Labirintos da Política

‘Existe zero possibilidade de o presidente Lula pedir desculpas’, diz Celso Amorim sobre Israel


Assessor para assuntos internacionais afirmou que presidente ‘só citou fatos históricos’ e que “nenhum povo tem o monopólio do sofrimento’

Por Monica Gugliano
Atualização:

A crise diplomática entre Brasil e Israel tem tudo para aumentar nos próximos dias, inclusive pelo fato de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não pedirá desculpas a Israel pela declaração em que comparou o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, com o extermínio de judeus levado à cabo por Adolf Hitler. O assessor para assuntos internacionais do presidente Lula, Celso Amorim, disse ao Estadão que não há chances de um pedido de desculpas. “Existe zero possibilidade de o presidente Lula pedir desculpas. Ele não fez nada de errado. Só citou fatos históricos”, afirmou Amorim, acrescentando que “nenhum povo tem o monopólio do sofrimento”.

Lula e Celso Amorim, assessor para assuntos internacionais da Presidência Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Desde o início do conflito, com os ataques terroristas do Hamas ao território israelense, matando e sequestrando civis, as posições do governo brasileiro e, em especial, do presidente Lula, geram polêmica. De início, o presidente demorou a condenar diretamente o grupo terrorista e, posteriormente, passou também a questionar a reação israelense em Gaza. Agora, diante da fala de Lula fazendo referência direta ao holocausto, o governo israelense resolveu reagir de forma dura. Especialistas apontam que o presidente se distanciou da mediação do conflito com a fala, e até setores da diplomacia brasileira passaram a defender uma retratação.

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O governo brasileiro, porém, está fortemente indignado com a forma como o governo israelense reagiu à declaração feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista na Etiópia, após se encontrar com o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammad Shtayyeh. A começar pela chamada ao embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, convocado a dar explicações ao chanceler israelense, Israel Katz. “Não são aceitáveis a chamada ao Museu do Holocausto e o constrangimento imposto ao embaixador brasileiro. É uma clara tentativa de escalar fora das regras diplomáticas”, disse um membro da chancelaria brasileira. O lugar escolhido pelo chanceler israelense foi considerado uma cilada.

Diferentemente do que costuma acontecer em momentos semelhantes, a reunião entre ambos não aconteceu na chancelaria. Mas no Yad Vashem, importante memorial sobre o Holocausto. Katz falou em hebraico, uma língua que Meyer não compreende e, repreendendo o diplomata brasileiro, afirmou: “Não esqueceremos nem perdoaremos. Em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, diga ao presidente Lula que ele é persona non grata em Israel até que retire o que disse”. O termo em latim que significa “pessoa indesejada” se refere à prática de um Estado proibir um diplomata (ou, neste caso, chefe de Estado) de entrar no país em uma viagem oficial.

Lula não foi o primeiro a fazer críticas à ação de Israel na Faixa de Gaza a ser enquadrado na condição de persona não grata. A relatora especial da ONU para os territórios palestinos ocupados, a italiana Francesca Albanese, também foi enquadrada nessa condição. Albanese é uma das principais vozes no mundo contra a operação israelense em Gaza.

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O presidente Lula e seus principais assessores começaram a analisar as repercussões da crise diplomática com Israel ainda cedo no Palácio da Alvorada. Participaram da reunião os ministros Paulo Pimenta (Secom), Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral), Jorge Messias (AGU) e o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim. Eles consideraram a reação israelense desproporcional.

Uma das primeiras decisões foi a de chamar Meyer ao Brasil – ele deve viajar amanhã – e também o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, convocar o embaixador israelense. Vieira e Daniel Zonshine se encontrariam ainda hoje no Palácio do Itamaraty, no Rio de Janeiro.

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Esta não foi a primeira vez que diante do agravamento da violência em Gaza, Lula se manifesta com críticas às ações militares israelenses que chegou a chamar de terrorismo de Estado. No início do ano, o governo brasileiro apoiou a iniciativa da África do Sul de acusar Israel por crime de genocídio, junto a Corte Internacional de Justiça da ONU. Desta vez, subiu o tom das divergências. Será preciso muita diplomacia para contornar o confronto.

A crise diplomática entre Brasil e Israel tem tudo para aumentar nos próximos dias, inclusive pelo fato de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não pedirá desculpas a Israel pela declaração em que comparou o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, com o extermínio de judeus levado à cabo por Adolf Hitler. O assessor para assuntos internacionais do presidente Lula, Celso Amorim, disse ao Estadão que não há chances de um pedido de desculpas. “Existe zero possibilidade de o presidente Lula pedir desculpas. Ele não fez nada de errado. Só citou fatos históricos”, afirmou Amorim, acrescentando que “nenhum povo tem o monopólio do sofrimento”.

Lula e Celso Amorim, assessor para assuntos internacionais da Presidência Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Desde o início do conflito, com os ataques terroristas do Hamas ao território israelense, matando e sequestrando civis, as posições do governo brasileiro e, em especial, do presidente Lula, geram polêmica. De início, o presidente demorou a condenar diretamente o grupo terrorista e, posteriormente, passou também a questionar a reação israelense em Gaza. Agora, diante da fala de Lula fazendo referência direta ao holocausto, o governo israelense resolveu reagir de forma dura. Especialistas apontam que o presidente se distanciou da mediação do conflito com a fala, e até setores da diplomacia brasileira passaram a defender uma retratação.

O governo brasileiro, porém, está fortemente indignado com a forma como o governo israelense reagiu à declaração feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista na Etiópia, após se encontrar com o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammad Shtayyeh. A começar pela chamada ao embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, convocado a dar explicações ao chanceler israelense, Israel Katz. “Não são aceitáveis a chamada ao Museu do Holocausto e o constrangimento imposto ao embaixador brasileiro. É uma clara tentativa de escalar fora das regras diplomáticas”, disse um membro da chancelaria brasileira. O lugar escolhido pelo chanceler israelense foi considerado uma cilada.

Diferentemente do que costuma acontecer em momentos semelhantes, a reunião entre ambos não aconteceu na chancelaria. Mas no Yad Vashem, importante memorial sobre o Holocausto. Katz falou em hebraico, uma língua que Meyer não compreende e, repreendendo o diplomata brasileiro, afirmou: “Não esqueceremos nem perdoaremos. Em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, diga ao presidente Lula que ele é persona non grata em Israel até que retire o que disse”. O termo em latim que significa “pessoa indesejada” se refere à prática de um Estado proibir um diplomata (ou, neste caso, chefe de Estado) de entrar no país em uma viagem oficial.

Lula não foi o primeiro a fazer críticas à ação de Israel na Faixa de Gaza a ser enquadrado na condição de persona não grata. A relatora especial da ONU para os territórios palestinos ocupados, a italiana Francesca Albanese, também foi enquadrada nessa condição. Albanese é uma das principais vozes no mundo contra a operação israelense em Gaza.

O presidente Lula e seus principais assessores começaram a analisar as repercussões da crise diplomática com Israel ainda cedo no Palácio da Alvorada. Participaram da reunião os ministros Paulo Pimenta (Secom), Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral), Jorge Messias (AGU) e o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim. Eles consideraram a reação israelense desproporcional.

Uma das primeiras decisões foi a de chamar Meyer ao Brasil – ele deve viajar amanhã – e também o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, convocar o embaixador israelense. Vieira e Daniel Zonshine se encontrariam ainda hoje no Palácio do Itamaraty, no Rio de Janeiro.

Esta não foi a primeira vez que diante do agravamento da violência em Gaza, Lula se manifesta com críticas às ações militares israelenses que chegou a chamar de terrorismo de Estado. No início do ano, o governo brasileiro apoiou a iniciativa da África do Sul de acusar Israel por crime de genocídio, junto a Corte Internacional de Justiça da ONU. Desta vez, subiu o tom das divergências. Será preciso muita diplomacia para contornar o confronto.

A crise diplomática entre Brasil e Israel tem tudo para aumentar nos próximos dias, inclusive pelo fato de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não pedirá desculpas a Israel pela declaração em que comparou o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, com o extermínio de judeus levado à cabo por Adolf Hitler. O assessor para assuntos internacionais do presidente Lula, Celso Amorim, disse ao Estadão que não há chances de um pedido de desculpas. “Existe zero possibilidade de o presidente Lula pedir desculpas. Ele não fez nada de errado. Só citou fatos históricos”, afirmou Amorim, acrescentando que “nenhum povo tem o monopólio do sofrimento”.

Lula e Celso Amorim, assessor para assuntos internacionais da Presidência Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Desde o início do conflito, com os ataques terroristas do Hamas ao território israelense, matando e sequestrando civis, as posições do governo brasileiro e, em especial, do presidente Lula, geram polêmica. De início, o presidente demorou a condenar diretamente o grupo terrorista e, posteriormente, passou também a questionar a reação israelense em Gaza. Agora, diante da fala de Lula fazendo referência direta ao holocausto, o governo israelense resolveu reagir de forma dura. Especialistas apontam que o presidente se distanciou da mediação do conflito com a fala, e até setores da diplomacia brasileira passaram a defender uma retratação.

O governo brasileiro, porém, está fortemente indignado com a forma como o governo israelense reagiu à declaração feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista na Etiópia, após se encontrar com o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammad Shtayyeh. A começar pela chamada ao embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, convocado a dar explicações ao chanceler israelense, Israel Katz. “Não são aceitáveis a chamada ao Museu do Holocausto e o constrangimento imposto ao embaixador brasileiro. É uma clara tentativa de escalar fora das regras diplomáticas”, disse um membro da chancelaria brasileira. O lugar escolhido pelo chanceler israelense foi considerado uma cilada.

Diferentemente do que costuma acontecer em momentos semelhantes, a reunião entre ambos não aconteceu na chancelaria. Mas no Yad Vashem, importante memorial sobre o Holocausto. Katz falou em hebraico, uma língua que Meyer não compreende e, repreendendo o diplomata brasileiro, afirmou: “Não esqueceremos nem perdoaremos. Em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, diga ao presidente Lula que ele é persona non grata em Israel até que retire o que disse”. O termo em latim que significa “pessoa indesejada” se refere à prática de um Estado proibir um diplomata (ou, neste caso, chefe de Estado) de entrar no país em uma viagem oficial.

Lula não foi o primeiro a fazer críticas à ação de Israel na Faixa de Gaza a ser enquadrado na condição de persona não grata. A relatora especial da ONU para os territórios palestinos ocupados, a italiana Francesca Albanese, também foi enquadrada nessa condição. Albanese é uma das principais vozes no mundo contra a operação israelense em Gaza.

O presidente Lula e seus principais assessores começaram a analisar as repercussões da crise diplomática com Israel ainda cedo no Palácio da Alvorada. Participaram da reunião os ministros Paulo Pimenta (Secom), Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral), Jorge Messias (AGU) e o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim. Eles consideraram a reação israelense desproporcional.

Uma das primeiras decisões foi a de chamar Meyer ao Brasil – ele deve viajar amanhã – e também o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, convocar o embaixador israelense. Vieira e Daniel Zonshine se encontrariam ainda hoje no Palácio do Itamaraty, no Rio de Janeiro.

Esta não foi a primeira vez que diante do agravamento da violência em Gaza, Lula se manifesta com críticas às ações militares israelenses que chegou a chamar de terrorismo de Estado. No início do ano, o governo brasileiro apoiou a iniciativa da África do Sul de acusar Israel por crime de genocídio, junto a Corte Internacional de Justiça da ONU. Desta vez, subiu o tom das divergências. Será preciso muita diplomacia para contornar o confronto.

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