BRASÍLIA - O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ameaçou cobrar multa de R$ 100 mil da revista Veja e das emissoras CNN e da Globonews caso não entreguem, no prazo de cinco dias, cópias de todas as entrevistas concedidas nos últimos dias pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES). Depois de assinar o despacho, Moraes fez uma segunda versão retirando a multa.
A cobrança estava registrada no ofício em que o magistrado pediu abertura de inquérito para apurar a conduta do parlamentar que nos últimos dois dias divulgou versões divergentes sobre um plano do ex-presidente Jair Bolsonaro para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No mesmo oficio, Moraes pediu que a Meta, dona do Instagram, também envie ao STF cópia de live feita pelo senador na quinta-feira, 2.
Nessa transmissão por rede social, Do Val disse que tinha sido coagido por Bolsonaro a participar do plano para gravar Moraes, obter dele uma declaração que pudesse comprometer o magistrado e servir para anular o processo eleitoral. Alexandre Moraes é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O ministro disse ao Estadão que “foi um erro material de minuta da decisão, que logo foi substituída pela correta”. No despacho, o ministro determina abertura de inquérito para apurar os crimes de denunciação caluniosa, falso testemunho e coação no curso do processo.
A decisão de Moraes foi assinada depois que o senador Marcos do Val espalhou inúmeras versões sobre o plano de golpe e aproveitou para dizer que o ministro sabia das conversas que ele vinha mantendo com Bolsonaro. Moraes confirmou ter sido informado pelo senador de um encontro que ele teve com o ex-presidente em dezembro e disse que cobrou do parlamentar que formalizasse a denúncia, mas ele se recusou a fazê-lo.
Do Val alegou que não recebeu esse pedido e passou a defender publicamente uma das principais pautas dos bolsonaristas: afastar Alexandre de Moraes das investigações sobre atos golpistas.