Ele bem que relutou e, com o apoio de setores do MDB, chegou a cogitar a hipótese de não aparecer no ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro na Avenida Paulista neste domingo. A necessidade dos votos dos milhares de pessoas que, desde cedo, lotavam as duas faixas da Avenida Paulista e se espremiam por vários quarteirões, porém, falou mais alto, e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, apareceu no palanque. Como abrir mão de um eleitorado desses?
Apareceu, inclusive, não é a palavra mais apropriada. Ele não se aproximou do peitoril do trio elétrico, onde estavam todos os que queriam ser vistos, ficou mais para o fundo, o que não impediu um cinegrafista escalado para a futura campanha de registrar todos os seus poucos passos. Foi para fazer um desses registros que ele desceu do trio elétrico, abraçou populares, se deixou fotografar e voltou para o fundo do trio.
Seu nome não foi anunciado e ele tampouco discursou. A assessoria dele, no entanto, não deixou de distribuir uma nota em que ele diz que o ex-presidente Bolsonaro compartilhou sua mensagem em um “evento histórico” e afirmou “Diferentemente do que alguns andaram falando por aí, esta manifestação fortalece a democracia do Brasil”.
Com Bolsonaro, ele cumprira sua missão antes mesmo do ato. Encontrou-se com o ex-presidente no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo. Vestindo uma camisa amarela de uma feira de adoção de animais que visitara antes de ir para a Paulista, Nunes abraçou Bolsonaro e o governador de São Paulo,Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Só não se sabe ainda como será a reação de Bolsonaro e de seus mais próximos assessores. Eles costumam reclamar da indecisão de Nunes que, mesmo anunciando ser o candidato de Bolsonaro, não assume o padrinho, como fez neste domingo. Foi ao ato, mas se manteve longe dos holofotes.
Alguns desses assessores comentaram que Nunes terá que descer do muro, se quiser o apoio de Bolsonaro. Afinal, enquanto ele se mantinha num canto discreto, Tarcísio dançava na frente do trio e acompanhava os eufóricos senador Magno Malta e deputado Hélio Negão. Abraçavam o ex-presidente e festejavam com a multidão.