Labirintos da Política

Opinião|Carlos Bolsonaro operava ‘Gabinete do ódio’ comprando brigas até com aliados mesmo sem cargo oficial


Quem acompanhou as ações do vereador nos quatro anos do governo de seu pai não estranhará se ele estiver envolvido na criação ou na operação de uma ‘Abin Paralela’

Por Monica Gugliano

Subiu muitos decibéis a Operação Vigilância Aproximada, deflagrada pela Polícia Federal, ao envolver diretamente o vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, cujos endereços foram alvo de busca e apreensão na manhã de ontem. Carlos é suspeito de participar do esquema ilegal de espionagem montado na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Quem acompanhou as ações do vereador nos quatro anos do governo de seu pai não há de estranhar se ele estiver envolvido na criação ou na operação de uma “Abin Paralela”, utilizando o software espião FirstMile pela Agência. Coordenador e formulador das redes sociais do então candidato Jair Bolsonaro, Carlos ou Carluxo, foi o mentor da estrutura que veio a ser conhecida como o “Gabinete do ódio”, revelado pelo Estadão, que destruiu reputações de inimigos e espalhou fake news durante todo o mandato do pai. E, agora, entre outros indícios, a PF suspeita que as informações ilegais eram usadas por ele para alimentar redes sociais e atingir adversários por meio da engrenagem.

Carlos Bolsonaro sempre teve influência sobre o pai, que resistia a contrariá-lo em razão de quadros depressivos do filho Foto: Pedro Kirilos/Estadão
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Personagem obscuro do governo, Carluxo pensava em ser ministro com o aval do pai, que dizia ver nele todas as qualidades necessárias para a pasta da Secretaria de Imprensa. A lei, porém, impede a nomeação de parentes, e ele não pôde assumir a função. Segundo assessores do Planalto que conviviam com ele, Carlos sempre teve uma personalidade depressiva e brigava com o pai quando contrariado. Bolsonaro, também segundo auxiliares, temia que ele se suicidasse e buscava não desagradar o filho 02.

Mesmo sem um cargo oficial, ele instalou o “Gabinete do ódio” no terceiro andar do Palácio do Planalto, próximo ao local de despacho do seu pai, e fez do lugar a trincheira onde comprou brigas que custaram os cargos de assessores próximos que estavam com Bolsonaro desde a campanha. O primeiro a cair foi o então secretário geral Gustavo Bebianno (1964-2020), aliado de primeira hora de Jair e que, tempos depois de perder o cargo, cunhou a expressão “Abin Paralela”, em uma entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.

Seis meses depois da posse, deixou o cargo o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ministro da Secretaria de Governo. Santos Cruz, a quem estava subordinada a Secretaria de Imprensa, assumiu o cargo exaltando a amizade de 40 anos com Bolsonaro. Saiu, depois de confrontos com a família Bolsonaro - Carluxo, que foi seu algoz, à frente - dizendo que os valores do presidente não coincidiam com os dele.

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No ano seguinte foi a vez do general Otávio do Rêgo Barros, porta-voz da Presidência, que dizia querer profissionalizar a Secom, foi abatido pelo vereador e sua turma do Gabinete do Ódio. Rêgo Barros foi vítima de fake news e de suspeitas de não ser fiel a Bolsonaro. As medidas que implementou, como um café da manhã entre o presidente e jornalistas, foram detonadas por Carluxo, que sempre recomendou ao pai a comunicação direta com seus eleitores e apoiadores, por meio de lives ou de declarações que o presidente dava na porta do Palácio do Alvorada.

Amigo do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, Carluxo, segundo os investigadores, pode ter se valido do Centro de Inteligência Nacional (CIN) - criado por Ramagem - para pedir relatórios utilizando o FirstMile em favor da família. Na semana passada foram expedidos mandados de busca e apreensão contra Ramagem, diretor da agência na época em que o uso ilegal do software teria ocorrido.

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Outro ex-integrante do chamado “Gabinete do ódio”, Tércio Arnaud Tomaz, que estava na casa dos Bolsonaro, em Angra dos Reis (RJ), acabou involuntariamente sendo alvo da busca e apreensão da Polícia Federal nesta segunda-feira e teve um laptop e um tablet apreendidos. Arnaud, que hoje é assessor de Jair Bolsonaro, também é muito próximo da família.

A família Bolsonaro, que dava como certo que Ramagem poderia enfrentar o atual prefeito Eduardo Paes na eleição municipal, terá que rever seus projetos. Até agora, não é possível dizer o que resultará das investigações da Polícia Federal, depois de extrair os dados de tantos computadores, celulares e tablets apreendidos. Mas, pelo visto, nada de bom sairá dali para o futuro político do clã.

Subiu muitos decibéis a Operação Vigilância Aproximada, deflagrada pela Polícia Federal, ao envolver diretamente o vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, cujos endereços foram alvo de busca e apreensão na manhã de ontem. Carlos é suspeito de participar do esquema ilegal de espionagem montado na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Quem acompanhou as ações do vereador nos quatro anos do governo de seu pai não há de estranhar se ele estiver envolvido na criação ou na operação de uma “Abin Paralela”, utilizando o software espião FirstMile pela Agência. Coordenador e formulador das redes sociais do então candidato Jair Bolsonaro, Carlos ou Carluxo, foi o mentor da estrutura que veio a ser conhecida como o “Gabinete do ódio”, revelado pelo Estadão, que destruiu reputações de inimigos e espalhou fake news durante todo o mandato do pai. E, agora, entre outros indícios, a PF suspeita que as informações ilegais eram usadas por ele para alimentar redes sociais e atingir adversários por meio da engrenagem.

Carlos Bolsonaro sempre teve influência sobre o pai, que resistia a contrariá-lo em razão de quadros depressivos do filho Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Personagem obscuro do governo, Carluxo pensava em ser ministro com o aval do pai, que dizia ver nele todas as qualidades necessárias para a pasta da Secretaria de Imprensa. A lei, porém, impede a nomeação de parentes, e ele não pôde assumir a função. Segundo assessores do Planalto que conviviam com ele, Carlos sempre teve uma personalidade depressiva e brigava com o pai quando contrariado. Bolsonaro, também segundo auxiliares, temia que ele se suicidasse e buscava não desagradar o filho 02.

Mesmo sem um cargo oficial, ele instalou o “Gabinete do ódio” no terceiro andar do Palácio do Planalto, próximo ao local de despacho do seu pai, e fez do lugar a trincheira onde comprou brigas que custaram os cargos de assessores próximos que estavam com Bolsonaro desde a campanha. O primeiro a cair foi o então secretário geral Gustavo Bebianno (1964-2020), aliado de primeira hora de Jair e que, tempos depois de perder o cargo, cunhou a expressão “Abin Paralela”, em uma entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.

Seis meses depois da posse, deixou o cargo o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ministro da Secretaria de Governo. Santos Cruz, a quem estava subordinada a Secretaria de Imprensa, assumiu o cargo exaltando a amizade de 40 anos com Bolsonaro. Saiu, depois de confrontos com a família Bolsonaro - Carluxo, que foi seu algoz, à frente - dizendo que os valores do presidente não coincidiam com os dele.

No ano seguinte foi a vez do general Otávio do Rêgo Barros, porta-voz da Presidência, que dizia querer profissionalizar a Secom, foi abatido pelo vereador e sua turma do Gabinete do Ódio. Rêgo Barros foi vítima de fake news e de suspeitas de não ser fiel a Bolsonaro. As medidas que implementou, como um café da manhã entre o presidente e jornalistas, foram detonadas por Carluxo, que sempre recomendou ao pai a comunicação direta com seus eleitores e apoiadores, por meio de lives ou de declarações que o presidente dava na porta do Palácio do Alvorada.

Amigo do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, Carluxo, segundo os investigadores, pode ter se valido do Centro de Inteligência Nacional (CIN) - criado por Ramagem - para pedir relatórios utilizando o FirstMile em favor da família. Na semana passada foram expedidos mandados de busca e apreensão contra Ramagem, diretor da agência na época em que o uso ilegal do software teria ocorrido.

Outro ex-integrante do chamado “Gabinete do ódio”, Tércio Arnaud Tomaz, que estava na casa dos Bolsonaro, em Angra dos Reis (RJ), acabou involuntariamente sendo alvo da busca e apreensão da Polícia Federal nesta segunda-feira e teve um laptop e um tablet apreendidos. Arnaud, que hoje é assessor de Jair Bolsonaro, também é muito próximo da família.

A família Bolsonaro, que dava como certo que Ramagem poderia enfrentar o atual prefeito Eduardo Paes na eleição municipal, terá que rever seus projetos. Até agora, não é possível dizer o que resultará das investigações da Polícia Federal, depois de extrair os dados de tantos computadores, celulares e tablets apreendidos. Mas, pelo visto, nada de bom sairá dali para o futuro político do clã.

Subiu muitos decibéis a Operação Vigilância Aproximada, deflagrada pela Polícia Federal, ao envolver diretamente o vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, cujos endereços foram alvo de busca e apreensão na manhã de ontem. Carlos é suspeito de participar do esquema ilegal de espionagem montado na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Quem acompanhou as ações do vereador nos quatro anos do governo de seu pai não há de estranhar se ele estiver envolvido na criação ou na operação de uma “Abin Paralela”, utilizando o software espião FirstMile pela Agência. Coordenador e formulador das redes sociais do então candidato Jair Bolsonaro, Carlos ou Carluxo, foi o mentor da estrutura que veio a ser conhecida como o “Gabinete do ódio”, revelado pelo Estadão, que destruiu reputações de inimigos e espalhou fake news durante todo o mandato do pai. E, agora, entre outros indícios, a PF suspeita que as informações ilegais eram usadas por ele para alimentar redes sociais e atingir adversários por meio da engrenagem.

Carlos Bolsonaro sempre teve influência sobre o pai, que resistia a contrariá-lo em razão de quadros depressivos do filho Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Personagem obscuro do governo, Carluxo pensava em ser ministro com o aval do pai, que dizia ver nele todas as qualidades necessárias para a pasta da Secretaria de Imprensa. A lei, porém, impede a nomeação de parentes, e ele não pôde assumir a função. Segundo assessores do Planalto que conviviam com ele, Carlos sempre teve uma personalidade depressiva e brigava com o pai quando contrariado. Bolsonaro, também segundo auxiliares, temia que ele se suicidasse e buscava não desagradar o filho 02.

Mesmo sem um cargo oficial, ele instalou o “Gabinete do ódio” no terceiro andar do Palácio do Planalto, próximo ao local de despacho do seu pai, e fez do lugar a trincheira onde comprou brigas que custaram os cargos de assessores próximos que estavam com Bolsonaro desde a campanha. O primeiro a cair foi o então secretário geral Gustavo Bebianno (1964-2020), aliado de primeira hora de Jair e que, tempos depois de perder o cargo, cunhou a expressão “Abin Paralela”, em uma entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.

Seis meses depois da posse, deixou o cargo o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ministro da Secretaria de Governo. Santos Cruz, a quem estava subordinada a Secretaria de Imprensa, assumiu o cargo exaltando a amizade de 40 anos com Bolsonaro. Saiu, depois de confrontos com a família Bolsonaro - Carluxo, que foi seu algoz, à frente - dizendo que os valores do presidente não coincidiam com os dele.

No ano seguinte foi a vez do general Otávio do Rêgo Barros, porta-voz da Presidência, que dizia querer profissionalizar a Secom, foi abatido pelo vereador e sua turma do Gabinete do Ódio. Rêgo Barros foi vítima de fake news e de suspeitas de não ser fiel a Bolsonaro. As medidas que implementou, como um café da manhã entre o presidente e jornalistas, foram detonadas por Carluxo, que sempre recomendou ao pai a comunicação direta com seus eleitores e apoiadores, por meio de lives ou de declarações que o presidente dava na porta do Palácio do Alvorada.

Amigo do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, Carluxo, segundo os investigadores, pode ter se valido do Centro de Inteligência Nacional (CIN) - criado por Ramagem - para pedir relatórios utilizando o FirstMile em favor da família. Na semana passada foram expedidos mandados de busca e apreensão contra Ramagem, diretor da agência na época em que o uso ilegal do software teria ocorrido.

Outro ex-integrante do chamado “Gabinete do ódio”, Tércio Arnaud Tomaz, que estava na casa dos Bolsonaro, em Angra dos Reis (RJ), acabou involuntariamente sendo alvo da busca e apreensão da Polícia Federal nesta segunda-feira e teve um laptop e um tablet apreendidos. Arnaud, que hoje é assessor de Jair Bolsonaro, também é muito próximo da família.

A família Bolsonaro, que dava como certo que Ramagem poderia enfrentar o atual prefeito Eduardo Paes na eleição municipal, terá que rever seus projetos. Até agora, não é possível dizer o que resultará das investigações da Polícia Federal, depois de extrair os dados de tantos computadores, celulares e tablets apreendidos. Mas, pelo visto, nada de bom sairá dali para o futuro político do clã.

Subiu muitos decibéis a Operação Vigilância Aproximada, deflagrada pela Polícia Federal, ao envolver diretamente o vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, cujos endereços foram alvo de busca e apreensão na manhã de ontem. Carlos é suspeito de participar do esquema ilegal de espionagem montado na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Quem acompanhou as ações do vereador nos quatro anos do governo de seu pai não há de estranhar se ele estiver envolvido na criação ou na operação de uma “Abin Paralela”, utilizando o software espião FirstMile pela Agência. Coordenador e formulador das redes sociais do então candidato Jair Bolsonaro, Carlos ou Carluxo, foi o mentor da estrutura que veio a ser conhecida como o “Gabinete do ódio”, revelado pelo Estadão, que destruiu reputações de inimigos e espalhou fake news durante todo o mandato do pai. E, agora, entre outros indícios, a PF suspeita que as informações ilegais eram usadas por ele para alimentar redes sociais e atingir adversários por meio da engrenagem.

Carlos Bolsonaro sempre teve influência sobre o pai, que resistia a contrariá-lo em razão de quadros depressivos do filho Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Personagem obscuro do governo, Carluxo pensava em ser ministro com o aval do pai, que dizia ver nele todas as qualidades necessárias para a pasta da Secretaria de Imprensa. A lei, porém, impede a nomeação de parentes, e ele não pôde assumir a função. Segundo assessores do Planalto que conviviam com ele, Carlos sempre teve uma personalidade depressiva e brigava com o pai quando contrariado. Bolsonaro, também segundo auxiliares, temia que ele se suicidasse e buscava não desagradar o filho 02.

Mesmo sem um cargo oficial, ele instalou o “Gabinete do ódio” no terceiro andar do Palácio do Planalto, próximo ao local de despacho do seu pai, e fez do lugar a trincheira onde comprou brigas que custaram os cargos de assessores próximos que estavam com Bolsonaro desde a campanha. O primeiro a cair foi o então secretário geral Gustavo Bebianno (1964-2020), aliado de primeira hora de Jair e que, tempos depois de perder o cargo, cunhou a expressão “Abin Paralela”, em uma entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.

Seis meses depois da posse, deixou o cargo o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ministro da Secretaria de Governo. Santos Cruz, a quem estava subordinada a Secretaria de Imprensa, assumiu o cargo exaltando a amizade de 40 anos com Bolsonaro. Saiu, depois de confrontos com a família Bolsonaro - Carluxo, que foi seu algoz, à frente - dizendo que os valores do presidente não coincidiam com os dele.

No ano seguinte foi a vez do general Otávio do Rêgo Barros, porta-voz da Presidência, que dizia querer profissionalizar a Secom, foi abatido pelo vereador e sua turma do Gabinete do Ódio. Rêgo Barros foi vítima de fake news e de suspeitas de não ser fiel a Bolsonaro. As medidas que implementou, como um café da manhã entre o presidente e jornalistas, foram detonadas por Carluxo, que sempre recomendou ao pai a comunicação direta com seus eleitores e apoiadores, por meio de lives ou de declarações que o presidente dava na porta do Palácio do Alvorada.

Amigo do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, Carluxo, segundo os investigadores, pode ter se valido do Centro de Inteligência Nacional (CIN) - criado por Ramagem - para pedir relatórios utilizando o FirstMile em favor da família. Na semana passada foram expedidos mandados de busca e apreensão contra Ramagem, diretor da agência na época em que o uso ilegal do software teria ocorrido.

Outro ex-integrante do chamado “Gabinete do ódio”, Tércio Arnaud Tomaz, que estava na casa dos Bolsonaro, em Angra dos Reis (RJ), acabou involuntariamente sendo alvo da busca e apreensão da Polícia Federal nesta segunda-feira e teve um laptop e um tablet apreendidos. Arnaud, que hoje é assessor de Jair Bolsonaro, também é muito próximo da família.

A família Bolsonaro, que dava como certo que Ramagem poderia enfrentar o atual prefeito Eduardo Paes na eleição municipal, terá que rever seus projetos. Até agora, não é possível dizer o que resultará das investigações da Polícia Federal, depois de extrair os dados de tantos computadores, celulares e tablets apreendidos. Mas, pelo visto, nada de bom sairá dali para o futuro político do clã.

Subiu muitos decibéis a Operação Vigilância Aproximada, deflagrada pela Polícia Federal, ao envolver diretamente o vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, cujos endereços foram alvo de busca e apreensão na manhã de ontem. Carlos é suspeito de participar do esquema ilegal de espionagem montado na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Quem acompanhou as ações do vereador nos quatro anos do governo de seu pai não há de estranhar se ele estiver envolvido na criação ou na operação de uma “Abin Paralela”, utilizando o software espião FirstMile pela Agência. Coordenador e formulador das redes sociais do então candidato Jair Bolsonaro, Carlos ou Carluxo, foi o mentor da estrutura que veio a ser conhecida como o “Gabinete do ódio”, revelado pelo Estadão, que destruiu reputações de inimigos e espalhou fake news durante todo o mandato do pai. E, agora, entre outros indícios, a PF suspeita que as informações ilegais eram usadas por ele para alimentar redes sociais e atingir adversários por meio da engrenagem.

Carlos Bolsonaro sempre teve influência sobre o pai, que resistia a contrariá-lo em razão de quadros depressivos do filho Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Personagem obscuro do governo, Carluxo pensava em ser ministro com o aval do pai, que dizia ver nele todas as qualidades necessárias para a pasta da Secretaria de Imprensa. A lei, porém, impede a nomeação de parentes, e ele não pôde assumir a função. Segundo assessores do Planalto que conviviam com ele, Carlos sempre teve uma personalidade depressiva e brigava com o pai quando contrariado. Bolsonaro, também segundo auxiliares, temia que ele se suicidasse e buscava não desagradar o filho 02.

Mesmo sem um cargo oficial, ele instalou o “Gabinete do ódio” no terceiro andar do Palácio do Planalto, próximo ao local de despacho do seu pai, e fez do lugar a trincheira onde comprou brigas que custaram os cargos de assessores próximos que estavam com Bolsonaro desde a campanha. O primeiro a cair foi o então secretário geral Gustavo Bebianno (1964-2020), aliado de primeira hora de Jair e que, tempos depois de perder o cargo, cunhou a expressão “Abin Paralela”, em uma entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.

Seis meses depois da posse, deixou o cargo o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ministro da Secretaria de Governo. Santos Cruz, a quem estava subordinada a Secretaria de Imprensa, assumiu o cargo exaltando a amizade de 40 anos com Bolsonaro. Saiu, depois de confrontos com a família Bolsonaro - Carluxo, que foi seu algoz, à frente - dizendo que os valores do presidente não coincidiam com os dele.

No ano seguinte foi a vez do general Otávio do Rêgo Barros, porta-voz da Presidência, que dizia querer profissionalizar a Secom, foi abatido pelo vereador e sua turma do Gabinete do Ódio. Rêgo Barros foi vítima de fake news e de suspeitas de não ser fiel a Bolsonaro. As medidas que implementou, como um café da manhã entre o presidente e jornalistas, foram detonadas por Carluxo, que sempre recomendou ao pai a comunicação direta com seus eleitores e apoiadores, por meio de lives ou de declarações que o presidente dava na porta do Palácio do Alvorada.

Amigo do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, Carluxo, segundo os investigadores, pode ter se valido do Centro de Inteligência Nacional (CIN) - criado por Ramagem - para pedir relatórios utilizando o FirstMile em favor da família. Na semana passada foram expedidos mandados de busca e apreensão contra Ramagem, diretor da agência na época em que o uso ilegal do software teria ocorrido.

Outro ex-integrante do chamado “Gabinete do ódio”, Tércio Arnaud Tomaz, que estava na casa dos Bolsonaro, em Angra dos Reis (RJ), acabou involuntariamente sendo alvo da busca e apreensão da Polícia Federal nesta segunda-feira e teve um laptop e um tablet apreendidos. Arnaud, que hoje é assessor de Jair Bolsonaro, também é muito próximo da família.

A família Bolsonaro, que dava como certo que Ramagem poderia enfrentar o atual prefeito Eduardo Paes na eleição municipal, terá que rever seus projetos. Até agora, não é possível dizer o que resultará das investigações da Polícia Federal, depois de extrair os dados de tantos computadores, celulares e tablets apreendidos. Mas, pelo visto, nada de bom sairá dali para o futuro político do clã.

Opinião por Monica Gugliano

É repórter de Política do Estadão. Escreve às terças-feiras

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