Labirintos da Política

Opinião|Cúpula militar se revolta com maneira com que se dá inclusão da Defesa nos cortes do governo Lula


Oficiais se sentiram traídos porque, segundo disseram, nunca foi aventado com eles que entrariam nos cortes, e apontam que discussão teria se dado na surdina para virar “fato consumado”

Por Monica Gugliano

Não fosse o assunto já não ser dos mais palatáveis, os militares foram completamente surpreendidos pela notícia de que pode haver mudanças no sistema previdenciário deles, conforme decisão do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, seguindo determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na semana passada, Haddad havia dito que Lula pedira a inclusão de mais uma pasta no esforço de cortes de gastos. Apontou-se depois que seria a Defesa, e a informação, mais do que contrariar, revoltou a cúpula das Forças Armadas. Na verdade, diante do esforço para ajustar as contas e diminuir o déficit fiscal, todos devem contribuir. É óbvio que ninguém quer pagar esse boleto. Mas o Brasil não tem condições de continuar convivendo com esse rombo nas contas públicas.

Os oficiais se sentiram traídos porque, segundo disseram, nunca foi aventado com eles que entrariam nos cortes. Eles dizem desconhecer os números que pipocam aqui e ali na imprensa. “Aceitamos estudar mudanças pontuais e discutir propostas. Mas parece que foi feito na surdina para que fosse considerado um fato consumado”, criticou um dos oficiais que participou das reuniões, entre elas com o ministro da Defesa, que ontem consumiram o dia entre cálculos e reclamações”.

Inclusão da Defesa no pacote do corte de gastos foi determinada por Lula a Fernando Haddad Foto: Wilton Junior/Estadão
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Há no meio militar uma convicção, não exatamente explícita, de que o PT e os demais partidos desse mesmo campo não gostam deles. Isto é, além de ainda não terem engolido o golpe de 1964, a anistia que consideram ter beneficiado apenas os militares, e, por fim, a tentativa de golpe de 8 de janeiro, veem os fardados com privilégios negados a outras categorias. Os militares, por sua vez, acham que, diferentemente dos civis, eles trabalham mais, se mudam de cidade constantemente, vão para lugares onde ninguém mais quer ir.

Para efeito de comparação, eles apontam outras carreiras de Estado. Quase sempre o Poder Judiciário que, na opinião dos militares, têm supersalários, férias várias vezes por ano etc. E, lembram que, em 2019, ainda no governo Bolsonaro, o Sistema de Proteção Social dos Militares das Forças Armas foi reformado, e, com a reforma na carreira, eles passaram a contribuir durante mais tempo e com uma alíquota maior.

Entretanto, em meio ao dilema salarial, está à espreita uma sutileza que vinha sendo conduzida com luvas de pelica pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, que são os inquéritos e sindicâncias da tentativa de golpe do 8 de janeiro de 2023. Parte na Polícia Federal, parte no Supremo Tribunal Federal – com o ministro Alexandre de Moraes - e parte com o procurador-geral da República, Paulo Gonet, os documentos estão praticamente concluídos. Esperava-se apenas o fim do período eleitoral para começar a torná-los públicos e tomar as devidas providências.

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Os quartéis estavam apaziguados e a politicagem do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, fora da caserna. Militares não têm sindicatos, não fazem greve (seria um motim) e aguardavam os resultados das investigações para virar essa página. A página, porém, incluí mais uma contribuição, e sobre isso não há dúvidas. O tamanho da contribuição que terá que sair dos cofres das Forças Armadas, só o ministro Fernando Haddad poderá dizer.

Não fosse o assunto já não ser dos mais palatáveis, os militares foram completamente surpreendidos pela notícia de que pode haver mudanças no sistema previdenciário deles, conforme decisão do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, seguindo determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na semana passada, Haddad havia dito que Lula pedira a inclusão de mais uma pasta no esforço de cortes de gastos. Apontou-se depois que seria a Defesa, e a informação, mais do que contrariar, revoltou a cúpula das Forças Armadas. Na verdade, diante do esforço para ajustar as contas e diminuir o déficit fiscal, todos devem contribuir. É óbvio que ninguém quer pagar esse boleto. Mas o Brasil não tem condições de continuar convivendo com esse rombo nas contas públicas.

Os oficiais se sentiram traídos porque, segundo disseram, nunca foi aventado com eles que entrariam nos cortes. Eles dizem desconhecer os números que pipocam aqui e ali na imprensa. “Aceitamos estudar mudanças pontuais e discutir propostas. Mas parece que foi feito na surdina para que fosse considerado um fato consumado”, criticou um dos oficiais que participou das reuniões, entre elas com o ministro da Defesa, que ontem consumiram o dia entre cálculos e reclamações”.

Inclusão da Defesa no pacote do corte de gastos foi determinada por Lula a Fernando Haddad Foto: Wilton Junior/Estadão

Há no meio militar uma convicção, não exatamente explícita, de que o PT e os demais partidos desse mesmo campo não gostam deles. Isto é, além de ainda não terem engolido o golpe de 1964, a anistia que consideram ter beneficiado apenas os militares, e, por fim, a tentativa de golpe de 8 de janeiro, veem os fardados com privilégios negados a outras categorias. Os militares, por sua vez, acham que, diferentemente dos civis, eles trabalham mais, se mudam de cidade constantemente, vão para lugares onde ninguém mais quer ir.

Para efeito de comparação, eles apontam outras carreiras de Estado. Quase sempre o Poder Judiciário que, na opinião dos militares, têm supersalários, férias várias vezes por ano etc. E, lembram que, em 2019, ainda no governo Bolsonaro, o Sistema de Proteção Social dos Militares das Forças Armas foi reformado, e, com a reforma na carreira, eles passaram a contribuir durante mais tempo e com uma alíquota maior.

Entretanto, em meio ao dilema salarial, está à espreita uma sutileza que vinha sendo conduzida com luvas de pelica pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, que são os inquéritos e sindicâncias da tentativa de golpe do 8 de janeiro de 2023. Parte na Polícia Federal, parte no Supremo Tribunal Federal – com o ministro Alexandre de Moraes - e parte com o procurador-geral da República, Paulo Gonet, os documentos estão praticamente concluídos. Esperava-se apenas o fim do período eleitoral para começar a torná-los públicos e tomar as devidas providências.

Os quartéis estavam apaziguados e a politicagem do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, fora da caserna. Militares não têm sindicatos, não fazem greve (seria um motim) e aguardavam os resultados das investigações para virar essa página. A página, porém, incluí mais uma contribuição, e sobre isso não há dúvidas. O tamanho da contribuição que terá que sair dos cofres das Forças Armadas, só o ministro Fernando Haddad poderá dizer.

Não fosse o assunto já não ser dos mais palatáveis, os militares foram completamente surpreendidos pela notícia de que pode haver mudanças no sistema previdenciário deles, conforme decisão do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, seguindo determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na semana passada, Haddad havia dito que Lula pedira a inclusão de mais uma pasta no esforço de cortes de gastos. Apontou-se depois que seria a Defesa, e a informação, mais do que contrariar, revoltou a cúpula das Forças Armadas. Na verdade, diante do esforço para ajustar as contas e diminuir o déficit fiscal, todos devem contribuir. É óbvio que ninguém quer pagar esse boleto. Mas o Brasil não tem condições de continuar convivendo com esse rombo nas contas públicas.

Os oficiais se sentiram traídos porque, segundo disseram, nunca foi aventado com eles que entrariam nos cortes. Eles dizem desconhecer os números que pipocam aqui e ali na imprensa. “Aceitamos estudar mudanças pontuais e discutir propostas. Mas parece que foi feito na surdina para que fosse considerado um fato consumado”, criticou um dos oficiais que participou das reuniões, entre elas com o ministro da Defesa, que ontem consumiram o dia entre cálculos e reclamações”.

Inclusão da Defesa no pacote do corte de gastos foi determinada por Lula a Fernando Haddad Foto: Wilton Junior/Estadão

Há no meio militar uma convicção, não exatamente explícita, de que o PT e os demais partidos desse mesmo campo não gostam deles. Isto é, além de ainda não terem engolido o golpe de 1964, a anistia que consideram ter beneficiado apenas os militares, e, por fim, a tentativa de golpe de 8 de janeiro, veem os fardados com privilégios negados a outras categorias. Os militares, por sua vez, acham que, diferentemente dos civis, eles trabalham mais, se mudam de cidade constantemente, vão para lugares onde ninguém mais quer ir.

Para efeito de comparação, eles apontam outras carreiras de Estado. Quase sempre o Poder Judiciário que, na opinião dos militares, têm supersalários, férias várias vezes por ano etc. E, lembram que, em 2019, ainda no governo Bolsonaro, o Sistema de Proteção Social dos Militares das Forças Armas foi reformado, e, com a reforma na carreira, eles passaram a contribuir durante mais tempo e com uma alíquota maior.

Entretanto, em meio ao dilema salarial, está à espreita uma sutileza que vinha sendo conduzida com luvas de pelica pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, que são os inquéritos e sindicâncias da tentativa de golpe do 8 de janeiro de 2023. Parte na Polícia Federal, parte no Supremo Tribunal Federal – com o ministro Alexandre de Moraes - e parte com o procurador-geral da República, Paulo Gonet, os documentos estão praticamente concluídos. Esperava-se apenas o fim do período eleitoral para começar a torná-los públicos e tomar as devidas providências.

Os quartéis estavam apaziguados e a politicagem do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, fora da caserna. Militares não têm sindicatos, não fazem greve (seria um motim) e aguardavam os resultados das investigações para virar essa página. A página, porém, incluí mais uma contribuição, e sobre isso não há dúvidas. O tamanho da contribuição que terá que sair dos cofres das Forças Armadas, só o ministro Fernando Haddad poderá dizer.

Opinião por Monica Gugliano

É repórter de Política do Estadão. Escreve às terças-feiras

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