítimos, que beneficiaram diversas comunidades carentes do interior do Maranhão, tratando-se de medida perfeitamente legal”. Ele referia-se ao chamado orçamento secreto, um instrumento considerado ilegítimo pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que mandou acabar com o repasse oculto de dinheiro público.

Contratos assinados pela Prefeitura de Vitorino Freire (MA) com a Mubarak, empresa de um amigo de Juscelino Filho Foto: Reprodução

Juscelino Filho ressaltou que a “verba foi usada em benefício da população”. “Os citados pela reportagem foram candidatos e é legítimo e correto que o ministro mantenha diálogo com outros políticos.”

Na campanha eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o orçamento secreto é o maior esquema de corrupção criado na República. “O Orçamento é chamado de secreto porque o destino desses recursos é mantido em segredo. Mas todo mundo sabe para onde esse dinheiro vai: fraudes e desvios de verbas”, disse o petista. O Palácio do Planalto silenciou sobre os esquemas envolvendo o ministro.

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