Labirintos da Política

Opinião|‘Recorte’ do debate é a palavra de ordem nesta eleição em que os candidatos só pensam em lacrar


Até agora Pablo Marçal (PRTB) está levando a melhor. Mas Guilherme Boulos está com um bom desempenho nas redes sociais

Por Monica Gugliano
Atualização:

Não é de hoje que os candidatos, submetidos à pressão dos debates eleitorais, acabam extrapolando e, muitas vezes, o que deveria ser uma troca de ideias acaba por virar uma troca de xingamentos. A diferença é que, se antes a discussão acalorada levava à perda das estribeiras e os candidatos procuravam evitar esse momento, se esforçando para parecerem civilizados, agora eles não fazem a menor questão de ter algum “autocontrole”, e a baixaria, de certa forma, está até programada. É o chamado recorte. Pequenos trechos da gravação, editados com aqueles que o candidato considera seus melhores momentos.

Campeão do recorte, o candidato Pablo Marçal (PRTB), utilizando um discurso e palavras de baixo calão que chocam os telespectadores, aproveita esse recurso ao máximo, escorando-se na credibilidade dos grandes veículos de comunicação para dar veracidade às frases sem sentido e a inconsistência de sua candidatura.

Candidatos usam recortes do debate para viralizar nas redes sociais, aproveitando-se da credibilidade dos veículos; Pablo Marçal é grande representante dessa estratégia Foto: Daniel Teixeira/Estadão
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Nesta quarta-feira, em que o Estadão, em parceria com o Portal Terra e a Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), promove seu primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, a equipe de Marçal deve seguir essa mesma estratégia. Segundo a empresa de tecnologia Palver, diferentemente do que se pensa, ao inundar as redes com seus recortes, Marçal amplia, sim, suas intenções de voto. “As pessoas, em um primeiro momento, não pensam nas políticas públicas. Prestam atenção na fofoca, na desqualificação do adversário, e é isso que viraliza nas redes sociais”, explica Luiz Fakhouri, da Palver.

Mas o destempero e os maus modos de Marçal não têm como objetivo apenas o de fazer “bombar” nas redes trechos escolhidos a dedo de suas participações. O ex-coach disputa o eleitorado do prefeito Ricardo Nunes, apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Entretanto, como Nunes trata o tema com toda a discrição possível, Marçal procura ocupar esse espaço para crescer na direita radical que se sente abandonada pelo prefeito.

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A Palver analisou uma amostra de mais de 80 mil grupos públicos analisados (entre 3 e 10 de agosto, portanto antes e depois do debate TV Bandeirantes). Guilherme Boulos (PSOL) e Marçal tiveram o melhor desempenho e maior aproveitamento de seus recortes nas redes. Só no Instagram, Marçal tem 12 mil seguidores. O candidato privilegiou essa mídia e o Tik Tok. E, ao que se sabe, Marçal construiu uma base de pessoas que vão fazendo os recortes, praticamente em tempo real, tomando conta das redes.

Até agora, o apresentador José Luiz Datena (PSDB) tem sido o pré-candidato que pior maneja as redes sociais e não apresenta uma boa performance nas mídias sociais. Ele só supera a candidata Tabata Amaral (PSB) em volume de menções.

Não é de hoje que os candidatos, submetidos à pressão dos debates eleitorais, acabam extrapolando e, muitas vezes, o que deveria ser uma troca de ideias acaba por virar uma troca de xingamentos. A diferença é que, se antes a discussão acalorada levava à perda das estribeiras e os candidatos procuravam evitar esse momento, se esforçando para parecerem civilizados, agora eles não fazem a menor questão de ter algum “autocontrole”, e a baixaria, de certa forma, está até programada. É o chamado recorte. Pequenos trechos da gravação, editados com aqueles que o candidato considera seus melhores momentos.

Campeão do recorte, o candidato Pablo Marçal (PRTB), utilizando um discurso e palavras de baixo calão que chocam os telespectadores, aproveita esse recurso ao máximo, escorando-se na credibilidade dos grandes veículos de comunicação para dar veracidade às frases sem sentido e a inconsistência de sua candidatura.

Candidatos usam recortes do debate para viralizar nas redes sociais, aproveitando-se da credibilidade dos veículos; Pablo Marçal é grande representante dessa estratégia Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Nesta quarta-feira, em que o Estadão, em parceria com o Portal Terra e a Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), promove seu primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, a equipe de Marçal deve seguir essa mesma estratégia. Segundo a empresa de tecnologia Palver, diferentemente do que se pensa, ao inundar as redes com seus recortes, Marçal amplia, sim, suas intenções de voto. “As pessoas, em um primeiro momento, não pensam nas políticas públicas. Prestam atenção na fofoca, na desqualificação do adversário, e é isso que viraliza nas redes sociais”, explica Luiz Fakhouri, da Palver.

Mas o destempero e os maus modos de Marçal não têm como objetivo apenas o de fazer “bombar” nas redes trechos escolhidos a dedo de suas participações. O ex-coach disputa o eleitorado do prefeito Ricardo Nunes, apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Entretanto, como Nunes trata o tema com toda a discrição possível, Marçal procura ocupar esse espaço para crescer na direita radical que se sente abandonada pelo prefeito.

A Palver analisou uma amostra de mais de 80 mil grupos públicos analisados (entre 3 e 10 de agosto, portanto antes e depois do debate TV Bandeirantes). Guilherme Boulos (PSOL) e Marçal tiveram o melhor desempenho e maior aproveitamento de seus recortes nas redes. Só no Instagram, Marçal tem 12 mil seguidores. O candidato privilegiou essa mídia e o Tik Tok. E, ao que se sabe, Marçal construiu uma base de pessoas que vão fazendo os recortes, praticamente em tempo real, tomando conta das redes.

Até agora, o apresentador José Luiz Datena (PSDB) tem sido o pré-candidato que pior maneja as redes sociais e não apresenta uma boa performance nas mídias sociais. Ele só supera a candidata Tabata Amaral (PSB) em volume de menções.

Não é de hoje que os candidatos, submetidos à pressão dos debates eleitorais, acabam extrapolando e, muitas vezes, o que deveria ser uma troca de ideias acaba por virar uma troca de xingamentos. A diferença é que, se antes a discussão acalorada levava à perda das estribeiras e os candidatos procuravam evitar esse momento, se esforçando para parecerem civilizados, agora eles não fazem a menor questão de ter algum “autocontrole”, e a baixaria, de certa forma, está até programada. É o chamado recorte. Pequenos trechos da gravação, editados com aqueles que o candidato considera seus melhores momentos.

Campeão do recorte, o candidato Pablo Marçal (PRTB), utilizando um discurso e palavras de baixo calão que chocam os telespectadores, aproveita esse recurso ao máximo, escorando-se na credibilidade dos grandes veículos de comunicação para dar veracidade às frases sem sentido e a inconsistência de sua candidatura.

Candidatos usam recortes do debate para viralizar nas redes sociais, aproveitando-se da credibilidade dos veículos; Pablo Marçal é grande representante dessa estratégia Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Nesta quarta-feira, em que o Estadão, em parceria com o Portal Terra e a Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), promove seu primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, a equipe de Marçal deve seguir essa mesma estratégia. Segundo a empresa de tecnologia Palver, diferentemente do que se pensa, ao inundar as redes com seus recortes, Marçal amplia, sim, suas intenções de voto. “As pessoas, em um primeiro momento, não pensam nas políticas públicas. Prestam atenção na fofoca, na desqualificação do adversário, e é isso que viraliza nas redes sociais”, explica Luiz Fakhouri, da Palver.

Mas o destempero e os maus modos de Marçal não têm como objetivo apenas o de fazer “bombar” nas redes trechos escolhidos a dedo de suas participações. O ex-coach disputa o eleitorado do prefeito Ricardo Nunes, apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Entretanto, como Nunes trata o tema com toda a discrição possível, Marçal procura ocupar esse espaço para crescer na direita radical que se sente abandonada pelo prefeito.

A Palver analisou uma amostra de mais de 80 mil grupos públicos analisados (entre 3 e 10 de agosto, portanto antes e depois do debate TV Bandeirantes). Guilherme Boulos (PSOL) e Marçal tiveram o melhor desempenho e maior aproveitamento de seus recortes nas redes. Só no Instagram, Marçal tem 12 mil seguidores. O candidato privilegiou essa mídia e o Tik Tok. E, ao que se sabe, Marçal construiu uma base de pessoas que vão fazendo os recortes, praticamente em tempo real, tomando conta das redes.

Até agora, o apresentador José Luiz Datena (PSDB) tem sido o pré-candidato que pior maneja as redes sociais e não apresenta uma boa performance nas mídias sociais. Ele só supera a candidata Tabata Amaral (PSB) em volume de menções.

Opinião por Monica Gugliano

É repórter de Política do Estadão. Escreve às terças-feiras

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