Modelo de venda da Sabesp deve seguir ‘lógica da Eletrobras’, diz secretária de Infraestrutura de SP


Companhia de Saneamento Básico está no topo da lista de desestatizações prometidas pelo governador Tarcísio de Freitas

Por Adriana Ferraz e Gustavo Queiroz
Atualização:
Entrevista comNatália ResendeSecretária de Infraestrutura, Meio Ambiente e Logística de São Paulo

No topo da lista de desestatizações prometidas pelo governador de São Paulo Tarcísio de Freitas, a Sabesp deve passar por um processo de venda de ativos similar ao modelo ocorrido com a Eletrobras, em que o Estado perde o controle acionário da empresa. Segundo a secretária de Infraestrutura, Meio Ambiente e Logística de São Paulo, Natália Resende, uma proposta estudada pela nova administração é manter menor participação na companhia em um desenho que daria ao governo a palavra final sobre investimentos prioritários da empresa.

A modelagem, segundo ela, permite que municípios que não possuem abastecimento de água e esgoto não sejam preteridos no futuro. Natália também defende que a desestatização não acarreta no aumento da tarifa. “O que atrai o privado é o projeto como um todo. O que a gente está pensando aqui é como melhorar o serviço, com uma tarifa mais módica e atingindo esses locais”, disse ao Estadão.

Natália minimizou críticas de que a agenda ambiental paulista estaria suprimida ao ser inclusa sob o mesmo guarda-chuva de áreas relacionadas a obras públicas, por exemplo. A nova “supersecretaria” englobou a maior companhia de São Paulo, a Sabesp, que distribui água e esgoto, bem como a Emae, de energia, a Cetesb, que fiscaliza e emite licenças ambientais, o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) e o Departamento de Estradas e Rodagem (DER).

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Ela também afirmou que a nova pasta vai contar com um núcleo de compliance e outro de sustentabilidade e mudanças climáticas que devem funcionar de forma transversal nos projetos. A secretária também argumentou que a nova administração encontrou irregularidades na contratação de funcionários da administração direta na indireta que já foram comunicadas ao Tribunal de Contas.

Secretária estadual de Infraestrutura, Meio Ambiente e Logística, Natália Resende defende que privatização da Sabesp não acarreta em aumento tarifário.  Foto: Taba Benedicto/ Estadão

Como aconteceu a fusão da secretaria de Transporte e Logística com a de Infraestrutura e Meio Ambiente e quais são as prioridades da nova pasta?

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Hoje temos quatro subsecretarias ligadas por um núcleo de sustentabilidade (e mudanças climáticas) e um de compliance: meio ambiente; recursos hídricos e saneamento básico; energia e mineração; e logística e transporte. A secretaria executiva é transversal. A subsecretaria de Logística (por exemplo) vai focar em uma parte mais estruturante. A nossa matriz origem-destino está desatualizada e ela considera muito o modo rodoviário. A gente quer trazer para ela o ferroviário e o hidroviário e estudar onde é que tem carga, demanda e oferta para conseguir fazer parcerias, por exemplo, para as balsas, que têm uma estrutura precária.

Antes não existia compliance na pasta?

O que tinha era uma espécie de controle interno de recepção e encaminhamento de demanda de órgãos de controle. A gente quer fazer um programa robusto de compliance, porque é importante tanto para dentro, para a gente ter uma supervisão dos projetos em conformidade com a normatização, quanto para fora, porque isso passa uma mensagem muito importante para investidor. O que acontece em órgãos públicos, muitas vezes, é que as informações ficam muito nas pessoas e as informações têm que ser institucionais.

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Há uma preocupação com controle de gastos e superfaturamento?

Essa parte do compliance envolve tudo, envolve gasto público, orçamento, acompanhamento constante das ações, dos dispêndios e é por isso também que é importante transparência. A gente vai ter um acompanhamento semanal dessas ações, desses projetos. A minha ideia é que esse núcleo tenha um check list de projetos estratégicos para monitoramento, supervisão e gestão de riscos.

A reforma administrativa proposta pelo governador afeta a secretaria?

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Essa reforma vai ser muito importante. Quando a gente chegou, viu uma estrutura muito precária da administração direta e algumas irregularidades também, que isso a gente já vem conversando com o Tribunal de Contas, de funcionários de administração indireta de empresas vinculadas prestando serviço aqui. Ganhando mais, porque a administração indireta paga mais do que a direta. Então isso é uma coisa que a gente vai regularizar. E é importante valorização de quadros técnicos com bagagem e experiência.

No centro da discussão sobre parcerias e desestatização está a Sabesp. Hoje o governo avalia qual modelo para a empresa?

Nos 100 primeiros dias a ideia é fazer contratação dos estudos. A gente tem o feeling da Eletrobras por tudo que a gente acompanhou, com a peculiaridade que é o saneamento no Brasil. A particularidade do setor de águas começa até em questão de competência. Para ter o ganho do valor que a gente quer antecipar de investimento, a gente vai conversar com os municípios, porque eles têm os contratos de programas que é um grande ativo da Sabesp.

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O que pode ser importado do modelo Eletrobras?

(A Sabesp) Já tem uma grande parte que está listado em bolsa. O pessoal fala assim: se é privatização, o Estado vai sair completamente. E não é isso. O que a gente pode fazer é diluir essas ações na lógica da Eletrobras, ou seja, aumentar a quantidade de ações do privado, mas permanecer com o que a gente chama do golden share, por exemplo, que significa: em decisões estratégicas o Estado permanece com poder de voto.

Mesmo perdendo o controle acionário?

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Perde o controle acionário mas permanece com o poder de veto, digamos, em relação a assuntos estratégicos. Exemplo é a questão dos investimentos em locais em que ainda não chegou o saneamento. Então isso é um assunto estratégico para o Estado que muitas vezes o privado vai olhar e falar ‘onde que para mim é mais rentável fazer o investimento’, mas para o Estado todo local é importante.

Isso vai atrair o privado, se ele não vai ter a palavra final?

O que atrai o privado é o projeto como um todo. A empresa tem muito valor. Às vezes o pessoal foca muito no ativo na empresa e esquece do que é mais importante, que é o serviço. O que a gente está pensando aqui é como melhorar o serviço, com uma tarifa mais módica e atingindo esses locais.

Como o Estado pode garantir a redução no preço da tarifa sem o controle acionário?

Fazendo a modelagem. A gente está falando aqui da prorrogação dos contratos, por exemplo, da Sabesp; de aumentar e antecipar investimento. Quando você aumenta o prazo, você consegue também abaixar a tarifa. Consegue fazer essa essa junção aqui de questões regulatórias para ter esse objetivo final.

Como o cidadão ganha com a desestatização?

(Há um) Ganho de antecipação de investimento da universalização. A gente vai gerar um valor de outorga e pode carimbar de certa forma para fazer projetos indiretos, que podem ser relacionados à drenagem e à despoluição. Cada município tem sua especificidade. É conversar com os prefeitos e mostrar por que que a desestatização pode ser boa para o estado de São Paulo e para o município. Quando a gente faz isso, se precisar eventualmente de alguma aprovação, fica mais fácil.

E qual o ganho para o Estado com a venda da Emae? A empresa tem um valor robusto?

Ela tem um valor bom seja pela potencialidade, porque hoje ela não atinge o potencial que poderia, seja pelos contratos que ela tem. Ela tem muitos imóveis. Então isso tudo vai agregando. Vou olhar o valor hoje, mais de R$ 2 bilhões, mas eu acho que ela vale até mais porque tem essas coisas que às vezes o mercado nem enxerga. E é isso que a gente quer mostrar.

A secretaria de Logística e Transporte sofria um interesse político grande, principalmente o DER. Como vai blindar a pasta destas pressões?

A gente formou uma diretoria muito técnica no DER. O coronel Sergio Codelo é coronel da reserva, e engenheiro. Tem muita experiência. É uma pessoa de confiança do Tarcísio. Muito técnico, tem método, é organizado. A gente formou ali um corpo para valorizar o técnico.

A sra. citou a transversabilidade da sustentabilidade. Quais os projetos nessa área? A despoluição do Rio Tietê é prioridade?

A gente vai fortalecer o protagonismo dela como um todo, tanto na biodiversidade, fiscalização, conservação e restauração ecológica. Quando a gente fala do nosso plano de logística, por exemplo, na secretaria a gente já tem um trabalho desenvolvido de zoneamento ecológico econômico. Quando o pessoal fala que o Meio Ambiente vai ser enfraquecido, de forma alguma. É o contrário. Agora em fevereiro a gente vai lançar um comitê integrado do Tietê, para diagnosticar e fazer um plano conjunto de ações. A primeira chave do sucesso é fazer as coisas integradas. A gente vai fazer um plano de trabalho até considerando a outorga que pode eventualmente usar para despoluição no âmbito da desestatização.

O processo de licenciamento ambiental muda com a inclusão do Meio Ambiente no guarda-chuva de Infraestrutura e Logística?

Toda obra de infraestrutura, seja em concessão, seja obra pública, sempre vai olhar a condicionante ambiental. A Cetesb tem a independência dela pela lei das estatais e a gente sempre vai respeitar muito seu papel. O que é a gente consegue na Cetesb é ter desburocratização e desburocratização não quer dizer facilitação, não é isso. É o que a gente pode aprimorar dos processos hoje para conseguir prestar um serviço melhor, para ter o tempo razoável que a sociedade pede.

No topo da lista de desestatizações prometidas pelo governador de São Paulo Tarcísio de Freitas, a Sabesp deve passar por um processo de venda de ativos similar ao modelo ocorrido com a Eletrobras, em que o Estado perde o controle acionário da empresa. Segundo a secretária de Infraestrutura, Meio Ambiente e Logística de São Paulo, Natália Resende, uma proposta estudada pela nova administração é manter menor participação na companhia em um desenho que daria ao governo a palavra final sobre investimentos prioritários da empresa.

A modelagem, segundo ela, permite que municípios que não possuem abastecimento de água e esgoto não sejam preteridos no futuro. Natália também defende que a desestatização não acarreta no aumento da tarifa. “O que atrai o privado é o projeto como um todo. O que a gente está pensando aqui é como melhorar o serviço, com uma tarifa mais módica e atingindo esses locais”, disse ao Estadão.

Natália minimizou críticas de que a agenda ambiental paulista estaria suprimida ao ser inclusa sob o mesmo guarda-chuva de áreas relacionadas a obras públicas, por exemplo. A nova “supersecretaria” englobou a maior companhia de São Paulo, a Sabesp, que distribui água e esgoto, bem como a Emae, de energia, a Cetesb, que fiscaliza e emite licenças ambientais, o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) e o Departamento de Estradas e Rodagem (DER).

Ela também afirmou que a nova pasta vai contar com um núcleo de compliance e outro de sustentabilidade e mudanças climáticas que devem funcionar de forma transversal nos projetos. A secretária também argumentou que a nova administração encontrou irregularidades na contratação de funcionários da administração direta na indireta que já foram comunicadas ao Tribunal de Contas.

Secretária estadual de Infraestrutura, Meio Ambiente e Logística, Natália Resende defende que privatização da Sabesp não acarreta em aumento tarifário.  Foto: Taba Benedicto/ Estadão

Como aconteceu a fusão da secretaria de Transporte e Logística com a de Infraestrutura e Meio Ambiente e quais são as prioridades da nova pasta?

Hoje temos quatro subsecretarias ligadas por um núcleo de sustentabilidade (e mudanças climáticas) e um de compliance: meio ambiente; recursos hídricos e saneamento básico; energia e mineração; e logística e transporte. A secretaria executiva é transversal. A subsecretaria de Logística (por exemplo) vai focar em uma parte mais estruturante. A nossa matriz origem-destino está desatualizada e ela considera muito o modo rodoviário. A gente quer trazer para ela o ferroviário e o hidroviário e estudar onde é que tem carga, demanda e oferta para conseguir fazer parcerias, por exemplo, para as balsas, que têm uma estrutura precária.

Antes não existia compliance na pasta?

O que tinha era uma espécie de controle interno de recepção e encaminhamento de demanda de órgãos de controle. A gente quer fazer um programa robusto de compliance, porque é importante tanto para dentro, para a gente ter uma supervisão dos projetos em conformidade com a normatização, quanto para fora, porque isso passa uma mensagem muito importante para investidor. O que acontece em órgãos públicos, muitas vezes, é que as informações ficam muito nas pessoas e as informações têm que ser institucionais.

Há uma preocupação com controle de gastos e superfaturamento?

Essa parte do compliance envolve tudo, envolve gasto público, orçamento, acompanhamento constante das ações, dos dispêndios e é por isso também que é importante transparência. A gente vai ter um acompanhamento semanal dessas ações, desses projetos. A minha ideia é que esse núcleo tenha um check list de projetos estratégicos para monitoramento, supervisão e gestão de riscos.

A reforma administrativa proposta pelo governador afeta a secretaria?

Essa reforma vai ser muito importante. Quando a gente chegou, viu uma estrutura muito precária da administração direta e algumas irregularidades também, que isso a gente já vem conversando com o Tribunal de Contas, de funcionários de administração indireta de empresas vinculadas prestando serviço aqui. Ganhando mais, porque a administração indireta paga mais do que a direta. Então isso é uma coisa que a gente vai regularizar. E é importante valorização de quadros técnicos com bagagem e experiência.

No centro da discussão sobre parcerias e desestatização está a Sabesp. Hoje o governo avalia qual modelo para a empresa?

Nos 100 primeiros dias a ideia é fazer contratação dos estudos. A gente tem o feeling da Eletrobras por tudo que a gente acompanhou, com a peculiaridade que é o saneamento no Brasil. A particularidade do setor de águas começa até em questão de competência. Para ter o ganho do valor que a gente quer antecipar de investimento, a gente vai conversar com os municípios, porque eles têm os contratos de programas que é um grande ativo da Sabesp.

O que pode ser importado do modelo Eletrobras?

(A Sabesp) Já tem uma grande parte que está listado em bolsa. O pessoal fala assim: se é privatização, o Estado vai sair completamente. E não é isso. O que a gente pode fazer é diluir essas ações na lógica da Eletrobras, ou seja, aumentar a quantidade de ações do privado, mas permanecer com o que a gente chama do golden share, por exemplo, que significa: em decisões estratégicas o Estado permanece com poder de voto.

Mesmo perdendo o controle acionário?

Perde o controle acionário mas permanece com o poder de veto, digamos, em relação a assuntos estratégicos. Exemplo é a questão dos investimentos em locais em que ainda não chegou o saneamento. Então isso é um assunto estratégico para o Estado que muitas vezes o privado vai olhar e falar ‘onde que para mim é mais rentável fazer o investimento’, mas para o Estado todo local é importante.

Isso vai atrair o privado, se ele não vai ter a palavra final?

O que atrai o privado é o projeto como um todo. A empresa tem muito valor. Às vezes o pessoal foca muito no ativo na empresa e esquece do que é mais importante, que é o serviço. O que a gente está pensando aqui é como melhorar o serviço, com uma tarifa mais módica e atingindo esses locais.

Como o Estado pode garantir a redução no preço da tarifa sem o controle acionário?

Fazendo a modelagem. A gente está falando aqui da prorrogação dos contratos, por exemplo, da Sabesp; de aumentar e antecipar investimento. Quando você aumenta o prazo, você consegue também abaixar a tarifa. Consegue fazer essa essa junção aqui de questões regulatórias para ter esse objetivo final.

Como o cidadão ganha com a desestatização?

(Há um) Ganho de antecipação de investimento da universalização. A gente vai gerar um valor de outorga e pode carimbar de certa forma para fazer projetos indiretos, que podem ser relacionados à drenagem e à despoluição. Cada município tem sua especificidade. É conversar com os prefeitos e mostrar por que que a desestatização pode ser boa para o estado de São Paulo e para o município. Quando a gente faz isso, se precisar eventualmente de alguma aprovação, fica mais fácil.

E qual o ganho para o Estado com a venda da Emae? A empresa tem um valor robusto?

Ela tem um valor bom seja pela potencialidade, porque hoje ela não atinge o potencial que poderia, seja pelos contratos que ela tem. Ela tem muitos imóveis. Então isso tudo vai agregando. Vou olhar o valor hoje, mais de R$ 2 bilhões, mas eu acho que ela vale até mais porque tem essas coisas que às vezes o mercado nem enxerga. E é isso que a gente quer mostrar.

A secretaria de Logística e Transporte sofria um interesse político grande, principalmente o DER. Como vai blindar a pasta destas pressões?

A gente formou uma diretoria muito técnica no DER. O coronel Sergio Codelo é coronel da reserva, e engenheiro. Tem muita experiência. É uma pessoa de confiança do Tarcísio. Muito técnico, tem método, é organizado. A gente formou ali um corpo para valorizar o técnico.

A sra. citou a transversabilidade da sustentabilidade. Quais os projetos nessa área? A despoluição do Rio Tietê é prioridade?

A gente vai fortalecer o protagonismo dela como um todo, tanto na biodiversidade, fiscalização, conservação e restauração ecológica. Quando a gente fala do nosso plano de logística, por exemplo, na secretaria a gente já tem um trabalho desenvolvido de zoneamento ecológico econômico. Quando o pessoal fala que o Meio Ambiente vai ser enfraquecido, de forma alguma. É o contrário. Agora em fevereiro a gente vai lançar um comitê integrado do Tietê, para diagnosticar e fazer um plano conjunto de ações. A primeira chave do sucesso é fazer as coisas integradas. A gente vai fazer um plano de trabalho até considerando a outorga que pode eventualmente usar para despoluição no âmbito da desestatização.

O processo de licenciamento ambiental muda com a inclusão do Meio Ambiente no guarda-chuva de Infraestrutura e Logística?

Toda obra de infraestrutura, seja em concessão, seja obra pública, sempre vai olhar a condicionante ambiental. A Cetesb tem a independência dela pela lei das estatais e a gente sempre vai respeitar muito seu papel. O que é a gente consegue na Cetesb é ter desburocratização e desburocratização não quer dizer facilitação, não é isso. É o que a gente pode aprimorar dos processos hoje para conseguir prestar um serviço melhor, para ter o tempo razoável que a sociedade pede.

No topo da lista de desestatizações prometidas pelo governador de São Paulo Tarcísio de Freitas, a Sabesp deve passar por um processo de venda de ativos similar ao modelo ocorrido com a Eletrobras, em que o Estado perde o controle acionário da empresa. Segundo a secretária de Infraestrutura, Meio Ambiente e Logística de São Paulo, Natália Resende, uma proposta estudada pela nova administração é manter menor participação na companhia em um desenho que daria ao governo a palavra final sobre investimentos prioritários da empresa.

A modelagem, segundo ela, permite que municípios que não possuem abastecimento de água e esgoto não sejam preteridos no futuro. Natália também defende que a desestatização não acarreta no aumento da tarifa. “O que atrai o privado é o projeto como um todo. O que a gente está pensando aqui é como melhorar o serviço, com uma tarifa mais módica e atingindo esses locais”, disse ao Estadão.

Natália minimizou críticas de que a agenda ambiental paulista estaria suprimida ao ser inclusa sob o mesmo guarda-chuva de áreas relacionadas a obras públicas, por exemplo. A nova “supersecretaria” englobou a maior companhia de São Paulo, a Sabesp, que distribui água e esgoto, bem como a Emae, de energia, a Cetesb, que fiscaliza e emite licenças ambientais, o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) e o Departamento de Estradas e Rodagem (DER).

Ela também afirmou que a nova pasta vai contar com um núcleo de compliance e outro de sustentabilidade e mudanças climáticas que devem funcionar de forma transversal nos projetos. A secretária também argumentou que a nova administração encontrou irregularidades na contratação de funcionários da administração direta na indireta que já foram comunicadas ao Tribunal de Contas.

Secretária estadual de Infraestrutura, Meio Ambiente e Logística, Natália Resende defende que privatização da Sabesp não acarreta em aumento tarifário.  Foto: Taba Benedicto/ Estadão

Como aconteceu a fusão da secretaria de Transporte e Logística com a de Infraestrutura e Meio Ambiente e quais são as prioridades da nova pasta?

Hoje temos quatro subsecretarias ligadas por um núcleo de sustentabilidade (e mudanças climáticas) e um de compliance: meio ambiente; recursos hídricos e saneamento básico; energia e mineração; e logística e transporte. A secretaria executiva é transversal. A subsecretaria de Logística (por exemplo) vai focar em uma parte mais estruturante. A nossa matriz origem-destino está desatualizada e ela considera muito o modo rodoviário. A gente quer trazer para ela o ferroviário e o hidroviário e estudar onde é que tem carga, demanda e oferta para conseguir fazer parcerias, por exemplo, para as balsas, que têm uma estrutura precária.

Antes não existia compliance na pasta?

O que tinha era uma espécie de controle interno de recepção e encaminhamento de demanda de órgãos de controle. A gente quer fazer um programa robusto de compliance, porque é importante tanto para dentro, para a gente ter uma supervisão dos projetos em conformidade com a normatização, quanto para fora, porque isso passa uma mensagem muito importante para investidor. O que acontece em órgãos públicos, muitas vezes, é que as informações ficam muito nas pessoas e as informações têm que ser institucionais.

Há uma preocupação com controle de gastos e superfaturamento?

Essa parte do compliance envolve tudo, envolve gasto público, orçamento, acompanhamento constante das ações, dos dispêndios e é por isso também que é importante transparência. A gente vai ter um acompanhamento semanal dessas ações, desses projetos. A minha ideia é que esse núcleo tenha um check list de projetos estratégicos para monitoramento, supervisão e gestão de riscos.

A reforma administrativa proposta pelo governador afeta a secretaria?

Essa reforma vai ser muito importante. Quando a gente chegou, viu uma estrutura muito precária da administração direta e algumas irregularidades também, que isso a gente já vem conversando com o Tribunal de Contas, de funcionários de administração indireta de empresas vinculadas prestando serviço aqui. Ganhando mais, porque a administração indireta paga mais do que a direta. Então isso é uma coisa que a gente vai regularizar. E é importante valorização de quadros técnicos com bagagem e experiência.

No centro da discussão sobre parcerias e desestatização está a Sabesp. Hoje o governo avalia qual modelo para a empresa?

Nos 100 primeiros dias a ideia é fazer contratação dos estudos. A gente tem o feeling da Eletrobras por tudo que a gente acompanhou, com a peculiaridade que é o saneamento no Brasil. A particularidade do setor de águas começa até em questão de competência. Para ter o ganho do valor que a gente quer antecipar de investimento, a gente vai conversar com os municípios, porque eles têm os contratos de programas que é um grande ativo da Sabesp.

O que pode ser importado do modelo Eletrobras?

(A Sabesp) Já tem uma grande parte que está listado em bolsa. O pessoal fala assim: se é privatização, o Estado vai sair completamente. E não é isso. O que a gente pode fazer é diluir essas ações na lógica da Eletrobras, ou seja, aumentar a quantidade de ações do privado, mas permanecer com o que a gente chama do golden share, por exemplo, que significa: em decisões estratégicas o Estado permanece com poder de voto.

Mesmo perdendo o controle acionário?

Perde o controle acionário mas permanece com o poder de veto, digamos, em relação a assuntos estratégicos. Exemplo é a questão dos investimentos em locais em que ainda não chegou o saneamento. Então isso é um assunto estratégico para o Estado que muitas vezes o privado vai olhar e falar ‘onde que para mim é mais rentável fazer o investimento’, mas para o Estado todo local é importante.

Isso vai atrair o privado, se ele não vai ter a palavra final?

O que atrai o privado é o projeto como um todo. A empresa tem muito valor. Às vezes o pessoal foca muito no ativo na empresa e esquece do que é mais importante, que é o serviço. O que a gente está pensando aqui é como melhorar o serviço, com uma tarifa mais módica e atingindo esses locais.

Como o Estado pode garantir a redução no preço da tarifa sem o controle acionário?

Fazendo a modelagem. A gente está falando aqui da prorrogação dos contratos, por exemplo, da Sabesp; de aumentar e antecipar investimento. Quando você aumenta o prazo, você consegue também abaixar a tarifa. Consegue fazer essa essa junção aqui de questões regulatórias para ter esse objetivo final.

Como o cidadão ganha com a desestatização?

(Há um) Ganho de antecipação de investimento da universalização. A gente vai gerar um valor de outorga e pode carimbar de certa forma para fazer projetos indiretos, que podem ser relacionados à drenagem e à despoluição. Cada município tem sua especificidade. É conversar com os prefeitos e mostrar por que que a desestatização pode ser boa para o estado de São Paulo e para o município. Quando a gente faz isso, se precisar eventualmente de alguma aprovação, fica mais fácil.

E qual o ganho para o Estado com a venda da Emae? A empresa tem um valor robusto?

Ela tem um valor bom seja pela potencialidade, porque hoje ela não atinge o potencial que poderia, seja pelos contratos que ela tem. Ela tem muitos imóveis. Então isso tudo vai agregando. Vou olhar o valor hoje, mais de R$ 2 bilhões, mas eu acho que ela vale até mais porque tem essas coisas que às vezes o mercado nem enxerga. E é isso que a gente quer mostrar.

A secretaria de Logística e Transporte sofria um interesse político grande, principalmente o DER. Como vai blindar a pasta destas pressões?

A gente formou uma diretoria muito técnica no DER. O coronel Sergio Codelo é coronel da reserva, e engenheiro. Tem muita experiência. É uma pessoa de confiança do Tarcísio. Muito técnico, tem método, é organizado. A gente formou ali um corpo para valorizar o técnico.

A sra. citou a transversabilidade da sustentabilidade. Quais os projetos nessa área? A despoluição do Rio Tietê é prioridade?

A gente vai fortalecer o protagonismo dela como um todo, tanto na biodiversidade, fiscalização, conservação e restauração ecológica. Quando a gente fala do nosso plano de logística, por exemplo, na secretaria a gente já tem um trabalho desenvolvido de zoneamento ecológico econômico. Quando o pessoal fala que o Meio Ambiente vai ser enfraquecido, de forma alguma. É o contrário. Agora em fevereiro a gente vai lançar um comitê integrado do Tietê, para diagnosticar e fazer um plano conjunto de ações. A primeira chave do sucesso é fazer as coisas integradas. A gente vai fazer um plano de trabalho até considerando a outorga que pode eventualmente usar para despoluição no âmbito da desestatização.

O processo de licenciamento ambiental muda com a inclusão do Meio Ambiente no guarda-chuva de Infraestrutura e Logística?

Toda obra de infraestrutura, seja em concessão, seja obra pública, sempre vai olhar a condicionante ambiental. A Cetesb tem a independência dela pela lei das estatais e a gente sempre vai respeitar muito seu papel. O que é a gente consegue na Cetesb é ter desburocratização e desburocratização não quer dizer facilitação, não é isso. É o que a gente pode aprimorar dos processos hoje para conseguir prestar um serviço melhor, para ter o tempo razoável que a sociedade pede.

No topo da lista de desestatizações prometidas pelo governador de São Paulo Tarcísio de Freitas, a Sabesp deve passar por um processo de venda de ativos similar ao modelo ocorrido com a Eletrobras, em que o Estado perde o controle acionário da empresa. Segundo a secretária de Infraestrutura, Meio Ambiente e Logística de São Paulo, Natália Resende, uma proposta estudada pela nova administração é manter menor participação na companhia em um desenho que daria ao governo a palavra final sobre investimentos prioritários da empresa.

A modelagem, segundo ela, permite que municípios que não possuem abastecimento de água e esgoto não sejam preteridos no futuro. Natália também defende que a desestatização não acarreta no aumento da tarifa. “O que atrai o privado é o projeto como um todo. O que a gente está pensando aqui é como melhorar o serviço, com uma tarifa mais módica e atingindo esses locais”, disse ao Estadão.

Natália minimizou críticas de que a agenda ambiental paulista estaria suprimida ao ser inclusa sob o mesmo guarda-chuva de áreas relacionadas a obras públicas, por exemplo. A nova “supersecretaria” englobou a maior companhia de São Paulo, a Sabesp, que distribui água e esgoto, bem como a Emae, de energia, a Cetesb, que fiscaliza e emite licenças ambientais, o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) e o Departamento de Estradas e Rodagem (DER).

Ela também afirmou que a nova pasta vai contar com um núcleo de compliance e outro de sustentabilidade e mudanças climáticas que devem funcionar de forma transversal nos projetos. A secretária também argumentou que a nova administração encontrou irregularidades na contratação de funcionários da administração direta na indireta que já foram comunicadas ao Tribunal de Contas.

Secretária estadual de Infraestrutura, Meio Ambiente e Logística, Natália Resende defende que privatização da Sabesp não acarreta em aumento tarifário.  Foto: Taba Benedicto/ Estadão

Como aconteceu a fusão da secretaria de Transporte e Logística com a de Infraestrutura e Meio Ambiente e quais são as prioridades da nova pasta?

Hoje temos quatro subsecretarias ligadas por um núcleo de sustentabilidade (e mudanças climáticas) e um de compliance: meio ambiente; recursos hídricos e saneamento básico; energia e mineração; e logística e transporte. A secretaria executiva é transversal. A subsecretaria de Logística (por exemplo) vai focar em uma parte mais estruturante. A nossa matriz origem-destino está desatualizada e ela considera muito o modo rodoviário. A gente quer trazer para ela o ferroviário e o hidroviário e estudar onde é que tem carga, demanda e oferta para conseguir fazer parcerias, por exemplo, para as balsas, que têm uma estrutura precária.

Antes não existia compliance na pasta?

O que tinha era uma espécie de controle interno de recepção e encaminhamento de demanda de órgãos de controle. A gente quer fazer um programa robusto de compliance, porque é importante tanto para dentro, para a gente ter uma supervisão dos projetos em conformidade com a normatização, quanto para fora, porque isso passa uma mensagem muito importante para investidor. O que acontece em órgãos públicos, muitas vezes, é que as informações ficam muito nas pessoas e as informações têm que ser institucionais.

Há uma preocupação com controle de gastos e superfaturamento?

Essa parte do compliance envolve tudo, envolve gasto público, orçamento, acompanhamento constante das ações, dos dispêndios e é por isso também que é importante transparência. A gente vai ter um acompanhamento semanal dessas ações, desses projetos. A minha ideia é que esse núcleo tenha um check list de projetos estratégicos para monitoramento, supervisão e gestão de riscos.

A reforma administrativa proposta pelo governador afeta a secretaria?

Essa reforma vai ser muito importante. Quando a gente chegou, viu uma estrutura muito precária da administração direta e algumas irregularidades também, que isso a gente já vem conversando com o Tribunal de Contas, de funcionários de administração indireta de empresas vinculadas prestando serviço aqui. Ganhando mais, porque a administração indireta paga mais do que a direta. Então isso é uma coisa que a gente vai regularizar. E é importante valorização de quadros técnicos com bagagem e experiência.

No centro da discussão sobre parcerias e desestatização está a Sabesp. Hoje o governo avalia qual modelo para a empresa?

Nos 100 primeiros dias a ideia é fazer contratação dos estudos. A gente tem o feeling da Eletrobras por tudo que a gente acompanhou, com a peculiaridade que é o saneamento no Brasil. A particularidade do setor de águas começa até em questão de competência. Para ter o ganho do valor que a gente quer antecipar de investimento, a gente vai conversar com os municípios, porque eles têm os contratos de programas que é um grande ativo da Sabesp.

O que pode ser importado do modelo Eletrobras?

(A Sabesp) Já tem uma grande parte que está listado em bolsa. O pessoal fala assim: se é privatização, o Estado vai sair completamente. E não é isso. O que a gente pode fazer é diluir essas ações na lógica da Eletrobras, ou seja, aumentar a quantidade de ações do privado, mas permanecer com o que a gente chama do golden share, por exemplo, que significa: em decisões estratégicas o Estado permanece com poder de voto.

Mesmo perdendo o controle acionário?

Perde o controle acionário mas permanece com o poder de veto, digamos, em relação a assuntos estratégicos. Exemplo é a questão dos investimentos em locais em que ainda não chegou o saneamento. Então isso é um assunto estratégico para o Estado que muitas vezes o privado vai olhar e falar ‘onde que para mim é mais rentável fazer o investimento’, mas para o Estado todo local é importante.

Isso vai atrair o privado, se ele não vai ter a palavra final?

O que atrai o privado é o projeto como um todo. A empresa tem muito valor. Às vezes o pessoal foca muito no ativo na empresa e esquece do que é mais importante, que é o serviço. O que a gente está pensando aqui é como melhorar o serviço, com uma tarifa mais módica e atingindo esses locais.

Como o Estado pode garantir a redução no preço da tarifa sem o controle acionário?

Fazendo a modelagem. A gente está falando aqui da prorrogação dos contratos, por exemplo, da Sabesp; de aumentar e antecipar investimento. Quando você aumenta o prazo, você consegue também abaixar a tarifa. Consegue fazer essa essa junção aqui de questões regulatórias para ter esse objetivo final.

Como o cidadão ganha com a desestatização?

(Há um) Ganho de antecipação de investimento da universalização. A gente vai gerar um valor de outorga e pode carimbar de certa forma para fazer projetos indiretos, que podem ser relacionados à drenagem e à despoluição. Cada município tem sua especificidade. É conversar com os prefeitos e mostrar por que que a desestatização pode ser boa para o estado de São Paulo e para o município. Quando a gente faz isso, se precisar eventualmente de alguma aprovação, fica mais fácil.

E qual o ganho para o Estado com a venda da Emae? A empresa tem um valor robusto?

Ela tem um valor bom seja pela potencialidade, porque hoje ela não atinge o potencial que poderia, seja pelos contratos que ela tem. Ela tem muitos imóveis. Então isso tudo vai agregando. Vou olhar o valor hoje, mais de R$ 2 bilhões, mas eu acho que ela vale até mais porque tem essas coisas que às vezes o mercado nem enxerga. E é isso que a gente quer mostrar.

A secretaria de Logística e Transporte sofria um interesse político grande, principalmente o DER. Como vai blindar a pasta destas pressões?

A gente formou uma diretoria muito técnica no DER. O coronel Sergio Codelo é coronel da reserva, e engenheiro. Tem muita experiência. É uma pessoa de confiança do Tarcísio. Muito técnico, tem método, é organizado. A gente formou ali um corpo para valorizar o técnico.

A sra. citou a transversabilidade da sustentabilidade. Quais os projetos nessa área? A despoluição do Rio Tietê é prioridade?

A gente vai fortalecer o protagonismo dela como um todo, tanto na biodiversidade, fiscalização, conservação e restauração ecológica. Quando a gente fala do nosso plano de logística, por exemplo, na secretaria a gente já tem um trabalho desenvolvido de zoneamento ecológico econômico. Quando o pessoal fala que o Meio Ambiente vai ser enfraquecido, de forma alguma. É o contrário. Agora em fevereiro a gente vai lançar um comitê integrado do Tietê, para diagnosticar e fazer um plano conjunto de ações. A primeira chave do sucesso é fazer as coisas integradas. A gente vai fazer um plano de trabalho até considerando a outorga que pode eventualmente usar para despoluição no âmbito da desestatização.

O processo de licenciamento ambiental muda com a inclusão do Meio Ambiente no guarda-chuva de Infraestrutura e Logística?

Toda obra de infraestrutura, seja em concessão, seja obra pública, sempre vai olhar a condicionante ambiental. A Cetesb tem a independência dela pela lei das estatais e a gente sempre vai respeitar muito seu papel. O que é a gente consegue na Cetesb é ter desburocratização e desburocratização não quer dizer facilitação, não é isso. É o que a gente pode aprimorar dos processos hoje para conseguir prestar um serviço melhor, para ter o tempo razoável que a sociedade pede.

No topo da lista de desestatizações prometidas pelo governador de São Paulo Tarcísio de Freitas, a Sabesp deve passar por um processo de venda de ativos similar ao modelo ocorrido com a Eletrobras, em que o Estado perde o controle acionário da empresa. Segundo a secretária de Infraestrutura, Meio Ambiente e Logística de São Paulo, Natália Resende, uma proposta estudada pela nova administração é manter menor participação na companhia em um desenho que daria ao governo a palavra final sobre investimentos prioritários da empresa.

A modelagem, segundo ela, permite que municípios que não possuem abastecimento de água e esgoto não sejam preteridos no futuro. Natália também defende que a desestatização não acarreta no aumento da tarifa. “O que atrai o privado é o projeto como um todo. O que a gente está pensando aqui é como melhorar o serviço, com uma tarifa mais módica e atingindo esses locais”, disse ao Estadão.

Natália minimizou críticas de que a agenda ambiental paulista estaria suprimida ao ser inclusa sob o mesmo guarda-chuva de áreas relacionadas a obras públicas, por exemplo. A nova “supersecretaria” englobou a maior companhia de São Paulo, a Sabesp, que distribui água e esgoto, bem como a Emae, de energia, a Cetesb, que fiscaliza e emite licenças ambientais, o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) e o Departamento de Estradas e Rodagem (DER).

Ela também afirmou que a nova pasta vai contar com um núcleo de compliance e outro de sustentabilidade e mudanças climáticas que devem funcionar de forma transversal nos projetos. A secretária também argumentou que a nova administração encontrou irregularidades na contratação de funcionários da administração direta na indireta que já foram comunicadas ao Tribunal de Contas.

Secretária estadual de Infraestrutura, Meio Ambiente e Logística, Natália Resende defende que privatização da Sabesp não acarreta em aumento tarifário.  Foto: Taba Benedicto/ Estadão

Como aconteceu a fusão da secretaria de Transporte e Logística com a de Infraestrutura e Meio Ambiente e quais são as prioridades da nova pasta?

Hoje temos quatro subsecretarias ligadas por um núcleo de sustentabilidade (e mudanças climáticas) e um de compliance: meio ambiente; recursos hídricos e saneamento básico; energia e mineração; e logística e transporte. A secretaria executiva é transversal. A subsecretaria de Logística (por exemplo) vai focar em uma parte mais estruturante. A nossa matriz origem-destino está desatualizada e ela considera muito o modo rodoviário. A gente quer trazer para ela o ferroviário e o hidroviário e estudar onde é que tem carga, demanda e oferta para conseguir fazer parcerias, por exemplo, para as balsas, que têm uma estrutura precária.

Antes não existia compliance na pasta?

O que tinha era uma espécie de controle interno de recepção e encaminhamento de demanda de órgãos de controle. A gente quer fazer um programa robusto de compliance, porque é importante tanto para dentro, para a gente ter uma supervisão dos projetos em conformidade com a normatização, quanto para fora, porque isso passa uma mensagem muito importante para investidor. O que acontece em órgãos públicos, muitas vezes, é que as informações ficam muito nas pessoas e as informações têm que ser institucionais.

Há uma preocupação com controle de gastos e superfaturamento?

Essa parte do compliance envolve tudo, envolve gasto público, orçamento, acompanhamento constante das ações, dos dispêndios e é por isso também que é importante transparência. A gente vai ter um acompanhamento semanal dessas ações, desses projetos. A minha ideia é que esse núcleo tenha um check list de projetos estratégicos para monitoramento, supervisão e gestão de riscos.

A reforma administrativa proposta pelo governador afeta a secretaria?

Essa reforma vai ser muito importante. Quando a gente chegou, viu uma estrutura muito precária da administração direta e algumas irregularidades também, que isso a gente já vem conversando com o Tribunal de Contas, de funcionários de administração indireta de empresas vinculadas prestando serviço aqui. Ganhando mais, porque a administração indireta paga mais do que a direta. Então isso é uma coisa que a gente vai regularizar. E é importante valorização de quadros técnicos com bagagem e experiência.

No centro da discussão sobre parcerias e desestatização está a Sabesp. Hoje o governo avalia qual modelo para a empresa?

Nos 100 primeiros dias a ideia é fazer contratação dos estudos. A gente tem o feeling da Eletrobras por tudo que a gente acompanhou, com a peculiaridade que é o saneamento no Brasil. A particularidade do setor de águas começa até em questão de competência. Para ter o ganho do valor que a gente quer antecipar de investimento, a gente vai conversar com os municípios, porque eles têm os contratos de programas que é um grande ativo da Sabesp.

O que pode ser importado do modelo Eletrobras?

(A Sabesp) Já tem uma grande parte que está listado em bolsa. O pessoal fala assim: se é privatização, o Estado vai sair completamente. E não é isso. O que a gente pode fazer é diluir essas ações na lógica da Eletrobras, ou seja, aumentar a quantidade de ações do privado, mas permanecer com o que a gente chama do golden share, por exemplo, que significa: em decisões estratégicas o Estado permanece com poder de voto.

Mesmo perdendo o controle acionário?

Perde o controle acionário mas permanece com o poder de veto, digamos, em relação a assuntos estratégicos. Exemplo é a questão dos investimentos em locais em que ainda não chegou o saneamento. Então isso é um assunto estratégico para o Estado que muitas vezes o privado vai olhar e falar ‘onde que para mim é mais rentável fazer o investimento’, mas para o Estado todo local é importante.

Isso vai atrair o privado, se ele não vai ter a palavra final?

O que atrai o privado é o projeto como um todo. A empresa tem muito valor. Às vezes o pessoal foca muito no ativo na empresa e esquece do que é mais importante, que é o serviço. O que a gente está pensando aqui é como melhorar o serviço, com uma tarifa mais módica e atingindo esses locais.

Como o Estado pode garantir a redução no preço da tarifa sem o controle acionário?

Fazendo a modelagem. A gente está falando aqui da prorrogação dos contratos, por exemplo, da Sabesp; de aumentar e antecipar investimento. Quando você aumenta o prazo, você consegue também abaixar a tarifa. Consegue fazer essa essa junção aqui de questões regulatórias para ter esse objetivo final.

Como o cidadão ganha com a desestatização?

(Há um) Ganho de antecipação de investimento da universalização. A gente vai gerar um valor de outorga e pode carimbar de certa forma para fazer projetos indiretos, que podem ser relacionados à drenagem e à despoluição. Cada município tem sua especificidade. É conversar com os prefeitos e mostrar por que que a desestatização pode ser boa para o estado de São Paulo e para o município. Quando a gente faz isso, se precisar eventualmente de alguma aprovação, fica mais fácil.

E qual o ganho para o Estado com a venda da Emae? A empresa tem um valor robusto?

Ela tem um valor bom seja pela potencialidade, porque hoje ela não atinge o potencial que poderia, seja pelos contratos que ela tem. Ela tem muitos imóveis. Então isso tudo vai agregando. Vou olhar o valor hoje, mais de R$ 2 bilhões, mas eu acho que ela vale até mais porque tem essas coisas que às vezes o mercado nem enxerga. E é isso que a gente quer mostrar.

A secretaria de Logística e Transporte sofria um interesse político grande, principalmente o DER. Como vai blindar a pasta destas pressões?

A gente formou uma diretoria muito técnica no DER. O coronel Sergio Codelo é coronel da reserva, e engenheiro. Tem muita experiência. É uma pessoa de confiança do Tarcísio. Muito técnico, tem método, é organizado. A gente formou ali um corpo para valorizar o técnico.

A sra. citou a transversabilidade da sustentabilidade. Quais os projetos nessa área? A despoluição do Rio Tietê é prioridade?

A gente vai fortalecer o protagonismo dela como um todo, tanto na biodiversidade, fiscalização, conservação e restauração ecológica. Quando a gente fala do nosso plano de logística, por exemplo, na secretaria a gente já tem um trabalho desenvolvido de zoneamento ecológico econômico. Quando o pessoal fala que o Meio Ambiente vai ser enfraquecido, de forma alguma. É o contrário. Agora em fevereiro a gente vai lançar um comitê integrado do Tietê, para diagnosticar e fazer um plano conjunto de ações. A primeira chave do sucesso é fazer as coisas integradas. A gente vai fazer um plano de trabalho até considerando a outorga que pode eventualmente usar para despoluição no âmbito da desestatização.

O processo de licenciamento ambiental muda com a inclusão do Meio Ambiente no guarda-chuva de Infraestrutura e Logística?

Toda obra de infraestrutura, seja em concessão, seja obra pública, sempre vai olhar a condicionante ambiental. A Cetesb tem a independência dela pela lei das estatais e a gente sempre vai respeitar muito seu papel. O que é a gente consegue na Cetesb é ter desburocratização e desburocratização não quer dizer facilitação, não é isso. É o que a gente pode aprimorar dos processos hoje para conseguir prestar um serviço melhor, para ter o tempo razoável que a sociedade pede.

Entrevista por Adriana Ferraz

Repórter do Estadão e colunista da Rádio Eldorado. Acompanha a política de São Paulo desde 2006. Escreve às quintas-feiras

Gustavo Queiroz

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