Minuta golpista, plano de assassinato, bomba e 8 de janeiro: relembre investidas contra a democracia


Investigações da Polícia Federal têm apontado ligação entre os alvos de operações e episódios centrais de ataques para impedir a transição pacífica de poder no País

Por Bianca Gomes e Pepita Ortega
Atualização:

O plano de militares bolsonaristas para assassinar Lula (PT), Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, revelado pela Polícia Federal nesta terça-feira, 19, é mais um capítulo na série de tentativas de impedir a transição de governo e questionar o resultado das eleições de 2022. Episódios como a minuta golpista apresentada por Jair Bolsonaro a chefes das Forças Armadas e a invasão de radicais às sedes dos Três Poderes em Brasília estão na mira de investigações e reforçam as suspeitas de uma articulação contra o processo democrático.

Bolsonaro tem negado participação em qualquer dos episódios, à exceção da reunião com embaixadores, em relação à qual se defende apontando legítimo direito de expressão. Sobre a operação desta semana, o ex-presidente não se manifestou até o momento após ser procurado por meio de sua assessoria.

As investigações da Polícia Federal têm apontado conexões diretas entre os alvos das operações e os principais episódios de investida contra o processo democrático. Na operação deflagrada nesta terça-feira, por exemplo, o general reformado Mário Fernandes, ex-secretário-geral da Presidência e autor do arquivo que detalha a possibilidade de envenenar Lula, matar Alckmin e explodir Moraes, foi identificado como um “ponto focal” entre os golpistas acampados em frente ao Quartel-General do Exército e o governo Bolsonaro.

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Segundo a PF, Fernandes era acionado por manifestantes no acampamento para oferecer apoio e orientações, incluindo pedidos que podem estar ligados à tentativa de invasão à sede da Polícia Federal, em 12 de dezembro de 2022. Além disso, os investigadores apontam que o general tinha conhecimento da reunião em que Bolsonaro apresentou a minuta do golpe de Estado aos chefes das Forças Armadas

Bolsonaro usa encontro com embaixadores para atacar TSE, STF e urnas

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Em 18 de julho de 2022, o então presidente usou uma reunião com embaixadores para alegar, sem apresentar provas, que o sistema eleitoral brasileiro seria “completamente vulnerável” e suscetível a fraudes. Durante o encontro, Bolsonaro recorreu a vídeos fora de contexto e a versões já desmentidas pela Justiça Eleitoral. Em razão desse episódio, o TSE declarou a inelegibilidade do ex-presidente até 2030, reconhecendo a prática de abuso de poder político e o uso indevido dos meios de comunicação

O presidente Jair Bolsonaro em reunião com embaixadores  Foto: Reprodução/TV Brasil

PRF bloqueia estradas no dia da eleição

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No segundo turno das eleições de 2022, a Polícia Rodoviária Federal (PRF), sob o comando de Silvinei Vasques, realizou uma série de blitzes em rodovias do País, dificultando o acesso de eleitores aos seus locais de votação. Segundo relatório da PRF, entre os dias 28 e 30 de outubro de 2022, quase metade dos ônibus (47%) abordados pela instituição trafegavam pelos estados do Nordeste, região onde Lula historicamente concentra a maior parte de seus votos.

Conforme revelou o Estadão, a decisão de intensificar as operações da PRF nas estradas no dia da eleição foi definida em uma reunião no Palácio da Alvorada com os coordenadores da campanha de Bolsonaro. Silvinei Vasques chegou a ser preso sob suspeita de tentar interferir na eleição, mas foi solto quase um ano depois.

O então diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, durante entrevista coletiva sobre a operação no segundo turno. Foto Marcelo Camargo/Agência Brasil Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Após vitória de Lula, bolsonaristas bloqueiam estradas

Manifestantes bolsonaristas bloquearam rodovias em todo o País em atos contra a vitória de Lula. No momento mais crítico, houve 420 pontos de interdição registrados em 25 estados e no Distrito Federal. Os bloqueios geraram tumulto e chegaram a causar falta de combustível em postos de cidades das regiões Sul e Centro-Oeste. Diante da situação, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes determinou o desbloqueio imediato das estradas.

Grupo bolsonarista bloqueia trecho da Rodovia Castello Branco, em São Paulo Foto: FELIPE RAU
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Apoiadores de Bolsonaro acampam em frente a quartéis e pedem intervenção

Desde a proclamação do resultado eleitoral, eleitores de Jair Bolsonaro, inconformados com a vitória de Lula, montaram acampamentos em frente a quartéis do Exército em diversas regiões do país. Os locais exibiam cartazes pedindo “intervenção militar” ou “intervenção federal” e foram desmobilizados por ordem do ministro Alexandre de Moraes. Depois do ataque à sede dos Três Poderes, em Brasília, o ministro ordenou a desocupação e a dissolução total dos acampamentos nas proximidades das unidades militares do Exército para a prática de atos antidemocráticos.

Manifestantes bolsonaristas acampados em frente ao prédio do Comando Militar do Leste, no centro do Rio de Janeiro Foto: Pedro Kirilos/Estadão
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Bolsonaro convoca chefes das Forças Armadas para anular eleição

Em depoimento à Polícia Federal, o ex-comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, disse que Bolsonaro convocou os chefes das Forças Armadas ao Palácio da Alvorada após o segundo turno das eleições e “apresentou hipóteses de utilização de institutos jurídicos como GLO (Garantia da Lei e da Ordem), estado de defesa e sítio em relação ao processo eleitoral”. A minuta teria sido apresentada no dia 7 de dezembro de 2022.

Também em depoimento à PF, o ex-comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Almeida Baptista Júnior, relatou que Freire Gomes ameaçou prender o então presidente caso o plano fosse adiante.

A Polícia Federal encontrou um rascunho da chamada “minuta golpista” na sede do Partido Liberal, em Brasília. O documento continha um pronunciamento que Bolsonaro faria à nação detalhando os motivos e argumentos para a decretação de um estado de sítio e uso da Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Antes da apreensão na sede do PL, a PF já tinha indicativos de que Bolsonaro “redigiu e ajustou” o texto da minuta golpista.

Freire Gomes e Baptista Júnior, ex-comandantes das FA Foto: Marcos Corrêa/PR e Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Plano ‘Punhal Verde e Amarelo’ planeja assassinato de Lula, Alckmin e Moraes

A Operação Contragolpe, deflagrada na última terça-feira, 19, prendeu cinco pessoas acusadas de planejar um golpe de Estado para impedir a posse de Lula e “restringir o livre exercício do Poder Judiciário”.

O plano, denominado “Punhal Verde e Amarelo”, começou a ser formulado em novembro de 2022 e previa a execução do então presidente eleito e seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), além do assassinato do ministro Alexandre de Moraes. Foram presos um general reformado, ex-integrante do governo Jair Bolsonaro, três “kids pretos” e um policial federal. No dia 15 de dezembro de 2022, o grupo chegou a se “posicionar” para realizar um ataque ao ministro Alexandre de Moraes, mas abortou a iniciativa após o STF suspender antes da hora a sessão que acontecia naquela data.

O plano 'Punhal Verde e Amarelo' Foto: Polícia Federal

Bolsonaristas tentam invadir PF e ateiam fogo em ônibus e carros em Brasília

Após Alexandre de Moraes decretar a prisão temporária do indígena José Acácio Serere Xavante, apoiador de Bolsonaro, por atos antidemocráticos na Esplanada, bolsonaristas tentaram invadir a sede da Polícia Federal e incendiaram ônibus e carros nas vias do centro de Brasília.

Manifestantes queimam ônibus e tentam invadir sede da PF em Brasília. Foto: Wilton Junior/Estadão

Bolsonaristas planejam atentado a bomba no aeroporto de Brasília

Em dezembro de 2022, a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) encontrou uma bomba próxima ao Aeroporto Internacional de Brasília. De acordo com as investigações, o plano foi articulado em um acampamento bolsonarista em frente ao Quartel-General do Exército. A ideia inicial era colocar a bomba próximo a um poste de energia para comprometer o fornecimento elétrico na cidade, mas os apoiadores de Bolsonaro optaram por instalar o artefato em um caminhão carregado de querosene de aviação. A perícia mostrou que o artefato não explodiu por um erro de montagem.

O gerente de postos de combustíveis George Washington de Oliveira Sousa e o ex-taxista Alan Diego dos Santos Rodrigues foram condenados pela tentativa de atentado a bomba, e agora cumprem a pena em regime semiaberto.

George Washington de Oliveira Sousa planejou atentado a bomba no aeroporto de Brasília Foto: WILTON JUNIOR

8 de janeiro: golpistas invadem Congresso, STF e Palácio do Planalto

Apoiadores radicais do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram a sede dos Três Poderes, em Brasília, e depredaram os prédios do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal. O grupo exigia uma intervenção federal para tirar o presidente Lula do poder. Centenas de pessoas foram presas no dia 8, no dia seguinte, diante do Quartel-General do Exército, e em investigações seguintes. Quase 300 já foram condenados a penas que variam de 3 a 17 anos de prisão. Outros 476 investigados fizeram acordos de não-persecução com a Procuradoria Geral da República (PGR).

Bolsonaristas radicais invadem as sedes dos três Poderes, em Brasília  Foto: Wilton Junior/Estadão

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O plano de militares bolsonaristas para assassinar Lula (PT), Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, revelado pela Polícia Federal nesta terça-feira, 19, é mais um capítulo na série de tentativas de impedir a transição de governo e questionar o resultado das eleições de 2022. Episódios como a minuta golpista apresentada por Jair Bolsonaro a chefes das Forças Armadas e a invasão de radicais às sedes dos Três Poderes em Brasília estão na mira de investigações e reforçam as suspeitas de uma articulação contra o processo democrático.

Bolsonaro tem negado participação em qualquer dos episódios, à exceção da reunião com embaixadores, em relação à qual se defende apontando legítimo direito de expressão. Sobre a operação desta semana, o ex-presidente não se manifestou até o momento após ser procurado por meio de sua assessoria.

As investigações da Polícia Federal têm apontado conexões diretas entre os alvos das operações e os principais episódios de investida contra o processo democrático. Na operação deflagrada nesta terça-feira, por exemplo, o general reformado Mário Fernandes, ex-secretário-geral da Presidência e autor do arquivo que detalha a possibilidade de envenenar Lula, matar Alckmin e explodir Moraes, foi identificado como um “ponto focal” entre os golpistas acampados em frente ao Quartel-General do Exército e o governo Bolsonaro.

Segundo a PF, Fernandes era acionado por manifestantes no acampamento para oferecer apoio e orientações, incluindo pedidos que podem estar ligados à tentativa de invasão à sede da Polícia Federal, em 12 de dezembro de 2022. Além disso, os investigadores apontam que o general tinha conhecimento da reunião em que Bolsonaro apresentou a minuta do golpe de Estado aos chefes das Forças Armadas

Bolsonaro usa encontro com embaixadores para atacar TSE, STF e urnas

Em 18 de julho de 2022, o então presidente usou uma reunião com embaixadores para alegar, sem apresentar provas, que o sistema eleitoral brasileiro seria “completamente vulnerável” e suscetível a fraudes. Durante o encontro, Bolsonaro recorreu a vídeos fora de contexto e a versões já desmentidas pela Justiça Eleitoral. Em razão desse episódio, o TSE declarou a inelegibilidade do ex-presidente até 2030, reconhecendo a prática de abuso de poder político e o uso indevido dos meios de comunicação

O presidente Jair Bolsonaro em reunião com embaixadores  Foto: Reprodução/TV Brasil

PRF bloqueia estradas no dia da eleição

No segundo turno das eleições de 2022, a Polícia Rodoviária Federal (PRF), sob o comando de Silvinei Vasques, realizou uma série de blitzes em rodovias do País, dificultando o acesso de eleitores aos seus locais de votação. Segundo relatório da PRF, entre os dias 28 e 30 de outubro de 2022, quase metade dos ônibus (47%) abordados pela instituição trafegavam pelos estados do Nordeste, região onde Lula historicamente concentra a maior parte de seus votos.

Conforme revelou o Estadão, a decisão de intensificar as operações da PRF nas estradas no dia da eleição foi definida em uma reunião no Palácio da Alvorada com os coordenadores da campanha de Bolsonaro. Silvinei Vasques chegou a ser preso sob suspeita de tentar interferir na eleição, mas foi solto quase um ano depois.

O então diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, durante entrevista coletiva sobre a operação no segundo turno. Foto Marcelo Camargo/Agência Brasil Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Após vitória de Lula, bolsonaristas bloqueiam estradas

Manifestantes bolsonaristas bloquearam rodovias em todo o País em atos contra a vitória de Lula. No momento mais crítico, houve 420 pontos de interdição registrados em 25 estados e no Distrito Federal. Os bloqueios geraram tumulto e chegaram a causar falta de combustível em postos de cidades das regiões Sul e Centro-Oeste. Diante da situação, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes determinou o desbloqueio imediato das estradas.

Grupo bolsonarista bloqueia trecho da Rodovia Castello Branco, em São Paulo Foto: FELIPE RAU

Apoiadores de Bolsonaro acampam em frente a quartéis e pedem intervenção

Desde a proclamação do resultado eleitoral, eleitores de Jair Bolsonaro, inconformados com a vitória de Lula, montaram acampamentos em frente a quartéis do Exército em diversas regiões do país. Os locais exibiam cartazes pedindo “intervenção militar” ou “intervenção federal” e foram desmobilizados por ordem do ministro Alexandre de Moraes. Depois do ataque à sede dos Três Poderes, em Brasília, o ministro ordenou a desocupação e a dissolução total dos acampamentos nas proximidades das unidades militares do Exército para a prática de atos antidemocráticos.

Manifestantes bolsonaristas acampados em frente ao prédio do Comando Militar do Leste, no centro do Rio de Janeiro Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Bolsonaro convoca chefes das Forças Armadas para anular eleição

Em depoimento à Polícia Federal, o ex-comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, disse que Bolsonaro convocou os chefes das Forças Armadas ao Palácio da Alvorada após o segundo turno das eleições e “apresentou hipóteses de utilização de institutos jurídicos como GLO (Garantia da Lei e da Ordem), estado de defesa e sítio em relação ao processo eleitoral”. A minuta teria sido apresentada no dia 7 de dezembro de 2022.

Também em depoimento à PF, o ex-comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Almeida Baptista Júnior, relatou que Freire Gomes ameaçou prender o então presidente caso o plano fosse adiante.

A Polícia Federal encontrou um rascunho da chamada “minuta golpista” na sede do Partido Liberal, em Brasília. O documento continha um pronunciamento que Bolsonaro faria à nação detalhando os motivos e argumentos para a decretação de um estado de sítio e uso da Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Antes da apreensão na sede do PL, a PF já tinha indicativos de que Bolsonaro “redigiu e ajustou” o texto da minuta golpista.

Freire Gomes e Baptista Júnior, ex-comandantes das FA Foto: Marcos Corrêa/PR e Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Plano ‘Punhal Verde e Amarelo’ planeja assassinato de Lula, Alckmin e Moraes

A Operação Contragolpe, deflagrada na última terça-feira, 19, prendeu cinco pessoas acusadas de planejar um golpe de Estado para impedir a posse de Lula e “restringir o livre exercício do Poder Judiciário”.

O plano, denominado “Punhal Verde e Amarelo”, começou a ser formulado em novembro de 2022 e previa a execução do então presidente eleito e seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), além do assassinato do ministro Alexandre de Moraes. Foram presos um general reformado, ex-integrante do governo Jair Bolsonaro, três “kids pretos” e um policial federal. No dia 15 de dezembro de 2022, o grupo chegou a se “posicionar” para realizar um ataque ao ministro Alexandre de Moraes, mas abortou a iniciativa após o STF suspender antes da hora a sessão que acontecia naquela data.

O plano 'Punhal Verde e Amarelo' Foto: Polícia Federal

Bolsonaristas tentam invadir PF e ateiam fogo em ônibus e carros em Brasília

Após Alexandre de Moraes decretar a prisão temporária do indígena José Acácio Serere Xavante, apoiador de Bolsonaro, por atos antidemocráticos na Esplanada, bolsonaristas tentaram invadir a sede da Polícia Federal e incendiaram ônibus e carros nas vias do centro de Brasília.

Manifestantes queimam ônibus e tentam invadir sede da PF em Brasília. Foto: Wilton Junior/Estadão

Bolsonaristas planejam atentado a bomba no aeroporto de Brasília

Em dezembro de 2022, a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) encontrou uma bomba próxima ao Aeroporto Internacional de Brasília. De acordo com as investigações, o plano foi articulado em um acampamento bolsonarista em frente ao Quartel-General do Exército. A ideia inicial era colocar a bomba próximo a um poste de energia para comprometer o fornecimento elétrico na cidade, mas os apoiadores de Bolsonaro optaram por instalar o artefato em um caminhão carregado de querosene de aviação. A perícia mostrou que o artefato não explodiu por um erro de montagem.

O gerente de postos de combustíveis George Washington de Oliveira Sousa e o ex-taxista Alan Diego dos Santos Rodrigues foram condenados pela tentativa de atentado a bomba, e agora cumprem a pena em regime semiaberto.

George Washington de Oliveira Sousa planejou atentado a bomba no aeroporto de Brasília Foto: WILTON JUNIOR

8 de janeiro: golpistas invadem Congresso, STF e Palácio do Planalto

Apoiadores radicais do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram a sede dos Três Poderes, em Brasília, e depredaram os prédios do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal. O grupo exigia uma intervenção federal para tirar o presidente Lula do poder. Centenas de pessoas foram presas no dia 8, no dia seguinte, diante do Quartel-General do Exército, e em investigações seguintes. Quase 300 já foram condenados a penas que variam de 3 a 17 anos de prisão. Outros 476 investigados fizeram acordos de não-persecução com a Procuradoria Geral da República (PGR).

Bolsonaristas radicais invadem as sedes dos três Poderes, em Brasília  Foto: Wilton Junior/Estadão

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O plano de militares bolsonaristas para assassinar Lula (PT), Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, revelado pela Polícia Federal nesta terça-feira, 19, é mais um capítulo na série de tentativas de impedir a transição de governo e questionar o resultado das eleições de 2022. Episódios como a minuta golpista apresentada por Jair Bolsonaro a chefes das Forças Armadas e a invasão de radicais às sedes dos Três Poderes em Brasília estão na mira de investigações e reforçam as suspeitas de uma articulação contra o processo democrático.

Bolsonaro tem negado participação em qualquer dos episódios, à exceção da reunião com embaixadores, em relação à qual se defende apontando legítimo direito de expressão. Sobre a operação desta semana, o ex-presidente não se manifestou até o momento após ser procurado por meio de sua assessoria.

As investigações da Polícia Federal têm apontado conexões diretas entre os alvos das operações e os principais episódios de investida contra o processo democrático. Na operação deflagrada nesta terça-feira, por exemplo, o general reformado Mário Fernandes, ex-secretário-geral da Presidência e autor do arquivo que detalha a possibilidade de envenenar Lula, matar Alckmin e explodir Moraes, foi identificado como um “ponto focal” entre os golpistas acampados em frente ao Quartel-General do Exército e o governo Bolsonaro.

Segundo a PF, Fernandes era acionado por manifestantes no acampamento para oferecer apoio e orientações, incluindo pedidos que podem estar ligados à tentativa de invasão à sede da Polícia Federal, em 12 de dezembro de 2022. Além disso, os investigadores apontam que o general tinha conhecimento da reunião em que Bolsonaro apresentou a minuta do golpe de Estado aos chefes das Forças Armadas

Bolsonaro usa encontro com embaixadores para atacar TSE, STF e urnas

Em 18 de julho de 2022, o então presidente usou uma reunião com embaixadores para alegar, sem apresentar provas, que o sistema eleitoral brasileiro seria “completamente vulnerável” e suscetível a fraudes. Durante o encontro, Bolsonaro recorreu a vídeos fora de contexto e a versões já desmentidas pela Justiça Eleitoral. Em razão desse episódio, o TSE declarou a inelegibilidade do ex-presidente até 2030, reconhecendo a prática de abuso de poder político e o uso indevido dos meios de comunicação

O presidente Jair Bolsonaro em reunião com embaixadores  Foto: Reprodução/TV Brasil

PRF bloqueia estradas no dia da eleição

No segundo turno das eleições de 2022, a Polícia Rodoviária Federal (PRF), sob o comando de Silvinei Vasques, realizou uma série de blitzes em rodovias do País, dificultando o acesso de eleitores aos seus locais de votação. Segundo relatório da PRF, entre os dias 28 e 30 de outubro de 2022, quase metade dos ônibus (47%) abordados pela instituição trafegavam pelos estados do Nordeste, região onde Lula historicamente concentra a maior parte de seus votos.

Conforme revelou o Estadão, a decisão de intensificar as operações da PRF nas estradas no dia da eleição foi definida em uma reunião no Palácio da Alvorada com os coordenadores da campanha de Bolsonaro. Silvinei Vasques chegou a ser preso sob suspeita de tentar interferir na eleição, mas foi solto quase um ano depois.

O então diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, durante entrevista coletiva sobre a operação no segundo turno. Foto Marcelo Camargo/Agência Brasil Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Após vitória de Lula, bolsonaristas bloqueiam estradas

Manifestantes bolsonaristas bloquearam rodovias em todo o País em atos contra a vitória de Lula. No momento mais crítico, houve 420 pontos de interdição registrados em 25 estados e no Distrito Federal. Os bloqueios geraram tumulto e chegaram a causar falta de combustível em postos de cidades das regiões Sul e Centro-Oeste. Diante da situação, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes determinou o desbloqueio imediato das estradas.

Grupo bolsonarista bloqueia trecho da Rodovia Castello Branco, em São Paulo Foto: FELIPE RAU

Apoiadores de Bolsonaro acampam em frente a quartéis e pedem intervenção

Desde a proclamação do resultado eleitoral, eleitores de Jair Bolsonaro, inconformados com a vitória de Lula, montaram acampamentos em frente a quartéis do Exército em diversas regiões do país. Os locais exibiam cartazes pedindo “intervenção militar” ou “intervenção federal” e foram desmobilizados por ordem do ministro Alexandre de Moraes. Depois do ataque à sede dos Três Poderes, em Brasília, o ministro ordenou a desocupação e a dissolução total dos acampamentos nas proximidades das unidades militares do Exército para a prática de atos antidemocráticos.

Manifestantes bolsonaristas acampados em frente ao prédio do Comando Militar do Leste, no centro do Rio de Janeiro Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Bolsonaro convoca chefes das Forças Armadas para anular eleição

Em depoimento à Polícia Federal, o ex-comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, disse que Bolsonaro convocou os chefes das Forças Armadas ao Palácio da Alvorada após o segundo turno das eleições e “apresentou hipóteses de utilização de institutos jurídicos como GLO (Garantia da Lei e da Ordem), estado de defesa e sítio em relação ao processo eleitoral”. A minuta teria sido apresentada no dia 7 de dezembro de 2022.

Também em depoimento à PF, o ex-comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Almeida Baptista Júnior, relatou que Freire Gomes ameaçou prender o então presidente caso o plano fosse adiante.

A Polícia Federal encontrou um rascunho da chamada “minuta golpista” na sede do Partido Liberal, em Brasília. O documento continha um pronunciamento que Bolsonaro faria à nação detalhando os motivos e argumentos para a decretação de um estado de sítio e uso da Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Antes da apreensão na sede do PL, a PF já tinha indicativos de que Bolsonaro “redigiu e ajustou” o texto da minuta golpista.

Freire Gomes e Baptista Júnior, ex-comandantes das FA Foto: Marcos Corrêa/PR e Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Plano ‘Punhal Verde e Amarelo’ planeja assassinato de Lula, Alckmin e Moraes

A Operação Contragolpe, deflagrada na última terça-feira, 19, prendeu cinco pessoas acusadas de planejar um golpe de Estado para impedir a posse de Lula e “restringir o livre exercício do Poder Judiciário”.

O plano, denominado “Punhal Verde e Amarelo”, começou a ser formulado em novembro de 2022 e previa a execução do então presidente eleito e seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), além do assassinato do ministro Alexandre de Moraes. Foram presos um general reformado, ex-integrante do governo Jair Bolsonaro, três “kids pretos” e um policial federal. No dia 15 de dezembro de 2022, o grupo chegou a se “posicionar” para realizar um ataque ao ministro Alexandre de Moraes, mas abortou a iniciativa após o STF suspender antes da hora a sessão que acontecia naquela data.

O plano 'Punhal Verde e Amarelo' Foto: Polícia Federal

Bolsonaristas tentam invadir PF e ateiam fogo em ônibus e carros em Brasília

Após Alexandre de Moraes decretar a prisão temporária do indígena José Acácio Serere Xavante, apoiador de Bolsonaro, por atos antidemocráticos na Esplanada, bolsonaristas tentaram invadir a sede da Polícia Federal e incendiaram ônibus e carros nas vias do centro de Brasília.

Manifestantes queimam ônibus e tentam invadir sede da PF em Brasília. Foto: Wilton Junior/Estadão

Bolsonaristas planejam atentado a bomba no aeroporto de Brasília

Em dezembro de 2022, a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) encontrou uma bomba próxima ao Aeroporto Internacional de Brasília. De acordo com as investigações, o plano foi articulado em um acampamento bolsonarista em frente ao Quartel-General do Exército. A ideia inicial era colocar a bomba próximo a um poste de energia para comprometer o fornecimento elétrico na cidade, mas os apoiadores de Bolsonaro optaram por instalar o artefato em um caminhão carregado de querosene de aviação. A perícia mostrou que o artefato não explodiu por um erro de montagem.

O gerente de postos de combustíveis George Washington de Oliveira Sousa e o ex-taxista Alan Diego dos Santos Rodrigues foram condenados pela tentativa de atentado a bomba, e agora cumprem a pena em regime semiaberto.

George Washington de Oliveira Sousa planejou atentado a bomba no aeroporto de Brasília Foto: WILTON JUNIOR

8 de janeiro: golpistas invadem Congresso, STF e Palácio do Planalto

Apoiadores radicais do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram a sede dos Três Poderes, em Brasília, e depredaram os prédios do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal. O grupo exigia uma intervenção federal para tirar o presidente Lula do poder. Centenas de pessoas foram presas no dia 8, no dia seguinte, diante do Quartel-General do Exército, e em investigações seguintes. Quase 300 já foram condenados a penas que variam de 3 a 17 anos de prisão. Outros 476 investigados fizeram acordos de não-persecução com a Procuradoria Geral da República (PGR).

Bolsonaristas radicais invadem as sedes dos três Poderes, em Brasília  Foto: Wilton Junior/Estadão

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