Labirintos da Política

Opinião|Exército aceitaria novas investigações sobre os mortos e desaparecidos durante a ditadura


Força quer acabar com o clima de suspeição em relação ao militares e aguarda o encerramento dos trabalhos da Polícia Federal para punir os envolvidos em crimes

Por Monica Gugliano
Atualização:

Setores do Exército não veriam de forma negativa a retomada das investigações que tiveram início na Comissão dos Mortos e Desaparecidos, criada com a Lei 1949, em 1995, pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Embora, durante muito anos, o assunto tenha sido tabu no Exército, oficiais agora consideram que todas as famílias têm o direito de saber o que aconteceu com seus parentes e amigos. Mas entendem que a busca não pode ser um fim em si mesma. E a maior preocupação da Força é que muitas famílias possam ficar decepcionadas por que, a esta altura, depois de tantos anos, não será fácil conseguir as respostas que muitos esperam. A investigação, consideram alguns oficiais, deve servir para esclarecer o que possa ser esclarecido e, novamente, levando em consideração os anos que se passaram, buscar em documentos extraviados e relatórios perdidos, as respostas possíveis, para encerrar o assunto de uma vez.

Setores do Exército não se opõem à continuação dos trabalhos da Comissão de Mortos e Desaparecidos e enxergam que famílias precisam de respostas Foto: Felipe Rau/Estadão

A ideia de deixar para trás esse tema se insere no movimento que o Exército quer fazer em relação aos últimos anos do governo de Jair Bolsonaro, tentando acabar com o clima de suspeição em relação à Força. Mergulhados no lodaçal golpista generalizado - criado por Bolsonaro, os militares mais próximos a ele e civis - oficiais consideram que já está mais do que provado que foi rejeitada pelo Alto Comando qualquer ação em busca de uma intervenção militar que se assemelhasse a 1964. A mesma ideia serviu de argumento para extinguir de vez as comemorações e atos sobre o golpe de 64 que, em 2024, completou 60 anos. Mas enquanto os trabalhos da Polícia Federal, Ministério Público e Supremo Tribunal Federal (STF) não terminarem será difícil voltar à normalidade e olhar para a frente, julgar e punir quem tiver que ser punido. Por enquanto, a previsão é de encerrar todos os trabalhos até julho.

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Pesquisa Datafolha realizada nos dias 19 e 20 de março mostra que as Forças Armadas se mantêm na primeira colocação do ranking de instituições mais confiáveis entre as dez avaliadas. O índice de pessoas que disseram confiar muito nos militares subiu 3%, passando de 34% em setembro de 2023 para 37% na última pesquisa. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%.

O Exército quer aproveitar que a população mantém a confiança na instituição em altos patamares para retomar muitos dos trabalhos que precisaram ser suspensos por causa das denúncias da Operação. A pesquisa, na avaliação de muitos militares, mostra que as denúncias e as investigações têm reverberado em pequenas bolhas “barulhentas”, como as da extrema esquerda, do PL e da direita. Mesmo assim, elas engolem qualquer tentativa de introduzir outro tema.

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Fora desses grupos, a população não estaria convencida pelas teses de que os militares apoiaram o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus mais próximos na tentativa de dar um golpe que lhe permitisse continuar no cargo, destituindo o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

No atual clima de tensão e desconfiança, aponta um oficial, qualquer informação tem potencial para provocar estragos. Um exemplo recente é a nomeação do general Richard Nunes, chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército, que passará a ser o Chefe do Estado Maior. A prisão dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco causou impacto na imagem de Nunes, pois teria sido ele quem nomeara, durante a intervenção no Rio, em 2018, o chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, um dos presos.

A informação de que Barbosa fora nomeado por Nunes partiu do general Braga Netto. Alegando que não tivera nada a ver com a escolha, Braga Netto teve a mesma atitude que o caracterizou na tentativa de golpe: atacou os demais companheiros, responsabilizando-os pelas ações não darem certo, e pediu aos próximos que fizessem campanha nas redes sociais, inclusive contra as famílias dos colegas que se recusaram a acompanhá-lo nos delírios golpistas. Nunes é um dos que passou a ser chamado de melancia (verde por fora, vermelho por dentro), pelas maledicências espalhadas por Braga Netto que, agora, aproveitou para jogar no colo do seu ex-braço direito (o general Richard Nunes foi o secretário de Segurança da intervenção federal) qualquer hipótese de ele (o interventor) ter se envolvido com a nomeação de um acusado de ser mandante do assassinato de Marielle Franco.

Setores do Exército não veriam de forma negativa a retomada das investigações que tiveram início na Comissão dos Mortos e Desaparecidos, criada com a Lei 1949, em 1995, pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Embora, durante muito anos, o assunto tenha sido tabu no Exército, oficiais agora consideram que todas as famílias têm o direito de saber o que aconteceu com seus parentes e amigos. Mas entendem que a busca não pode ser um fim em si mesma. E a maior preocupação da Força é que muitas famílias possam ficar decepcionadas por que, a esta altura, depois de tantos anos, não será fácil conseguir as respostas que muitos esperam. A investigação, consideram alguns oficiais, deve servir para esclarecer o que possa ser esclarecido e, novamente, levando em consideração os anos que se passaram, buscar em documentos extraviados e relatórios perdidos, as respostas possíveis, para encerrar o assunto de uma vez.

Setores do Exército não se opõem à continuação dos trabalhos da Comissão de Mortos e Desaparecidos e enxergam que famílias precisam de respostas Foto: Felipe Rau/Estadão

A ideia de deixar para trás esse tema se insere no movimento que o Exército quer fazer em relação aos últimos anos do governo de Jair Bolsonaro, tentando acabar com o clima de suspeição em relação à Força. Mergulhados no lodaçal golpista generalizado - criado por Bolsonaro, os militares mais próximos a ele e civis - oficiais consideram que já está mais do que provado que foi rejeitada pelo Alto Comando qualquer ação em busca de uma intervenção militar que se assemelhasse a 1964. A mesma ideia serviu de argumento para extinguir de vez as comemorações e atos sobre o golpe de 64 que, em 2024, completou 60 anos. Mas enquanto os trabalhos da Polícia Federal, Ministério Público e Supremo Tribunal Federal (STF) não terminarem será difícil voltar à normalidade e olhar para a frente, julgar e punir quem tiver que ser punido. Por enquanto, a previsão é de encerrar todos os trabalhos até julho.

Pesquisa Datafolha realizada nos dias 19 e 20 de março mostra que as Forças Armadas se mantêm na primeira colocação do ranking de instituições mais confiáveis entre as dez avaliadas. O índice de pessoas que disseram confiar muito nos militares subiu 3%, passando de 34% em setembro de 2023 para 37% na última pesquisa. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%.

O Exército quer aproveitar que a população mantém a confiança na instituição em altos patamares para retomar muitos dos trabalhos que precisaram ser suspensos por causa das denúncias da Operação. A pesquisa, na avaliação de muitos militares, mostra que as denúncias e as investigações têm reverberado em pequenas bolhas “barulhentas”, como as da extrema esquerda, do PL e da direita. Mesmo assim, elas engolem qualquer tentativa de introduzir outro tema.

Fora desses grupos, a população não estaria convencida pelas teses de que os militares apoiaram o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus mais próximos na tentativa de dar um golpe que lhe permitisse continuar no cargo, destituindo o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

No atual clima de tensão e desconfiança, aponta um oficial, qualquer informação tem potencial para provocar estragos. Um exemplo recente é a nomeação do general Richard Nunes, chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército, que passará a ser o Chefe do Estado Maior. A prisão dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco causou impacto na imagem de Nunes, pois teria sido ele quem nomeara, durante a intervenção no Rio, em 2018, o chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, um dos presos.

A informação de que Barbosa fora nomeado por Nunes partiu do general Braga Netto. Alegando que não tivera nada a ver com a escolha, Braga Netto teve a mesma atitude que o caracterizou na tentativa de golpe: atacou os demais companheiros, responsabilizando-os pelas ações não darem certo, e pediu aos próximos que fizessem campanha nas redes sociais, inclusive contra as famílias dos colegas que se recusaram a acompanhá-lo nos delírios golpistas. Nunes é um dos que passou a ser chamado de melancia (verde por fora, vermelho por dentro), pelas maledicências espalhadas por Braga Netto que, agora, aproveitou para jogar no colo do seu ex-braço direito (o general Richard Nunes foi o secretário de Segurança da intervenção federal) qualquer hipótese de ele (o interventor) ter se envolvido com a nomeação de um acusado de ser mandante do assassinato de Marielle Franco.

Setores do Exército não veriam de forma negativa a retomada das investigações que tiveram início na Comissão dos Mortos e Desaparecidos, criada com a Lei 1949, em 1995, pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Embora, durante muito anos, o assunto tenha sido tabu no Exército, oficiais agora consideram que todas as famílias têm o direito de saber o que aconteceu com seus parentes e amigos. Mas entendem que a busca não pode ser um fim em si mesma. E a maior preocupação da Força é que muitas famílias possam ficar decepcionadas por que, a esta altura, depois de tantos anos, não será fácil conseguir as respostas que muitos esperam. A investigação, consideram alguns oficiais, deve servir para esclarecer o que possa ser esclarecido e, novamente, levando em consideração os anos que se passaram, buscar em documentos extraviados e relatórios perdidos, as respostas possíveis, para encerrar o assunto de uma vez.

Setores do Exército não se opõem à continuação dos trabalhos da Comissão de Mortos e Desaparecidos e enxergam que famílias precisam de respostas Foto: Felipe Rau/Estadão

A ideia de deixar para trás esse tema se insere no movimento que o Exército quer fazer em relação aos últimos anos do governo de Jair Bolsonaro, tentando acabar com o clima de suspeição em relação à Força. Mergulhados no lodaçal golpista generalizado - criado por Bolsonaro, os militares mais próximos a ele e civis - oficiais consideram que já está mais do que provado que foi rejeitada pelo Alto Comando qualquer ação em busca de uma intervenção militar que se assemelhasse a 1964. A mesma ideia serviu de argumento para extinguir de vez as comemorações e atos sobre o golpe de 64 que, em 2024, completou 60 anos. Mas enquanto os trabalhos da Polícia Federal, Ministério Público e Supremo Tribunal Federal (STF) não terminarem será difícil voltar à normalidade e olhar para a frente, julgar e punir quem tiver que ser punido. Por enquanto, a previsão é de encerrar todos os trabalhos até julho.

Pesquisa Datafolha realizada nos dias 19 e 20 de março mostra que as Forças Armadas se mantêm na primeira colocação do ranking de instituições mais confiáveis entre as dez avaliadas. O índice de pessoas que disseram confiar muito nos militares subiu 3%, passando de 34% em setembro de 2023 para 37% na última pesquisa. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%.

O Exército quer aproveitar que a população mantém a confiança na instituição em altos patamares para retomar muitos dos trabalhos que precisaram ser suspensos por causa das denúncias da Operação. A pesquisa, na avaliação de muitos militares, mostra que as denúncias e as investigações têm reverberado em pequenas bolhas “barulhentas”, como as da extrema esquerda, do PL e da direita. Mesmo assim, elas engolem qualquer tentativa de introduzir outro tema.

Fora desses grupos, a população não estaria convencida pelas teses de que os militares apoiaram o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus mais próximos na tentativa de dar um golpe que lhe permitisse continuar no cargo, destituindo o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

No atual clima de tensão e desconfiança, aponta um oficial, qualquer informação tem potencial para provocar estragos. Um exemplo recente é a nomeação do general Richard Nunes, chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército, que passará a ser o Chefe do Estado Maior. A prisão dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco causou impacto na imagem de Nunes, pois teria sido ele quem nomeara, durante a intervenção no Rio, em 2018, o chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, um dos presos.

A informação de que Barbosa fora nomeado por Nunes partiu do general Braga Netto. Alegando que não tivera nada a ver com a escolha, Braga Netto teve a mesma atitude que o caracterizou na tentativa de golpe: atacou os demais companheiros, responsabilizando-os pelas ações não darem certo, e pediu aos próximos que fizessem campanha nas redes sociais, inclusive contra as famílias dos colegas que se recusaram a acompanhá-lo nos delírios golpistas. Nunes é um dos que passou a ser chamado de melancia (verde por fora, vermelho por dentro), pelas maledicências espalhadas por Braga Netto que, agora, aproveitou para jogar no colo do seu ex-braço direito (o general Richard Nunes foi o secretário de Segurança da intervenção federal) qualquer hipótese de ele (o interventor) ter se envolvido com a nomeação de um acusado de ser mandante do assassinato de Marielle Franco.

Setores do Exército não veriam de forma negativa a retomada das investigações que tiveram início na Comissão dos Mortos e Desaparecidos, criada com a Lei 1949, em 1995, pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Embora, durante muito anos, o assunto tenha sido tabu no Exército, oficiais agora consideram que todas as famílias têm o direito de saber o que aconteceu com seus parentes e amigos. Mas entendem que a busca não pode ser um fim em si mesma. E a maior preocupação da Força é que muitas famílias possam ficar decepcionadas por que, a esta altura, depois de tantos anos, não será fácil conseguir as respostas que muitos esperam. A investigação, consideram alguns oficiais, deve servir para esclarecer o que possa ser esclarecido e, novamente, levando em consideração os anos que se passaram, buscar em documentos extraviados e relatórios perdidos, as respostas possíveis, para encerrar o assunto de uma vez.

Setores do Exército não se opõem à continuação dos trabalhos da Comissão de Mortos e Desaparecidos e enxergam que famílias precisam de respostas Foto: Felipe Rau/Estadão

A ideia de deixar para trás esse tema se insere no movimento que o Exército quer fazer em relação aos últimos anos do governo de Jair Bolsonaro, tentando acabar com o clima de suspeição em relação à Força. Mergulhados no lodaçal golpista generalizado - criado por Bolsonaro, os militares mais próximos a ele e civis - oficiais consideram que já está mais do que provado que foi rejeitada pelo Alto Comando qualquer ação em busca de uma intervenção militar que se assemelhasse a 1964. A mesma ideia serviu de argumento para extinguir de vez as comemorações e atos sobre o golpe de 64 que, em 2024, completou 60 anos. Mas enquanto os trabalhos da Polícia Federal, Ministério Público e Supremo Tribunal Federal (STF) não terminarem será difícil voltar à normalidade e olhar para a frente, julgar e punir quem tiver que ser punido. Por enquanto, a previsão é de encerrar todos os trabalhos até julho.

Pesquisa Datafolha realizada nos dias 19 e 20 de março mostra que as Forças Armadas se mantêm na primeira colocação do ranking de instituições mais confiáveis entre as dez avaliadas. O índice de pessoas que disseram confiar muito nos militares subiu 3%, passando de 34% em setembro de 2023 para 37% na última pesquisa. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%.

O Exército quer aproveitar que a população mantém a confiança na instituição em altos patamares para retomar muitos dos trabalhos que precisaram ser suspensos por causa das denúncias da Operação. A pesquisa, na avaliação de muitos militares, mostra que as denúncias e as investigações têm reverberado em pequenas bolhas “barulhentas”, como as da extrema esquerda, do PL e da direita. Mesmo assim, elas engolem qualquer tentativa de introduzir outro tema.

Fora desses grupos, a população não estaria convencida pelas teses de que os militares apoiaram o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus mais próximos na tentativa de dar um golpe que lhe permitisse continuar no cargo, destituindo o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

No atual clima de tensão e desconfiança, aponta um oficial, qualquer informação tem potencial para provocar estragos. Um exemplo recente é a nomeação do general Richard Nunes, chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército, que passará a ser o Chefe do Estado Maior. A prisão dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco causou impacto na imagem de Nunes, pois teria sido ele quem nomeara, durante a intervenção no Rio, em 2018, o chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, um dos presos.

A informação de que Barbosa fora nomeado por Nunes partiu do general Braga Netto. Alegando que não tivera nada a ver com a escolha, Braga Netto teve a mesma atitude que o caracterizou na tentativa de golpe: atacou os demais companheiros, responsabilizando-os pelas ações não darem certo, e pediu aos próximos que fizessem campanha nas redes sociais, inclusive contra as famílias dos colegas que se recusaram a acompanhá-lo nos delírios golpistas. Nunes é um dos que passou a ser chamado de melancia (verde por fora, vermelho por dentro), pelas maledicências espalhadas por Braga Netto que, agora, aproveitou para jogar no colo do seu ex-braço direito (o general Richard Nunes foi o secretário de Segurança da intervenção federal) qualquer hipótese de ele (o interventor) ter se envolvido com a nomeação de um acusado de ser mandante do assassinato de Marielle Franco.

Opinião por Monica Gugliano

É repórter de Política do Estadão. Escreve às terças-feiras

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