Labirintos da Política

Opinião|Com a oposição e os sindicatos nas ruas, não há lua de mel para Javier Milei na Argentina


Cenário argentino vem sendo acompanhado com preocupação pelo governo brasileiro, já às voltas com os problemas criados pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro

Por Monica Gugliano
Atualização:

A tradição política no Brasil concede ao vencedor da eleição presidencial uma espécie de “lua de mel”. É um período, que pode durar vários meses, durante o qual é outorgada ao eleito uma certa condescendência do eleitorado e, por consequência, do Congresso Nacional, que não pretende se indispor com um governante em pleno gozo de uma boa aprovação popular. Costuma-se até recomendar ao mandatário que aproveite esses dias para aprovar medidas mais duras ou impopulares.

Não houve lua de mel para o presidente argentino, o ultradireitista Javier Milei que, venceu a eleição em 20 das 23 províncias argentinas com quase 56% do total de votos. Desde sua posse, nos primeiros dias de dezembro, vem enfrentando protestos e manifestações quase que diárias da oposição contra suas medidas. Fosse pouco, o horizonte não lhe é favorável e prevê mais dias de instabilidade, um fato que em um país com o peso da Argentina no continente causa preocupação aos vizinhos.

Manifestantes protestam contra medidas do governo de Javier Milei na Argentina Foto: Rodrigo Abd/AP Photo
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A poderosa CGT, ligada ao peronismo, está iniciando a convocação junto aos seus 62 associados e chamando outras entidades sindicais para uma greve geral no final de janeiro. Desde 2019 que nada parecido acontece na Argentina e, neste caso, deverá ocorrer sob o protocolo antibloqueios decretado por Milei, um conjunto de dez novas regras que permitem as manifestações em calçadas e praças, mas não o bloqueio de avenidas e estradas.

Os argentinos estão nas ruas reclamando contra o Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) que, entre outros pontos, desregulamenta o serviço de internet via satélite e a medicina privada, flexibiliza o mercado de trabalho, autoriza a privatização de empresas e revoga a lei dos aluguéis. Também estão sendo demitidos cerca de 7 mil servidores públicos, o peso foi desvalorizado e os preços continuam subindo alucinadamente.

Milei tentou justificar suas medidas nos votos de “Feliz 2024″ que gravou em um vídeo para os argentinos, exibido na noite do sábado 30. Há pouco mais de 20 dias no cargo, ele falou dos cortes de subsídios, redução do Estado e do número de ministérios e restrições a protestos. E, contrariando o tom das mensagens de fim de ano, avisou: a população deve estar preparada para o pior.

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Javier Milei tem enfrentado protestos em meio a decisões no início de seu governo Foto: Stringer/Reuters

O presidente argentino pretende, ainda, governar sem a necessidade de aprovação legislativa ante uma situação de emergência pública. Ele não tem maioria no Legislativo. Se aprovado, o conjunto de leis dará ‘superpoderes’ ao ultradireitista, que pretende levar o país em ‘situação de emergência’ até o final do seu mandato. Mas se não for, ele já anunciou que poderá fazer um plebiscito.

O cenário argentino vem sendo acompanhado com preocupação pelo governo brasileiro, já às voltas com os problemas criados pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro. Ele fez um plebiscito e resolveu apropriar-se de dois terços da Guiana Inglesa, especificamente a província de Essequibo, rica em petróleo que vem sendo explorado pela americana Exxon Móbil.

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Na sexta-feira passada, em nota, o Ministério das Relações Exteriores disse ver com apreensão os últimos desdobramentos da disputa pela região. Embora já tenha havido uma rodada de conversas (está prevista outra no Brasil) com a presença de, entre outros, autoridades da Guiana, da Venezuela, do Brasil, continuam acontecendo manifestações militares na fronteira. A última delas foi a decisão de Maduro de iniciar exercícios militares no continente depois que o Reino Unido decidiu enviar um navio - que já estava no mar do Caribe - para a costa da Guiana.

De acordo com diplomatas que tem acompanhado a situação, por enquanto, tudo parece estar sob controle. Mas não é bom para o Brasil estar no meio de dois países importantes em conflito interno ou externo, na medida em que isso pode acabar se refletindo, de uma forma ou de outra, no país.

A tradição política no Brasil concede ao vencedor da eleição presidencial uma espécie de “lua de mel”. É um período, que pode durar vários meses, durante o qual é outorgada ao eleito uma certa condescendência do eleitorado e, por consequência, do Congresso Nacional, que não pretende se indispor com um governante em pleno gozo de uma boa aprovação popular. Costuma-se até recomendar ao mandatário que aproveite esses dias para aprovar medidas mais duras ou impopulares.

Não houve lua de mel para o presidente argentino, o ultradireitista Javier Milei que, venceu a eleição em 20 das 23 províncias argentinas com quase 56% do total de votos. Desde sua posse, nos primeiros dias de dezembro, vem enfrentando protestos e manifestações quase que diárias da oposição contra suas medidas. Fosse pouco, o horizonte não lhe é favorável e prevê mais dias de instabilidade, um fato que em um país com o peso da Argentina no continente causa preocupação aos vizinhos.

Manifestantes protestam contra medidas do governo de Javier Milei na Argentina Foto: Rodrigo Abd/AP Photo

A poderosa CGT, ligada ao peronismo, está iniciando a convocação junto aos seus 62 associados e chamando outras entidades sindicais para uma greve geral no final de janeiro. Desde 2019 que nada parecido acontece na Argentina e, neste caso, deverá ocorrer sob o protocolo antibloqueios decretado por Milei, um conjunto de dez novas regras que permitem as manifestações em calçadas e praças, mas não o bloqueio de avenidas e estradas.

Os argentinos estão nas ruas reclamando contra o Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) que, entre outros pontos, desregulamenta o serviço de internet via satélite e a medicina privada, flexibiliza o mercado de trabalho, autoriza a privatização de empresas e revoga a lei dos aluguéis. Também estão sendo demitidos cerca de 7 mil servidores públicos, o peso foi desvalorizado e os preços continuam subindo alucinadamente.

Milei tentou justificar suas medidas nos votos de “Feliz 2024″ que gravou em um vídeo para os argentinos, exibido na noite do sábado 30. Há pouco mais de 20 dias no cargo, ele falou dos cortes de subsídios, redução do Estado e do número de ministérios e restrições a protestos. E, contrariando o tom das mensagens de fim de ano, avisou: a população deve estar preparada para o pior.

Javier Milei tem enfrentado protestos em meio a decisões no início de seu governo Foto: Stringer/Reuters

O presidente argentino pretende, ainda, governar sem a necessidade de aprovação legislativa ante uma situação de emergência pública. Ele não tem maioria no Legislativo. Se aprovado, o conjunto de leis dará ‘superpoderes’ ao ultradireitista, que pretende levar o país em ‘situação de emergência’ até o final do seu mandato. Mas se não for, ele já anunciou que poderá fazer um plebiscito.

O cenário argentino vem sendo acompanhado com preocupação pelo governo brasileiro, já às voltas com os problemas criados pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro. Ele fez um plebiscito e resolveu apropriar-se de dois terços da Guiana Inglesa, especificamente a província de Essequibo, rica em petróleo que vem sendo explorado pela americana Exxon Móbil.

Na sexta-feira passada, em nota, o Ministério das Relações Exteriores disse ver com apreensão os últimos desdobramentos da disputa pela região. Embora já tenha havido uma rodada de conversas (está prevista outra no Brasil) com a presença de, entre outros, autoridades da Guiana, da Venezuela, do Brasil, continuam acontecendo manifestações militares na fronteira. A última delas foi a decisão de Maduro de iniciar exercícios militares no continente depois que o Reino Unido decidiu enviar um navio - que já estava no mar do Caribe - para a costa da Guiana.

De acordo com diplomatas que tem acompanhado a situação, por enquanto, tudo parece estar sob controle. Mas não é bom para o Brasil estar no meio de dois países importantes em conflito interno ou externo, na medida em que isso pode acabar se refletindo, de uma forma ou de outra, no país.

A tradição política no Brasil concede ao vencedor da eleição presidencial uma espécie de “lua de mel”. É um período, que pode durar vários meses, durante o qual é outorgada ao eleito uma certa condescendência do eleitorado e, por consequência, do Congresso Nacional, que não pretende se indispor com um governante em pleno gozo de uma boa aprovação popular. Costuma-se até recomendar ao mandatário que aproveite esses dias para aprovar medidas mais duras ou impopulares.

Não houve lua de mel para o presidente argentino, o ultradireitista Javier Milei que, venceu a eleição em 20 das 23 províncias argentinas com quase 56% do total de votos. Desde sua posse, nos primeiros dias de dezembro, vem enfrentando protestos e manifestações quase que diárias da oposição contra suas medidas. Fosse pouco, o horizonte não lhe é favorável e prevê mais dias de instabilidade, um fato que em um país com o peso da Argentina no continente causa preocupação aos vizinhos.

Manifestantes protestam contra medidas do governo de Javier Milei na Argentina Foto: Rodrigo Abd/AP Photo

A poderosa CGT, ligada ao peronismo, está iniciando a convocação junto aos seus 62 associados e chamando outras entidades sindicais para uma greve geral no final de janeiro. Desde 2019 que nada parecido acontece na Argentina e, neste caso, deverá ocorrer sob o protocolo antibloqueios decretado por Milei, um conjunto de dez novas regras que permitem as manifestações em calçadas e praças, mas não o bloqueio de avenidas e estradas.

Os argentinos estão nas ruas reclamando contra o Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) que, entre outros pontos, desregulamenta o serviço de internet via satélite e a medicina privada, flexibiliza o mercado de trabalho, autoriza a privatização de empresas e revoga a lei dos aluguéis. Também estão sendo demitidos cerca de 7 mil servidores públicos, o peso foi desvalorizado e os preços continuam subindo alucinadamente.

Milei tentou justificar suas medidas nos votos de “Feliz 2024″ que gravou em um vídeo para os argentinos, exibido na noite do sábado 30. Há pouco mais de 20 dias no cargo, ele falou dos cortes de subsídios, redução do Estado e do número de ministérios e restrições a protestos. E, contrariando o tom das mensagens de fim de ano, avisou: a população deve estar preparada para o pior.

Javier Milei tem enfrentado protestos em meio a decisões no início de seu governo Foto: Stringer/Reuters

O presidente argentino pretende, ainda, governar sem a necessidade de aprovação legislativa ante uma situação de emergência pública. Ele não tem maioria no Legislativo. Se aprovado, o conjunto de leis dará ‘superpoderes’ ao ultradireitista, que pretende levar o país em ‘situação de emergência’ até o final do seu mandato. Mas se não for, ele já anunciou que poderá fazer um plebiscito.

O cenário argentino vem sendo acompanhado com preocupação pelo governo brasileiro, já às voltas com os problemas criados pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro. Ele fez um plebiscito e resolveu apropriar-se de dois terços da Guiana Inglesa, especificamente a província de Essequibo, rica em petróleo que vem sendo explorado pela americana Exxon Móbil.

Na sexta-feira passada, em nota, o Ministério das Relações Exteriores disse ver com apreensão os últimos desdobramentos da disputa pela região. Embora já tenha havido uma rodada de conversas (está prevista outra no Brasil) com a presença de, entre outros, autoridades da Guiana, da Venezuela, do Brasil, continuam acontecendo manifestações militares na fronteira. A última delas foi a decisão de Maduro de iniciar exercícios militares no continente depois que o Reino Unido decidiu enviar um navio - que já estava no mar do Caribe - para a costa da Guiana.

De acordo com diplomatas que tem acompanhado a situação, por enquanto, tudo parece estar sob controle. Mas não é bom para o Brasil estar no meio de dois países importantes em conflito interno ou externo, na medida em que isso pode acabar se refletindo, de uma forma ou de outra, no país.

Opinião por Monica Gugliano

É repórter de Política do Estadão. Escreve às terças-feiras

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