Labirintos da Política

Opinião|Eleger os prefeitos no Rio e São Paulo ficou bem mais difícil do que Bolsonaro esperava


Ex-presidente joga na capital uma disputa de poder com Lula no duelo Nunes e Boulos, e, no Rio, tem dificuldades para viabilizar nome de Ramagem contra Eduardo Paes

Por Monica Gugliano
Atualização:

O ex-presidente Jair Bolsonaro tem tido mais dores de cabeça do que alegrias com os candidatos que escolheu apoiar nas eleições municipais em São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e no Rio, Alexandre Ramagem (PL). Inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro, por razões diferentes, esperava um cenário com menos preocupações nas duas principais capitais brasileiras, onde fez as maiores apostas para conseguir manter seu peso político e sua influência como o principal líder da oposição no País.

Em São Paulo, o prefeito e pré-candidato Ricardo Nunes custou a assumir o apoio do ex-presidente. Em quase tudo que ele faz, especialmente nas entregas de obras e benfeitorias, há sempre uma faixa ou cartazes com o nome do prefeito Bruno Covas (que morreu de câncer durante o mandato) e de quem Nunes herdou o cargo. Nas entrevistas, ele também é comedido ao citar o ex-presidente.

PL de Jair Bolsonaro fechou apoio a Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo Foto: Reprodução/PL
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Nunes pretendia ficar numa posição mais ao centro, mas a pressão, principalmente, do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), fez com que ele concordasse com a aliança com o PL de Bolsonaro. Também a contragosto, aceitou o nome do coronel Ricardo Mello Araújo (PL), escolhido por Bolsonaro, completamente identificado com o ex-presidente.

Mello Araújo não é um nome muito palatável aos partidos que apoiam Nunes, e ele empurrou o anúncio do escolhido por Bolsonaro enquanto foi possível. Entretanto, a entrada em cena do empresário e influenciador Pablo Marçal (PRTB), que resolveu também disputar a eleição municipal, acabou com a indecisão do prefeito. Fiel ao seu estilo de fazer ameaças, Bolsonaro começou a sinalizar que poderia apoiar Marçal se Mello Araújo fosse rejeitado. Nunes acabou concordando. Mas foi Tarcísio de Freitas, e não ele, o candidato, quem anunciou o nome do escolhido para vice.

Em empate técnico nas pesquisas de intenção de voto com o deputado Guilherme Boulos (PSOL), que conta com o apoio de Lula, Nunes não tem como abrir mão de Bolsonaro, embora o peso desse apoio não seja tão decisivo quanto se imaginava. De acordo com o Datafolha do início deste mês, 65% afirmam que não votariam de jeito nenhum em um candidato apoiado pelo ex-presidente. Em maio, o índice era de 61%.

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Bolsonaro joga em São Paulo uma disputa de poder com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Se Nunes conseguir derrotar Boulos – o que as pesquisas sugerem que acontecerá no segundo turno - a vitória é tida por aliados do ex-presidente como um claro sinal de que, ainda que inelegível, Bolsonaro continua sendo o grande e único nome da oposição, e dará um novo ânimo para aqueles que sonham em vê-lo anistiado pelo TSE.

No Rio, entretanto, a situação está à beira do precipício. Na cidade, o confronto não é com Lula. Mas com a própria dinastia que leva o sobrenome do ex-presidente. Foi no Estado que, pouco depois de deixar o Exército, Bolsonaro iniciou sua carreira na política se elegendo vereador, em 1988, até chegar a deputado federal, e da Câmara saltar para o Palácio do Planalto. Foi ali também que dois de seus quatro filhos (Flávio, o mais velho e Carlos, o do meio) seguiram os passos do pai. Flávio é senador e Carlos, vereador. Os outros dois mais novos (Eduardo e Jair Renan) seguem o mesmo caminho. O primeiro é deputado federal por São Paulo, e o segundo concorre a vereador em Balneário Camboriú, Santa Catarina.

Jair Bolsonaro em evento com Ramagem no Rio de Janeiro Foto: Pedro Kirilos/Estadão
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Para Bolsonaro, a derrota que se antevê de seu candidato, o deputado Alexandre Ramagem (PL), ex-diretor da Abin, será simplesmente um vexame. O ex-presidente tinha praticamente certeza de que não seria difícil fazer com que – graças ao seu apoio – ele vencesse a eleição. Ele não contava, porém, com as encrencas na Polícia Federal que envolvem Ramagem e com a vantagem do atual prefeito Eduardo Paes (PSD). Segundo o Datafolha, a administração de Paes é considerada ótima ou boa por 46% dos eleitores e 61% dos que se autodeclaram petistas o aprovam.

Ramagem, ex-chefe da Abin,teve sua candidatura homologada pelo partido em convenção realizada nesta segunda-feira, 22. Ele tem 9% das intenções de voto – Eduardo Paes tem 53% - e foi confirmado mesmo depois da divulgação do inquérito das “rachadinhas”. Muitos pensaram que ele seria deixado de lado, após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirar o sigilo do áudio – gravado pelo próprio Ramagem - da reunião entre o ex-presidente, o general Augusto Heleno (então chefe do Gabinete de Segurança Institucional) que seria mais uma prova da chamada “Abin Paralela”. A investigação faz parte da quarta fase da Operação Última Milha que apura o uso irregular da Abin para favorecer filhos do ex-presidente e monitorar ilegalmente políticos de oposição, ministros do STF, e jornalistas.

O Estadão revelou que o ex-presidente se irritou com Ramagem após a informação de que a Polícia Federal encontrou o áudio . Mas a defesa incisiva que Flávio fez de Ramagem e a amizade do ex-chefe da Abin com Carlos acabaram dissuadindo Bolsonaro a manter uma candidatura que tem tudo para dar errado.

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O ex-presidente Jair Bolsonaro tem tido mais dores de cabeça do que alegrias com os candidatos que escolheu apoiar nas eleições municipais em São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e no Rio, Alexandre Ramagem (PL). Inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro, por razões diferentes, esperava um cenário com menos preocupações nas duas principais capitais brasileiras, onde fez as maiores apostas para conseguir manter seu peso político e sua influência como o principal líder da oposição no País.

Em São Paulo, o prefeito e pré-candidato Ricardo Nunes custou a assumir o apoio do ex-presidente. Em quase tudo que ele faz, especialmente nas entregas de obras e benfeitorias, há sempre uma faixa ou cartazes com o nome do prefeito Bruno Covas (que morreu de câncer durante o mandato) e de quem Nunes herdou o cargo. Nas entrevistas, ele também é comedido ao citar o ex-presidente.

PL de Jair Bolsonaro fechou apoio a Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo Foto: Reprodução/PL

Nunes pretendia ficar numa posição mais ao centro, mas a pressão, principalmente, do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), fez com que ele concordasse com a aliança com o PL de Bolsonaro. Também a contragosto, aceitou o nome do coronel Ricardo Mello Araújo (PL), escolhido por Bolsonaro, completamente identificado com o ex-presidente.

Mello Araújo não é um nome muito palatável aos partidos que apoiam Nunes, e ele empurrou o anúncio do escolhido por Bolsonaro enquanto foi possível. Entretanto, a entrada em cena do empresário e influenciador Pablo Marçal (PRTB), que resolveu também disputar a eleição municipal, acabou com a indecisão do prefeito. Fiel ao seu estilo de fazer ameaças, Bolsonaro começou a sinalizar que poderia apoiar Marçal se Mello Araújo fosse rejeitado. Nunes acabou concordando. Mas foi Tarcísio de Freitas, e não ele, o candidato, quem anunciou o nome do escolhido para vice.

Em empate técnico nas pesquisas de intenção de voto com o deputado Guilherme Boulos (PSOL), que conta com o apoio de Lula, Nunes não tem como abrir mão de Bolsonaro, embora o peso desse apoio não seja tão decisivo quanto se imaginava. De acordo com o Datafolha do início deste mês, 65% afirmam que não votariam de jeito nenhum em um candidato apoiado pelo ex-presidente. Em maio, o índice era de 61%.

Bolsonaro joga em São Paulo uma disputa de poder com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Se Nunes conseguir derrotar Boulos – o que as pesquisas sugerem que acontecerá no segundo turno - a vitória é tida por aliados do ex-presidente como um claro sinal de que, ainda que inelegível, Bolsonaro continua sendo o grande e único nome da oposição, e dará um novo ânimo para aqueles que sonham em vê-lo anistiado pelo TSE.

No Rio, entretanto, a situação está à beira do precipício. Na cidade, o confronto não é com Lula. Mas com a própria dinastia que leva o sobrenome do ex-presidente. Foi no Estado que, pouco depois de deixar o Exército, Bolsonaro iniciou sua carreira na política se elegendo vereador, em 1988, até chegar a deputado federal, e da Câmara saltar para o Palácio do Planalto. Foi ali também que dois de seus quatro filhos (Flávio, o mais velho e Carlos, o do meio) seguiram os passos do pai. Flávio é senador e Carlos, vereador. Os outros dois mais novos (Eduardo e Jair Renan) seguem o mesmo caminho. O primeiro é deputado federal por São Paulo, e o segundo concorre a vereador em Balneário Camboriú, Santa Catarina.

Jair Bolsonaro em evento com Ramagem no Rio de Janeiro Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Para Bolsonaro, a derrota que se antevê de seu candidato, o deputado Alexandre Ramagem (PL), ex-diretor da Abin, será simplesmente um vexame. O ex-presidente tinha praticamente certeza de que não seria difícil fazer com que – graças ao seu apoio – ele vencesse a eleição. Ele não contava, porém, com as encrencas na Polícia Federal que envolvem Ramagem e com a vantagem do atual prefeito Eduardo Paes (PSD). Segundo o Datafolha, a administração de Paes é considerada ótima ou boa por 46% dos eleitores e 61% dos que se autodeclaram petistas o aprovam.

Ramagem, ex-chefe da Abin,teve sua candidatura homologada pelo partido em convenção realizada nesta segunda-feira, 22. Ele tem 9% das intenções de voto – Eduardo Paes tem 53% - e foi confirmado mesmo depois da divulgação do inquérito das “rachadinhas”. Muitos pensaram que ele seria deixado de lado, após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirar o sigilo do áudio – gravado pelo próprio Ramagem - da reunião entre o ex-presidente, o general Augusto Heleno (então chefe do Gabinete de Segurança Institucional) que seria mais uma prova da chamada “Abin Paralela”. A investigação faz parte da quarta fase da Operação Última Milha que apura o uso irregular da Abin para favorecer filhos do ex-presidente e monitorar ilegalmente políticos de oposição, ministros do STF, e jornalistas.

O Estadão revelou que o ex-presidente se irritou com Ramagem após a informação de que a Polícia Federal encontrou o áudio . Mas a defesa incisiva que Flávio fez de Ramagem e a amizade do ex-chefe da Abin com Carlos acabaram dissuadindo Bolsonaro a manter uma candidatura que tem tudo para dar errado.

O ex-presidente Jair Bolsonaro tem tido mais dores de cabeça do que alegrias com os candidatos que escolheu apoiar nas eleições municipais em São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e no Rio, Alexandre Ramagem (PL). Inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro, por razões diferentes, esperava um cenário com menos preocupações nas duas principais capitais brasileiras, onde fez as maiores apostas para conseguir manter seu peso político e sua influência como o principal líder da oposição no País.

Em São Paulo, o prefeito e pré-candidato Ricardo Nunes custou a assumir o apoio do ex-presidente. Em quase tudo que ele faz, especialmente nas entregas de obras e benfeitorias, há sempre uma faixa ou cartazes com o nome do prefeito Bruno Covas (que morreu de câncer durante o mandato) e de quem Nunes herdou o cargo. Nas entrevistas, ele também é comedido ao citar o ex-presidente.

PL de Jair Bolsonaro fechou apoio a Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo Foto: Reprodução/PL

Nunes pretendia ficar numa posição mais ao centro, mas a pressão, principalmente, do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), fez com que ele concordasse com a aliança com o PL de Bolsonaro. Também a contragosto, aceitou o nome do coronel Ricardo Mello Araújo (PL), escolhido por Bolsonaro, completamente identificado com o ex-presidente.

Mello Araújo não é um nome muito palatável aos partidos que apoiam Nunes, e ele empurrou o anúncio do escolhido por Bolsonaro enquanto foi possível. Entretanto, a entrada em cena do empresário e influenciador Pablo Marçal (PRTB), que resolveu também disputar a eleição municipal, acabou com a indecisão do prefeito. Fiel ao seu estilo de fazer ameaças, Bolsonaro começou a sinalizar que poderia apoiar Marçal se Mello Araújo fosse rejeitado. Nunes acabou concordando. Mas foi Tarcísio de Freitas, e não ele, o candidato, quem anunciou o nome do escolhido para vice.

Em empate técnico nas pesquisas de intenção de voto com o deputado Guilherme Boulos (PSOL), que conta com o apoio de Lula, Nunes não tem como abrir mão de Bolsonaro, embora o peso desse apoio não seja tão decisivo quanto se imaginava. De acordo com o Datafolha do início deste mês, 65% afirmam que não votariam de jeito nenhum em um candidato apoiado pelo ex-presidente. Em maio, o índice era de 61%.

Bolsonaro joga em São Paulo uma disputa de poder com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Se Nunes conseguir derrotar Boulos – o que as pesquisas sugerem que acontecerá no segundo turno - a vitória é tida por aliados do ex-presidente como um claro sinal de que, ainda que inelegível, Bolsonaro continua sendo o grande e único nome da oposição, e dará um novo ânimo para aqueles que sonham em vê-lo anistiado pelo TSE.

No Rio, entretanto, a situação está à beira do precipício. Na cidade, o confronto não é com Lula. Mas com a própria dinastia que leva o sobrenome do ex-presidente. Foi no Estado que, pouco depois de deixar o Exército, Bolsonaro iniciou sua carreira na política se elegendo vereador, em 1988, até chegar a deputado federal, e da Câmara saltar para o Palácio do Planalto. Foi ali também que dois de seus quatro filhos (Flávio, o mais velho e Carlos, o do meio) seguiram os passos do pai. Flávio é senador e Carlos, vereador. Os outros dois mais novos (Eduardo e Jair Renan) seguem o mesmo caminho. O primeiro é deputado federal por São Paulo, e o segundo concorre a vereador em Balneário Camboriú, Santa Catarina.

Jair Bolsonaro em evento com Ramagem no Rio de Janeiro Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Para Bolsonaro, a derrota que se antevê de seu candidato, o deputado Alexandre Ramagem (PL), ex-diretor da Abin, será simplesmente um vexame. O ex-presidente tinha praticamente certeza de que não seria difícil fazer com que – graças ao seu apoio – ele vencesse a eleição. Ele não contava, porém, com as encrencas na Polícia Federal que envolvem Ramagem e com a vantagem do atual prefeito Eduardo Paes (PSD). Segundo o Datafolha, a administração de Paes é considerada ótima ou boa por 46% dos eleitores e 61% dos que se autodeclaram petistas o aprovam.

Ramagem, ex-chefe da Abin,teve sua candidatura homologada pelo partido em convenção realizada nesta segunda-feira, 22. Ele tem 9% das intenções de voto – Eduardo Paes tem 53% - e foi confirmado mesmo depois da divulgação do inquérito das “rachadinhas”. Muitos pensaram que ele seria deixado de lado, após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirar o sigilo do áudio – gravado pelo próprio Ramagem - da reunião entre o ex-presidente, o general Augusto Heleno (então chefe do Gabinete de Segurança Institucional) que seria mais uma prova da chamada “Abin Paralela”. A investigação faz parte da quarta fase da Operação Última Milha que apura o uso irregular da Abin para favorecer filhos do ex-presidente e monitorar ilegalmente políticos de oposição, ministros do STF, e jornalistas.

O Estadão revelou que o ex-presidente se irritou com Ramagem após a informação de que a Polícia Federal encontrou o áudio . Mas a defesa incisiva que Flávio fez de Ramagem e a amizade do ex-chefe da Abin com Carlos acabaram dissuadindo Bolsonaro a manter uma candidatura que tem tudo para dar errado.

O ex-presidente Jair Bolsonaro tem tido mais dores de cabeça do que alegrias com os candidatos que escolheu apoiar nas eleições municipais em São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e no Rio, Alexandre Ramagem (PL). Inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro, por razões diferentes, esperava um cenário com menos preocupações nas duas principais capitais brasileiras, onde fez as maiores apostas para conseguir manter seu peso político e sua influência como o principal líder da oposição no País.

Em São Paulo, o prefeito e pré-candidato Ricardo Nunes custou a assumir o apoio do ex-presidente. Em quase tudo que ele faz, especialmente nas entregas de obras e benfeitorias, há sempre uma faixa ou cartazes com o nome do prefeito Bruno Covas (que morreu de câncer durante o mandato) e de quem Nunes herdou o cargo. Nas entrevistas, ele também é comedido ao citar o ex-presidente.

PL de Jair Bolsonaro fechou apoio a Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo Foto: Reprodução/PL

Nunes pretendia ficar numa posição mais ao centro, mas a pressão, principalmente, do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), fez com que ele concordasse com a aliança com o PL de Bolsonaro. Também a contragosto, aceitou o nome do coronel Ricardo Mello Araújo (PL), escolhido por Bolsonaro, completamente identificado com o ex-presidente.

Mello Araújo não é um nome muito palatável aos partidos que apoiam Nunes, e ele empurrou o anúncio do escolhido por Bolsonaro enquanto foi possível. Entretanto, a entrada em cena do empresário e influenciador Pablo Marçal (PRTB), que resolveu também disputar a eleição municipal, acabou com a indecisão do prefeito. Fiel ao seu estilo de fazer ameaças, Bolsonaro começou a sinalizar que poderia apoiar Marçal se Mello Araújo fosse rejeitado. Nunes acabou concordando. Mas foi Tarcísio de Freitas, e não ele, o candidato, quem anunciou o nome do escolhido para vice.

Em empate técnico nas pesquisas de intenção de voto com o deputado Guilherme Boulos (PSOL), que conta com o apoio de Lula, Nunes não tem como abrir mão de Bolsonaro, embora o peso desse apoio não seja tão decisivo quanto se imaginava. De acordo com o Datafolha do início deste mês, 65% afirmam que não votariam de jeito nenhum em um candidato apoiado pelo ex-presidente. Em maio, o índice era de 61%.

Bolsonaro joga em São Paulo uma disputa de poder com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Se Nunes conseguir derrotar Boulos – o que as pesquisas sugerem que acontecerá no segundo turno - a vitória é tida por aliados do ex-presidente como um claro sinal de que, ainda que inelegível, Bolsonaro continua sendo o grande e único nome da oposição, e dará um novo ânimo para aqueles que sonham em vê-lo anistiado pelo TSE.

No Rio, entretanto, a situação está à beira do precipício. Na cidade, o confronto não é com Lula. Mas com a própria dinastia que leva o sobrenome do ex-presidente. Foi no Estado que, pouco depois de deixar o Exército, Bolsonaro iniciou sua carreira na política se elegendo vereador, em 1988, até chegar a deputado federal, e da Câmara saltar para o Palácio do Planalto. Foi ali também que dois de seus quatro filhos (Flávio, o mais velho e Carlos, o do meio) seguiram os passos do pai. Flávio é senador e Carlos, vereador. Os outros dois mais novos (Eduardo e Jair Renan) seguem o mesmo caminho. O primeiro é deputado federal por São Paulo, e o segundo concorre a vereador em Balneário Camboriú, Santa Catarina.

Jair Bolsonaro em evento com Ramagem no Rio de Janeiro Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Para Bolsonaro, a derrota que se antevê de seu candidato, o deputado Alexandre Ramagem (PL), ex-diretor da Abin, será simplesmente um vexame. O ex-presidente tinha praticamente certeza de que não seria difícil fazer com que – graças ao seu apoio – ele vencesse a eleição. Ele não contava, porém, com as encrencas na Polícia Federal que envolvem Ramagem e com a vantagem do atual prefeito Eduardo Paes (PSD). Segundo o Datafolha, a administração de Paes é considerada ótima ou boa por 46% dos eleitores e 61% dos que se autodeclaram petistas o aprovam.

Ramagem, ex-chefe da Abin,teve sua candidatura homologada pelo partido em convenção realizada nesta segunda-feira, 22. Ele tem 9% das intenções de voto – Eduardo Paes tem 53% - e foi confirmado mesmo depois da divulgação do inquérito das “rachadinhas”. Muitos pensaram que ele seria deixado de lado, após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirar o sigilo do áudio – gravado pelo próprio Ramagem - da reunião entre o ex-presidente, o general Augusto Heleno (então chefe do Gabinete de Segurança Institucional) que seria mais uma prova da chamada “Abin Paralela”. A investigação faz parte da quarta fase da Operação Última Milha que apura o uso irregular da Abin para favorecer filhos do ex-presidente e monitorar ilegalmente políticos de oposição, ministros do STF, e jornalistas.

O Estadão revelou que o ex-presidente se irritou com Ramagem após a informação de que a Polícia Federal encontrou o áudio . Mas a defesa incisiva que Flávio fez de Ramagem e a amizade do ex-chefe da Abin com Carlos acabaram dissuadindo Bolsonaro a manter uma candidatura que tem tudo para dar errado.

O ex-presidente Jair Bolsonaro tem tido mais dores de cabeça do que alegrias com os candidatos que escolheu apoiar nas eleições municipais em São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e no Rio, Alexandre Ramagem (PL). Inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro, por razões diferentes, esperava um cenário com menos preocupações nas duas principais capitais brasileiras, onde fez as maiores apostas para conseguir manter seu peso político e sua influência como o principal líder da oposição no País.

Em São Paulo, o prefeito e pré-candidato Ricardo Nunes custou a assumir o apoio do ex-presidente. Em quase tudo que ele faz, especialmente nas entregas de obras e benfeitorias, há sempre uma faixa ou cartazes com o nome do prefeito Bruno Covas (que morreu de câncer durante o mandato) e de quem Nunes herdou o cargo. Nas entrevistas, ele também é comedido ao citar o ex-presidente.

PL de Jair Bolsonaro fechou apoio a Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo Foto: Reprodução/PL

Nunes pretendia ficar numa posição mais ao centro, mas a pressão, principalmente, do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), fez com que ele concordasse com a aliança com o PL de Bolsonaro. Também a contragosto, aceitou o nome do coronel Ricardo Mello Araújo (PL), escolhido por Bolsonaro, completamente identificado com o ex-presidente.

Mello Araújo não é um nome muito palatável aos partidos que apoiam Nunes, e ele empurrou o anúncio do escolhido por Bolsonaro enquanto foi possível. Entretanto, a entrada em cena do empresário e influenciador Pablo Marçal (PRTB), que resolveu também disputar a eleição municipal, acabou com a indecisão do prefeito. Fiel ao seu estilo de fazer ameaças, Bolsonaro começou a sinalizar que poderia apoiar Marçal se Mello Araújo fosse rejeitado. Nunes acabou concordando. Mas foi Tarcísio de Freitas, e não ele, o candidato, quem anunciou o nome do escolhido para vice.

Em empate técnico nas pesquisas de intenção de voto com o deputado Guilherme Boulos (PSOL), que conta com o apoio de Lula, Nunes não tem como abrir mão de Bolsonaro, embora o peso desse apoio não seja tão decisivo quanto se imaginava. De acordo com o Datafolha do início deste mês, 65% afirmam que não votariam de jeito nenhum em um candidato apoiado pelo ex-presidente. Em maio, o índice era de 61%.

Bolsonaro joga em São Paulo uma disputa de poder com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Se Nunes conseguir derrotar Boulos – o que as pesquisas sugerem que acontecerá no segundo turno - a vitória é tida por aliados do ex-presidente como um claro sinal de que, ainda que inelegível, Bolsonaro continua sendo o grande e único nome da oposição, e dará um novo ânimo para aqueles que sonham em vê-lo anistiado pelo TSE.

No Rio, entretanto, a situação está à beira do precipício. Na cidade, o confronto não é com Lula. Mas com a própria dinastia que leva o sobrenome do ex-presidente. Foi no Estado que, pouco depois de deixar o Exército, Bolsonaro iniciou sua carreira na política se elegendo vereador, em 1988, até chegar a deputado federal, e da Câmara saltar para o Palácio do Planalto. Foi ali também que dois de seus quatro filhos (Flávio, o mais velho e Carlos, o do meio) seguiram os passos do pai. Flávio é senador e Carlos, vereador. Os outros dois mais novos (Eduardo e Jair Renan) seguem o mesmo caminho. O primeiro é deputado federal por São Paulo, e o segundo concorre a vereador em Balneário Camboriú, Santa Catarina.

Jair Bolsonaro em evento com Ramagem no Rio de Janeiro Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Para Bolsonaro, a derrota que se antevê de seu candidato, o deputado Alexandre Ramagem (PL), ex-diretor da Abin, será simplesmente um vexame. O ex-presidente tinha praticamente certeza de que não seria difícil fazer com que – graças ao seu apoio – ele vencesse a eleição. Ele não contava, porém, com as encrencas na Polícia Federal que envolvem Ramagem e com a vantagem do atual prefeito Eduardo Paes (PSD). Segundo o Datafolha, a administração de Paes é considerada ótima ou boa por 46% dos eleitores e 61% dos que se autodeclaram petistas o aprovam.

Ramagem, ex-chefe da Abin,teve sua candidatura homologada pelo partido em convenção realizada nesta segunda-feira, 22. Ele tem 9% das intenções de voto – Eduardo Paes tem 53% - e foi confirmado mesmo depois da divulgação do inquérito das “rachadinhas”. Muitos pensaram que ele seria deixado de lado, após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirar o sigilo do áudio – gravado pelo próprio Ramagem - da reunião entre o ex-presidente, o general Augusto Heleno (então chefe do Gabinete de Segurança Institucional) que seria mais uma prova da chamada “Abin Paralela”. A investigação faz parte da quarta fase da Operação Última Milha que apura o uso irregular da Abin para favorecer filhos do ex-presidente e monitorar ilegalmente políticos de oposição, ministros do STF, e jornalistas.

O Estadão revelou que o ex-presidente se irritou com Ramagem após a informação de que a Polícia Federal encontrou o áudio . Mas a defesa incisiva que Flávio fez de Ramagem e a amizade do ex-chefe da Abin com Carlos acabaram dissuadindo Bolsonaro a manter uma candidatura que tem tudo para dar errado.

Opinião por Monica Gugliano

É repórter de Política do Estadão. Escreve às terças-feiras

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