NOVA YORK - Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) foram hostilizados, durante viagem aos Estados Unidos, no domingo, 13, por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) que pedem intervenção militar e o fechamento da Corte. Os magistrados estão em Nova York para participar do Brazil Conference, evento organizado pelo Lide (Grupo de Líderes Empresariais) que debate a democracia e a economia brasileira nesta segunda e na terça-feira, 14 e 15.
Um grupo de manifestantes com bandeiras do Brasil e cartazes com mensagens antidemocráticas e apoio às Forças Armadas se posicionou em frente ao hotel onde estão hospedado seis ministros do STF, além de empresários e políticos como o ex-presidente Michel Temer (MDB) e o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB).
Vídeos que circulam na internet mostram manifestantes atacando ao menos quatro ministros: Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Luís Roberto Barroso. Os três primeiros foram hostilizados na porta do hotel, enquanto Barroso é seguido por uma brasileira pela Times Square. Temer também foi alvo dos manifestantes.
Sob os gritos de “ladrão, bandido, vagabundo’', Gilmar, Lewandowski e Moraes saíram do hotel com a escolta de seguranças. Moraes, presidente do Superior Tribunal Eleitoral (TSE), não responde às agressões, mas sorri levemente. Os manifestantes gritam: “Ei, Xandão, seu lugar é na prisão!”
Outro vídeo mostra Barroso sendo hostilizado. “Nós vamos ganhar esta luta. Cuidado! Você não vai ganhar o nosso País. Foge!”, diz outra manifestante a Barroso, que retruca: “Minha senhora, não seja grosseira. Passe bem”, antes de entrar em uma loja.
A organização do evento reforçou a segurança no entorno do hotel ao saber da convocação dos manifestantes pelas redes sociais. Também participam do evento do Lide outros integrantes do STF: Cármen Lúcia e Dias Toffoli. Completam a programação desta segunda-feira Carlos Ayres Brito, ex-ministro do STF, e Antonio Anastasia, ministro do Tribunal de Contas da União.
Na terça-feiras as palestras serão de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda, Isaac Sidney, presidente da Febraban, Joaquim Levy, ex-titular da Fazenda, além do economista Persio Arida, ex-presidente do BNDES, Rubens Ometto, presidente do Conselho de Administração do Grupo COSAN, e do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia.
O Lide recebeu a inscrição de 250 empresários para participar das palestras entre segunda e terça-feira. Segundo Luiz Fernando Furlan, ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do governo Lula, que integra a cúpula do Lide, o Brazil Conference deste ano tem o objetivo de mostrar aos investidores que o País está vivendo na normalidade. “Foi uma maneira de mostrar aos investidores estrangeiros que o Brasil está andando dentro das regras democráticas e assim será em 2023″, disse Furlan.
*O repórter Pedro Venceslau viajou a convite do Lide